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EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS DA AGENDA DE PESQUISA INTERNACIONAL EM INOVAÇÃO

INTRODUÇÃO

A área de estudos em Gestão Estratégica Organizacional foi marcada, especialmente nos últimos 10 anos, por um aumento substancial da produção científica e tecnológica no campo de pesquisa em inovação. Tal crescimento pode ser agrupado, ao menos, em cinco eixos temáticos, quais sejam: a) a inovação como elemento de tração da competitividade de organizações, de redes, das atividades setoriais e cadeias de valor globais (Crossan & Apaydin, 2010Crossan, M. M., & Apaydin, M. A. (2010, September). A multi-dimensional framework of organizational innovation: A systematic review of the literature. Journal of Management Studies, 47(6), 1154- 1191. doi:10.1111/j.1467-6486.2009.00880.x
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; Marchi, Giuliani, & Rabellotti, 2018Marchi, V. De, Giuliani, E., & Rabellotti, R. (2018, July). Do global value chains offer developing countries learning and innovation opportunities? The European Journal of Development Research, 30(3), 389-407. doi:10.1057/s41287-017-0126-z
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); b) a inovação como força motriz do desenvolvimento econômico, tecnológico, social e sustentável das regiões e nações (Cirera & Maloney, 2017Cirera, X., & Maloney, W. F. (2017). The innovation paradox developing-country capabilities and the unrealized promise of technological catch-up. Washington, DC: World Bank Group.); c) a inovação como processo de gestão estratégica para a transformação de recursos e capacidades em novos produtos, serviços e modelos de negócios (Adams, Bessant, & Phelps, 2006Adams, R., Bessant, J., & Phelps, R. (2006). Innovation management measurement: A review. International Journal of Management Reviews, 8(1), 21-47. doi:10.1111/j.1468-2370.2006.00119.x
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); d) a arquitetura de ecossistemas institucionais e atores (universidade/empresa/governo/sociedade) orientados para capturar valor e acelerar a inovação (Carayannis, Grigoroudis, Campbell, Meissner, & Stamati, 2018Carayannis, E. G., Grigoroudis, E., Campbell, D. F. J., Meissner, D., & Stamati, D. (2018). The ecosystem as helix: An exploratory theory-building study of regional co-opetitive entrepreneurial ecosystems as Quadruple/Quintuple Helix Innovation Models. R&D Management, 48(1), 148-162. doi:10.1111/radm.12300
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; Etzkowitze & Zhou, 2017Etzkowitz, H., & Zhou, C. (2017). Hélice tríplice: Inovação e empreendedorismo universidade-indústria-governo. Estudos Avançados, 31(90), 23-48. doi:10.1590/s0103-40142017.3190003
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); e) as novas metodologias, métricas e ferramentas tecnológicas avançadas para a pesquisa em inovação (Keupp, Palmié, & Gassmann, 2012Keupp, M. M., Palmié, M., & Gassmann, O. (2012). The strategic management of innovation: A systematic review and paths for future research. International Journal of Management Reviews, 14(4), 367-390. doi:10.1111/j.1468-2370.2011.00321.x
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).

Desde a origem, nos trabalhos seminais de Schumpeter (1931 - teoria do desenvolvimento econômico), passando pela formação de uma base clássica científica e pelas contribuições mais contemporâneas, o universo de interesses de estudos em inovação tem se revelado em constante expansão, se internacionalizando e incorporando novas temáticas e fronteiras científicas - nem sempre bem demarcadas (Rosseto, Bernardes, Borini, & Gattaz, 2018Rosseto, D., Bernardes, C. R., Borini, F. M., & Gattaz, C. (2018). Structure and evolution of innovation research in the last 60 years: Review and future trends in the field of business through the citations and co-citations analysis. Scientometrics, 115(3), 1329-1363. doi:10.1007/s11192-018-2709-7
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). Especialmente para os pesquisadores menos experimentados na área, e mesmo para aqueles mais experientes e que buscam uma visão ampla do campo de estudos, muitas questões surgem, como: Quais os principais journals da área de gestão da inovação, qual o seu foco de interesse e o que têm publicado? Quais as metodologias e técnicas mais utilizadas? Quais os autores mais recorrentes? Quais os locais mais pesquisados e quem são os órgãos financiadores das pesquisas? Quais os temas de maior interesse atualmente? Quais são temas emergentes e que sinalizam a agenda futura de pesquisa para a produção científica?

