Acessibilidade / Reportar erro

A institucionalização do governo eletrônico no Brasil

Resumos

O artigo tem como objetivo identificar o estágio de institucionalização do governo eletrônico no Brasil e os possíveis reflexos dessa política na inclusão digital. A pesquisa realizada, de natureza qualitativa, baseou-se na opinião de informantes-chaves dos principais setores institucionais que compõem o e-gov no país: setor público, iniciativa privada, terceiro setor e academia. A análise de conteúdo foi o método utilizado para se extrair a percepção dos entrevistados sobre a política de e-gov, tendo sido utilizado o software Atlas.ti para auxiliar na ordenação conceitual dos dados coletados. Concluiu-se que o único aspecto que poderia ser considerado institucionalizado no governo eletrônico seria a relação do Estado com o terceiro setor na política de inclusão digital, encontrando-se os demais aspectos investigados, em sua maioria, em estágios de semi-institucionalização.

Governo eletrônico; inclusão digital; Internet; institucionalização; teoria institucional


This study attempts to identify the institutionalization stage of the electronic government in Brazil and the possible implications of this policy for the digital divide. A qualitative research was undertaken based on the opinion of key informers from the sectors that constitute the e-gov in the country: public sector, private sector, third sector and academy. Content analysis was used to verify the interviewees' perceptions about the e-gov policy, using the Atlas.ti software to help with conceptual ordering of collected data. Results show that the only aspect that could be viewed as institutionalized in the e-government would be the relation between the State and the third sector in the digital divide policy. The other aspects, in its majority, would be in semi-institutionalized stages.

Electronic government; digital divide; Internet; institutionalization; institutional theory


ARTIGOS

A institucionalização do governo eletrônico no Brasil

Paulo Henrique Ramos MedeirosI; Tomás de Aquino GuimarãesII

ITribunal de Contas da União

IIUnB

RESUMO

O artigo tem como objetivo identificar o estágio de institucionalização do governo eletrônico no Brasil e os possíveis reflexos dessa política na inclusão digital. A pesquisa realizada, de natureza qualitativa, baseou-se na opinião de informantes-chaves dos principais setores institucionais que compõem o e-gov no país: setor público, iniciativa privada, terceiro setor e academia. A análise de conteúdo foi o método utilizado para se extrair a percepção dos entrevistados sobre a política de e-gov, tendo sido utilizado o software Atlas.ti para auxiliar na ordenação conceitual dos dados coletados. Concluiu-se que o único aspecto que poderia ser considerado institucionalizado no governo eletrônico seria a relação do Estado com o terceiro setor na política de inclusão digital, encontrando-se os demais aspectos investigados, em sua maioria, em estágios de semi-institucionalização.

Palavras-chave: Governo eletrônico, inclusão digital, Internet, institucionalização, teoria institucional.

ABSTRACT

This study attempts to identify the institutionalization stage of the electronic government in Brazil and the possible implications of this policy for the digital divide. A qualitative research was undertaken based on the opinion of key informers from the sectors that constitute the e-gov in the country: public sector, private sector, third sector and academy. Content analysis was used to verify the interviewees' perceptions about the e-gov policy, using the Atlas.ti software to help with conceptual ordering of collected data. Results show that the only aspect that could be viewed as institutionalized in the e-government would be the relation between the State and the third sector in the digital divide policy. The other aspects, in its majority, would be in semi-institutionalized stages.

Keywords: Electronic government, digital divide, Internet, institutionalization, institutional theory.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Artigo recebido em 20.01.2005.

Aprovado em 29.09.2005.

Paulo Henrique Ramos Medeiros

Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União. Mestre em Administração pela UnB. Interesses de pesquisa nas áreas de governo eletrônico, governança, governança eletrônica, inclusão digital, reforma administrativa e teoria institucional. E-mail: paulohr@tcu.gov.br Endereço: SQN 212, Bloco D, apto. 302, Asa Norte, Brasília – DF, 70864-040.

Tomás de Aquino Guimarães

Professor da UnB. Doutor em Sociologia pela USP. Interesses de pesquisa nas áreas de competência e aprendizagem em organizações, inovações gerenciais e teoria institucional E-mail: tomas@unb.br Endereço: SQN 116, Bloco I, apto. 305, Asa Norte, Brasília – DF, 70773-090.

