Acessibilidade / Reportar erro
Este documento está relacionado com:

O papel das capacidades de TI, capacidade de reconfiguração de TI e inovatividade no desempenho organizacional: evidências do setor público brasileiro

Resumo

Tendo em vista o crescente volume de recursos investidos em tecnologia da informação a cada ano, as organizações do setor público devem cada vez mais ter a capacidade de reunir, integrar e implementar recursos de TI, a fim de atender às necessidades dos processos organizacionais. Além disso, as organizações públicas são cada vez mais exigidas a serem mais ágeis e flexíveis para atender às demandas dinâmicas das sociedades. Nesse sentido, as organizações públicas devem ser capazes de administrar e aplicar adequadamente os recursos de TI de que dispõem, bem como criar ambientes organizacionais que permitam e estimulem o florescimento da inovação. Ou seja, devem aprender a cultivar as capacidades de TI e a inovação, com o objetivo de melhor cumprir sua missão e criar valor público. Assim, o objetivo deste estudo é identificar as relações existentes entre inovatividade, capacidades de TI, capacidade de reconfiguração de TI e desempenho organizacional, no contexto do setor público. Para tanto, dados de 254 organizações públicas brasileiras, dos mais diversos portes e setores, foram analisados por meio de uma abordagem de equações estruturais (SEM). Os resultados indicaram que a capacidade de reconfigurar TI deve ser listada entre as capacidades de TI das organizações públicas, bem como que as capacidades de TI desempenham um papel no fomento da inovação das organizações e que ambas (as capacidades de TI e a inovatividade) têm um impacto positivo no desempenho das organizações. Ao testar proposições teóricas identificadas no contexto do setor privado, mas insuficientemente avaliadas no setor público, o estudo acrescenta um bloqueio na construção do conhecimento sobre capacidade de inovação e capacidades de TI, além de apontar caminhos para gestores públicos sobre como eles podem tornar suas instituições mais bem preparadas para enfrentar ambientes em constante mudança.

Palavras-chave:
desempenho organizacional; inovação; capacidades de TI; setor público

Abstract

The growing investments in information technology (IT) each year pushes public sector organizations to develop the ability to gather, integrate, and implement these resources to improve organizational processes. Public sector organizations have to be agile and flexible to meet society’s dynamic demands. In this sense, IT management and creating an organizational environment facilitating innovation are crucial measures. These organizations must learn to cultivate IT capabilities and innovativeness to improve their performance and create public value. Thus, this study aims to identify the existing relationships between innovativeness, IT capabilities, IT reconfiguration capability, and organizational performance in the public sector. The research analyzed data from 254 Brazilian public organizations of the most diverse sizes and sectors using structural equation modeling (SEM). The results indicated that the ability to reconfigure IT must be listed among the organizations’ IT capabilities. Also, the findings suggest that IT capabilities foster organizations’ innovativeness, and IT capabilities and innovativeness positively impact the organizations’ performance. The study contributes to knowledge of innovation and IT capabilities by testing theoretical propositions identified in the context of the private sector but insufficiently assessed in the public sector. Finally, the study points out ways for public managers to better prepare their institutions to face constantly changing environments.

Keywords:
organizational performance; innovativeness; IT capabilities; public sector

Resumen

En vista del creciente volumen de recursos invertidos anualmente en tecnología de la información, las organizaciones del sector público deben tener cada vez más la capacidad de reunir, integrar e implementar recursos de TI para satisfacer las necesidades de los procesos organizacionales. Además, a las organizaciones públicas se les exige cada vez más ser más ágiles y flexibles para poder atender las demandas dinámicas de las sociedades. En este sentido, las organizaciones públicas deben ser capaces de gestionar y aplicar adecuadamente los recursos informáticos de los que disponen, así como crear entornos organizativos que permitan y favorezcan el florecimiento de la innovación. Es decir, deben aprender a cultivar las capacidades de TI y la innovación, con el objetivo de cumplir mejor su misión y crear valor público. Así, el objetivo de este estudio es identificar las relaciones existentes entre la innovación, las capacidades de TI, la capacidad de reconfiguración de TI y el desempeño organizacional, en el contexto del sector público. Para ello, se analizaron datos de 254 organizaciones públicas brasileñas de los más diversos tamaños y sectores, utilizando un enfoque de ecuaciones estructurales (SEM). Los resultados indicaron que la capacidad de reconfigurar la TI debe figurar entre las capacidades de TI de las organizaciones públicas, así como que las capacidades de TI desempeñan un papel en el fomento de la innovación de las organizaciones y que ambas (capacidades de TI e innovación) tienen un impacto positivo en el desempeño de las organizaciones. Al contrastar proposiciones teóricas identificadas en el contexto del sector privado, pero insuficientemente evaluadas en el sector público, el estudio agrega un bloque en la construcción de conocimiento sobre la capacidad de innovación y las capacidades de TI, además de señalar caminos para los gestores públicos sobre cómo pueden hacer que sus instituciones estén mejor preparadas para enfrentar entornos en constante cambio.

Palabras clave:
desempeño organizacional; innovación; capacidades de TI; sector público

1. INTRODUÇÃO

A inovatividade, ou seja, a habilidade que as organizações têm para gerar e implementar novos processos, produtos ou ideias, é cada vez mais reconhecida como fundamental para melhorar o desempenho organizacional (Hult, Hurley, & Knight, 2004Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003...
; Parida, Pesämaa, Wincent & Westerberg, 2017Parida, V., Pesämaa, O., Wincent, J., & Westerberg, M. (2017). Network capability, innovativeness, and performance: a multidimensional extension for entrepreneurship. Entrepreneurship and Regional Development, 29( 1-2), 94-115. Retrieved from https://doi.org/10.1080/08985626.2016.1255434
https://doi.org/10.1080/08985626.2016.12...
; Rosenbusch, Brinckmann, & Bausch, 2011Rosenbusch, N., Brinckmann, J., & Bausch, A. (2011). Is innovation always beneficial? A meta-analysis of the relationship between innovation and performance in SMEs. Journal of Business Venturing, 26(4), 441-457. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009.12.002
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009....
; Subramanian & Nilakanta, 1996Subramanian, A., & Nilakanta, S. (1996). Organizational innovativeness: Exploring the relationship between organizational determinants of innovation, types of innovations, and measures of organizational performance. Omega, 24(6), 631-647. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0305-0483(96)00031-X
https://doi.org/10.1016/S0305-0483(96)00...
). A inovatividade organizacional, também conhecidada como capacidade para inovação, faz parte da cultura organizacional, a partir da qual são criadas as condições para que diferentes atores, dentro e fora da organização, se envolvam em todas as fases do processo de inovação (Boso, Story, & Cadogan, 2013Boso, N., Story, V. M., & Cadogan, J. W. (2013). Entrepreneurial orientation, market orientation, network ties, and performance: study of entrepreneurial firms in a developing economy. Journal of Business Venturing, 28(6), 708-710. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013.04.001
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013....
). Na mesma linha, as mudanças sociais, cada vez mais frequentes, pressionam as organizações públicas a estarem vigilantes, a compreenderem as circunstâncias que levam à mudança e a captarem as necessidades e aspirações emergentes dos cidadãos e das instituições (Hartley, 2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.). Assim, as organizações do setor público precisam cada vez mais ser flexíveis e ágeis, bem como aprender a lidar com os desafios emergentes de forma inovadora (Dunleavy, Margetts, Bastow, & Tinkler, 2006Dunleavy, P., Margetts, H., Bastow, S., & Tinkler, J. (2006). New public management is dead - Long live digital-era governance. Journal of Public Administration Research and Theory, 16(3), 467-494. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1093/jopart/mui057
https://doi.org/10.1093/jopart/mui057...
).

Assim, a literatura aponta como uma forma potencial de ampliar a inovatividade organizacional no setor público é a aplicação adequada da tecnologia da informação (TI) (Hartley, 2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.; Pang, G. Lee, & Delone, 2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
). Mais especificamente, as organizações devem desenvolver suas habilidades para reunir, integrar e implementar recursos de TI, com foco em atender às necessidades de seus processos organizacionais, ou seja, suas capacidades de TI (H. Liu, Q. Huang, Wei, & L. Huang, 2015Liu, H., Huang, Q., Wei, S., & Huang, L. (2015a). The impacts of IT capability on internet-enabled supply and demand process integration, and firm performance in manufacturing and services. The International Journal of Logistics Management, 26(1), 172-194. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-0132
https://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-013...
). Portanto, as capacidades de TI são um conjun to de recursos, habilidades e conhecimentos relacionados à TI, mas exercidos por meio de processos de negócios, com o objetivo de melhorar os resultados organizacionais (Stoel & Muhanna, 2009Stoel, M. D., & Muhanna, A. W. (2009). IT capabilities and firm performance: a contingency analysis of the role of industry and IT capability type. Information and Management, 46(3), 181-189. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002
https://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002...
). Além disso, avanços recentes na literatura apontam que as organizações que operam em ambientes turbulentos e em constante mudança também precisam desenvolver características específicas de suas capabilities de TI, ou seja, a habilidade de reconfigurar Recursos de TI para lidar com mudanças e situações não planejadas (D. L. Oliveira, Maçada, & G. D. Oliveira, 2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
; Pavlou & Sawy, 2010Pavlou, P. A., & Sawy, O. A. E. (2010). The “third hand”: IT-enabled competitive advantage in turbulence through improvisational capabilities. Information Systems Research, 21(3), 413-659. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.1100.0280
https://doi.org/10.1287/isre.1100.0280...
). As organizações públicas, por sua vez, são grandes consumidoras de TI e fazem investimentos cada vez maiores, adquirindo ou contratando cada vez mais soluções de software, hardware, serviços de armazenamento e processamento em nuvem, assessoria em gestão de TI, treinamento de equipes, entre outros (Pang et al., 2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
).

Apesar disso, a literatura sobre a capacidade de inovar e as capabilities de TI no setor público é muito menos desenvolvida do que sua contraparte do setor privado, com uma grande carência de conhecimento científico específico sobre o tema (Hartley, 2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.; Pang et al., 2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
). Para ajudar a preencher essa lacuna, o presente estudo busca associar os fenômenos da inovatividade, capacidades de TI e capacidade de reconfiguração de TI, no contexto do setor público brasileiro, para estudar relações teóricas, com base na literatura nas áreas de sistemas de informação e inovação, bem como seu impacto no desempenho organizacional. Mais especificamente, o objetivo do presente estudo é identificar as relações existentes entre inovatividade, capacidades de TI, capacidade de reconfiguração de TI e desempenho organizacional, no contexto do setor público. Para tanto, foram estudados dados de 254 organizações públicas brasileiras dos mais diversos portes e setores, por meio de uma abordagem de equação estrutural baseada em covariância (CB-SEM). De forma complementar e exploratória, o estudo teve como objetivo mensurar o efeito das diferenças relacionadas ao tamanho das organizações, bem como sua esfera de atuação, em relação a cada um dos fatores que compõem as capacidades de TI, bem como a inovatividade. Essa análise complementar justifica-se com o alerta de Rainey e Chun (2007Rainey, H. G., & Chun, Y. H. (2007). Public and Private Management Compared. Oxford, UK: Oxford University Press.) no sentido de que as organizações podem apresentar grandes variações dependendo de seu porte e setores de atividade, ou seja, características organizacionais e setor de atividade podem afetar os processos de inovação e seus resultados.

O presente estudo tem implicações teóricas e práticas. Em relação à evolução da literatura científica, os resultados apresentados podem servir de ponto de comparação com estudos futuros, realizados em outros contextos geográficos, sociais e econômicos. Além disso, ao testar proposições teóricas já identificadas no contexto do setor privado, mas insuficientemente avaliadas no setor público, o estudo acrescenta um pequeno bloco na construção de conhecimento sobre inovatividade e capacidades de TI. No campo prático, os resultados apontam caminhos para os gestores públicos sobre como podem tornar suas instituições mais bem preparadas para enfrentar um ambiente em constante mudança, bem como para melhorar o desempenho organizacional.