Para responder a essas indagações, nos propusemos a realizar a análise de artigos publicados na base Web of Science (WoS) no período de 2000 a 2017, bem como dados de estudos bibliométricos anteriores para aprofundar alguns achados, com o intuito de entender a trajetória evolutiva de temas de interesse. Ademais, realizamos uma investigação nos sites dos que foram identificados como principais journals da área, analisando o escopo de cada um e as principais chamadas de edições especiais de revistas (de 2016 a 2019) para entender a situação atual do tema e o que tem emergido, indicando caminhos futuros. Por fim, buscamos analisar as chamadas para os principais eventos acadêmicos que tratam do tema para entender as perspectivas futuras de interesse no campo de estudos, oferecendo, assim, um panorama aos acadêmicos que se dedicam ao estudo de gestão da inovação.

De modo geral, o artigo almeja contribuir com um mapeamento do campo para pesquisadores que desejam iniciar ou conduzir pesquisas nessa área, bem como pode oferecer insights para políticas públicas e instituições financiadoras de projetos de pesquisa. Ainda, oferece um guia de oportunidades de publicações para o público com interesse geral nos estudos em inovação.

QUAIS OS PRINCIPAIS JOURNALS DA ÁREA DE GESTÃO DA INOVAÇÃO?

Em um primeiro momento, nos pareceu primordial identificar os principais journals em âmbito mundial que tratam de inovação nas áreas ligadas à gestão. Apesar de alguns nomes como Research Policy, Technovation, R&D Management virem à mente quando pensamos em periódicos relevantes para o campo de pesquisa, precisávamos de uma lista mais robusta de opções de journals para nossas publicações, e, por que não?, uma lista dos “top 10”, por exemplo. Partimos, então, para uma busca na WoS com o objetivo de encontrar os periódicos que representam o estado da arte na área de inovação. A escolha da WoS deu-se por ser esta a principal base científica global (Motta, Garcia, & Quintella, 2015Motta, G., Garcia, P. A. A., & Quintella, R. H. (2015). A patento-scientometric approach to venture capital investment prioritization. Journal of the Association for Information Science and Technology, 66(4), 765-777. doi:10.1002/asi.23205
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).

Assim, identificamos os 25 journals que publicaram a maior quantidade de artigos com o termo “innovation” (no título ou resumo ou palavras-chave) e que continham pelo menos um terço de suas publicações com a palavra, já que estávamos buscando periódicos especializados na área de Inovação. Contudo, além de ser considerado um periódico especializado em inovação, com vistas a primar pela qualidade das publicações, este deveria apresentar um elevado impacto, considerado pelo fator de impacto, conhecido pela sigla JCR (Journal Citation Reports). A Tabela 1 apresenta tais dados. Os 11 primeiros journals são aqueles que atendem aos critérios para serem classificados como especializados em inovação (>33% de innovation) e que têm alto impacto (JCR>1).

Tabela 1
Journals especializados em inovação

Após chegarmos à lista com os Top 11, partimos para a busca de dados que nos auxiliassem a responder às indagações postas na introdução. Para tanto, percorremos os sites dos 11 periódicos e também extraímos os artigos correspondentes a eles da base da WoS (de 2000 a 2017). De maneira bruta, foram extraídos 10.990 registros, em formato de arquivo texto (.txt), com o conteúdo do registro completo e referências citadas. Esses dados passaram por um processo de limpeza e padronização, no software VantagePoint, versão 9.0.

Qual o foco de interesse dos top journals?

Verificamos o escopo da linha editorial de cada uma das revistas, para identificar em quais tópicos elas declaram possuir interesse. Percebemos a existência desde journals que abrangem uma variedade de áreas e tópicos, aqueles ditos mais generalistas, até aqueles mais específicos, que restringem seu interesse à área da Gestão e a três ou quatro tópicos ou mesmo interessados em setores específicos. Os journals identificados no Quadro 1 como 1, 3 e 9 declaram-se interdisciplinares e trazem tópicos bem amplos para trabalhar a inovação, não somente no âmbito organizacional, mas também social, de políticas nacionais ou de transferência de conhecimento entre países, como é o caso do Technovation. Desses três, o Industrial and Corporate Change é o único que menciona, especificamente, de quais outras áreas, além da Gestão, gostaria de receber artigos: Economia, História, Ciência Política e Sociologia.

