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O surto da COVID-19 e as respostas da administração municipal: munificência de recursos, vulnerabilidade social e eficácia de ações públicas

Resumo

Diante de uma situação sem precedentes do surto da doença do coronavírus 2019 (COVID-19), os agentes públicos no nível do município não têm referências claras ou políticas testadas. Nessa situação, a tomada de decisão pode se tornar um processo controverso. Este artigo fornece subsídios para gestores municipais lidarem com os estágios iniciais do surto de COVID-19. Analisamos as ações das prefeituras de todos os 52 municípios brasileiros com pelo menos trinta dias desde o primeiro caso confirmado da COVID-19. Utilizamos a fuzzy-set Comparative Qualitative (fsQCA) para identificar as combinações de fatores contextuais e ações públicas que reduziram a transmissão da COVID-19 durante o estágio inicial crítico. Os resultados empíricos mostram três caminhos principais para orientar a formulação de políticas: (1) um caminho de colaboração plural que envolve os setores público e privado na presença de um sistema de saúde frágil; (2) um caminho de ação pública que forneça programas de ajuda através de intensa colaboração dentro da burocracia pública; e (3) um caminho baseado nos recursos de um sistema de saúde bem estruturado.

Palavras-chave:
COVID-19; municípios; ação pública

Abstract

Facing the unprecedented situation of the COVID-19 pandemic, public officials at the municipality-level have no clear benchmarks or tested policies. In this situation, decision-making becomes a controversial process. This article provides insights for public agents in the Brazilian municipalities to deal with the initial stages of the COVID-19 pandemic. We analyzed the actions taken by city halls of the 52 Brazilian municipalities at least thirty days since the first confirmed case of COVID-19. We used a fuzzy-set Qualitative Comparative Analysis (fsQCA) to identify the combinations of contextual factors and public actions that reduced COVID-19 transmission during the critical initial stage. The empirical results show three main paths to guide policy-making: (1) a plural collaboration path involving public and private sectors, operating in a fragile health system; (2) a public action path providing aid programs through intense collaboration inside public bureaucracy; and (3) a resource-based path relying on a well-structured health system.

Keywords:
COVID-19; municipality; public action

Resumen

Ante una situación sin precedentes de brote de la enfermedad por coronavirus 2019 (COVID-19), los funcionarios públicos a nivel municipal no tienen puntos de referencia claros ni políticas probadas. En esta situación, la toma de decisiones se convierte en un proceso controvertido. Este documento proporciona información para que los agentes municipales brasileños puedan hacer frente a las etapas iniciales del brote de COVID-19. Analizamos las acciones tomadas por los ayuntamientos de los 52 municipios brasileños que llevaban al menos treinta días desde el primer caso confirmado de COVID-19. Utilizamos un análisis cualitativo comparativo de conjunto difuso (fsQCA) para identificar las combinaciones de factores contextuales y acciones públicas que redujeron la transmisión de la COVID-19 durante la etapa inicial crítica. Los resultados empíricos muestran tres caminos principales para guiar la formulación de políticas: (1) un camino de colaboración plural que involucre a los sectores público y privado en presencia de un sistema de salud frágil; (2) una vía de acción pública que proporcione programas de ayuda a través de una intensa colaboración dentro de la burocracia pública; y (3) una ruta basada en los recursos de un sistema de salud bien estructurado.

Palabras clave:
COVID-19; municipios; acción pública

1. INTRODUÇÃO

Qual é a melhor resposta de um governo local nos estágios iniciais de uma pandemia? A pandemia da doença do coronavírus 2019 (doravante COVID-19) é uma situação sem precedentes nos tempos modernos. A séria ameaça para a saúde pública promove o debate sobre ações tomadas por governantes. Entretanto, sem políticas testadas e consolidadas, a tomada de decisão transforma-se em um processo controverso. Neste contexto, informações ou ações específicas podem ser considerada tanto exageradas quanto insuficientes, dependendo da perspectiva do analista (Melo & Cabral, no preloMelo, C., & Cabral, S. (Forthcoming). Pandemics and Communicaton: A Randomized Control Trial Assessment. Revista de Administração Pública, [in press - early view].). Apesar do número significativo de estudos sobre os aspectos epidemiológicos da COVID-19, a evidência sobre a eficácia das ações dos governos é ainda escassa.

