Acessibilidade / Reportar erro

Enxugamento de pessoal no Brasil: podem-se atenuar seus efeitos em empresa e indivíduo?

Resumos

O estudo aqui exposto sumariza uma pesquisa empírica qualitativa, de natureza exploratória, cuja meta é ilustrar empiricamente como certos fatores (moderadores - variáveis independentes) sob controle da organização podem mediar os efeitos (variáveis dependentes) de enxugamentos na empresa, nos remanescentes e nos demitidos. O método do estudo foi baseado na análise comparativa em profundidade de um painel de quatro empresas no Brasil que conduziram processos de enxugamentos de pessoal nos últimos anos e inclui o levantamento e a comparação estruturada de dados com a direção de cada empresa, sindicatos, líderes comunitários, demitidos e remanescentes.

Enxugamentos de pessoal; demissão; downsizing; moderadores


This paper summarizes an empirical qualitative study, exploratory in nature, which seeks to empirically illustrate how certain factors (moderators - independent variables) under the organization's discretion can mediate the effects (dependent variables) of layoffs, on the organization itself, on dismissed personnel and on survivors.The study's method consisted of an in-depth comparative analysis of a 4-case panel, composed of firms that conducted major layoffs in Brazil in the last few years; the study included data gathered (through detailed interviews) from each firm's management, union representatives, community leaders, dismissed personnel and survivors, as well as the structured comparison of such data across the cases in the panel.

Layoffs; dismissal; downsizing; moderators


ORGANIZAÇÃO, RECURSOS HUMANOS E PLANEJAMENTO

Enxugamento de pessoal no Brasil: podem-se atenuar seus efeitos em empresa e indivíduo?

Miguel P. Caldas

Mestre e Doutor em Administração de Empresas pela EAESP/FGV, Professor do Departamento de Administração Geral e Recursos Humanos da EAESP/FGV e Consultor de Empresas. E-mail: mcaldas@fgvsp.br

RESUMO

O estudo aqui exposto sumariza uma pesquisa empírica qualitativa, de natureza exploratória, cuja meta é ilustrar empiricamente como certos fatores (moderadores – variáveis independentes) sob controle da organização podem mediar os efeitos (variáveis dependentes) de enxugamentos na empresa, nos remanescentes e nos demitidos. O método do estudo foi baseado na análise comparativa em profundidade de um painel de quatro empresas no Brasil que conduziram processos de enxugamentos de pessoal nos últimos anos e inclui o levantamento e a comparação estruturada de dados com a direção de cada empresa, sindicatos, líderes comunitários, demitidos e remanescentes.

Palavras-chave: Enxugamentos de pessoal, demissão, downsizing, moderadores.

ABSTRACT

This paper summarizes an empirical qualitative study, exploratory in nature, which seeks to empirically illustrate how certain factors (moderators – independent variables) under the organization's discretion can mediate the effects (dependent variables) of layoffs, on the organization itself, on dismissed personnel and on survivors.The study's method consisted of an in-depth comparative analysis of a 4-case panel, composed of firms that conducted major layoffs in Brazil in the last few years; the study included data gathered (through detailed interviews) from each firm's management, union representatives, community leaders, dismissed personnel and survivors, as well as the structured comparison of such data across the cases in the panel.

Key words: Layoffs, dismissal, downsizing, moderators.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

BIBLIOGRAFIA

NOTAS

Este artigo baseia-se em pesquisa financiada pelo NPP - Núcleo de Pesquisas e Publicações da EAESP/FGV intitulada "Enxugamentos no Brasil: pesquisa de campo comparativa sobre moderadores organizacionais dos efeitos de demissões coletivas em empresa e indivíduo". Uma versão preliminar foi apresentada no Enanpad 1999 (Área de RH).

O autor agradece especialmente os 58 indivíduos que compartilharam com ele um pouco de suas histórias e de suas vidas. Esta pesquisa de campo é dedicada a eles. E, é claro, ao Ednei.

1. Por exemplo: se uma distribuição de respostas para uma determinada variável – digamos, um efeito – sugerisse que na mesma empresa mais da metade dos indivíduos tinha sentido o efeito fortemente (atribuições 4 e 5), enquanto o restante se distribuía principalmente nas escalas 2 e 3, notávamos consistência nas respostas e a distribuição era validada. Por outro lado, era possível que metade dos indivíduos atribuísse escala 5 (efeito gravemente sentido), enquanto a outra metade atribuísse escala 1 (efeito não sentido em absoluto): nesse segundo caso, a distribuição era descartada, assumindo-se que a resposta não tinha a mínima consistência.

2. Entendemos por comportamento genérico o padrão de distribuição que, independentemente de intensidade, apontasse para uma de duas situações extremas: a) as respostas sugeriam primordialmente a ausência/leveza do efeito ou a presença do moderador; ou b) as respostas sugeriam essencialmente a presença/significância do efeito ou ausência do moderador, ou seja, o protocolo de validação previa o descarte de todas as variáveis com distribuições afastadas desses dois extremos: embora esse protocolo de descarte seja severo, foi compatível com o objetivo de que apenas fossem sugeridos para investigação futura padrões significativamente confiáveis que a amostra apontasse entre moderadores e efeitos.