Após essa introdução, o conteúdo do estudo foi organizado da seguinte forma: a próxima seção apresenta uma revisão da literatura sobre capacidades organizacionais de TI e capabilities para inovação, acompanhada das hipóteses e do modelo conceitual adotado pelo estudo. A seção a seguir explica os aspectos metodológicos utilizados para a coleta e análise dos dados. Os resultados da análise para as hipóteses apresentadas, bem como a discussão dos resultados são realizados a seguir. A última seção apresenta as considerações finais da pesquisa, destacando as implicações dos resultados, as limitações do estudo e a apresentação de sugestões para pesquisas futuras.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Capacidades organizacionais de TI

As habilidades que as organizações devem reunir, integrar e implementar recursos de TI, a fim de atender às necessidades de seus processos organizacionais, são apresentadas na literatura especializada como capacidades de TI (Liu et al., 2015Liu, H., Huang, Q., Wei, S., & Huang, L. (2015a). The impacts of IT capability on internet-enabled supply and demand process integration, and firm performance in manufacturing and services. The International Journal of Logistics Management, 26(1), 172-194. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-0132
https://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-013...
). Ou seja, as capacidades de TI são um conjunto de recursos, habilidades e conhecimentos relacionados à TI, mas exercidos por meio de processos de negócios, com o objetivo de melhorar os resultados organizacionais (Stoel & Muhanna, 2009Stoel, M. D., & Muhanna, A. W. (2009). IT capabilities and firm performance: a contingency analysis of the role of industry and IT capability type. Information and Management, 46(3), 181-189. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002
https://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002...
). Nesse sentido, a partir da base teórica da Visão Baseada em Recursos (RBV), a literatura apresenta evidências de que efetivamente as capacidades de TI, e não os investimentos diretos em tecnologia, podem melhorar o desempenho organizacional (Mata, Fuerst, & Barney, 1995Mata, F. J., Fuerst, W. L., & Barney, J. (1995). Information technology and sustained competitive advantage: an analysis it and competitive advantage. MIS Quarterly, 19(4), 487-505. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/249630
https://doi.org/10.2307/249630...
; Powell & Dent-Micallef, 1997Powell, T. C., & Dent-Micallef, A. (1997). Information technology as competitive advantage: The role of human, business, and technology resources. Strategic Management Journal, 18(5), 375-405. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199705)18:5<375::AID-SMJ876>3.0.CO;2-7
https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(...
; Ray, Muhanna, & Barney, 2005Ray, G., Muhanna, W., & Barney, J. (2005). Information technology and the performance of the customer service process: a resource-based analysis. MIS Quarterly, 29(4), 625-652. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/25148703
https://doi.org/10.2307/25148703...
; Stoel & Muhanna, 2009; Stratopoulos & Dehning, 2000Stratopoulos, T., & Dehning, B. (2000). Does successful investment in information technology solve the productivity paradox? Information and Management, 38(2), 103-117. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0378-7206(00)00058-6
https://doi.org/10.1016/S0378-7206(00)00...
). A literatura aponta que as capacidades de TI proporcionam às organizações diversos benefícios, como a melhoria dos processos de negócios e da agilidade organizacional, o aumento da capacidade para inovar, bem como a melhoria do desempenho organizacional e a obtenção de vantagens competitivas (Bharadwaj, 2000Bharadwaj, A. S. (2000). A resource-based perspective on information technology capability and firm performance: an empirical investigation. MIS Quarterly, 24(1), 169-196. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/3250983
https://doi.org/10.2307/3250983...
; Chen & Tsou, 2012Chen, J. S., & Tsou, H. T. (2012). Performance effects of IT capability, service process innovation, and the mediating role of customer service. Journal of Engineering and Technology Management, 29(1), 71-94. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jengtecman.2011.09.007
https://doi.org/10.1016/j.jengtecman.201...
; Kim, Shin, Kim, & H. G. Lee, 2011Kim, G., Shin, B., Kim, K. K., & Lee, H. G. (2011). IT Capabilities, process-oriented dynamic capabilities, and firm financial performance. Journal of Association for Information Systems, 12(7), 487-517. Retrieved fromhttps://doi.org/10.17705/1jais.00270
https://doi.org/10.17705/1jais.00270...
; Kmieciak, Michna, & Meczynska, 2012Kmieciak, R., Michna, A., & Meczynska, A. (2012). Innovativeness, empowerment and IT capability: evidence from SMEs. Industrial Management & Data Systems, 112(5), 707-728. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/02635571211232280
https://doi.org/10.1108/0263557121123228...
; Liu et al., 2015Liu, H., Huang, Q., Wei, S., & Huang, L. (2015a). The impacts of IT capability on internet-enabled supply and demand process integration, and firm performance in manufacturing and services. The International Journal of Logistics Management, 26(1), 172-194. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-0132
https://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-013...
; Lu & Ramamurthy, 2011Lu, Y., & Ramamurthy, K. (2011). Understanding the link between information technology capability and organizational agility: an empirical examination. MIS Quarterly, 35(4), 931-954. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/41409967
https://doi.org/10.2307/41409967...
; Oliveira et al., 2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
; Rai, Pavlou, Im, & Du, 2012Rai, A., Pavlou, P. A., Im, G., & Du, S. (2012). Interfirm IT capability profiles and communications for cocreating relational value: Evidence from logistics industry. MIS Quartely, 36(1), 233-262. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/41410416
https://doi.org/10.2307/41410416...
).

Nesse sentido, a literatura registra diversas propostas para a definição e operacionalização das capacidades organizacionais de TI. Por exemplo, Yoon (2011Yoon, C. Y. (2011). Measuring enterprise IT capability: a total IT capability perspective. Knowledge-Based Systems, 24(1), 113-118. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.knosys.2010.07.011
https://doi.org/10.1016/j.knosys.2010.07...
), que definiu o conceito de capacidades corporativas de TI como a capacidade total de TI que uma empresa deve manter para suportar eficientemente suas atividades de gestão e melhorar seu desempenho de negócios em um ambiente de TI, operacionalizou o conceito a partir de quatro dimensões, ou seja, estratégia de TI, conhecimento de TI, operações de TI e infraestrutura de TI. Por sua vez, Lu e Ramamurthy (2011Lu, Y., & Ramamurthy, K. (2011). Understanding the link between information technology capability and organizational agility: an empirical examination. MIS Quarterly, 35(4), 931-954. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/41409967
https://doi.org/10.2307/41409967...
) enfocaram o tema e operacionalizaram as capacidades de TI como um construto latente composto por três dimensões: i) capacidade de infraestrutura de TI; ii) capacidades de negócios de TI; iii) capacidade proativa de TI. Para Kim et al. (2011Kim, G., Shin, B., Kim, K. K., & Lee, H. G. (2011). IT Capabilities, process-oriented dynamic capabilities, and firm financial performance. Journal of Association for Information Systems, 12(7), 487-517. Retrieved fromhttps://doi.org/10.17705/1jais.00270
https://doi.org/10.17705/1jais.00270...
), do ponto de vista das capacidades dinâmicas as dimensões das capacidades organizacionais de TI devem ser: i) expertise em TI; ii) flexibilidade da infraestrutura de TI; iii) capacidade de gestão de TI. Posteriormente, Chen e Tsou (2012Chen, J. S., & Tsou, H. T. (2012). Performance effects of IT capability, service process innovation, and the mediating role of customer service. Journal of Engineering and Technology Management, 29(1), 71-94. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jengtecman.2011.09.007
https://doi.org/10.1016/j.jengtecman.201...
) propuseram que as capacidades de TI devem ser entendidas como uma construção latente de segunda ordem, composta pelos fatores: i) infraestrutura de TI, ii) expertise em negócios de TI; iii) recursos de relacionamento de TI; iv) Recursos humanos de TI.) Kmieciak et al. (2012Kmieciak, R., Michna, A., & Meczynska, A. (2012). Innovativeness, empowerment and IT capability: evidence from SMEs. Industrial Management & Data Systems, 112(5), 707-728. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/02635571211232280
https://doi.org/10.1108/0263557121123228...
) operacionalizaram as capacidades de TI em três dimensões, relacionadas ao uso da TI para suportar áreas de negócios: i) conhecimento de TI; ii) integração da TI com a estratégia de negócios; iii) comunicação interna de TI.

Chen, Wang, Nevo, Benitez-Amado, e Kou (2015Chen, Y., Wang, Y., Nevo, S., Benitez-Amado, J., & Kou, G. (2015). IT capabilities and product innovation performance: the roles of corporate entrepreneurship and competitive intensity. Information and Management, 52(6), 643-657. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2015.05.003
https://doi.org/10.1016/j.im.2015.05.003...
) revisitaram o tema, associando-o a outras capacidades organizacionais, incluindo a inovatividade (capacidade para inovação). Os autores propuseram que as capacidades organizacionais de TI deveriam ser operacionalizadas como uma construção de segunda ordem, composta por quatro dimensões: flexibilidade da infraestrutura de TI, integração de TI, alinhamento de TI e negócios e gerenciamento de TI. De acordo com os autores, a flexibilidade da infraestrutura de TI refere-se à medida em que a infraestrutura de TI de uma organização é escalável, modular, compatível com sistemas legados e capaz de atender a vários aplicativos de negócios. A integração de TI refere-se à medida em que uma empresa vincula sua TI à de seus parceiros de negócios. O gerenciamento de TI refere-se à capacidade da empresa de implementar efetivamente atividades relacionadas a TI. O alinhamento de negócios de TI refere-se à medida em que as operações de TI e de negócios compartilham metas congruentes e mantêm um relacionamento harmonioso. Segundo os autores, comparando-a com os demais modelos de operacionalização de capacidades de TI presentes na literatura, a forma proposta pelos autores é a mais adequada, considerando que possibilita sua associação, de forma sistêmica, à dinâmica do empreendedorismo corporativo, bem como à inovatividade organizacional. Nesse sentido, considerando o presente trabalho que propomos para estudar a relação entre as capacidades de TI e inovatividade, utilizamos o instrumento proposto por Chen et al. (2015)Chen, Y., Wang, Y., Nevo, S., Benitez-Amado, J., & Kou, G. (2015). IT capabilities and product innovation performance: the roles of corporate entrepreneurship and competitive intensity. Information and Management, 52(6), 643-657. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2015.05.003
https://doi.org/10.1016/j.im.2015.05.003...
como base para operacionalizar as capacidades organizacionais de TI.

Considerando que o foco deste estudo é voltado para o setor público, faz-se necessário apresentar um panorama atual dos estudos sobre capacidades de TI nesse contexto. Em primeiro lugar, deve-se notar que há uma carência de literatura científica nessa área, incluindo bases teóricas para estudar o valor da TI no setor público (Pang et al., 2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
). Por exemplo, estudos que apliquem a dimensão de reconfiguração de TI no setor público, em oposição ao setor privado, não foram encontrados na literatura especializada, como visto em Oliveira et al. (2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
). Uma notável exceção à escassez de literatura sobre capacidades de TI e do setor público é o estudo conceitual de Pang et al. (2014)Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
, no qual são indicados possíveis caminhos teóricos para converter investimentos em TI em desempenho de organizações públicas, com foco na geração de valor para os cidadãos. Entre outras possibilidades, os autores sugerem que a capacidade inovadora das organizações públicas pode ser uma forma de melhorar o desempenho organizacional. Os autores também destacam o potencial para a influência positiva das capacidades e recursos de TI na capacidade para inovação organizacional. Mais recentemente, dois artigos destacaram como as capacidades de TI das organizações públicas podem produzir valor, gerando impacto social a partir da TI. Mais precisamente, Sharma e Behl (2020Sharma, S., & Behl, R. (2020). Strategic alignment of information technology in public and private organizations in India: a comparative study. Global Business Review. https://doi.org/10.1177/0972150919893839
https://doi.org/10.1177/0972150919893839...
), identificaram evidências empíricas de que o alinhamento estratégico de TI das organizações públicas é impactado positivamente pelas capabilities de TI e suas dimensões. Por sua vez, Cheng, Pang, e Pavlou (2020Cheng, Z., Pang, M. S., & Pavlou, P. A. (2020). Mitigating traffic congestion: the role of intelligent transportation systems. Information Systems Research, 31(3), 653-674. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.2019.0894
https://doi.org/10.1287/isre.2019.0894...
), demonstraram como a aplicação das capabilities de TI dos departamentos de transporte dos EUA tem o potencial de reduzir o grave problema do congestionamento do tráfego de veículos nas estradas norte-americanas.

2.2 Capacidade de reconfiguração de TI

De acordo com a teoria das capacidades dinâmicas, especificamente a noção de que uma organização deve ter capacidade suficiente para criar, estender ou modificar sua base de recursos intencionalmente (Helfat et al., 2007Helfat, C. E., Finkelstein, S., Mitchell, W., Peteraf, M., Singh, H., Teece, D., … Winter, S. G. (2007). Dynamic capabilities: understanding strategic change in organizations..), a literatura de TI reconhece a importância da capacidade organizacional de improvisar e reconfigurar recursos de TI (Pavlou & Sawy, 2006Pavlou, P. A., & Sawy, O. A. E. (2006). From IT leveraging competence to competitive advantage in turbulent environments: the case of new product development. Information Systems Research, 17(3), 197-325. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.1060.0094
https://doi.org/10.1287/isre.1060.0094...
, 2010). Assim, este estudo está associado a Oliveira et al. (2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
) e acrescenta a habilidade de reconfigurar a TI como uma das dimensões das capabilities de TI.