Até o dia 16 de abril de 2020, no início do processo de coleta de dados desse estudo, o Brasil tinha quase 29.000 casos da COVID-19 e mais de 1.700 óbitos reportados. O primeiro caso apareceu na cidade de São Paulo em 25 de fevereiro. Desde então, 1.152 municípios estão lidando com ao menos um caso confirmado da COVID-19. Levou-se 52 dias para o coronavírus alcançar mais de 20% dos municípios de um país de tamanho continental. O Brasil é grande e heterogêneo e, assim, os governos municipais enfrentam o surto da COVID-19 em contextos bem distintos e possuindo diferentes conjuntos de recursos e capacidades. Esse artigo é uma tentativa de identificar quais as ações públicas, no nível municipal, tiveram sucesso em reduzir a transmissão da COVID-19.

Para isso, foram coletado dados dos 52 municípios brasileiros onde, no dia 16 de abril, havia ao menos 30 dias desde o primeiro caso confirmado da COVID-19. O foco no período dos 30 dias iniciais deve-se ao entendimento de que as ações implementadas durante a fase inicial têm impacto mais duradouro, dado o crescimento exponencial da transmissão da doença. No processo de coleta de dados, desenvolveu-se medidas para capturar duas condições amplas em cada município, a saber: (i) características contextuais do município; e (ii) as estruturas de governança e ações tomadas pelas prefeituras para combater a doença. Como pode-se imaginar, não há fórmula mágica para ter sucesso no combate à doença. Portanto, seria ingênuo buscar por uma solução única para os esforços da administração pública. Dessa forma, ao invés de empregar técnicas econométricas, utilizou-se o fuzzy-set Qualitative Comparative Analysis (fsQCA), o qual identifica diferentes caminhos possíveis para um resultado almejado. Em outras palavras, o fsQCA identifica diferentes combinações de condições (chamadas soluções) que simultaneamente levam ao resultado de sucesso, que, neste estudo, é a redução da transmissão da COVID-19.

As evidências empíricas identificam três caminhos principais consistentes com a redução da transmissão da COVID-19 nos estágios iniciais do surto. O primeiro caminho para evitar a propagação do vírus foi o estabelecimento de colaboração plural através de unidades públicas e envolvendo parceiros privados para compensar a falta de recursos especializados. Esse primeiro resultado é chamado de caminho da colaboração plural. O segundo caminho é a implementação de programas de auxílio governamentais pela colaboração dentro do setor público para superar a falta de recursos especializados e a vulnerabilidade social da população local. Este é o caminho da ação pública. Finalmente, o terceiro caminho depende de um sistema de saúde bem estruturado e a coordenação centralizada em uma unidade pública, chamado de caminho baseado em recursos.

2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E AS REPOSTAS AO SURTO DA COVID-19

Embora a COVID-19 seja ainda uma doença nova e com poucos parâmetros conhecidos, as comunidades médica e científica rapidamente chegaram a consensos sobre medidas práticas para reduzir sua transmissão e como reagir ao surto1 1 Organização Mundial da Saúde: todas as orientações técnicas sobre a COVID-19 pode ser encontrado aqui: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/technical-guidance . Até o momento, alguns princípios estão guiando os agentes públicos, incluindo: (1) isolamento de casos confirmados e suspeitos, bem como o acompanhamento de todos que tiveram contato com possíveis portadores do vírus (Hellewell et al., 2020Hellewell, J., Abbott, S., Gimma, A., Bosse, N. I., Jarvis, C. I., Russell, T. W., … van Zandvoort, K. (2020). Feasibility of controlling COVID-19 outbreaks by isolation of cases and contacts. The Lancet Global Health, 8(4), e488-e496. Retrieved from https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30074-7
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); (ii) mobilização de recursos humanos e materiais de saúde, dado que a rápida propagação da doença leva a um grande número de internações e um subsequente colapso do sistema de saúde (Remuzzi & Remuzzi, 2020Remuzzi, A., & Remuzzi, G. (2020). COVID-19 and Italy: what next? The Lancet, 395(10231), 1225-1228. Retrieved from https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30627-9
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); e (iii) quarentena ou distanciamento social generalizado para prevenir a propagação da doença e aliviar o sistema de saúde; isto é, achatar a curva de propagação do vírus (Lazzerini & Putoto, 2020Lazzerini, M., & Putoto, G. (2020). COVID-19 in Italy: momentous decisions and many uncertainties. The Lancet Global Health, 8(5), e641-e642. Retrieved from https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30110-8
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). Do ponto de vista da administração pública, esses princípios são convertidos em ações práticas, sob condições locais específicas.