Quadro 1
Principais áreas de interesse de cada journal, conforme escopo

Os journals 6 e 10 são bastante amplos nos seus tópicos de interesse, abrangendo questões ligadas à inovação nas organizações, mas também às implicações sociais, econômicas e ambientais da inovação, a exemplo do R&D. O Technology Analysis & Strategic, além da abrangência, ainda possui a peculiaridade de se interessar por artigos que vinculam as teorias com as práticas dos formuladores de políticas e gestão, os artigos classificados como de contribuição aplicada (applied research) direcionados à prática ou à produção tecnológica.

Já os journals 4, 5 e 7 são bem específicos no seu interesse por artigos que enfatizam práticas de gestão no âmbito da inovação. A revista Technological Forecasting and Social Change se interessa, além das práticas, especificamente, por metodologias preditivas no âmbito da inovação. Por fim, um último grupo, formado pelos journals 8 e 11, está mais atrelado à área da Engenharia e busca vincular questões de gestão da inovação com o gerenciamento na engenharia, se preocupando tanto com aspectos operacionais quanto com os mais estratégicos.

Apesar de declararem um escopo geral, existem temáticas que se destacam no escopo desses journals, que apresentaremos na próxima seção.

Quais os temas de pesquisa mais publicados nos journals?

Encerrada a etapa de análise dos interesses desse universo de periódicos, fomos verificar se, de fato, eles publicam artigos que tratam do que definem em seu escopo. A Tabela 2 apresenta a quantidade de artigos analisada em cada revista, as cinco palavras-chave mais recorrentes e em quantos artigos elas aparecem.

Tabela 2
Palavras-chave mais recorrentes por journal

Além disso, realizamos uma busca em todos os artigos extraídos, para verificar, de modo geral, quais as palavras-chave mais recorrentes. As palavras-chave apresentadas na Figura 1 foram as que apareceram em pelo menos 10 artigos, de modo que as 10 mais recorrentes foram Technology (1714), Innovation (1050), R&D (887), Knowledge management (850), Patent (663), Policy (435), Technology transfer (431), Entrepreneurship (429), Strategy (345) e Innovation system (298).

Figura 1
Palavras-chave com maior ocorrência em todos os journals

Essas palavras apontam alguns tópicos que mais têm sido publicados no âmbito dos journals. Algumas delas, tais como transferência de tecnologia, estratégia, política, gestão do conhecimento e sistemas de inovação, reforçam o que encontramos no escopo das revistas, demonstrando que são tópicos importantes para os estudos de Gestão da Inovação.

Após, contamos com apoio do software VosViewer para gerar a rede de coocorrência das palavras-chave. Assim, a Figura 1 apresenta também a rede das palavras emergentes no período pesquisado e suas inter-relações. E, para facilitar a visualização das principais temáticas de interesse dos top journals, separamos os sete clusters emergentes (representados pelas cores) em três grupos de acordo com os links encontrados nas redes de palavras emergentes. Os três grandes tópicos de interesse dessas revistas estão assentados nos estudos de Tecnologia & Foresight, Empreendedorismo, Colaboração & Território e Estratégia & Desenvolvimento de Novos Produtos, conforme destacado no Quadro 2.

Quadro 2
Grandes áreas de interesse relacionadas aos top journals

Desvendados os principais journals e temas, ficamos nos questionando quais seriam os autores mais recorrentes. O tópico seguinte traz a resposta a essa questão.

Quais os autores mais recorrentes?

A análise feita por periódico relevou que os autores mais citados são, de modo geral, os também mais citados quando se analisa o conjunto de artigos. A Tabela 3 traz a análise de autores por journal, apontando o número de artigos analisados em cada um, bem como o número de artigos em que cada autor aparece, e a Tabela 4 apresenta os 10 autores mais citados em todos os artigos e os conceitos e teorias que costumam trabalhar.