De acordo com Pavlou e Sawy (2010Pavlou, P. A., & Sawy, O. A. E. (2010). The “third hand”: IT-enabled competitive advantage in turbulence through improvisational capabilities. Information Systems Research, 21(3), 413-659. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.1100.0280
https://doi.org/10.1287/isre.1100.0280...
), a habilidade de improvisar, ou seja, de agir de forma não planejada, por meio da reconfiguração de recursos de TI, é uma habilidade muito importante para situações que envolvem novas aplicações tecnológicas, o que pode ser especialmente útil no fomento à inovação organizacional. A habilidade de reconfigurar a TI é uma característica crucial para as organizações em um mundo digital em constante mudança, permitindo que elas ajustem de forma rápida e flexível suas estratégias de TI para atender às novas demandas de seu público-alvo e às mudanças nas necessidades organizacionais (Cushing & White, 2016Cushing, B., & White, D. (2016). The essential guide to cloud computing. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons.). Além disso, a reconfiguração da TI pode ser vista como uma vantagem competitiva como a capacidade de se adaptar rapidamente a novos desafios (Zheng & Lu, 2014Zeng, M., & Lu, J. (2021). The impact of information technology capabilities on agri-food supply chain performance: the mediating effects of interorganizational relationships. Journal of Enterprise Information Management, 34(6), 1699-1721. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/JEIM-08-2019-0237
https://doi.org/10.1108/JEIM-08-2019-023...
).

A reconfiguração de TI é alcançada por meio de uma combinação de tecnologias, processos e pessoas. Infraestruturas flexíveis e escaláveis, como a nuvem, são essenciais para a reconfiguração de TI, pois permitem a rápida implantação de novos sistemas e o ajuste de capacidade de acordo com as necessidades da organização (Brocke & Rosemann, 2015Brocke, J. V., & Rosemann, M. (2015). Handbook on business process management: introduction, methods, and information systems. Heidelberg, Germany: Springer.). Além disso, a automação de processos e a implementação de soluções de gerenciamento de dados também desempenham um papel importante na capacidade de reconfiguração de TI (Cooper, Holderness, Sorensen & Wood, 2019Cooper, L. A., Holderness, D. K. Jr., Sorensen, T. L., & Wood, D. A. (2019). Robotic process automation in public accounting. Accounting Horizons, 33(4), 15-35. Retrived fromhttps://doi.org/10.2308/acch-52466
https://doi.org/10.2308/acch-52466...
).

No entanto, a capacidade de reconfiguração de TI não é apenas uma questão de tecnologia, mas também de cultura e estrutura organizacional. As organizações devem ter uma cultura de inovação e uma estrutura organizacional flexível para permitir a rápida tomada de decisões e implementação de mudanças (Cepeda & Arias-Pérez, 2019Cepeda, J., & Arias-Pérez, J. (2019). Information technology capabilities and organizational agility: The mediating effects of open innovation capabilities. Multinational Business Review, 27(2), 198-216. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/MBR-11-2017-0088
https://doi.org/10.1108/MBR-11-2017-0088...
). Além disso, é crucial que as organizações invistam no treinamento e no desenvolvimento de sua equipe de TI para garantir que estejam preparadas para acompanhar as mudanças no ambiente externo e as necessidades de negócios (Ilmudeen, 2022Ilmudeen, A. (2022). Leveraging IT-enabled dynamic capabilities to shape business process agility and firm innovative capability: moderating role of turbulent environment. Review of Managerial Science, 16(8), 2341-2379. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1007/s11846-021-00501-9
https://doi.org/10.1007/s11846-021-00501...
).

2.3 Inovatividade organizacional

A inovatividade organizacional é classicamente definida como o conjunto de habilidades de uma organização que lhe permite criar novos processos, produtos ou ideias (Hult et al., 2004Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003...
). De acordo com Tsai (2001Tsai, W. (2001). Knowledge transfer in intraorganizational networks: effects of network position and absorptive capacity on business unit innovation and performance. The Academy of Management Journal, 44(5), 996-1004. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/3069443
https://doi.org/10.2307/3069443...
), inovatividade é a habilidade organizacional de obter novos conhecimentos, com o incentivo à aprendizagem e a explotação (exploitation) de conhecimentos externos relevantes. A capacidade para inovação também é reconhecida como a propensão de uma organização a inovar ou desenvolver novos produtos, bem como o nível em que a organização incentiva e apoia novos processos ou serviços (Garcia & Calantone, 2002Garcia, R., & Calantone, R. (2002). A critical look at technological innovation typology and innovativeness terminology: a literature review. Journal of Product Innovation Management, 19(2), 110-132. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0737-6782(01)00132-1
https://doi.org/10.1016/S0737-6782(01)00...
; Pesämaa, Shoham, Wincent, & Ruvio, 2013Pesämaa, O., Shoham, A., Wincent, J., & Ruvio, A. A. (2013). How a learning orientation affects drivers of innovativeness and performance in service delivery. Journal of Engineering and Technology Management, 30(2), 169-187. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jengtecman.2013.01.004
https://doi.org/10.1016/j.jengtecman.201...
). A capacidade para inovação é um conceito aplicado de forma multidisciplinar pela literatura da área de gestão, com profundas conexões com outros temas como gestão estratégica, desempenho organizacional, gestão do conhecimento e orientação para o mercado (Marchiori, Popadiuk, Mainardes, & Rodrigues, 2020Marchiori, D. M., Popadiuk, S., Mainardes, E. W., & Rodrigues, R. G. (2020). Innovativeness: a bibliometric vision of the conceptual and intellectual structures and the past and future research directions. Scientometrics, 126(1), 55-92. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1007/s11192-020-03753-6
https://doi.org/10.1007/s11192-020-03753...
). Apesar da existência de uma tensão entre a compreensão da inovação como cultura ou como um comportamento efetivo, a opinião predominante entende o conceito como um aspecto cultural das organizações (Story, Boso, & Cadogan, 2015Story, V. M., Boso, N., & Cadogan, J. W. (2015). The form of relationship between firm-level product innovativeness and new product performance in developed and emerging markets. Journal of Product Innovation Management, 32(1), 45-64. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/jpim.12180
https://doi.org/10.1111/jpim.12180...
).

Diversos estudos têm investigado a relação entre a capacidade para inovação e os resultados organizacionais. Por exemplo, Hyytinen, Pajarinen, e Rouvinen (2015Hyytinen, A., Pajarinen, M., & Rouvinen, P. (2015). Does innovativeness reduce startup survival rates? Journal of Business Venturing, 30(4), 564-581. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2014.10.001
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2014....
) destacam a relação positiva entre inovação e sobrevivência das organizações. A literatura explora, em profundidade, os impactos positivos da inovação no desempenho organizacional (Boso et al., 2013Boso, N., Story, V. M., & Cadogan, J. W. (2013). Entrepreneurial orientation, market orientation, network ties, and performance: study of entrepreneurial firms in a developing economy. Journal of Business Venturing, 28(6), 708-710. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013.04.001
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013....
; Hult et al., 2004Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003...
; Kyrgidou & Spyropoulou, 2013Kyrgidou, L. P., & Spyropoulou, S. (2013). Drivers and performance outcomes of innovativeness: an empirical study. British Journal of Management, 24(3), 281-298. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2011.00803.x
https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2011...
; Panayides & Lun, 2009Panayides, P. M., & Lun, Y. H. V. (2009). The impact of trust on innovativeness and supply chain performance. International Journal of Production Economics, 122(1), 35-46. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.ijpe.2008.12.025
https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2008.12.0...
; Parida et al., 2017Parida, V., Pesämaa, O., Wincent, J., & Westerberg, M. (2017). Network capability, innovativeness, and performance: a multidimensional extension for entrepreneurship. Entrepreneurship and Regional Development, 29( 1-2), 94-115. Retrieved from https://doi.org/10.1080/08985626.2016.1255434
https://doi.org/10.1080/08985626.2016.12...
; Rhee, Park, & Lee, 2010Rhee, J., Park, T., & Lee, D. H. (2010). Drivers of innovativeness and performance for innovative SMEs in South Korea: mediation of learning orientation. Technovation, 30(1), 65-75. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.technovation.2009.04.008
https://doi.org/10.1016/j.technovation.2...
; Rosenbusch et al., 2011Rosenbusch, N., Brinckmann, J., & Bausch, A. (2011). Is innovation always beneficial? A meta-analysis of the relationship between innovation and performance in SMEs. Journal of Business Venturing, 26(4), 441-457. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009.12.002
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009....
; Salge & Vera, 2009Salge, T. O., & Vera, A. (2009). Hospital innovativeness and organizational performance: evidence from english public acute care. Health Care Management Review, 34(1), 54-67. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1097/01.HMR.0000342978.84307.80
https://doi.org/10.1097/01.HMR.000034297...
). Seguindo essa linha de raciocínio, um dos estudos pioneiros relacionando desempenho e inovatividade foi conduzido por Subramanian e Nilakanta (1996Subramanian, A., & Nilakanta, S. (1996). Organizational innovativeness: Exploring the relationship between organizational determinants of innovation, types of innovations, and measures of organizational performance. Omega, 24(6), 631-647. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0305-0483(96)00031-X
https://doi.org/10.1016/S0305-0483(96)00...
). Deshpandé, Farley e Webster (1993Deshpandé, R., Farley, J. U., & Webster, F. E. Jr. (1993). Corporate culture, customer orientation, and innovativeness in Japanese firms: a quadrad analysis. Journal of Marketing, 57(1), 23-27. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1177/002224299305700102
https://doi.org/10.1177/0022242993057001...
) identificaram que a capacidade de inovar, especialmente quando relacionada às inovações de mercado, impacta positivamente o desempenho organizacional. Além disso, mesmo que considerada no nível das equipes de trabalho, a inovatividade pode impactar positivamente o desempenho da organização em termos gerais (Akhavan & Hosseini, 2016Akhavan, P., & Hosseini, S. M. (2016). Social capital, knowledge sharing, and innovation capability: an empirical study of R&D teams in Iran. Technology Analysis and Strategic Management, 28(1), 96-113. Retrieved from https://doi.org/10.1080/09537325.2015.1072622
https://doi.org/10.1080/09537325.2015.10...
; Kim & Lee, 2012Kim, T., & Lee, G. (2012). A modified and extended Triandis model for the enablers-process-outcomes relationship in hotel employees’ knowledge sharing. The Service Industries Journal, 32(13), 2059-2090. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/02642069.2011.574276
https://doi.org/10.1080/02642069.2011.57...
).

No campo do empreendedorismo, a inovatividade representa uma das dimensões da orientação empreendedora (ao lado da proatividade e da propensão a aceitar riscos) e que se reflete na tendência das organizações de apoiar novas ideias, experimentação e processos criativos que podem resultar em novos produtos, serviços ou processos tecnológicos (Lumpkin & Dess, 1996Lumpkin, G. T., & Dess, G. G. (1996). Clarifying the entrepreneurial orientation construct and linking it to performance. Academy of Management Review, 21(1), 135-172. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/258632
https://doi.org/10.2307/258632...
; Rodrigues & Raposo, 2011Rodrigues, R. G., & Raposo, M. (2011). Entrepreneurial orientation, human resources information management, and firm performance in SMEs. Canadian Journal of Administrative Sciences, 28(2), 143-153. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1002/cjas.205
https://doi.org/10.1002/cjas.205...
). Szymanski, Kroff, e Troy (2007Szymanski, D. M., Kroff, M. W., & Troy, L. C. (2007). Innovativeness and new product success: Insights from the cumulative evidence. Journal of the Academy of Marketing Science, 35(1), 35-52. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1007/s11747-006-0014-0
https://doi.org/10.1007/s11747-006-0014-...
) identificaram que a inovatividade pode ser uma fonte de vantagem competitiva, principalmente quando o foco está em novas soluções para o mercado e não para a empresa. Em relação aos antecedentes, evidências recentes indicam que a inovatividade organizacional pode ser impulsionada pela colaboração intraorganizacional (Alexiev, Volberda, & Van den Bosch, 2016Alexiev, A. S., Volberda, H. W., & Van den Bosch, F. A. J. (2016). Interorganizational collaboration and firm innovativeness: unpacking the role of the organizational environment. Journal of Business Research, 69(2), 974-984. Retrieved from https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2015.09.002
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2015.0...
). Para Hult et al. (2004Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003...
), a inovatividade pode se beneficiar de outras características organizacionais, como orientação para o mercado, orientação empreendedora e orientação para a aprendizagem. Mas a literatura reconhece que é necessário compreender melhor os fatores que realmente impulsionam a inovação nas organizações, bem como como eles exercem sua influência nos resultados organizacionais (Hult et al., 2004Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003...
).