Condições contextuais. Na literatura da Administração Pública, o contexto interage com as práticas gerenciais e influenciam o desempenho (O’Toole & Meier, 2015O’Toole, L. J., & Meier, K. J. (2015). Public Management, Context, and Performance: In Quest of a More General Theory. Journal of Public Administration Research and Theory, 25(1), 237-256. Retrieved from https://doi.org/10.1093/jopart/muu011
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). A disponibilidade de recursos no entorno é a característica do contexto chamada de munificência de recursos ambientais. Quando os recursos são encontrados em abundância, há um maior número de oportunidades e, assim, há efeito positivo no desempenho da organização (Andrews, 2009Andrews, R. (2009). Organizational Task Environments and Performance: An Empirical Analysis. International Public Management Journal, 12(1), 1-23. Retrieved from https://doi.org/10.1080/10967490802646813
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). No surto da COVID-19, mais especificamente, a disponibilidade de recursos de saúde é crítica não apenas para identificar e monitorar casos suspeitos, mas também para tratar os casos críticos da doença (Armocida et al., 2020Armocida, B., Formenti, B., Ussai, S., Palestra, F., & Missoni, E. (2020). The Italian health system and the COVID-19 challenge. The Lancet Public Health, 5(5), e253. Retrieved from https://doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30074-8
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; Ji et al., 2020Ji, Y., Ma, Z., Peppelenbosch, M. P., & Pan, Q. (2020). Potential association between COVID-19 mortality and healthcare resource availability. The Lancet Global Health, 8(4), e480. Retrieved from https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30068-1
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).

Outra condição contextual relevante no surto da COVID-19 é a vulnerabilidade social da população local. Os problemas de saúde pública são frequentemente mais severos em locais onde grandes proporções da população moram em condições de vulnerabilidade (Ahmed, Ahmed, Pissarides, & Stiglitz, 2020Ahmed, F., Ahmed, N., Pissarides, C., & Stiglitz, J. (2020, April 02). Why inequality could spread COVID-19. The Lancet Public Health, 5(5), e240. Retrieved from https://doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30085-2
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). Por exemplo, há um debate corrente na Inglaterra e nos EUA para investigar se minorias étnicas estão morrendo da COVID-19 em número desproporcionalmente maior que os brancos2 2 Recuperado de https://www.theguardian.com/world/2020/apr/22/racial-inequality-in-britain-found-a-risk-factor-for-covid-19 . Além disso, a população vulnerável reside em áreas densamente populosas e com infraestrutura pobre, o que prejudica a prevenção de doenças (Snyder, Marlow, Phuphanich, Riley, & Maciel, 2016Snyder, R. E., Marlow, M. A., Phuphanich, M. E., Riley, L. W., & Maciel, E. L. N. (2016). Risk factors for differential outcome following directly observed treatment (DOT) of slum and non-slum tuberculosis patients: a retrospective cohort study. BMC Infectious Diseases, 16(1), 1-7. Retrieved from https://doi.org/10.1186/s12879-016-1835-1
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). Dessa forma, a vulnerabilidade social também pode afetar os resultados de políticas públicas para conter a propagação da COVID-19.

Ações da administração pública. A primeira resposta governamental para o surto da COVID-19 são restrições na movimentação de pessoas com o objetivo de diminuir a transmissão do vírus (Chen, Yang, Yang, Wang, & Bärnighausen, 2020Chen, S., Yang, J., Yang, W., Wang, C., & Bärnighausen, T. (2020). COVID-19 control in China during mass population movements at New Year. The Lancet, 395(10226), 764-766. Retrieved from https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30421-9
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). Subsequentemente, a administração pública tem que endereçar impactos de segunda ordem do distanciamento social. Como mencionado, vulnerabilidade social pode ter um papel essencial durante o surto. A economia informal é significante no Brasil e a população mais pobre, com o distanciamento social, tem o fluxo de rendimentos interrompido abruptamente. Dessa forma, pode ser mais difícil manter as pessoas em casa na presença de vulnerabilidade social3 3 Recuperado de https://valor.globo.com/mundo/blog-do-fmi/post/2020/04/a-politica-economica-na-al-e-caribe-em-tempos-de-covid-19.ghtml , prejudicando a prevenção da disseminação da doença. Durante o surto da COVID-19, uma relevante ação pública é a provisão de programas de auxílio para atender as necessidades básicas da população vulnerável4 4 Recuperado de https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2020/abril/solicitar-auxilio-emergencial-de-r-600-coronavirus-covid-19 .