Tabela 3
Autores mais recorrentes por journal
Tabela 4
Temas de interesse dos autores mais recorrentes

Podemos notar, pelos autores mais citados, que teorias como a de capacidades dinâmicas, capacidade absortiva, gestão do conhecimento e aprendizagem tendem a ser as mais citadas nos artigos. Entendemos que isso se deve à importância da compreensão sobre as fontes de conhecimento para a criação de capacidades e recursos para a inovação e captura de valor. Além disso, as abordagens sobre diferenciação e a competição, temas clássicos ao campo de Gestão Estratégica da Inovação, se mostraram como conceitos de relevância para o campo.

Somado a isso, podemos referir o artigo de Rossetto et al. (2018)Rosseto, D., Bernardes, C. R., Borini, F. M., & Gattaz, C. (2018). Structure and evolution of innovation research in the last 60 years: Review and future trends in the field of business through the citations and co-citations analysis. Scientometrics, 115(3), 1329-1363. doi:10.1007/s11192-018-2709-7
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, que apresentaram a estrutura e evolução da pesquisa em inovação no período de 1956 a 2016, por meio da análise de citações e cocitações em artigos. Segundo os autores, entre os anos de 2000 e 2016, as teorias mais recorrentes foram: aprendizagem organizacional, capacidade absortiva, criação e transferência de conhecimento, capacidades dinâmicas, triple helix, ambidextria e visão baseada em recursos.

Agora que as respostas às nossas inquietações começam a se delinear, ficamos curiosos para entender quais são as metodologias e técnicas mais recorrentes em estudos de inovação.

Quais as metodologias/técnicas mais utilizadas?

No que se refere às metodologias/técnicas mais utilizadas, foi possível perceber que, apesar de estudos de caso terem ganhado espaço no campo da Gestão da Inovação e representarem o terceiro grupo de metodologias mais utilizadas, segundo apontam Faccin, Silva, Volkmer Martins e Deus (2019)Faccin K., Silva, L. M., Volkmer Martins, B., & Deus, E. P. (2019, June 6-19). Process data: A methodological opportunity for innovation management studies. XXX ISPIM Innovation Conference, Florence, Italy., o campo ainda é dominado por estudos quantitativos. Conforme se nota na Tabela 5, das 10 metodologias/técnicas mais utilizadas, somente duas estão vinculadas a abordagens qualitativas (marcadas em cinza).

Tabela 5
Metodologias/técnicas mais recorrentes nos artigos analisados

A análise da Tabela 5 é reforçada por estudo feito por Faccin et al. (2019) na base de dado Scopus. As autoras avaliaram cerca de 18 mil artigos, de 51 periódicos, publicados entre 2006 e 2015. Com auxílio do software VOSViewer, geraram quatro “clusters metodológicos”, com 79 palavras-chave, que revelaram que o campo é dominado por estudos que usam predominantemente teorias de variância. Ademais, a análise de clusters, realizada nesse paper, mostrou que nós, pesquisadores da área, estamos potencialmente avançando no uso de diferentes métodos, bem como de unidades de análise, mas ainda temos uma lacuna em termos de explicações da sequência de eventos que fornecem os resultados. Por fim, as autoras concluem que há um espaço importante para o uso de abordagens processuais em estudos da área e, portanto, para a construção de teorias de dados de processos.

A predominância de pesquisas quantitativas foi identificada também por Keupp et al. (2012)Keupp, M. M., Palmié, M., & Gassmann, O. (2012). The strategic management of innovation: A systematic review and paths for future research. International Journal of Management Reviews, 14(4), 367-390. doi:10.1111/j.1468-2370.2011.00321.x
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, que aprofundaram a análise, listando os métodos analíticos mais adotados por estudos quantitativos. Segundo os autores, os métodos que se destacaram foram modelagem matemática (incluindo jogos de modelagem teórica), regressão OLS simples, regressão de painel (poisson, logit, probit etc.), análise fatorial confirmatória e análise de tempo de sobrevivência (Keupp et al., 2012). Percebe-se, portanto, uma tendência no campo em priorizar análise de equação estrutural, patentometria, análise de redes, smart data, analythica, aplicação de algoritmos, simulação digital e inteligência artificial.