  • BROCKNER, J., DAVY, J., CARTER, C. Layoffs, self-esteem, and survivor guilt: motivational, affective, and attitudinal consequences. Organizational Behavior and Human Decision Processes, v. 36, p. 229-44, 1985.
  • BROCKNER, J. et al. Interactive effects of procedural justice and outcome negativity on victims and survivors of job loss. Academy of Management Journal, v. 37, n. 2, p. 397-409, 1994.
  • BROWN, S., EISENHARDT, K. The art of continuous change: linking complexity theory and time-paced evolution in relentlessly shifting organizations. Administrative Science Quarterly, v. 42, n. 1, p. 1-34, 1997.
  • CAMERON, K., FREEMAN, S., MISHRA, A. Downsizing and redesigning organizations. In: HUBER, George P., GLICK, William H. (Eds.). Organizational change and redesign New York: Oxford University Press, 1993.
  • CASCIO, W. F. Downsizing: What do we know? What have we learned? Academy of Management Executive, v. 7, n. 1, p. 95-104, 1993.
  • COLE, R. Learning from learning theory: implications for quality improvements of turnover, use of contingent workers, and job rotation policies. Quality Management Journal, v. 1, p. 9-25, 1993.
  • CURTIS, R. L. Cutbacks, management, and human relations: meanings for organizational theory and research. Human Relations, v. 42, n. 8, p. 671-89, 1989.
  • DANIELS, K. A comment on Brockner et al. Strategic Management Journal, v. 16, n. 4, p. 325-8, 1995.
  • DEFRANK, R. S., IVANCEVICH, J. M. Job loss: an individual level review and model. Journal of Vocational Behavior, v. 28, n. 1, p. 1-20, 1986.
  • EISENBERG, P., LAZARSFELD, P. F. The psychological effects of unemployment. Psychological Bulletin, v. 35, n. 6, p. 358- 90, June 1938.
  • EISENHARDT, K. Building theory from case study research. Academy of Management Review, v. 14, p. 488-511, 1989. (Special issue).
  • EISENHARDT, K. Management theory: the case for induction. In: ANNUAL MEETINGS OF THE ACADEMY OF MANAGEMENT. Symposium "Management theory: induction or deduction, for the management profession or for ourselves?" Boston, MA, Aug. 1997.
  • FEATHER, N. T. The psychological impact of unemployment New York: Springer-Verlag, 1990.
  • FINEMAN, S. White collar unemployment: impact and stress. Chichester, Eng.: John Wiley & Sons, 1983.
  • FREEMAN, S., CAMERON, K. Organizational downsizing: a convergence and reorientation framework. Organization Science, v. 4, n. 1, p. 10-29, 1993.
  • FROILAND, P. et al. Fear and trembling after the downsizing. Training, v. 30, n. 8, p. 13-4, Aug. 1993.
  • FRYER, D., PAYNE, R. Being unemployed: a review of the literature on the psychological experience of unemployment. In: COOPER, C. L., ROBERTSON, I. (Eds.). International review of industrial and organizational psychology London: John Wiley & Sons, 1986. p. 235-78.
  • GREENHALGH, L., LAWRENCE, A., SUTTON, R. Determinants of work force reduction strategies in declining organizations. Academy of Management Review, v. 13, n. 2, p. 241-54, 1988.
  • HARDY, C. Investing in retrenchment: avoiding the hidden costs. California Management Review, v. 29, n. 4, p. 111-25, Summer 1987.
  • HARDY, C. Strategies for retrenchment and turnaround: the politics of survival. Berlin/New York: De Gruyter, 1990.
  • JAHODA, M. Work, employment and unemployment. American Psychologist, v. 36, n. 2, p. 184-91, Feb. 1981.
  • JAHODA, M. Employment and unemployment Cambridge, Eng.: Cambridge University Press, 1982.
  • LEANA, C. R., FELDMAN, D. C. Individual responses to job loss: perceptions, reactions, and coping behaviors. Journal of Management, v. 14, n. 3, p. 375-89, 1988.
  • LEANA, C. R., FELDMAN, D. C. Coping with job loss: how individuals, organizations and communities respond to job loss. New York: MacMillan/Lexington Books, 1992.
  • MISHRA, A., MISHRA, K. The role of mutual trust in effective downsizing strategies. Human Resource Management, v. 33, n. 2, p. 261-79, Summer 1994.
  • MORETTIN, P., BUSSAB, W. Estatística básica 4. ed. São Paulo: Atual, 1987.
  • RICE, D., DRELINGER, C. After the downsizing. Training and Development, v. 45, n. 5, p. 41-4, May 1991.
  • SONNENFELD, J. A. Career system profiles and strategic staffing. In: ARTHUR, Michael B., HALL, Douglas T., LAWRENCE, Barbara S. (Eds.). Handbook of Career Theory. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
  • SUTTON, R., EISENHARDT, K., JUCKER, J. Managing organizational decline: lessons from Atari. Organizational Dynamics, v. 15, n. 4, p. 17-29, Spring 1986.
  • TOMASKO, R. Downsizing: reshaping the corporation for the future. New York: Amacon, 1987.
  • TOMASKO, R. Restructuring: getting it right. Management Review, p. 10-5, Apr. 1992.
  • TWAY, D. The living, breathing organization. Training, v. 30, n. 8, p. 74, Aug. 1993.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Set 2011
  • Data do Fascículo
    Mar 2000
Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rae@fgv.br