Governança para as ações da administração pública. Mais recentemente, a perspectiva de um processo de elaboração de política pública unilateral está sendo crescentemente substituído por tomadas de decisão coletivas e envolvendo setores público e privado (Ansell & Gash, 2007Ansell, C., & Gash, A. (2007). Collaborative Governance in Theory and Practice. Journal of Public Administration Research and Theory, 18(4), 543-571. Retrieved from https://doi.org/10.1093/jopart/mum032
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). Neste cenário, a administração pública tem que encontrar formas de alcançar colaborações entre múltiplas unidades através da colaboração dentro do setor público (Cabral & Krane, 2018Cabral, S., & Krane, D. (2018). Civic festivals and collaborative governance. International Review of Administrative Sciences, 84(1), 185-205. Retrieved from https://doi.org/10.1177/0020852315615196
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; Sedgwick, 2017Sedgwick, D. (2017). Building collaboration: Examining the relationship between collaborative processes and activities. Journal of Public Administration Research and Theory, 27(2), 236-252. Retrieved from https://doi.org/10.1093/jopart/muw057
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). No entanto, as soluções não estão concentradas apenas dentro da burocracia pública. A colaboração com o setor privado é crítica para lidar com a complexidade do surto da COVID-19 (Lazzarini & Musacchio, no prelo). As colaborações entre setores podem funcionar efetivamente por uma miríade de configurações (Lazzarini, Pongeluppe, Ito, Oliveira, & Ovanessoff, no prelo). Por um lado, colaborações entre setores são eficientes sob condições de munificência de recursos e estabilidade do ambiente (Provan & Milward, 1995Provan, K. G., & Milward, H. B. (1995). A Preliminary Theory of Interorganizational Network Effectiveness: A Comparative Study of Four Community Mental Health Systems. Administrative Science Quarterly, 40(1), 1-33. Retrieved from https://doi.org/10.2307/2393698
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; Raab, Mannak, & Cambre, 2013Raab, J., Mannak, R. S., & Cambre, B. (2013). Combining Structure, Governance, and Context: A Configurational Approach to Network Effectiveness Jorg Raab. Journal of Public Administration Research and Theory, 25(2), 479-511. Retrieved from https://doi.org/10.1093/jopart/mut039
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). Por outro lado, enquanto o surto da COVID-19 não cria um ambiente estável, organizações baseadas em rede podem também responder eficientemente à situações de crises e desastres (Kapucu & Garayev, 2011Kapucu, N., & Garayev, V. (2011). Collaborative Decision-Making in Emergency and Disaster Management. International Journal of Public Administration, 34(6), 366-375. Retrieved from https://doi.org/10.1080/01900692.2011.561477
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).

3. DADOS E MÉTODOS

Este é um estudo de casos múltiplos com municípios brasileiros enfrentando a COVID-19 nos 30 dias iniciais do surto. O benefício de um estudo de casos múltiplos baseia-se em dois fatores principais. Primeiro, ele permite encontrar padrões comuns em meio a diferentes observações, considerando-os deterministicamente e não probabilisticamente. Em outras palavras, todos os casos contribuem para melhorar nossa compreensão dos fenômenos (Bansal, Smith, & Vaara, 2018Bansal, P., Smith, W. K., & Vaara, E. (2018). From the Editors: New Ways of Seeing through Qualitative Research. Academy of Management Journal, 61(4), 1189-1195. Retrieved from https://doi.org/10.1016/B978-0-444-56336-1.50013-8
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; Kahwati et al., 2016Kahwati, L., Jacobs, S., Kane, H., Lewis, M., Viswanathan, M., & Golin, C. E. (2016). Using qualitative comparative analysis in a systematic review of a complex intervention. Systematic Reviews, 5, 82. Retrieved from https://doi.org/10.1186/s13643-016-0256-y
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). Segundo, a validade de vários estudos de caso baseia-se na seleção de casos que compartilham um conjunto semelhante de características ancoradas em construções teóricas. Além disso, a possibilidade de replicação da análise usando ocorrências semelhantes valida o esforço empírico (Eisenhardt, 1989Eisenhardt, K. M. (1989). Building Theories from Case Study Research. Academy of Management Review, 14(4), 532-550. Retrieved from https://doi.org/10.5465/AMR.1989.4308385
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; Pratt, Kaplan, & Whittington, 2019).