Se, por um lado, isso mostra que trabalhos com essas metodologias são bem aceitos pelo campo, por outro, conforme apontaram Faccin et al. (2019)Faccin K., Silva, L. M., Volkmer Martins, B., & Deus, E. P. (2019, June 6-19). Process data: A methodological opportunity for innovation management studies. XXX ISPIM Innovation Conference, Florence, Italy., demonstra que há espaço para metodologias capazes de capturar a temporalidade dos fenômenos, envolvendo detalhes ricos que são difíceis ou que não podem ser capturados por pesquisas dominadas pelo paradigma positivistas e pela construção de teoria baseadas em variância (Langley & Abdallah, 2011Langley, A., & Abdallah, C. (2011). Templates and turns in qualitative studies of strategy and management. In D. D. Bergh, & D. J. Ketchen, Building methodological bridges (pp. 201-235). Emerald Group Publishing Limited.). Nesse sentido, Faccin et al. (2019)Faccin K., Silva, L. M., Volkmer Martins, B., & Deus, E. P. (2019, June 6-19). Process data: A methodological opportunity for innovation management studies. XXX ISPIM Innovation Conference, Florence, Italy. apontam que os dados e análises de processos são capazes de explicar como e por que uma entidade organizacional muda e se desenvolve, permitindo que os pesquisadores entendam melhor a dinâmica e os processos que ocorrem dentro e em torno de “atividades de inovação”.

Ademais, tendo em vista que a evolução de um campo de estudos também ocorre por meio do uso de múltiplos métodos de análise, percebemos a necessidade de ampliar as orientações metodológicas nos estudos de Gestão da Inovação. Em âmbito nacional, esse movimento pode ser percebido por meio da inserção de um tema específico, no ano de 2019, sobre “Métodos e novas técnicas de pesquisa e análise no campo da inovação”, no principal congresso da área, o EnANPAD. Além disso, importantes eventos internacionais na área de Gestão da Inovação, como o ISPIM, organizado pela International Society for Professional Innovation Management, que será realizado em Florença no ano de 2019, possui um track específico para recebimentos de papers sobre novos métodos de pesquisa para estudos em Gestão da Inovação. Além de tracks em importantes eventos da área, journals, como o R&D Management, o International Journal of Forecasting, por exemplo, lançaram special issues para debater essa demanda acadêmica. Após a análise metodológica, começamos a nos questionar quais locais os pesquisadores estão mais focados em entender e quem tem financiado as pesquisas.

Quais as regiões mais pesquisadas e quem são os órgãos financiadores das pesquisas?

No que se refere aos locais mais pesquisados, com exceção da África, que foi citada por 12 artigos, os outros nove locais mais recorrentes, entre os 10 mais citados, foram países: China, Índia, Alemanha, Brasil, Irã, Itália, França, Suécia e Tailândia. A Tabela 6 apresenta os 17 locais mais recorrentes.

Tabela 6
Lista de locais mais pesquisados

É interessante notar que sete são países em desenvolvimento (cinza-escuro) e três são continentes formados por países em desenvolvimento (cinza-claro), o que demonstra o interesse em publicar artigos sobre esses locais, bem como a importância de estabelecer parcerias de pesquisa entre países em desenvolvimento para publicação. Nesse sentido, podemos destacar, em âmbito nacional, a recente chamada, Nº 5/2019, aberta pela CAPES para fortalecimento da cooperação sul-sul e, em contexto internacional, os special issues sobre China e países emergentes do Technological Forecasting and Social Change e do Journal of Engineering and Technology Management, respectivamente.

Quanto ao número de artigos publicados, 79,1% falam de países em desenvolvimento em suas palavras-chave, no âmbito dos 17 locais mais citados. Além disso, o Brasil é o quarto país mais estudado, comprovando o interesse mundial acerca da área de Gestão da Inovação no Brasil e, também, demonstrando que é um campo frutífero de pesquisa para brasileiros. Apesar de entendermos que temos um campo importante para a pesquisa, pesquisadores devem se conscientizar sobre a necessidade de explicar por que um estudo brasileiro é capaz de contribuir para teorias e aprendizagens globais em um campo de estudo. Nossa aposta repousa sobre a ideia de que muitos países emergentes oferecem oportunidades para refutar teorias construídas com base em países desenvolvidos e mesmo para oferecer respostas substantivas para tal.