Por sua vez, pesquisas sobre capacidade para inovação no setor público, parte deste estudo, são escassas. Por exemplo, Hartley (2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.) explica que a literatura de inovação é amplamente dominada pela análise de instituições do setor privado, com pouca atenção às características distintivas das organizações públicas e dos contextos democráticos. Por um lado, há uma vertente na literatura que entende que o setor privado é mais bem-sucedido em inovar, quando comparado ao setor público, estimulando assim o setor público a emular o setor privado em suas formas organizacionais e processos de gestão (Hartley, Sørensen, & Torfing, 2013Hartley, J. (2011). Public Value through Innovation and Improvement. In J. Benington, & M. H. Moore(Eds.), Public value theory and practice (pp. 171-184). Basingstoke, UK: Palgrave Macmillan.). Por outro lado, para Hartley (2015)Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press., a análise da inovação através da lente do valor público revela algumas diferenças substanciais entre os setores público e privado, que não podem ser desconsideradas, relacionadas ao fato de que os gestores públicos realizam seu trabalho em um contexto político e democrático. Nessa linha, Hartley e Skelcher (2008)Hartley, J. (2011). Public Value through Innovation and Improvement. In J. Benington, & M. H. Moore(Eds.), Public value theory and practice (pp. 171-184). Basingstoke, UK: Palgrave Macmillan. argumentam que um dos elementos específicos das organizações do setor público é que elas operam em um contexto democrático e político, muitas vezes sob a gestão de autoridades eleitas e que prestam contas aos seus eleitores. Bozeman (1987Bozeman, B. (1987). All organizations are public: bridging public and private organization theory. San Francisco, CA: Jossey-Bass.) também descreve duas dimensões-chave que ajudam a diferenciar as organizações dos setores público e privado, ou seja, autoridade econômica e autoridade política. Enquanto a autoridade econômica está relacionada ao grau em que a organização tem controle sobre suas receitas e ativos, a autoridade política decorre da legitimidade conferida pelos cidadãos, órgãos legislativos e governamentais, cujas duas dimensões devem ser consideradas em relação à inovação nas organizações de serviço público (Hartley, 2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.). Além disso, as organizações públicas, sob certas circunstâncias e dentro de certos limites legais, podem usar a autoridade estatal para obrigar os cidadãos a se envolverem em certas ações (Hartley, 2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.; O’Flynn, 2007O’Flynn, J. (2007). From new public management to public value: Paradigmatic change and managerial implications. Australian Journal of Public Administration, 66(3), 353-366. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/j.1467-8500.2007.00545.x
https://doi.org/10.1111/j.1467-8500.2007...
).

Evidências recentes indicam que a colaboração interorganizacional e os processos políticos podem desempenhar um papel central na cultura de inovação das organizações públicas, em vez da competição, uma marca registrada do setor privado (Tõnurist, Kattel, & Lember, 2017Tõnurist, P., Kattel, R., & Lember, V. (2017). Innovation labs in the public sector: what they are and what they do? Public Management Review, 19(10), 1455-1479. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/14719037.2017.1287939
https://doi.org/10.1080/14719037.2017.12...
). Nesse sentido, a literatura recente destaca o florescimento dos laboratórios públicos de inovação como importantes catalisadores para a cultura de inovação em organizações públicas (McGann, Blomkamp, & Lewis, 2018McGann, M., Blomkamp, E., & Lewis, J. M. (2018). The rise of public sector innovation labs: experiments in design thinking for policy. Policy Sciences, 51(3), 249-267. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1007/s11077-018-9315-7
https://doi.org/10.1007/s11077-018-9315-...
; McGann, Wells, & Blomkamp, 2021McGann, M., Wells, T., & Blomkamp, E. (2021). Innovation labs and co-production in public problem solving. Public Management Review, 23(2), 297-316. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/14719037.2019.1699946
https://doi.org/10.1080/14719037.2019.16...
; Tõnurist et al., 2017Tõnurist, P., Kattel, R., & Lember, V. (2017). Innovation labs in the public sector: what they are and what they do? Public Management Review, 19(10), 1455-1479. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/14719037.2017.1287939
https://doi.org/10.1080/14719037.2017.12...
). Por outro lado, parte dos motivos que levam as organizações a inovar não estão presentes no setor público, como a ausência de pressões competitivas e a necessidade de obtenção de lucros. Além disso, a presença de gestores públicos excessivamente burocráticos e uma estrutura administrativa muitas vezes ultrapassada podem ser um obstáculo para as organizações públicas inovarem (Hartley, 2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.).

Mais recentemente, a literatura tem trazido alguns avanços sobre o tema capacidade de inovar no setor público. Por exemplo, Giacomini e Muzzi (2021Giacomini, D., & Muzzi, C. (2021). Promoting digital innovation in the public sector: managerial and organisational insights from a case study. International Journal of Public Sector Performance Management, 8(3), 236-252. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1504/IJPSPM.2021.10032628
https://doi.org/10.1504/IJPSPM.2021.1003...
) apresentam um caso de sucesso significativo de transformação digital de serviços públicos na Itália, desde a implementação de novos serviços, economizando tempo e dinheiro e aumentando a produtividade das organizações públicas, passando pelo desempenho de equipes de transformação digital em todo o país. Os autores destacam a importância dos investimentos em competências e cultura para a transformação digital e a simplificação dos serviços para os cidadãos. Trivellato, Martini, e Cavenago (2021Trivellato, B., Martini, M., & Cavenago, D. (2021). How do organizational capabilities sustain continuous innovation in a public setting? The American Review of Public Administration, 51(1), 57-71. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1177/0275074020939263
https://doi.org/10.1177/0275074020939263...
) identificaram que o envolvimento de diferentes atores, baseado em um ambiente colaborativo e interorganizacional, com o compartilhamento de conhecimento e a aprendizagem organizacional, são condições favoráveis para o desenvolvimento da capacidade de inovar no setor público. Por sua vez, Gullmark (2021Gullmark, P. (2021). Do all roads lead to innovativeness? A study of public sector organizations’ innovation capabilities. The American Review of Public Administration, 51(7), 509-525. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1177/02750740211010464
https://doi.org/10.1177/0275074021101046...
) identificou que as organizações públicas desenvolvem duas formas de capacidade para inovação. A primeira é a inovatividade de baixa rotina, na qual as capacidades gerenciais dinâmicas, especialmente o intraempreendedorismo e a liderança, são antecedentes da inovatividade. A segunda é a capacidade altamente rotineira de inovar, derivada de um conjunto de rotinas, processos e estruturas que suportam a inovação. Além disso, Azamela, Tang, Owusu, Egala, e Bruce (2022Azamela, J. C., Tang, Z., Owusu, A., Egala, S. B., & Bruce, E. (2022). The impact of institutional creativity and innovation capability on innovation performance of public sector organizations in Ghana. Sustainability, 14(3), 1378. Retrieved fromhttps://doi.org/10.3390/su14031378
https://doi.org/10.3390/su14031378...
) identificaram que a liderança institucional contribui positivamente para a criatividade e a capacidade de inovação das organizações públicas.

2.3 Hipóteses e modelo conceitual

A partir da revisão de literatura realizada para o presente estudo, foram delineadas quatro hipóteses para serem submetidas ao escrutínio dos dados. Assim, em primeiro lugar, a literatura reconhece que as organizações devem ter a capacidade de improvisar e reconfigurar seus recursos de TI (Pavlou & Sawy, 2006Pavlou, P. A., & Sawy, O. A. E. (2006). From IT leveraging competence to competitive advantage in turbulent environments: the case of new product development. Information Systems Research, 17(3), 197-325. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.1060.0094
https://doi.org/10.1287/isre.1060.0094...
, 2010), a partir da criação, expansão e modificação de recursos organizacionais (Helfat et al., 2007Helfat, C. E., Finkelstein, S., Mitchell, W., Peteraf, M., Singh, H., Teece, D., … Winter, S. G. (2007). Dynamic capabilities: understanding strategic change in organizations..).

Nesse sentido, Oliveira et al. (2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
) propuseram e encontraram evidências, dentro do setor privado, de que a capacidade de reconfiguração de TI deve ser um dos fatores das capabilities organizacionais de TI. Assim, considerando que a nomeação de Pavlou e Sawy (2010Pavlou, P. A., & Sawy, O. A. E. (2010). The “third hand”: IT-enabled competitive advantage in turbulence through improvisational capabilities. Information Systems Research, 21(3), 413-659. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.1100.0280
https://doi.org/10.1287/isre.1100.0280...
) no sentido de que a capacidade de improvisar e reconfigurar recursos de TI é fundamental para situações que envolvem novas aplicações tecnológicas, com potencial resultado positivo no processo de inovação organizacional, bem como diante da falta de evidências empíricas sobre essa relação no setor público, apresentamos a seguinte hipótese:

H1: A capacidade de reconfiguração de TI é um fator subjacente à capacidade organizacional de TI, no âmbito do setor público.

De acordo com Hartley (2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.), a inovatividade organizacional do setor público deve ser baseada na habilidade das organizações de analisar e disseminar informações, de gerar valor público. Assim, sem inovatividade, as organizações públicas são incapazes de se tornar ágeis e flexíveis o suficiente para atender às demandas dinâmicas do público, bem como lidar com ambientes sociais e econômicos cada vez mais incertos e em mudança. No entanto, ao usar recursos de TI, as organizações do setor público podem superar suas limitações em termos de conhecimento, recursos e agilidade. Nessa linha, Hartley (2011) propõe que os recursos de TI têm um efeito positivo sobre a inovatividade do setor público, de modo a permitir que as organizações do setor público criem novos serviços que não seriam capazes de oferecer sem a TI. Além disso, considerando a proposição de Pang et al. (2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
) de que haveria uma influência positiva das capabilities e recursos de TI na capacidade para inovação das organizações públicas, apresentamos a seguinte hipótese:

H2: As capabilities de TI estão positivamente associadas à inovatividade das organizações públicas.

A inovatividade é reconhecida como a propensão de uma organização para inovar ou desenvolver novos produtos, bem como o nível em que a organização incentiva e apoia novos processos ou serviços (Garcia & Calantone, 2002Garcia, R., & Calantone, R. (2002). A critical look at technological innovation typology and innovativeness terminology: a literature review. Journal of Product Innovation Management, 19(2), 110-132. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0737-6782(01)00132-1
https://doi.org/10.1016/S0737-6782(01)00...
; Pesämaa et al., 2013Pesämaa, O., Shoham, A., Wincent, J., & Ruvio, A. A. (2013). How a learning orientation affects drivers of innovativeness and performance in service delivery. Journal of Engineering and Technology Management, 30(2), 169-187. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jengtecman.2013.01.004
https://doi.org/10.1016/j.jengtecman.201...
). A literatura é abundante em evidências sobre o efeito positivo da inovatividade no desempenho organizacional, no contexto do setor privado (Boso et al., 2013Boso, N., Story, V. M., & Cadogan, J. W. (2013). Entrepreneurial orientation, market orientation, network ties, and performance: study of entrepreneurial firms in a developing economy. Journal of Business Venturing, 28(6), 708-710. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013.04.001
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013....
; Hult et al., 2004Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003...
; Kyrgidou & Spyropoulou, 2013Kyrgidou, L. P., & Spyropoulou, S. (2013). Drivers and performance outcomes of innovativeness: an empirical study. British Journal of Management, 24(3), 281-298. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2011.00803.x
https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2011...
; Panayides & Lun, 2009Panayides, P. M., & Lun, Y. H. V. (2009). The impact of trust on innovativeness and supply chain performance. International Journal of Production Economics, 122(1), 35-46. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.ijpe.2008.12.025
https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2008.12.0...
; Parida et al., 2017Parida, V., Pesämaa, O., Wincent, J., & Westerberg, M. (2017). Network capability, innovativeness, and performance: a multidimensional extension for entrepreneurship. Entrepreneurship and Regional Development, 29( 1-2), 94-115. Retrieved from https://doi.org/10.1080/08985626.2016.1255434
https://doi.org/10.1080/08985626.2016.12...
; Rhee et al., 2010Rhee, J., Park, T., & Lee, D. H. (2010). Drivers of innovativeness and performance for innovative SMEs in South Korea: mediation of learning orientation. Technovation, 30(1), 65-75. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.technovation.2009.04.008
https://doi.org/10.1016/j.technovation.2...
; Rosenbusch et al., 2011Rosenbusch, N., Brinckmann, J., & Bausch, A. (2011). Is innovation always beneficial? A meta-analysis of the relationship between innovation and performance in SMEs. Journal of Business Venturing, 26(4), 441-457. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009.12.002
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009....
; Salge & Vera, 2009Salge, T. O., & Vera, A. (2009). Hospital innovativeness and organizational performance: evidence from english public acute care. Health Care Management Review, 34(1), 54-67. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1097/01.HMR.0000342978.84307.80
https://doi.org/10.1097/01.HMR.000034297...
). Nesse sentido, considerando que o ônus privado de criar valor público por meio da inovação pesa sobre as organizações públicas (Hartley, 2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.), bem como considerando a carência de estudos no âmbito do setor público, apresentamos a seguinte hipótese:

H3: A inovatividade está positivamente associada ao desempenho das organizações públicas.