Como são possíveis diferentes caminhos alternativos de sucesso e a natureza interativa das ações públicas, mecanismos de governança e fatores contextuais, utiliza-se o método fsQCA (Rihoux & Lobe, 2009Rihoux, B., & Lobe, B. (2009). The Case for Qualitative Comparative Analysis (QCA): Adding Leverage for Thick Cross-Case Comparison. In D. Byrne & C. C. Ragin (Eds.), The SAGE Handbook of Case-Based Methods (pp. 222-242). London, UK: SAGE. Retrieved from https://doi.org/10.4135/9781446249413.n13
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). O fsQCA aplica álgebra de conjuntos difusos para construir diferentes combinações de condições consistentes com um determinado resultado (Crilly, Zollo, & Hansen, 2012Crilly, D., Zollo, M., & Hansen, M. T. (2012). Faking It or Muddling Through? Understanding Decoupling in Response to Stakeholder Pressures. Academy of Management Journal, 55(6), 1429-1448. Retrieved from https://doi.org/10.5465/amj.2010.0697
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; Fiss, 2007Fiss, P. C. (2007). A Set-Theoretic Approach To Organizational Configurations. Academy of Management Review, 32(4), 1180-1198.). Em outras palavras, o fsQCA mapeia os diferentes caminhos possíveis que levam a um resultado semelhante.

Processo de seleção de casos e conjunto de dados. Foram identificados os municípios brasileiros com pelo menos 30 dias desde o primeiro caso confirmado da COVID-19, até o dia 16 de abril de 2020. Essa data de corte determinou um conjunto de 52 municípios. Como os municípios encontravam-se em diferentes estágios de enfrentamento do surto, foram consideradas apenas estatísticas e ações ocorridas nos primeiros 30 dias em cada município. O Quadro 1 fornece uma lista dos municípios selecionados. Abaixo, descreve-se o resultado e as condições que usamos na especificação do modelo.

QUADRO 1
LISTA DE MUNICÍPIOS NO CONJUNTO DE DADOS

Resultado: menor transmissão da COVID-19. O resultado é o número de casos confirmados da COVID-19 por 100 mil habitantes no município até o trigésimo dia após o primeiro caso confirmado da COVID-19. Foi utilizada a forma negada do resultado, o que significa que os municípios mais bem-sucedidos são aqueles com níveis mais baixos de casos confirmados. A fonte é o site “brasil.io”, que é uma iniciativa independente e consolida dados diários das secretarias de saúde estaduais.

Munificência de recursos. A primeira condição contextual mede a disponibilidade de recursos para responder ao surto. Foi utilizado o número de médicos por 100 mil habitantes no município em janeiro de 2020 para capturar o tamanho do sistema de saúde em vigor. Também se mediu o número de leitos hospitalares na especialidade de pneumologia por 100 mil habitantes no município para avaliar os recursos especializados. Os dados estão disponíveis no site do DATASUS, que é um repositório de dados do Ministério da Saúde.

Vulnerabilidade social. Uma outra condição contextual está relacionada com a estrutura social do município. Foram coletados dados do índice de vulnerabilidade social para cada município, disponível no “Atlas da Vulnerabilidade Social”, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Programas de auxílio. Foram identificadas as ações públicas relacionadas a programas de auxílio com fontes de recursos provenientes dos municípios. Ao ler as leis municipais e os artigos de jornal, identificamos três tipos de programas: (i) fornecimento de refeições para estudantes de escolas públicas em casa; (ii) distribuição de cestas básicas; (iii) outros programas para reduzir impostos, crédito subsidiado para pequenas empresas ou oferecer assistência financeira diretamente. Além de fontes oficiais dos municípios, usamos o Google para procurar evidências de programas de ajuda em jornais.5 5 Nesta pesquisa, usamos o Google com a seguinte descrição em: “coronavírus + <<município>> + prefeitura + auxílio OU bolsa OU cesta básica”. O Quadro A4 no apêndice descreve as evidências.

Colaboração com o setor público. Essa variável identifica a criação de entidades envolvendo múltiplas secretarias dentro da burocracia pública para lidar especificamente com o surto da doença, segundo fontes oficiais dos municípios e buscas nos jornais.6 6 Similarmente: coronavírus + <<município>> + prefeitura + comitê OU comissão OU gabinete OU centro de operações OU campanha OU convênio. O Quadro A5 no apêndice descreve as evidências.

Colaboração com o setor privado. Refere-se à presença de uma iniciativa relevante com a participação conjunta da prefeitura e de organizações externas ao setor público. As fontes também são leis municipais e buscas nos jornais.7 7 Similarmente: coronavírus + <<município>> + prefeitura + parceria OU colaboração OU campanha OU convênio OU empresários OU empresas OU ONG OU força-tarefa.