Por fim, a China desponta como o país que tem despertado maior interesse para se estudar Gestão da Inovação em âmbito mundial, perfazendo 45,5% dos artigos publicados entre os locais mais pesquisados. Apesar de os locais mais estudados serem países em desenvolvimento, com exceção da China e de Taiwan, os órgãos financiadores não são de nações em desenvolvimento, pelo contrário, a maioria é de países desenvolvidos. Órgãos financiadores brasileiros nem chegaram a entrar na Tabela 7, pois somente três ficaram entre os 100 financiadores, ocupando as posições 32 (CNPq), 42 (FAPESP) e 69 (CAPES). Assim, apesar de sermos o quarto país mais estudado no campo, estamos longe de ser o que mais investe em estudos na área.

Tabela 7
Organizações financiadoras e países de origem

É importante, contudo, ressaltar a falta de costume de muitos pesquisadores brasileiros em citar as agências de fomentos financiadoras quando da publicação de artigos e/ou apresentação de trabalhos em congressos. Essa é uma prática estabelecida em âmbito internacional com a qual temos que ser mais rigorosos aqui no Brasil, até como forma de divulgar nossos órgãos financiadores de pesquisa, o que é de extrema importância para parcerias internacionais, por exemplo.

AGENDA PRESENTE E FUTURA DE PESQUISA

Se, no passado, os grandes temas que fundamentavam o campo de Inovação estavam ligados a estratégia, P&D, desenvolvimento de novos produtos, tecnologia e empreendedorismo e com recortes geográficos mais localizados regionalmente, para o futuro, parece que a emergência de algumas novas temáticas e a internacionalização destas se revelam mais candentes, enquanto as áreas clássicas permanecem mais estáveis como interesse acadêmico (Rossetto et al., 2018Rosseto, D., Bernardes, C. R., Borini, F. M., & Gattaz, C. (2018). Structure and evolution of innovation research in the last 60 years: Review and future trends in the field of business through the citations and co-citations analysis. Scientometrics, 115(3), 1329-1363. doi:10.1007/s11192-018-2709-7
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). Nossas conclusões sobre emergência de novos temas estão baseadas na análise algorítmica dos “termos quentes” nos artigos extraídos da WoS (que aparecem em anos mais recentes; se mantêm sem serem pontuais; envolvem um grupo de atores, evitando vieses particulares; e que apresentam aumento do interesse ano a ano) (Tabela 8), nos termos emergentes por ano (de 2013 a 2017) (Quadro 3), no conteúdo encontrado em special issues dos 11 periódicos (Quadro 4) e nos temas apresentados em tracks dos mais relevantes eventos mundiais.

Tabela 8
Temas emergentes
Quadro 3
Temas emergentes por ano (de 2013 a 2017)
Quadro 4
Special issues por journal

Verificamos que há uma ebulição de novos temas vinculados às atividades de empreendedorismo intensivo em conhecimento, colaboração e territórios - emergindo temas como os de ecossistemas de inovação, economias criativas, business model em startups digitais, tanto em tracks de eventos (R&D Management Conference, ISPIM Innovation Conference, EnANPAD, SciBiz Academy), em special issues das revistas, conforme destacado nas Tabelas 8 e 9 e no Quadro 3.

Além disso, existem alguns temas, como Knowledge management, Patent, Policy, Entrepreneurship e Innovation system, que apareceram ao longo do período analisado e seguem se destacando nos termos emergentes e em alguns special issues, o que demonstra que são temáticas importantes para a área e ainda precisam de estudos.

Reforçando os resultados encontrados no tópico de locais mais pesquisados, países em desenvolvimento, mais especificamente para os fenômenos típicos de economias emergentes (inovação frugal, shanzai innovation, inovação reversa, inovação jugaad, entre outros), parecem ser um campo empírico promissor (Zedtwitz, Corsi, Søberg, & Frega, 2014Zedtwitz, M. V., Corsi, S., Søberg, P. V., & Frega, R. (2014). A typology of reverse innovation. Journal of Product Innovation Management, 32(1), 12-28. doi:10.1111/jpim.12181
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). Contudo, sugerem, por outra perspectiva, um adensamento de abordagens teóricas e um instrumental analítico orientado para estratégias de internacionalização e processos de inovação global, com um interesse particular pelas soluções locais que conquistam os mercados mundiais.