As capabilities de TI são um conjunto de recursos, habilidades e conhecimentos relacionados à TI, mas exercidos por meio de processos de negócios, com o objetivo de melhorar os resultados organizacionais (Stoel & Muhanna, 2009Stoel, M. D., & Muhanna, A. W. (2009). IT capabilities and firm performance: a contingency analysis of the role of industry and IT capability type. Information and Management, 46(3), 181-189. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002
https://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002...
). Diversos estudos, cujas bases se baseiam principalmente na vertente teórica da Resource Based View (RBV), apresentam evidências, no setor privado, de que as capabilities de TI podem melhorar o desempenho organizacional (Mata et al., 1995Mata, F. J., Fuerst, W. L., & Barney, J. (1995). Information technology and sustained competitive advantage: an analysis it and competitive advantage. MIS Quarterly, 19(4), 487-505. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/249630
https://doi.org/10.2307/249630...
; Powell & Dent-Micallef, 1997Powell, T. C., & Dent-Micallef, A. (1997). Information technology as competitive advantage: The role of human, business, and technology resources. Strategic Management Journal, 18(5), 375-405. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199705)18:5<375::AID-SMJ876>3.0.CO;2-7
https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(...
; Ray et al., 2005Ray, G., Muhanna, W., & Barney, J. (2005). Information technology and the performance of the customer service process: a resource-based analysis. MIS Quarterly, 29(4), 625-652. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/25148703
https://doi.org/10.2307/25148703...
; Stoel & Muhanna, 2009; Stratopoulos & Dehning, 2000Stratopoulos, T., & Dehning, B. (2000). Does successful investment in information technology solve the productivity paradox? Information and Management, 38(2), 103-117. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0378-7206(00)00058-6
https://doi.org/10.1016/S0378-7206(00)00...
). Pang et al. (2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
) propuseram teoricamente que as capabilities de TI poderiam ser convertidas em desempenho por organizações públicas. O desempenho organizacional no setor público é frequentemente avaliado por meio de indicadores financeiros, como a eficiência na gestão dos recursos públicos. Além disso, as organizações públicas também são avaliadas quanto à qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, transparência e cumprimento de suas responsabilidades legais e regulatórias, diferentemente das empresas privadas, nas quais desafios como a concorrência com outras empresas e a pressão dos acionistas para alcançar resultados financeiros positivos são fatores determinantes (Northcott & Taulapapa, 2012Northcott, D., & Taulapapa, T. M. (2012). Using the balanced scorecard to manage performance in public sector organizations: Issues and challenges. International Journal of Public sector management, 25(3), 166-191. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/09513551211224234
https://doi.org/10.1108/0951355121122423...
).

Além disso, o desempenho organizacional no setor público é frequentemente afetado por uma série de desafios, incluindo falta de recursos financeiros, burocratização, falta de motivação dos funcionários e falta de flexibilidade para responder às mudanças nas demandas dos cidadãos (Boyne, 2002Boyne, G. A. (2002). Public and private management: what’s the difference? Journal of Management Studies, 39(1), 97-122. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/1467-6486.00284
https://doi.org/10.1111/1467-6486.00284...
). Assim, considerando a carência de estudos semelhantes no setor público, apresenta-se a quarta e última hipótese do presente estudo:

H4: As capacidades de TI estão positivamente associadas ao desempenho das organizações públicas.

Nesse sentido, a Figura 1 apresenta uma síntese das hipóteses enunciadas, na forma de um modelo conceitual.

Figura 1
Modelo conceitual

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O estudo baseia-se em uma abordagem quantitativa, descritiva e derivada de um corte transversal nos dados primários, que foram coletados por meio do Survey. Convidamos a participar 798 órgãos públicos brasileiros, vinculados aos três poderes constituídos no Brasil (Executivo, Legislativo e Judiciário), bem como às três esferas do setor público brasileiro (Federal, Estadual e Municipal). Considerando o objetivo do estudo, definimos a organização como a unidade de análise e como informante-chave o principal gestor de TI da organização (CIO ou correspondente), em consonância com a literatura anterior (Chen et al., 2015Chen, Y., Wang, Y., Nevo, S., Benitez-Amado, J., & Kou, G. (2015). IT capabilities and product innovation performance: the roles of corporate entrepreneurship and competitive intensity. Information and Management, 52(6), 643-657. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2015.05.003
https://doi.org/10.1016/j.im.2015.05.003...
; Kim et al., 2011Kim, G., Shin, B., Kim, K. K., & Lee, H. G. (2011). IT Capabilities, process-oriented dynamic capabilities, and firm financial performance. Journal of Association for Information Systems, 12(7), 487-517. Retrieved fromhttps://doi.org/10.17705/1jais.00270
https://doi.org/10.17705/1jais.00270...
). Foram realizados contatos individuais com cada gestor de TI, seja por telefone ou endereço de e-mail, sendo este último o formulário selecionado para a distribuição do link de acesso ao questionário eletrônico, que foi dividido em duas partes. O primeiro foi dedicado à obtenção dos dados necessários para a caracterização da amostra e o segundo foi focado na mensuração dos construtos utilizados na pesquisa. Mais precisamente, o construto de capabilities de TI foi operacionalizado pela adaptação das escalas utilizadas por Chen et al. (2015) e Oliveira et al. (2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
). A foi medida por meio da escala proposta por Hult et al. (2004Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003...
) e Tajeddini (2011Tajeddini, K. (2011). The effects of innovativeness on effectiveness and efficiency. Education, Business and Society: Contemporary Middle Eastern Issues, 4(1), 6-18. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/17537981111111238
https://doi.org/10.1108/1753798111111123...
). Por fim, considerando que a literatura de TI indica que a percepção dos gestores e usuários de TI reflete adequadamente o desempenho efetivo da organização (D. L. Oliveira et al., 2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
; Tallon, 2010Tallon, P. P. (2010). A service science perspective on strategic choice, IT, and performance in U.S. banking. Journal of Management Information Systems, 26(4), 219-252. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2753/MIS0742-1222260408
https://doi.org/10.2753/MIS0742-12222604...
; Tallon & Kraemer, 2006Tallon, P. P., & Kraemer, K. L. (2006). The development and application of a process-oriented “thermometer” of IT business value. Communications of the Association for Information Systems, 17(1), 995-1027. Retrieved fromhttps://doi.org/10.17705/1cais.01745
https://doi.org/10.17705/1cais.01745...
), o construto desempenho foi operacionalizado por meio da adaptação da escala de percepção utilizada por Gould-Williams (2003Gould-Williams, J. (2003). The importance of HR practices and workplace trust in achieving superior performance: a study of public-sector organizations. The International Journal of Human Resource Management, 14(1), 28-54. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/09585190210158501
https://doi.org/10.1080/0958519021015850...
). Para todos os casos, utilizou-se uma escala tipo Likert de cinco pontos, variando de discordo totalmente a concordo totalmente.

Antes da aplicação do questionário, o instrumento foi submetido ao processo de avaliação de conteúdo, com a participação de três pesquisadores experientes e especializados em Sistemas de Informação e cinco gestores de TI de órgãos públicos que representaram adequadamente o público-alvo da pesquisa. Após a remoção e adaptação de alguns itens do questionário, passamos para a fase de pré-teste. Para tanto, o questionário foi aplicado a vinte e um outros gestores públicos de TI, que não relataram problemas na compreensão das questões ou de qualquer outra natureza. Além disso, uma análise preliminar dos dados não apresentou problemas com a especificação do modelo. Assim, o questionário foi aplicado durante o mês de outubro de 2019 utilizando a plataforma Google Forms. Após três semanas de coleta, 278 questionários preenchidos foram recebidos, resultando em uma taxa de resposta de 34,8%. A versão final do questionário aplicado é apresentada no Apêndice.

A análise dos dados foi realizada com o auxílio dos softwares IBM SPSS e IBM AMOS, ambos na versão 27. A abordagem de análise selecionada para atingir o objetivo do estudo foi a modelagem de equações estruturais baseadas na covariância (CB-SEM), a partir de uma análise fatorial confirmatória (CFA), seguindo uma estratégia de duas etapas (J. C. Anderson & Gerbing, 1988Anderson, J. C., & Gerbing, D. W. (1988). Structural equation modeling in practice: A review and recommended two-step approach. Psychological Bulletin, 103(3), 411-423. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1037/0033-2909.103.3.411
https://doi.org/10.1037/0033-2909.103.3....
). Assim, após a especificação do modelo de medida, verificamos a possível existência de outliers multivariados, identificados por meio da distância quadrada por Mahalanobis (D²) de todas as observações. Realizamos o cálculo a partir da especificação de um submodelo contendo todos os itens do questionário e antes de serem feitos quaisquer ajustes (Marôco, 2014Marôco, J. (2014). Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software & aplicações. Pêro Pinheiro, Portugal: ReportNumber.). Adotando-se uma abordagem conservadora, foram excluídas 24 respostas, com valores de p1 e p2 superiores a 0,001. Assim, a amostra final utilizada nas análises foi reduzida para 254 observações. Em seguida, a normalidade das variáveis foi avaliada por meio da análise dos coeficientes de assimetria (Sk) e curtose (Ku), não sendo encontrados resultados que sugerissem violações da distribuição normal (| Sk|<2 e | Ku|<7) (Marôco, 2014Marôco, J. (2014). Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software & aplicações. Pêro Pinheiro, Portugal: ReportNumber.).

Após a conclusão da fase de processamento dos dados, o modelo de medida do CFA foi ajustado. O primeiro passo foi a avaliação das cargas fatoriais, que resultou na eliminação de dois itens que apresentaram cargas fatoriais muito inferiores ao mínimo de 0,7 (Hair, Black, Babin, Anderson, & Tatham, 2009Hair, J., Black, W., Babin, B. J., Anderson, R. E., & Tatham, R. L. (2009). Análise multivariada de dados. Porto Alegre, RS: Bookman.). Mais especificamente, os itens INN4 (0,02) e INN (0,23). No entanto, considerando que o modelo é reflexivo, a remoção dos itens não representa um problema para as análises (Hair et al., 2009).

Posteriormente, foram avaliados os índices de modificação indicados pelo AMOS, considerando-se que valores superiores a 11 indicavam problemas de ajuste local, bem como os erros de medida teoricamente justificados estavam correlacionados (Marôco, 2014Marôco, J. (2014). Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software & aplicações. Pêro Pinheiro, Portugal: ReportNumber.). Assim, foram calculados os indicadores de ajuste para o modelo de medida, cujos indicadores obtidos foram: χ² = 636,256; χ²/gl = 1,670; CFI = 0,954; TLI = 0,948; GFI = 0,859; RMSEA = 0,051; SRMR = 0,0624. O único indicador que apresentou valor inferior ao mínimo esperado (0,90) foi o GFI. No entanto, a literatura explica que esse indicador é afetado pela presença de muitas variáveis no modelo (Marôco, 2014), exatamente o caso do presente estudo. Assim, a qualidade dos indicadores pode ser considerada adequada para os propósitos do presente estudo.

Em seguida, para avaliar a especificação do modelo de forma ampla, calculou-se a validade convergente dos construtos, por meio da análise das cargas fatoriais, da variância média extraída (AVE) e do nível de confiabilidade dos construtos (CR). A validade discriminante também foi verificada comparando-se os percentuais de AVE para quaisquer dois construtos com o quadrado da estimativa de sua correlação (r²) (Hair et al., 2009Hair, J., Black, W., Babin, B. J., Anderson, R. E., & Tatham, R. L. (2009). Análise multivariada de dados. Porto Alegre, RS: Bookman.). A Tabela 1 apresenta os resultados em detalhes, acompanhados dos critérios de aceitação para cada teste, à luz de Hair et al. (2009)Hair, J., Black, W., Babin, B. J., Anderson, R. E., & Tatham, R. L. (2009). Análise multivariada de dados. Porto Alegre, RS: Bookman., indicando que o modelo utilizado no presente estudo não apresentou problemas relacionados às validades convergente e discriminante.

Tabela 1
Confiabilidade e validade do modelo estrutural

Na sequência, dada a possibilidade de especificar um modelo estrutural com boa qualidade de indicadores de ajuste, mas com relações causais incorretamente especificadas (Mulaik et al., 1989Mulaik, S. A., James, L. R., Van Alstine, J., Bennett, N., Lind, S., & Stilwell, C. D. (1989). Evaluation of goodness-of-fit indices for structural equation models. Psychological Bulletin, 105(3), 430-445. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1037/0033-2909.105.3.430
https://doi.org/10.1037/0033-2909.105.3....
), também foi calculado o RNFI (Relative Normed Fit Index), que considera de forma equivalente a contribuição dos modelos de medição e estrutural (Marôco, 2014Marôco, J. (2014). Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software & aplicações. Pêro Pinheiro, Portugal: ReportNumber.), não foram detectados problemas a esse respeito.