As medidas das variáveis relativas aos programas de auxílio e colaborações da prefeitura são influenciadas pelo julgamento do analista sobre o conteúdo da lei e dos artigos de jornal. Nesse processo, foram selecionadas políticas iniciadas em nível municipal, distribuídas pelas prefeituras, isto é, excluindo ações nos níveis estadual ou federal. Além disso, foram excluídas as iniciativas públicas pontuais ou as iniciativas do setor privado sem a participação das prefeituras ou apenas reconhecidas pelas prefeituras8 8 As tabelas e quadros do A2 até o A6 no apêndice detalha o conteúdo das medidas de ação pública e colaboração, bem como indica as fontes. .

Análise dos dados. A etapa inicial crítica do fsQCA é calibrar se o resultado ou uma condição está presente ou não em um caso. O Quadro A7 do apêndice descreve os critérios de calibragem para cada variável. Em seguida, de acordo com os critérios estabelecidos na literatura do fsQCA, após analisar a tabela verdade, adotou-se um limiar de consistência de 0,8 (Ragin, 2006Ragin, C. C. (2006). Set Relations in Social Research: Evaluating Their Consistency and Coverage. Political Analysis, 14(3), 291-310. Retrieved from https://doi.org/10.1093/pan/mpj019
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; Schneider & Wagemann, 2012Schneider, C. Q., & Wagemann, C. (2012). Set-Theoretic Methods for the Social Science. A Guide to Qualitative Comparative Analysis. New York, NY: Cambridge University Press. Retrieved from https://doi.org/10.1017/CBO9781107415324.004
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). Também foi considerado um limiar de frequência de pelo menos um caso na solução, dada a pequena amostra (Rhioux & Ragin, 2009Rhioux, B., & Ragin, C. C. (2009). Configurational Comparative Methods Qualitative Comparative Analysis (QCA) and Related Techniques. Thousand Oaks, CA: Sage.). Por fim, foram relatadas as soluções intermediárias fornecidas pelo software fsQCA (Fiss, 2011Fiss, P. C. (2011). Building better causal theories: A fuzzy set approach to typologies in organization research. Academy of Management Journal, 54(2), 393-420.; Misangyi & Acharya, 2014Misangyi, V. F., & Acharya, A. G. (2014). Substitutes or Complements? A Configurational Examination of Corporate Governance Mechanisms. Academy of Management Journal, 57(6), 1681-1705. Retrieved from https://doi.org/10.5465/amj.2012.0728
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).

Analisando a amostra em relação à ação pública, 26,9% dos municípios não ofereceram nenhum auxílio governamental à população. As porcentagens daqueles que forneceram um, dois e três programas de ajuda, respectivamente, são 51,9%, 19,2% e 1,9%. Verificando os mecanismos de governança, por sua vez, descobrimos que 50% das prefeituras usavam apenas colaboração no setor público, 7,7% estabeleceram colaboração apenas com o setor privado e 25% criaram colaboração tanto no setor público quanto no setor privado. Assim, 17,3% das prefeituras não tiveram colaboração. A tabela A8 no apêndice apresenta as estatísticas descritivas dos fatores contextuais.

4. RESULTADOS

O Quadro 2 apresenta os resultados da análise comparativa qualitativa, mostrando três soluções consistentes com a diminuição da transmissão da COVID-19 nos estágios iniciais do surto. Interpretamos os resultados considerando que “●” indica a presença de uma condição e “?” indica a ausência de uma condição. Os espaços em branco, no jargão da fsQCA, significam “não relevante”; isto é, a condição pode estar presente ou ausente na solução. Por exemplo, a solução 1a é caracterizada pela presença de colaboração no setor público e colaboração com o setor privado, bem como pela ausência de leitos hospitalares. Na primeira solução, a munificência de recursos em termos de médicos e vulnerabilidade social é uma condição “não relevante”, o que significa que essas características podem estar presentes ou não para impedir a transmissão da COVID-19 nesta solução.

A solução 1b tem uma ausência de todas as condições de munificência de recursos e a presença de vulnerabilidade social. Esses fatores contextuais interagem com a presença de programas de auxílio e com a presença colaboração do governo no setor público. Ainda na solução 1b, a colaboração com o setor privado não é uma condição relevante. Por fim, a solução 2 tem presença de apenas duas dimensões da munificência de recursos, enquanto todas as ações públicas e condições de governança estão ausentes.