No que se refere às novas dinâmicas setoriais, duas dimensões adquirem relevância. A nova indústria digital 4.0 - impressão 3D, manufatura aditiva - e a inovação em serviços - big data, inteligência artificial, smart analytics, cidades inteligentes e digitais, entre outros - são temas potencialmente atraentes como temáticas de pesquisa. No segmento de serviços, a área de Gestão da Saúde e Medicina sobressai junto com os temas de bio e nanotecnologias e com abordagens de inovação e sustentabilidade, especialmente aquelas temáticas relacionadas às alternativas de ecoinovação, energéticas sustentáveis, mudança climática, mobilidade, veículos elétricos e energias fotovoltaicas. Notamos ainda um florescimento da produção científica nos temas da inovação social, inclusiva e responsável, assim como das abordagens sobre economia digital e economia circular, de modo que estudos acerca da adaptação das empresas a esses modelos se tornam cada vez mais frequentes. Tais temáticas estabelecem conexões perfeitas com as análises de economia emergentes (Zedtwitz et al., 2014Zedtwitz, M. V., Corsi, S., Søberg, P. V., & Frega, R. (2014). A typology of reverse innovation. Journal of Product Innovation Management, 32(1), 12-28. doi:10.1111/jpim.12181
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), assim como as abordagens institucionais e evolutivas de aprendizagem tecnológica - catch up - ou integração - upgrandig - em cadeias globais (Fagerberg, Lundvall, & Srholec, 2018Fagerberg, J., Lundvall, B., & Srholec, M. (2018). Global value chains, national innovation systems and economic development. The European Journal of Development Research, 30(3), 533-556. doi:10.1057/s41287-018-0147-2
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).

Ademais, lentes teóricas como Capacidades Dinâmicas, Triplíce Hélice, Gestão do Conhecimento, que apareceram como as mais citadas no tópico que destaca os principais autores, seguem aparecendo nos termos emergentes e em alguns special issues, apesar de não parecerem ser o foco maior das demandas por artigos. Isso tende a indicar que tais teorias podem estar chegando em um grau de maturidade que gera certo consenso sobre elas. Contudo, isso não quer dizer que ainda não existam avanços a serem feitos. Conforme Albort-Moranta, Leal-Rodríguez, Fernández-Rodríguez e Ariza-Montes (2018)Albort-Moranta, G., Leal-Rodríguez, A. L., Fernández-Rodríguez, V., & Ariza-Montes, A. (2018). Assessing the origins, evolution and prospects of the literature on dynamic capabilities: A bibliometric analysis. European Research on Management and Business Economics, 24(1), 42-52. doi:10.1016/j.iedeen.2017.06.004
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, por exemplo, acerca da temática de capacidades dinâmicas, após o crescimento significativo no número de publicações até 2012, houve uma queda no número, caracterizando a entrada do que chamaram de “fase de maturidade”. No entanto, apesar dos avanços, ainda existem algumas lacunas, entre as quais os autores apontam a necessidade de abordagens baseadas em processos, em consonância ao destacado por Faccin et al. (2019)Faccin K., Silva, L. M., Volkmer Martins, B., & Deus, E. P. (2019, June 6-19). Process data: A methodological opportunity for innovation management studies. XXX ISPIM Innovation Conference, Florence, Italy. acerca dos estudos de Gestão da Inovação de modo geral.

As abordagens de análise e inteligência - forecast, roadmap, delphi, redes sociais, simulação de cenários, smart data, entre outros - com a aplicação de ferramentas tecnológicas e softwares constituem uma agenda promissora para estudos futuros no campo da Gestão da Inovação, tanto para elevar a qualidade como a competividade dos artigos para a publicação internacional. Quanto aos temas destacados no Quadro 2, pode-se dizer que se mantêm e são ampliados com a inserção de termos específicos como big data, 3D printing, nanotechnoloy, no Tema 1; hélice quádrupla, ecossistemas de inovação e smart cities no Tema 2; e distributive intelligence e global brains no Tema 3. Por fim, o interesse pelas experiências baseadas em análises comparativas internacionais e institucionais entre países, regiões, setores e mercados tem sido cada vez mais um critério de avaliação estimulado pelos editoriais dos top journals.