Por fim, investigou-se a existência de diferenças entre os grupos com base nas características da amostra por meio da especificação de modelos MIMIC (Imputação Múltipla e Causas Múltiplas), com o uso da SEM, conforme proposto por Joreskog e Goldberger (1975Joreskog, K. G., & Goldberger, A. S. (1975). Estimation of a model with multiple indicators and multiple causes of a single latent variable. Journal of American Statistical Association, 70(351a), 631-639. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/01621459.1975.10482485
https://doi.org/10.1080/01621459.1975.10...
). De acordo com Marôco (2014Marôco, J. (2014). Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software & aplicações. Pêro Pinheiro, Portugal: ReportNumber.), trata-se de uma forma ágil e robusta de identificar diferenças entre grupos com base em um modelo estrutural (Marôco, 2014Marôco, J. (2014). Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software & aplicações. Pêro Pinheiro, Portugal: ReportNumber.). A primeira análise centrou-se em dois grupos formados a partir do tamanho das organizações. Ou seja, agruparam-se organizações com até 1.500 servidores públicos (N = 153) e organizações com número de trabalhadores acima desse limite (N = 105). Assim, tendo em vista que o tamanho das organizações tem sido apresentado na literatura como tendo um papel significativo na pesquisa envolvendo o papel das capabilities de TI das organizações (Damanpour, 2010Damanpour, F. (2010). An integration of research findings of effects of firm size and market competition on product and process innovations. British Journal of Management, 21(4), 996-1010. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2009.00628.x
https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2009...
; Kim, Xiang, & S. Lee, 2009Kim, J. K., Xiang, J. Y., & Lee, S. (2009). The impact of IT investment on firm performance in China: an empirical investigation of the Chinese electronics industry. Technological Forecasting and Social Change, 76(5), 678-687. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.techfore.2008.03.008
https://doi.org/10.1016/j.techfore.2008....
; Oliveira et al., 2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
), uma variável dummy foi especificada para representar as maiores organizações. A segunda frente de análise foi dedicada a comparar as organizações que fazem parte da esfera federal do poder público brasileiro com aquelas ligadas às administrações locais. A escolha desses grupos foi inspirada na literatura que indica que o setor em que as organizações atuam pode influenciar as capabilities de TI das organizações (Kim et al., 2011Kim, J. K., Xiang, J. Y., & Lee, S. (2009). The impact of IT investment on firm performance in China: an empirical investigation of the Chinese electronics industry. Technological Forecasting and Social Change, 76(5), 678-687. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.techfore.2008.03.008
https://doi.org/10.1016/j.techfore.2008....
; Oliveira et al., 2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
; Stoel & Muhanna, 2009Stoel, M. D., & Muhanna, A. W. (2009). IT capabilities and firm performance: a contingency analysis of the role of industry and IT capability type. Information and Management, 46(3), 181-189. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002
https://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002...
). Além disso, o fato de as organizações federais em geral seguirem diretrizes centrais para estruturação e gestão de áreas de TI e aplicação de recursos de TI, justifica a definição desses grupos. Assim, uma variável dummy foi especificada para representar as organizações em nível federal (N = 185), em comparação com as organizações estaduais e municipais (N = 73).

4. RESULTADOS

A análise dos dados iniciou-se com a caracterização da amostra, cujo resumo é apresentado na Tabela 2 (organizações participantes) e na Tabela 3 (principais respondentes), da seguinte forma:

Tabela 2
Caracterização das organizações participantes

Ou seja, a caracterização da amostra indicou que a maioria das 254 organizações participantes da pesquisa é de pequeno e médio porte, com até 1.500 servidores (59,3%) e pertencentes à esfera federal (71,7%). Os setores mais representativos foram Justiça (20,9%), Educação (22,1%) e Saúde (10,5%).

Tabela 3
Caracterização dos respondentes

Por sua vez, a análise dos principais respondentes, ou seja, os principais executivos de TI de cada organização, identificou que a maioria dos participantes é do sexo masculino (90,7%), com ensino superior completo e curso de especialização completo (43,4%), com idade entre 40 e 49 anos (39,9%) e mais de 20 anos de experiência profissional (34,3%). Ou seja, apesar da relativa concentração de organizações em nível federal, a amostra não apresentou vieses ou tendências que pudessem comprometer sua representatividade, tendo sido considerada adequada aos objetivos do estudo.

Avançando com a análise, possíveis diferenças entre grupos de organizações foram avaliadas preliminarmente, em termos de “tamanho” e “esfera de ação” para identificar possíveis diferenças entre grupos de organizações em relação a cada uma das sete variáveis latentes estudadas. A Figura 2 e a Tabela 4 mostram os resultados identificados ao comparar o grupo de grandes organizações com o grupo de pequenas e médias organizações.

Figura 2
MIMIC modelo para grandes organizações

Tabela 4
Significância estatística dos efeitos para o grupo de grandes organizações

Em outras palavras, não foram detectadas diferenças estatisticamente significativas entre o grupo de grandes organizações e as demais, em nenhuma das cinco dimensões das capacidades de TI (flexibilidade, gerenciamento, integração, alinhamento e reconfiguração). Da mesma forma, não foram detectadas diferenças entre os grupos para os construtos de inovação e desempenho organizacional percebido.

Por sua vez, a Figura 3 e a Tabela 5 apresentam os resultados identificados ao comparar o grupo de organizações vinculadas à administração pública federal do Brasil, ou seja, que possui cobertura nacional, em comparação com aquelas que possuem cobertura local, seja estadual ou municipal.

Figura 3
MIMIC Modelo para organizações federais

Tabela 5
Significância estatística dos efeitos para o grupo “nível federal”

Nesse caso, foram detectadas diferenças entre o grupo de organizações em nível federal em relação às demais (estaduais e municipais), nos fatores “integração” e “alinhamento”. No primeiro caso, identificamos que as organizações federais possuem menor grau de integração de TI, ou seja, foi detectada menor capacidade de perceber e responder a mudanças e oportunidades no contexto externo à organização, bem como integrá-las aos processos internos. Por outro lado, as organizações federais tinham uma maior capacidade de elaborar uma estratégia de TI consistente com a estratégia geral da organização, bem como apoiá-la na formulação e realização de seus objetivos de inovação. Não foram detectadas diferenças significativas para os demais fatores das capabilities de TI, bem como para a percepção de desempenho ou inovatividade organizacional.

Posteriormente, avançando sobre as quatro hipóteses do presente estudo, especificou-se o modelo estrutural causal. O resultado pode ser visto em detalhes na Figura 4.

Figura 4
Modelo estrutural

Ou seja, o modelo especificado explicou 41% e 45%, respectivamente, da variabilidade dos construtos inovatividade e desempenho percebido. Além disso, todos os efeitos analisados no modelo foram estatisticamente significativos, cujos detalhes podem ser observados na Tabela 6.

Tabela 6
Significância estatística dos efeitos

A partir desses resultados, foi possível resgatar e testar as hipóteses assumidas para o presente estudo. A primeira hipótese do estudo (H1) indicou que a capacidade de reconfiguração de TI deve ser listada entre os fatores que compõem as capabilities de TI das organizações públicas, como visto nas organizações privadas (D. L. Oliveira et al., 2016Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746...
). De fato, os resultados obtidos indicaram que 66% da variabilidade do construto capacidade de reconfiguração foi baseada nas capabilities de TI do fator hierárquico superior (2ª ordem). Assim, os resultados obtidos pelo presente estudo corroboraram a hipótese 1.

A segunda hipótese do estudo (H2) indicou que as capacidades de TI das organizações públicas estão positivamente associadas com a inovatividade. Nesse sentido, identificamos que 41% da variação encontrada na inovatividade das organizações estudadas foi explicada por suas capabilities de TI, resultado que corrobora a hipótese 2 do presente estudo, em consonância com as proposições de Hartley (2011Hartley, J. (2011). Public Value through Innovation and Improvement. In J. Benington, & M. H. Moore(Eds.), Public value theory and practice (pp. 171-184). Basingstoke, UK: Palgrave Macmillan.) e Pang et al. (2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
).

A terceira hipótese do estudo (H3) propôs que a capacidade para inovação das organizações públicas afeta positivamente seu desempenho organizacional. Os resultados corroboraram essa hipótese, em consonância com Hartley (2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.) e corroborando diversos estudos que detectaram relação semelhante no setor privado (Boso et al., 2013Boso, N., Story, V. M., & Cadogan, J. W. (2013). Entrepreneurial orientation, market orientation, network ties, and performance: study of entrepreneurial firms in a developing economy. Journal of Business Venturing, 28(6), 708-710. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013.04.001
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013....
; Hult et al., 2004Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003...
; Kyrgidou & Spyropoulou, 2013Kyrgidou, L. P., & Spyropoulou, S. (2013). Drivers and performance outcomes of innovativeness: an empirical study. British Journal of Management, 24(3), 281-298. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2011.00803.x
https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2011...
; Panayides & Lun, 2009Panayides, P. M., & Lun, Y. H. V. (2009). The impact of trust on innovativeness and supply chain performance. International Journal of Production Economics, 122(1), 35-46. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.ijpe.2008.12.025
https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2008.12.0...
; Parida et al., 2017Parida, V., Pesämaa, O., Wincent, J., & Westerberg, M. (2017). Network capability, innovativeness, and performance: a multidimensional extension for entrepreneurship. Entrepreneurship and Regional Development, 29( 1-2), 94-115. Retrieved from https://doi.org/10.1080/08985626.2016.1255434
https://doi.org/10.1080/08985626.2016.12...
; Rhee et al., 2010Rhee, J., Park, T., & Lee, D. H. (2010). Drivers of innovativeness and performance for innovative SMEs in South Korea: mediation of learning orientation. Technovation, 30(1), 65-75. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.technovation.2009.04.008
https://doi.org/10.1016/j.technovation.2...
; Rosenbusch et al., 2011Rosenbusch, N., Brinckmann, J., & Bausch, A. (2011). Is innovation always beneficial? A meta-analysis of the relationship between innovation and performance in SMEs. Journal of Business Venturing, 26(4), 441-457. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009.12.002
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009....
; Salge & Vera, 2009Salge, T. O., & Vera, A. (2009). Hospital innovativeness and organizational performance: evidence from english public acute care. Health Care Management Review, 34(1), 54-67. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1097/01.HMR.0000342978.84307.80
https://doi.org/10.1097/01.HMR.000034297...
).

Por fim, a quarta hipótese deste estudo (H4) assumiu que as capabilities organizacionais de TI estão positivamente associadas ao desempenho. Novamente, os resultados corroboraram a hipótese, que está em consonância com vários estudos semelhantes realizados no setor privado (Mata et al., 1995Mata, F. J., Fuerst, W. L., & Barney, J. (1995). Information technology and sustained competitive advantage: an analysis it and competitive advantage. MIS Quarterly, 19(4), 487-505. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/249630
https://doi.org/10.2307/249630...
; Powell & Dent-Micallef, 1997Powell, T. C., & Dent-Micallef, A. (1997). Information technology as competitive advantage: The role of human, business, and technology resources. Strategic Management Journal, 18(5), 375-405. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199705)18:5<375::AID-SMJ876>3.0.CO;2-7
https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(...
; Ray et al., 2005Ray, G., Muhanna, W., & Barney, J. (2005). Information technology and the performance of the customer service process: a resource-based analysis. MIS Quarterly, 29(4), 625-652. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/25148703
https://doi.org/10.2307/25148703...
; Stoel & Muhanna, 2009Stoel, M. D., & Muhanna, A. W. (2009). IT capabilities and firm performance: a contingency analysis of the role of industry and IT capability type. Information and Management, 46(3), 181-189. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002
https://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002...
; Stratopoulos & Dehning, 2000Stratopoulos, T., & Dehning, B. (2000). Does successful investment in information technology solve the productivity paradox? Information and Management, 38(2), 103-117. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0378-7206(00)00058-6
https://doi.org/10.1016/S0378-7206(00)00...
).

5. DISCUSSÃO

Este estudo teve como objetivo examinar as relações entre a inovatividade organizacional, capacidades de TI, capacidade de reconfiguração de TI e desempenho organizacional no setor público. Os resultados foram alinhados com as quatro hipóteses geradas a partir de uma revisão da literatura e demonstraram que a capacidade de reconfigurar os recursos de TI é de suma importância para as organizações públicas. A gestão eficaz das áreas de TI, com foco na improvisação e adaptabilidade a mudanças bruscas, é crucial em ambientes turbulentos. A improvisação, definida como a reconfiguração espontânea dos recursos existentes para formar novas capabilities operacionais em resposta a eventos inesperados, é um meio alternativo de gerenciar situações imprevisíveis. A pandemia da COVID-19 serve como um excelente exemplo da necessidade de as organizações públicas improvisarem, pois exigiu a adoção de soluções de TI para facilitar o trabalho remoto. A literatura sugere que a expansão da capacidade de reconfiguração de TI nas organizações pode ser alcançada por meio da implementação de sistemas de gerenciamento de projetos e recursos, sistemas de memória organizacional e sistemas de trabalho cooperativo (Pavlou & Sawy, 2010Pavlou, P. A., & Sawy, O. A. E. (2010). The “third hand”: IT-enabled competitive advantage in turbulence through improvisational capabilities. Information Systems Research, 21(3), 413-659. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.1100.0280
https://doi.org/10.1287/isre.1100.0280...
).

Apesar dos esforços para planejar, gerenciar e aplicar os princípios de governança de TI sobre a estrutura e os recursos tecnológicos disponíveis, o cotidiano de um departamento de TI em uma organização pública é marcado por situações inesperadas que precisam ser resolvidas rapidamente para evitar interrupções no funcionamento da organização e na prestação de serviços à população. Em organizações de médio a grande porte, muitas vezes é difícil identificar a origem de um problema e determinar qual funcionário ou unidade deve agir para resolvê-lo. Nessas circunstâncias, pode ser necessário formar equipes multidisciplinares para identificar a causa e encontrar uma solução temporária enquanto a solução definitiva é desenvolvida. Além disso, é comum o surgimento de demandas imprevistas, mas urgentemente solicitadas pelos gestores seniores. Assim, à medida que a TI se torna cada vez mais importante para os processos de negócios em organizações públicas, são necessários recursos de TI, especialmente a capacidade de improvisar e resolver rapidamente problemas e demandas, incluindo aqueles relacionados à segurança da informação.