QUADRO 2
RESULTADOS DO QCA SOBRE AS COMBINAÇÕES DE CONDIÇÕES PARA EVITAR A TRANSMISSÃO DA COVID-19 EM SEUS ESTÁGIOS INICIAIS

Antes da discussão, é importante comentar sobre os procedimentos de distanciamento social adotados nos municípios. Apesar de sua importância, as leis de distanciamento social não foram exploradas no modelo porque essa era uma decisão tomada principalmente no nível estadual. Segundo, todos os municípios adotaram leis de distanciamento social e parece razoável supor que o distanciamento social é uma prática presente em toda a amostra. No entanto, é possível rastrear quantos dias foram necessários desde o primeiro caso até o fechamento de lojas e escolas em cada município. Em geral, comparando o número de dias por solução, apenas os municípios da solução 1b parecem levar mais tempo para fechar as escolas do que o comportamento médio da amostra. O Quadro A9 no apêndice resume a análise9 9 No apêndice, o quadro A10, a tabela A11 e a Figura A12 analisam a associação entre soluções e outras características de caso. Solução 1b apresenta associação com região sul e pequenas cidades. .

5. DISCUSSÃO

Contribuições para elaboração de políticas públicas no nível municipal. Os resultados demonstram que as opções de ação pública são limitadas por condições contingentes no ambiente do município e existem três caminhos possíveis para a formulação de políticas. A Figura 1 é uma representação visual do processo de tomada de decisão com base nos resultados10 10 Durante o processo de revisão, aproveitamos a oportunidade para realizar uma verificação de robustez. Na figura A13 do apêndice, é possível ver que os municípios fora de nossas soluções apresentaram uma propagação mais rápida da COVID-19 em comparação com os municípios participantes de nossas soluções. . Os resultados podem servir de referência para os tomadores de decisão nas administrações municipais lidarem com o estágio inicial do surto da COVID-19.

FIGURA 1
CAMINHOS PARA EVITAR A TRANSMISSÃO DA COVID-19 NO NÍVEL DO MUNICÍPIO DURANTE OS ESTÁGIOS INICIAIS DO SURTO

O primeiro caminho (solução 1a) é limitado pela falta de recursos especializados; portanto, para evitar a disseminação da COVID-19, o governo local deve desenvolver uma colaboração plural nos setores público e privado. Um exemplo é uma parceria público-privada entre a prefeitura de Mauá, no estado de São Paulo, e um hospital privado para aumentar o número de leitos hospitalares disponíveis no sistema público de saúde. Esse caminho mostra que, na falta de recursos, as colaborações podem ser a melhor estratégia para o governo local. Além disso, a prefeitura de Mauá criou o chamado “Centro Especializado de Combate ao Coronavírus”, integrando diferentes secretarias municipais. Dessa forma, este é o chamado caminho de colaboração plural. O segundo caminho (solução 1b) é caracterizado pela falta de recursos disponíveis e pela ameaça da vulnerabilidade social. A melhor estratégia para o governo local é planejar ações públicas pela provisão de auxílios e a coordenação com outras unidades públicas para atenuar a disseminação da COVID-19. Por exemplo, a prefeitura de Pinhais, no estado do Paraná, forneceu ajuda financeira a trabalhadores informais da coleta de lixo reciclável. Portanto, este é o chamado caminho da ação pública. Finalmente, o terceiro caminho (solução 2) baseia-se em um sistema de saúde bem estruturado. Nesse caso, a presença de recursos de saúde garante respostas bem-sucedidas contra a disseminação da COVID-19 e é chamado de caminho baseado em recursos.

Contribuições para a literatura da Administração Pública. Comparando as soluções 1 (1a + 1b) e 2, há um intercâmbio entre munificência de recursos e governança baseada em rede. A munificência de recursos interage com a falta de organizações baseadas em rede, o que contradiz os principais modelos da literatura em Administração Pública (p. ex., Provan & Milward, 1995Provan, K. G., & Milward, H. B. (1995). A Preliminary Theory of Interorganizational Network Effectiveness: A Comparative Study of Four Community Mental Health Systems. Administrative Science Quarterly, 40(1), 1-33. Retrieved from https://doi.org/10.2307/2393698
https://doi.org/10.2307/2393698...
), mas apoia os resultados da tomada de decisão colaborativa no gerenciamento de emergências (p. ex., Kapucu & Garayev, 2011Kapucu, N., & Garayev, V. (2011). Collaborative Decision-Making in Emergency and Disaster Management. International Journal of Public Administration, 34(6), 366-375. Retrieved from https://doi.org/10.1080/01900692.2011.561477
https://doi.org/10.1080/01900692.2011.56...
). Assim, essas descobertas contribuem para um tópico ainda pouco estudado de gestão de crises e desastres no campo da Administração Pública. O papel da vulnerabilidade social nas explicações de estratégias emergenciais em problemas de saúde pública pode fornecer novas ideias para esse debate.

