INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Para compreender o mundo do trabalho
A discussão do mundo de trabalho hoje ganha relevância tanto pela crise global e do emprego quanto, principalmente, pela centralidade que a categoria trabalho tem na vida e no desenvolvimento das pessoas no contexto do capitalismo contemporâneo. Salários, preços e lucros entram em contradição marcadamente diante das crises capitalistas e da tendência às taxas decrescentes de lucros, implicando redução do preço dos salários. Estudioso do tema do trabalho e das relações de trabalho e sindicais, o Prof. Dr. Arnaldo Jose Franca Mazzei Nogueira, da PUC-SP e da USP, selecionou obras que refletem, critica e objetivamente, sobre as consequências sociais e políticas das atuais formas de produção do valor na esfera produtiva.
Nessa obra, Ricardo Antunes seleciona textos de Karl Marx e Friedrich Engels que envolvem uma discussão crítica das atuais condições e do futuro do trabalho, alimentando a utopia da transformação social em contraponto às tentativas de negociação da crise nos marcos do capitalismo, que apenas legitimam e prorrogam o descarte do trabalho em massa, principalmente em momentos de crise sistêmica como os atuais.
Essa obra é recomendável, pois, por um lado, analisa as mudanças tecnológicas e as reestruturações organizacionais que levariam ao fim do emprego estável e regular. Por outro, devido ao fato de o objeto de sua investigação serem exatamente os Estados Unidos, epicentro da atual crise. Aqui, o autor aponta a artificialidade de uma economia orientada pelo esquema financeiro e sustentada pelo crédito fácil em oposição à lógica destrutiva da força de trabalho, que exige um novo, e frágil, contrato social via terceiro setor.
O autor critica toda a racionalidade irracional da modernidade orientada pela razão econômica que desloca o trabalho do centro das economias via terceirização. Assim, a verdadeira crise é da utopia, pois o desenvolvimento das forças produtivas e a expansão da esfera econômica não liberaram a humanidade da penúria, da injustiça e do mal-estar. A nova utopia cria uma ilusão de sentido para o trabalho, ao anunciar a possibilidade de sua autonomia a partir da polivalência, da alta qualificação e da autoorganização da força de trabalho.
A interrogação do título não é à toa. Contrariamente, às teses do fim da centralidade do trabalho, o autor fundamentado na teoria do valor-trabalho formulada por Karl Marx, defende sua absoluta importância no entendimento das transformações atuais conduzidas pelo capital e que levam à manipulação, transformação e destruição do trabalho. Para Antunes, apenas pelo trabalho e pela união de todo o proletariado moderno em um projeto econômico alternativo e político é possível forjar transformações práticas e de sentido mais substantivas no sentido do socialismo.
Essa obra aborda questões relevantes da sociologia do trabalho, tais como: mudanças tecnológicas, gestão, qualificação dos trabalhadores, flexibilidade e presença da força de trabalho da mulher, que traz novos desafios à pesquisa. Problematiza, ainda, o papel dos sindicatos num contexto de políticas neoliberais do Estado mínimo e de crenças no mercado. Questiona, também, se a sociedade atual será capaz de formular novos direitos inclusivos ou se continuará acelerando o passo em direção a novas desigualdades e aumento da exclusão.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
22 Maio 2009 -
Data do Fascículo
Jun 2009