CONCLUSÕES: OS DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA INTERNACIONALIZADA E CRÍTICA DE PESQUISA

O grande desafio para a condução de novos projetos de pesquisa e para a produção científica no campo de Inovação é definir o conceito e escopo do problema de estudo segundo a relevância do gap teórico ou a aplicação tecnológica, e qual o significado dessa contribuição para a sociedade. Não importa se acadêmicas ou se tecnológicas - applyed research -, as pesquisas devem sempre primar pela excelência da sua construção teórica e metodológica e estimando os potenciais impactos científicos, econômicos, sociais, ambientais e de disseminação esperados. A regra é simples: quanto maiores a relevância, o rigor e a qualidade metodológicos, melhores suas chances reais de contribuição acadêmica e aplicada.

Se o tema ou o problema de pesquisa tem relevância e aderência para a agenda de interesses da comunidade internacional ou nacional, é outra questão importante na tomada de decisão para conduzir a sua pesquisa e elevar a atratividade e competitividade dela para a publicação em um top journals. Os critérios para definir a qualidade dessas contribuições estão associados também à capacidade de identificar os temas, seus gaps - teóricos, aplicados, metodológicos - fundamentar e desenvolvê-los com base em metodologias dinâmicas e bem-estruturadas.

Presenciamos, nos estudos quantitativos, uma transição dos métodos de study case para a aplicação mais complexa de amostras robustas com a utilização de modelos de equação estrutural, técnicas e análises de inteligência - rodmapping, forescast, smart datas e patentometrias, análise e simulação de redes sociais. Ao combinar uma ou duas técnicas, análise bases de informações robustas inter-temporais, ou incluir amostrar comparativas internacionais ou regionais, temos um resultado abrangente para a validação científica e mais atrativo para a publicação da produção científica. Já nos estudos qualitativos, abordagens processuais parecem ser um caminho promissor para estudos longitudinais que buscam, por exemplo, analisar quais são e como mudam ao longo do tempo determinadas práticas de inovação. É uma abordagem que se apresenta como uma opção aos tradicionais estudos positivistas da área.

Quanto aos temas de clássicos que fundamentaram e formaram o campo de estudos teóricos de Inovação, notamos a emergência de novas temáticas naturais do momento de superposição entre os movimentos de transformação digital, institucional, ambiental e de mercado global com a entrada das economias emergentes e do sudeste asiático. Os temas de aprendizagem e integração às redes e cadeias de valor globais, indústria e serviços 4.0, sustentabilidade, economia digital e de serviços, inovação aberta e colaborativa, ecossistemas de inovação, startpus e empreendedorismo intensivo em conhecimento, inovação e inclusão social são sensíveis e refletem essas profundas mudanças nas dimensões macro, meso e microssistêmica nos estudos da Inovação. Ademais, é possível notar o retorno aos estudos de adoção e aceitação tecnológicos e o interesse nascente sobre a experiência e o comportamento do consumo inovativo digital, motivados pela disseminação transversal da inteligência artificial..

Por fim, as abordagens teóricas sobre o campo da Gestão da Inovação têm se referenciado pela combinação entre a visão baseada em recursos, capacidades, ambidextria, uso de fontes de conhecimento, aprendizagem e estratégias de catch up e as abordagens que estudam as instituições e o desenvolvimento das nações, setoriais, regiões e empresas - sistemas nacionais, setoriais e ecossistemas de inovação.

A recomendação final é quanto à reflexão crítica que deve ser confrontada na adoção e no uso indiscriminado das abordagens teóricas do mainstream para o estudo do fenômeno da inovação em seu local de origem. Estas devem necessariamente ser aplicadas e pensadas nos limites e na dinâmica real do seu contexto institucional e social, considerando as diferenças societais, culturais e seu estágio de desenvolvimento econômico e de desigualdade global.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Ago 2019
  • Data do Fascículo
    Jul-Aug 2019
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