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Fórum 2º ENEO - RAE

FÓRUM

APRESENTAÇÃO

Fórum 2º ENEO – RAE

Marcelo Milano Falcão VieiraI; Cristina Amélia CarvalhoII

IProfessor da EBAPE/FGV e do PROPAD/UFPE. Pesquisador do núcleo Observatório da Realidade Organizacional e do CNPq. E-mail: mmfv@fgv.br

IIProfessora do PROPAD/UFPE. Pesquisadora do núcleo Observatório da Realidade Organizacional e do CNPq. E-mail: observatorio@dca.ufpe.br

O 2º Encontro Nacional de Estudos Organizacionais ocorreu em Recife, em abril de 2002. Foi uma iniciativa do Grupo de Estudos Organizacionais (GEO) da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Administração (Anpad). Recebemos do GEO e da Anpad a honra de organizar o evento e contamos, para isso, com a colaboração dos membros do Observatório da Realidade Organizacional, núcleo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco. Sua realização – e fortalecimento, se comparado ao 1º ENEO – vem confirmar a justeza das razões que levaram à criação desse novo espaço de intercâmbio e de debates, cuja concepção considerou uma antiga reivindicação dos profissionais da área, no sentido de criação e ampliação dos momentos de interação acadêmica que pudessem enriquecer os debates e a troca de idéias e de experiências.

Foram submetidos à comissão de avaliação 231 artigos, representando um incremento de 58,2% em relação ao 1º ENEO. Por meio do sistema blind review, foram selecionados 72 artigos que integram os anais do evento.

Os trabalhos enviados de todo o Brasil foram submetidos a 11 áreas temáticas que pretenderam abranger desde questões caras e tradicionais à área – como a cultura e o indivíduo nas organizações, os estudos de poder e as perspectivas estratégicas – até questões de preocupação mais recente – como a perspectiva institucional e os estudos organizacionais de intersecção com o Estado e a sociedade –, assim como questões de interesse renovado – como a pesquisa em organizações. Com o intuito de sempre permitir o surgimento de novas idéias, um espaço de temas livres foi aberto às novidades no campo das organizações.

Uma análise do conjunto dos artigos apresentados ao 2ºENEO permite-nos inferir alguns aspectos interessantes: muitos artigos foram enviados por acadêmicos de escolas de Administração e de programas de pós-graduação espalhados pelo País que não costumam estar presentes em encontros como o Enanpad; o incremento de 58,2% em relação ao 1º ENEO, por sua vez, revela o fortalecimento e o amadurecimento da investigação no campo dos estudos organizacionais. Ademais, podemos confirmar que, aqui, a quantidade gerou a qualidade, vis-to que todos os artigos foram alvo de uma forte competição, e, portanto, dos trabalhos selecionados que constam nos anais, podemos esperar excelentes contribuições.

A convite do editor da RAE, Professor Thomaz Wood Jr., decidiu-se pela realização deste Fórum, no qual apresentamos com satisfação três artigos selecionados do evento. A seleção foi feita fundamentalmente com base nos temas discutidos nos artigos, mas também foi levada em conta a pontuação obtida durante o processo de avaliação blind review do Eneo.

No primeiro artigo, Alexandre Faria desenvolve uma abordagem processual e etnográfica para a pesquisa sobre redes internacionais de organizações, destacando os principais resultados de uma pesquisa empírica. Sua abordagem surge no âmbito de uma crítica às abordagens dominantes sobre o tema, quando afirma que estas reproduzem um modelo de estratégia estático, centralizador e universal. O autor finaliza com reflexões críticas sobre a aproximação entre Antropologia e Administração e suas possibilidades para a pesquisa internacional.

O segundo trabalho é de autoria de Alketa Peci e constituise em um ensaio teórico sobre a relação objetividade-subjetividade no campo dos estudos organizacionais, com base em Giddens e Bourdieu. A autora apresenta alguns pressupostos clássicos dos estudos e pesquisas em organizações e aprofundase na análise das correntes subjetivistas, com destaque para o individualismo metodológico. Por fim, a autora argumenta que os autores centrais em sua análise oferecem uma perspectiva de síntese no debate objetividade-subjetividade, apresentando algumas possibilidades de aplicação dessas perspectivas na área.

Ricardo Mendonça e Jaqueline Amantino-de-Andrade, no terceiro artigo, buscam integrar as perspectivas institucional e de gerenciamento de impressões, argumentando que a imagem corporativa pode ser fruto de um processo de gerenciamento de impressões com vistas ao alcance de legitimidade ambiental. Esse argumento é apresentado na forma de um modelo proposto pelos autores, quando explicam o processo de legitimação por meio do uso do gerenciamento de impressões. Assumindo um dos pressupostos centrais da Teoria Institucional, de que a legitimidade é uma variável central para a sobrevivência das organizações, os autores sugerem que o campo da comunicação corporativa pode auxiliar na compreensão da relação entre legitimidade e sobrevivência em espaços sociais.

Esperamos que os artigos selecionados para este Fórum explicitem para os leitores o dinamismo da área e a importância da manutenção dos espaços de discussão científica específica.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Fev 2011
  • Data do Fascículo
    Mar 2003
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