  • BERGER, P.; LUCKMANN, T. The Social Construction of Reality: A Treatise in the Sociology of Knowledge. London: Allen Lane, 1966.
  • BRASIL. Proposta de política de governo eletrônico para o Poder Executivo federal Grupo de Trabalho "Novas Formas Eletrônicas de Interação". Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2000a.
  • BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde. Brasília: MCT, 2000b.
  • BRASIL. Dois anos de governo eletrônico – Balanço Preliminar. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria Executiva do Comitê Executivo do Governo Eletrônico, 2002.
  • CARVALHO, C. A.; VIEIRA, M. M. F. Contribuições da Perspectiva Institucional para Análise das Organizações: Possibilidades Teóricas, Empíricas e de Aplicação. In: CARVALHO, C. A.; VIEIRA, M. M. F. (Orgs.). Organizações, cultura e desenvolvimento local: a agenda de pesquisa do Observatório da Realidade Organizacional. Recife: Editora Universitária UFPE, 2003. p. 23-40.
  • DIAS, L. R. (Coord.). Inclusão digital: com a palavra, a sociedade. São Paulo: Plano de Negócios, 2003.
  • DINIZ, E. Governo digital Montevidéu: Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), 2002.
  • FERGUSON, M. Estratégias de governo eletrônico: o cenário internacional em desenvolvimento. In: EISENBERG, J.; CEPIK, M. (Orgs.). Internet e política: teoria e prática da democracia eletrônica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 103-140.
  • FOUNTAIN, J. E. Building the Virtual State: Information Technology and Institutional Change. Washington: Brookings Institution Press, 2001.
  • KAKABADSE, A.; KAKABADSE, N. K.; KOUZMIN, A. Reinventing the democratic governance project through information technology? A growing agenda for debate. Public Administration Review, v. 63, n. 1, p. 4460, 2003.
  • MACHADO-DA-SILVA, C. L.; GONÇALVES, S. A. Nota técnica: a teoria institucional. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. R. (Orgs.). Handbook de estudos organizacionais São Paulo: Atlas, 1998. p. 220-226.
  • MACHADO-DA-SILVA, C. L.; FONSECA, V. S.; FERNANDES, B. H. Cognição e institucionalização na dinâmica da mudança em organizações. In: RODRIGUES, S. B.; CUNHA, M. P. (Orgs.). Estudos organizacionais: novas perspectivas na administração de empresas. São Paulo: Iglu, 2000. p. 123-150.
  • MACHADO-DA-SILVA, C. L.; GUARIDO FILHO, E. R.; NASCIMENTO, M. R.; OLIVEIRA, P. T. Institucionalização da mudança na sociedade brasileira: o papel do formalismo. In: VIEIRA, M. M. F.; CARVALHO, C. A. (Orgs.). Organizações, instituições e poder no Brasil Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. p. 179-202.
  • MEYER, J. W.; BOLI, J.; THOMAS, G. M. Ontology and rationalization in the Western cultural account. In: SCOTT, W. R.; MEYER, J. (Orgs.). Institutional Environments and Organizations: Structural Complexity and Individualism. Thousand Oaks, CA: Sage, 1994. p. 9-27.
  • NAÇÕES UNIDAS. Benchmarking E-Government: a global perspective. New York: United Nations, American Society for Public Administration, 2002.
  • OKOT-UMA, R. Electronic Governance: Re-inventing Good Governance. London: Commonwealth Secretariat London, 2001.
  • POWELL, W. W.; DIMAGGIO, P. J. The New Institutionalism in Organizational Analysis Chicago: The University of Chicago Press, 1991.
  • RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1985.
  • RUEDIGER, M. A. Governo eletrônico ou governança eletrônica conceitos alternativos no uso das tecnologias de informação para o provimento de acesso cívico aos mecanismos de governo e da reforma do Estado. In: Concurso de Ensayos y Monografías del CLAD sobre Reforma del Estado y Modernización de la Administración Pública, 16., 2002, Caracas. Anais eletrônicos Caracas: CLAD, 2002.
  • RUEDIGER, M. A. Oferta de serviços pela Internet e inclusão digital. In: Assembléia Anual do Cladea, 38., 2003, Lima. Anais eletrônicos Lima: Conselho Latino-Americano de Escolas de Administração (Cladea), 2003.
  • SCOTT, W. R. Institutions and organizations: toward a theoretical synthesis. In: SCOTT, W. R.; MEYER, J. (Orgs.). Institutional Environments and Organizations: Structural Complexity and Individualism. Thousand Oaks, CA: Sage, 1994. p. 55-80.
  • SCOTT, W. R. Organizations: Rational, Natural, and Open Systems. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 1998.
  • SCOTT, W. R. Institutions and Organizations Thousand Oaks, CA: Sage, 2001.
  • SCOTT, W. R.; MEYER, J. W. The organization of societal sectors: propositions and early evidence. In: POWELL, W. W.; DIMAGGIO, P. J. (Eds.) The New Institutionalism in Organizational Analysis Chicago: The University of Chicago Press, 1991. p. 108-140.
  • SCOTT, W. R. (Org.). Institutional Environments and Organizations: Structural Complexity and Individualism. Thousand Oaks, CA: Sage, 1994.
  • SILVEIRA, S. A. Exclusão digital A miséria na era da informação. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001.
  • TOLBERT, P. S.; ZUCKER, L. G. The institutionalization of institutional theory. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. R. (Orgs.). Handbook of Organizational Studies London: Sage, 1997. p. 175-190.
  • TOLEDO, P. F. Inclusão digital Uma proposta empreendedorista. In: CHAHIN, A. et al. E-gov.br A próxima revolução brasileira. São Paulo: Prentice Hall, 2004. p. 269-277.
  • VALA, J. A Análise de conteúdo. In: SILVA, A. S.; PINTO, J. M. (Orgs.) Metodologia das ciências sociais 8. ed. Porto: Afrontamento, 1986. p. 101-128.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Fev 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 2006

Histórico

  • Aceito
    29 Set 2005
  • Recebido
    20 Jan 2005
Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rae@fgv.br