Em segundo lugar, considerando que as capabilities de TI das organizações públicas são antecedentes de sua capacidade para inovação organizacional, os gestores públicos devem aplicar efetivamente o potencial de captura e processamento de dados que a TI fornece para realizar para descobrir necessidades e oportunidades de novos serviços públicos. Os recentes casos bem-sucedidos de equipes de transformação digital que contribuíram para o aprimoramento da prestação de serviços públicos na Itália (Giacomini & Muzzi, 2021Giacomini, D., & Muzzi, C. (2021). Promoting digital innovation in the public sector: managerial and organisational insights from a case study. International Journal of Public Sector Performance Management, 8(3), 236-252. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1504/IJPSPM.2021.10032628
https://doi.org/10.1504/IJPSPM.2021.1003...
) e a utilização inovadora de TI para melhorar o gerenciamento de tráfego nos Estados Unidos (Cheng et al., 2020Cheng, Z., Pang, M. S., & Pavlou, P. A. (2020). Mitigating traffic congestion: the role of intelligent transportation systems. Information Systems Research, 31(3), 653-674. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.2019.0894
https://doi.org/10.1287/isre.2019.0894...
) servem como um estimulante para as organizações públicas aumentarem seu investimento em projetos de governo eletrônico. Tais iniciativas combinam a utilização inovadora de recursos de TI com foco na geração de valor público (Hartley, 2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.). Outra ação potencial que as organizações podem empreender para gerar resultados positivos para a sociedade é a coleta e disseminação de dados e informações públicas em um modelo de dados abertos. A literatura sugere que o acesso aberto a dados públicos pode servir como um catalisador significativo para a inovação (Pang et al., 2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
). No entanto, a implementação de uma política de dados abertos é, por vezes, condicionada à superação de obstáculos institucionais, políticos e demográficos. Por exemplo, Young (2020Young, M. M. (2020). Implementation of digital‐era governance: the case of open data in US cities. Public Administration Review, 80(2), 305-315. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/puar.13156
https://doi.org/10.1111/puar.13156...
) identificou que o tipo e a capacidade administrativa do departamento responsável pela implementação de políticas de dados abertos nas cidades dos EUA, bem como as características demográficas da população usuária de dados, especialmente a proficiência em renda e tecnologia, são fatores significativos para a implementação da estratégia.

O terceiro aspecto a ser considerado é que a correlação entre a capacidade para inovação nas organizações públicas e a melhoria do desempenho organizacional ressalta a necessidade de os administradores públicos cultivarem uma cultura de inovação dentro de suas respectivas organizações. Os artigos de Azamela et al. (2022Azamela, J. C., Tang, Z., Owusu, A., Egala, S. B., & Bruce, E. (2022). The impact of institutional creativity and innovation capability on innovation performance of public sector organizations in Ghana. Sustainability, 14(3), 1378. Retrieved fromhttps://doi.org/10.3390/su14031378
https://doi.org/10.3390/su14031378...
) e Trivellato et al. (2021Trivellato, B., Martini, M., & Cavenago, D. (2021). How do organizational capabilities sustain continuous innovation in a public setting? The American Review of Public Administration, 51(1), 57-71. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1177/0275074020939263
https://doi.org/10.1177/0275074020939263...
) também são relevantes para a discussão sobre cultura de inovação em organizações públicas. (2021) destacam a importância de envolver diferentes atores e desenvolver um ambiente colaborativo e de aprendizagem para promover a inovação nas organizações públicas. Essa abordagem é fundamental para a criação de uma cultura de inovação, pois incentiva a participação de indivíduos com diferentes perspectivas e habilidades na geração de ideias e soluções. Por sua vez, Azamela et al. (2022)Azamela, J. C., Tang, Z., Owusu, A., Egala, S. B., & Bruce, E. (2022). The impact of institutional creativity and innovation capability on innovation performance of public sector organizations in Ghana. Sustainability, 14(3), 1378. Retrieved fromhttps://doi.org/10.3390/su14031378
https://doi.org/10.3390/su14031378...
enfatizam a importância da liderança na promoção de uma cultura de inovação nas organizações. Os líderes desempenham um papel crítico na criação de uma cultura de inovação, fornecendo o apoio e os recursos necessários para a implementação de iniciativas inovadoras. Além disso, a liderança deve inspirar e incentivar a criatividade e o pensamento inovador em toda a organização.

Nesse contexto, uma estratégia potencial é estabelecer laboratórios de inovação (I-Labs). A literatura apoia a noção de que essas entidades muitas vezes possuem mandatos específicos e únicos e têm o potencial de atuar como catalisadores de mudanças no setor público, desde que tenham autonomia para definir seus próprios objetivos e determinar suas metodologias (Tõnurist et al., 2017Tõnurist, P., Kattel, R., & Lember, V. (2017). Innovation labs in the public sector: what they are and what they do? Public Management Review, 19(10), 1455-1479. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/14719037.2017.1287939
https://doi.org/10.1080/14719037.2017.12...
). De acordo com McGann et al. (2018McGann, M., Blomkamp, E., & Lewis, J. M. (2018). The rise of public sector innovation labs: experiments in design thinking for policy. Policy Sciences, 51(3), 249-267. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1007/s11077-018-9315-7
https://doi.org/10.1007/s11077-018-9315-...
), as organizações públicas dependem cada vez mais de laboratórios de inovação para elaborar novas estratégias e formular políticas e serviços inovadores. Nesse sentido, os gestores públicos devem adotar metodologias participativas, como o “design thinking”, que priorizam a colaboração, o foco no usuário e o engajamento ativo das partes interessadas (McGann et al., 2018). No entanto, é crucial que os gestores públicos forneçam o apoio político e administrativo necessário aos laboratórios de inovação para evitar o desaparecimento prematuro de tais iniciativas (Tõnurist et al., 2017Tõnurist, P., Kattel, R., & Lember, V. (2017). Innovation labs in the public sector: what they are and what they do? Public Management Review, 19(10), 1455-1479. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/14719037.2017.1287939
https://doi.org/10.1080/14719037.2017.12...
). No entanto, a experiência prática de alguns autores desta pesquisa com laboratórios de inovação do setor público indica que, por vezes, essas iniciativas ficam isoladas dentro da organização, fomentando a colaboração e a discussão de soluções, mas nem sempre são efetivamente integradas com o restante da organização ou práticas de implementar. Como resultado, recursos valiosos podem ser desperdiçados pela geração de soluções que não são viáveis para implementação. Para resolver isso, é imperativo que os gerentes tomem medidas para alinhar os laboratórios com as operações diárias da organização.

Finalmente, como a literatura destaca uma associação positiva entre as capabilities organizacionais de TI e o desempenho, os gestores públicos devem tomar iniciativas para alavancar as capabilities de TI para melhorar o desempenho das organizações públicas. A utilização efetiva dos recursos de TI pelas organizações públicas pode atingir múltiplos objetivos, tais como: i) prestar serviços públicos de forma mais eficiente com orçamentos limitados, ii) envolver uma gama mais ampla de partes interessadas, iii) promover a colaboração interorganizacional para a coprodução de valor público, iv) apoiar os esforços de captação de recursos e v) promover a inovação intra e interorganizacional. Cabe aos gestores públicos, particularmente aos gestores de TI dentro das organizações públicas, fazer investimentos informados e usar os recursos de TI e alinhar a gestão de TI com os objetivos estratégicos da organização (Pang et al., 2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
). Nesse sentido, as capabilities organizacionais de TI podem suportar novas tecnologias e estratégias avançadas, o que terá um impacto significativo nas organizações e na administração pública no futuro. Processos inovadores e colaborativos, resultantes da onda tecnológica emergente, podem se tornar práticas transformadoras no setor público (Criado & Gil-Garcia, 2019Criado, J. I., & Gil-Garcia, J. R. (2019). Creating public value through smart technologies and strategies: from digital services to artificial intelligence and beyond. International Journal of Public Sector Management, 32(5), 438-450. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/IJPSM-07-2019-0178
https://doi.org/10.1108/IJPSM-07-2019-01...
).

6. CONCLUSÕES

Este estudo analisou as relações entre capabilities de TI, inovatividade e desempenho organizacional, com base em dados obtidos de gestores de TI do setor público brasileiro, adotando como base a literatura nas áreas de sistemas de informação e inovação e com base no referencial teórico da Visão Baseada em Recursos e das capabilities dinâmicas. Mais especificamente, o estudo mediu o impacto das capabilities de TI na inovatividade organizacional, bem como o efeito desses dois conjuntos de habilidades organizacionais no desempenho geral, conforme percebido pelos gerentes. Além disso, o estudo analisou os fundamentos teóricos e os dados empíricos que justificam a inclusão da capacidade de reconfiguração de TI entre os fatores que compõem as capabilities de TI das organizações. Os resultados corroboraram as quatro hipóteses formuladas. Ou seja, identificamos que o recurso de reconfiguração de TI deve ser listado entre os recursos de TI das organizações públicas. Os dados também indicaram que as capabilities de TI desempenham um papel na promoção da inovatividade das organizações públicas e que ambas (capabilities de TI e inovatividade) têm um impacto positivo no desempenho das organizações.

É inegável que houve um investimento significativo em TI no setor público. Além disso, há também tentativas claras de promover a inovação no sector público. No caso do Brasil, um bom exemplo é a recente criação do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos. No entanto, este estudo apresenta informações empíricas de que a inovação organizacional e as ações relacionadas à tecnologia da informação devem andar de mãos dadas, a fim de aumentar as oportunidades de geração de valor público. Diante disso, uma primeira implicação desta pesquisa para o serviço público refere-se ao reconhecimento de que as áreas de TI das organizações devem reorganizar os recursos e a capacidade de processamento de TI de forma ágil e eficiente, a fim de permitir que as organizações se adaptem e ofereçam serviços públicos cada vez melhores, a fim de gerar valor para a sociedade como um todo. Além disso, os resultados mostram que quanto maior a capacidade das organizações públicas de reunir, integrar e implementar recursos de TI, a fim de atender às necessidades de seus processos de negócios, maior a propensão dessas organizações a criar novos processos, produtos ou ideias, ou seja, a inovar (Hult et al., 2004Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003...
; Liu et al., 2015Liu, H., Huang, Q., Wei, S., & Huang, L. (2015a). The impacts of IT capability on internet-enabled supply and demand process integration, and firm performance in manufacturing and services. The International Journal of Logistics Management, 26(1), 172-194. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-0132
https://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-013...
). Além disso, apesar da ausência de pressões competitivas e, muitas vezes, da presença de um ambiente excessivamente burocrático, o estudo destaca a necessidade de os gestores públicos criarem condições para que a inovação seja permitida e incentivada - impune - condições contrárias às comumente encontradas no setor público (Hartley, 2015Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.).

No entanto, os resultados do presente estudo não devem ser generalizados, tendo em vista a existência de limitações. Primeiramente, a escolha dos participantes da pesquisa (gestores de TI) não foi feita aleatoriamente, o que pode ter introduzido algum viés nas respostas. Além disso, os dados foram obtidos apenas de organizações públicas brasileiras, sendo altamente recomendável que o presente estudo seja replicado em outros contextos econômicos, demográficos e sociais, de modo a permitir a comparação dos resultados. Avançar com sugestões para futuras pesquisas, considerando a ênfase dada pela literatura sobre a importância do conhecimento técnico, da capacidade gerencial e das habilidades interpessoais dos profissionais de TI (Kim et al., 2011Kim, G., Shin, B., Kim, K. K., & Lee, H. G. (2011). IT Capabilities, process-oriented dynamic capabilities, and firm financial performance. Journal of Association for Information Systems, 12(7), 487-517. Retrieved fromhttps://doi.org/10.17705/1jais.00270
https://doi.org/10.17705/1jais.00270...
; Sambamurthy, Bharadwaj, & Grover, 2003Sambamurthy, V., Bharadwaj, A., & Grover, V. (2003). Shaping agility through digital options: reconceptualizing the role of information technology in contemporary firms. MIS Quarterly, 27(2), 237-263. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/30036530
https://doi.org/10.2307/30036530...
), pesquisadores dedicados às áreas de capabilities de TI poderiam estudar o papel do capital humano de TI sobre as capabilities de TI de organizações públicas. Além disso, pesquisas futuras poderiam ampliar o presente estudo e acrescentar uma análise do efeito mediador da inovatividade na relação entre as capabilities de TI e o desempenho organizacional, em consonância com Pang et al. (2014Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
https://doi.org/10.1057/jit.2014.2...
).

Outra recomendação específica para futuros pesquisadores seria a realização de estudos mais abrangentes que envolvam um maior número de organizações públicas estaduais e municipais, a fim de investigar em profundidade as diferenças entre essas organizações e as organizações federais identificadas no estudo anterior. Isso possibilitaria uma análise mais precisa das nuances de cada tipo de organização, especialmente no que diz respeito aos fatores de integração e alinhamento, e ajudaria a desenvolver estratégias mais eficazes para melhorar o desempenho das organizações públicas em todos os níveis.