Limitações. Levando em consideração as características do conjunto de dados e as escolhas metodológicas, os resultados não são generalizáveis. Em vez de generalização, os resultados permitem a elaboração de uma teoria de médio alcance aplicada ao nível municipal brasileiro durante os estágios iniciais do surto no país. Além disso, a solução 1b destaca a interação entre a vulnerabilidade social e os programas de auxílio do governo. No entanto, essa solução também é caracterizada por sua localização na região sul do Brasil e pelo pequeno porte do município. Portanto, argumentar que os programas de auxílio são uma resposta à vulnerabilidade social é ainda frágil, pois a solução 1a mostra uma situação “não relevante” para a vulnerabilidade social na ausência de ajuda do governo.

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    » https://doi.org/10.1186/s12879-016-1835-1
  • 1
    Organização Mundial da Saúde: todas as orientações técnicas sobre a COVID-19 pode ser encontrado aqui: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/technical-guidance
  • 2
    Recuperado de https://www.theguardian.com/world/2020/apr/22/racial-inequality-in-britain-found-a-risk-factor-for-covid-19
  • 3
    Recuperado de https://valor.globo.com/mundo/blog-do-fmi/post/2020/04/a-politica-economica-na-al-e-caribe-em-tempos-de-covid-19.ghtml
  • 4
    Recuperado de https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2020/abril/solicitar-auxilio-emergencial-de-r-600-coronavirus-covid-19
  • 5
    Nesta pesquisa, usamos o Google com a seguinte descrição em: “coronavírus + <<município>> + prefeitura + auxílio OU bolsa OU cesta básica”. O Quadro A4 no apêndice descreve as evidências.
  • 6
    Similarmente: coronavírus + <<município>> + prefeitura + comitê OU comissão OU gabinete OU centro de operações OU campanha OU convênio. O Quadro A5 no apêndice descreve as evidências.
  • 7
    Similarmente: coronavírus + <<município>> + prefeitura + parceria OU colaboração OU campanha OU convênio OU empresários OU empresas OU ONG OU força-tarefa.
  • 8
    As tabelas e quadros do A2 até o A6 no apêndice detalha o conteúdo das medidas de ação pública e colaboração, bem como indica as fontes.
  • 9
    No apêndice, o quadro A10, a tabela A11 e a Figura A12 analisam a associação entre soluções e outras características de caso. Solução 1b apresenta associação com região sul e pequenas cidades.
  • 10
    Durante o processo de revisão, aproveitamos a oportunidade para realizar uma verificação de robustez. Na figura A13 do apêndice, é possível ver que os municípios fora de nossas soluções apresentaram uma propagação mais rápida da COVID-19 em comparação com os municípios participantes de nossas soluções.
  • [Versão traduzida]

APÊNDICE

TABELA A1
LISTA DE MUNICÍPIOS NO CONJUNTO DE DADOS E OUTRAS INFORMAÇÕES RELEVANTES
QUADRO A2
FONTE DOS DADOS QUALITATIVOS
QUADRO A3
PRESENÇA DE DISTRIBUIÇÃO DE MERENDA ESCOLAR POR MUNICÍPIO
QUADRO A4
PRESENÇA DE PROGRAMAS DE AUXÍLIO POR MUNICÍPIO
QUADRO A5
PRESENÇA DE COLABORAÇÃO DENTRO DO SETOR PÚBLICO
QUADRO A6
PRESENÇA DE COLABORAÇÕES ENTRE SETOR PÚBLICO E SETOR PRIVADO
QUADRO A7
BREVE DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE CALIBRAGEM
TABELA A8
ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DOS FATORES CONTEXTUAIS
QUADRO A9
COMPARAÇÃO ENTRE AS SOLUÇÕES ENTRE O NÚMERO DE DIAS ENTRE O PRIMEIRO CASO E LEGISLAÇÃO FECHANDO LOJAS E ESCOLAS
QUADRO A10
SOLUÇÕES VERSUS DATA DO PRIMEIRO CASO
TABELA A11
SOLUÇÕES VERSUS TAMANHO DA CIDADE

FIGURA A12
SOLUÇÕES VERSUS NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS POR 100 MIL HABITANTES

FIGURA A13
TESTE DE ROBUSTEZ COMPARANDO OS RESULTADOS DAS CIDADES DENTRO DAS SOLUÇÕES E AS CIDADES FORA DA SOLUÇÃO. É POSSÍVEL OBSERVAR UMA PROPAGAÇÃO A UMA TAXA MAIOR NAS CIDADES FORA DA SOLUÇÃO

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Ago 2020
  • Data do Fascículo
    Jul-Aug 2020

Histórico

  • Recebido
    29 Abr 2020
  • Aceito
    27 Maio 2020
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