Além disso, considerando que o presente estudo identificou um baixo índice de diversidade entre os gestores de TI em organizações públicas brasileiras, que são formadas majoritariamente por homens com mais de 40 anos de idade, estudos futuros poderiam analisar os efeitos desse resultado sobre a cultura e os resultados da inovação em organizações públicas, considerando a importância da diversidade para a construção de ambientes inovadores (Tsai, 2021Tsai, F. S. (2021). When and how group diversity facilitate innovativeness? The roles of knowledge heterogeneity and governance. Knowledge Management Research & Practice. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/14778238.2021.2004950
https://doi.org/10.1080/14778238.2021.20...
).

Finalmente, explorar conceitos e teorias específicas no contexto em que são aplicados é de suma importância. Embora existam estudos sobre a capacidade de reconfiguração de TI em outros contextos, como o setor privado, o presente estudo não identificou nenhuma pesquisa sobre o tema no setor público, indicando que essa é uma área que merece mais atenção e investigação. Nesse sentido, essa avaliação sugere que a análise do conceito no setor público pode fornecer insights valiosos para o desenvolvimento de estratégias e políticas de tecnologia da informação nesse setor. Portanto, é fundamental que estudos futuros incluam uma análise minuciosa do contexto público para fornecer informações mais precisas e úteis para profissionais e pesquisadores envolvidos nesse setor.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Unidade de Pesquisa em Ciências Empresariais(NECE-UBI) financiada pelo Programa de Financiamento Plurianual dos Centros de P&D da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), no âmbito do projeto UIDB/04630/2020.

APÊNDICE

Quadro A
Questionário aplicado

Quadro A
continuação

REFERENCES

  • Akhavan, P., & Hosseini, S. M. (2016). Social capital, knowledge sharing, and innovation capability: an empirical study of R&D teams in Iran. Technology Analysis and Strategic Management, 28(1), 96-113. Retrieved from https://doi.org/10.1080/09537325.2015.1072622
    » https://doi.org/10.1080/09537325.2015.1072622
  • Alexiev, A. S., Volberda, H. W., & Van den Bosch, F. A. J. (2016). Interorganizational collaboration and firm innovativeness: unpacking the role of the organizational environment. Journal of Business Research, 69(2), 974-984. Retrieved from https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2015.09.002
    » https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2015.09.002
  • Anderson, J. C., & Gerbing, D. W. (1988). Structural equation modeling in practice: A review and recommended two-step approach. Psychological Bulletin, 103(3), 411-423. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1037/0033-2909.103.3.411
    » https://doi.org/10.1037/0033-2909.103.3.411
  • Azamela, J. C., Tang, Z., Owusu, A., Egala, S. B., & Bruce, E. (2022). The impact of institutional creativity and innovation capability on innovation performance of public sector organizations in Ghana. Sustainability, 14(3), 1378. Retrieved fromhttps://doi.org/10.3390/su14031378
    » https://doi.org/10.3390/su14031378
  • Bharadwaj, A. S. (2000). A resource-based perspective on information technology capability and firm performance: an empirical investigation. MIS Quarterly, 24(1), 169-196. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/3250983
    » https://doi.org/10.2307/3250983
  • Boso, N., Story, V. M., & Cadogan, J. W. (2013). Entrepreneurial orientation, market orientation, network ties, and performance: study of entrepreneurial firms in a developing economy. Journal of Business Venturing, 28(6), 708-710. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013.04.001
    » https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2013.04.001
  • Boyne, G. A. (2002). Public and private management: what’s the difference? Journal of Management Studies, 39(1), 97-122. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/1467-6486.00284
    » https://doi.org/10.1111/1467-6486.00284
  • Bozeman, B. (1987). All organizations are public: bridging public and private organization theory San Francisco, CA: Jossey-Bass.
  • Brocke, J. V., & Rosemann, M. (2015). Handbook on business process management: introduction, methods, and information systems Heidelberg, Germany: Springer.
  • Cepeda, J., & Arias-Pérez, J. (2019). Information technology capabilities and organizational agility: The mediating effects of open innovation capabilities. Multinational Business Review, 27(2), 198-216. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/MBR-11-2017-0088
    » https://doi.org/10.1108/MBR-11-2017-0088
  • Chen, J. S., & Tsou, H. T. (2012). Performance effects of IT capability, service process innovation, and the mediating role of customer service. Journal of Engineering and Technology Management, 29(1), 71-94. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jengtecman.2011.09.007
    » https://doi.org/10.1016/j.jengtecman.2011.09.007
  • Chen, Y., Wang, Y., Nevo, S., Benitez-Amado, J., & Kou, G. (2015). IT capabilities and product innovation performance: the roles of corporate entrepreneurship and competitive intensity. Information and Management, 52(6), 643-657. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2015.05.003
    » https://doi.org/10.1016/j.im.2015.05.003
  • Cheng, Z., Pang, M. S., & Pavlou, P. A. (2020). Mitigating traffic congestion: the role of intelligent transportation systems. Information Systems Research, 31(3), 653-674. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.2019.0894
    » https://doi.org/10.1287/isre.2019.0894
  • Cooper, L. A., Holderness, D. K. Jr., Sorensen, T. L., & Wood, D. A. (2019). Robotic process automation in public accounting. Accounting Horizons, 33(4), 15-35. Retrived fromhttps://doi.org/10.2308/acch-52466
    » https://doi.org/10.2308/acch-52466
  • Criado, J. I., & Gil-Garcia, J. R. (2019). Creating public value through smart technologies and strategies: from digital services to artificial intelligence and beyond. International Journal of Public Sector Management, 32(5), 438-450. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/IJPSM-07-2019-0178
    » https://doi.org/10.1108/IJPSM-07-2019-0178
  • Cushing, B., & White, D. (2016). The essential guide to cloud computing Hoboken, NJ: John Wiley & Sons.
  • Damanpour, F. (2010). An integration of research findings of effects of firm size and market competition on product and process innovations. British Journal of Management, 21(4), 996-1010. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2009.00628.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2009.00628.x
  • Deshpandé, R., Farley, J. U., & Webster, F. E. Jr. (1993). Corporate culture, customer orientation, and innovativeness in Japanese firms: a quadrad analysis. Journal of Marketing, 57(1), 23-27. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1177/002224299305700102
    » https://doi.org/10.1177/002224299305700102
  • Dunleavy, P., Margetts, H., Bastow, S., & Tinkler, J. (2006). New public management is dead - Long live digital-era governance. Journal of Public Administration Research and Theory, 16(3), 467-494. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1093/jopart/mui057
    » https://doi.org/10.1093/jopart/mui057
  • Garcia, R., & Calantone, R. (2002). A critical look at technological innovation typology and innovativeness terminology: a literature review. Journal of Product Innovation Management, 19(2), 110-132. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0737-6782(01)00132-1
    » https://doi.org/10.1016/S0737-6782(01)00132-1
  • Giacomini, D., & Muzzi, C. (2021). Promoting digital innovation in the public sector: managerial and organisational insights from a case study. International Journal of Public Sector Performance Management, 8(3), 236-252. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1504/IJPSPM.2021.10032628
    » https://doi.org/10.1504/IJPSPM.2021.10032628
  • Gould-Williams, J. (2003). The importance of HR practices and workplace trust in achieving superior performance: a study of public-sector organizations. The International Journal of Human Resource Management, 14(1), 28-54. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/09585190210158501
    » https://doi.org/10.1080/09585190210158501
  • Gullmark, P. (2021). Do all roads lead to innovativeness? A study of public sector organizations’ innovation capabilities. The American Review of Public Administration, 51(7), 509-525. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1177/02750740211010464
    » https://doi.org/10.1177/02750740211010464
  • Hair, J., Black, W., Babin, B. J., Anderson, R. E., & Tatham, R. L. (2009). Análise multivariada de dados Porto Alegre, RS: Bookman.
  • Hartley, J. (2011). Public Value through Innovation and Improvement. In J. Benington, & M. H. Moore(Eds.), Public value theory and practice (pp. 171-184). Basingstoke, UK: Palgrave Macmillan.
  • Hartley, J. (2015). The creation of public value through step-change innovation in public organizations. In J. M. Bryson, B. C. Crosby, L. Bloomberg (Eds.), Public value and public administration(pp. 82-94). Washington, DC: Georgetown University Press.
  • Hartley, J., & Skelcher, C. (2008). The agenda for public service improvement. In J. Hartley, C. Donaldson, C. Skelcher, & M. Wallace (Eds.), Managing to improve public services (pp. 1-24). Cambridge, UK: Cambridge University Press.
  • Hartley, J., Sørensen, E., & Torfing, J. (2013). Collaborative innovation: a viable alternative to market competition and organizational entrepreneurship. Public Administration Review, 73(6), 821-830. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/puar.12136
    » https://doi.org/10.1111/puar.12136
  • Helfat, C. E., Finkelstein, S., Mitchell, W., Peteraf, M., Singh, H., Teece, D., … Winter, S. G. (2007). Dynamic capabilities: understanding strategic change in organizations.
  • Hult, G. T. M., Hurley, R. F., & Knight, G. A. (2004). Innovativeness: its antecedents and impact on business performance. Industrial Marketing Management, 33(5), 429-438. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
    » https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2003.08.015
  • Hyytinen, A., Pajarinen, M., & Rouvinen, P. (2015). Does innovativeness reduce startup survival rates? Journal of Business Venturing, 30(4), 564-581. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2014.10.001
    » https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2014.10.001
  • Ilmudeen, A. (2022). Leveraging IT-enabled dynamic capabilities to shape business process agility and firm innovative capability: moderating role of turbulent environment. Review of Managerial Science, 16(8), 2341-2379. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1007/s11846-021-00501-9
    » https://doi.org/10.1007/s11846-021-00501-9
  • Joreskog, K. G., & Goldberger, A. S. (1975). Estimation of a model with multiple indicators and multiple causes of a single latent variable. Journal of American Statistical Association, 70(351a), 631-639. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/01621459.1975.10482485
    » https://doi.org/10.1080/01621459.1975.10482485
  • Kim, G., Shin, B., Kim, K. K., & Lee, H. G. (2011). IT Capabilities, process-oriented dynamic capabilities, and firm financial performance. Journal of Association for Information Systems, 12(7), 487-517. Retrieved fromhttps://doi.org/10.17705/1jais.00270
    » https://doi.org/10.17705/1jais.00270
  • Kim, J. K., Xiang, J. Y., & Lee, S. (2009). The impact of IT investment on firm performance in China: an empirical investigation of the Chinese electronics industry. Technological Forecasting and Social Change, 76(5), 678-687. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.techfore.2008.03.008
    » https://doi.org/10.1016/j.techfore.2008.03.008
  • Kim, T., & Lee, G. (2012). A modified and extended Triandis model for the enablers-process-outcomes relationship in hotel employees’ knowledge sharing. The Service Industries Journal, 32(13), 2059-2090. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/02642069.2011.574276
    » https://doi.org/10.1080/02642069.2011.574276
  • Kmieciak, R., Michna, A., & Meczynska, A. (2012). Innovativeness, empowerment and IT capability: evidence from SMEs. Industrial Management & Data Systems, 112(5), 707-728. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/02635571211232280
    » https://doi.org/10.1108/02635571211232280
  • Kyrgidou, L. P., & Spyropoulou, S. (2013). Drivers and performance outcomes of innovativeness: an empirical study. British Journal of Management, 24(3), 281-298. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2011.00803.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2011.00803.x
  • Liu, H., Huang, Q., Wei, S., & Huang, L. (2015a). The impacts of IT capability on internet-enabled supply and demand process integration, and firm performance in manufacturing and services. The International Journal of Logistics Management, 26(1), 172-194. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-0132
    » https://doi.org/10.1108/IJLM-11-2013-0132
  • Lu, Y., & Ramamurthy, K. (2011). Understanding the link between information technology capability and organizational agility: an empirical examination. MIS Quarterly, 35(4), 931-954. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/41409967
    » https://doi.org/10.2307/41409967
  • Lumpkin, G. T., & Dess, G. G. (1996). Clarifying the entrepreneurial orientation construct and linking it to performance. Academy of Management Review, 21(1), 135-172. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/258632
    » https://doi.org/10.2307/258632
  • Marchiori, D. M., Popadiuk, S., Mainardes, E. W., & Rodrigues, R. G. (2020). Innovativeness: a bibliometric vision of the conceptual and intellectual structures and the past and future research directions. Scientometrics, 126(1), 55-92. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1007/s11192-020-03753-6
    » https://doi.org/10.1007/s11192-020-03753-6
  • Marôco, J. (2014). Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software & aplicações Pêro Pinheiro, Portugal: ReportNumber.
  • Mata, F. J., Fuerst, W. L., & Barney, J. (1995). Information technology and sustained competitive advantage: an analysis it and competitive advantage. MIS Quarterly, 19(4), 487-505. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/249630
    » https://doi.org/10.2307/249630
  • McGann, M., Blomkamp, E., & Lewis, J. M. (2018). The rise of public sector innovation labs: experiments in design thinking for policy. Policy Sciences, 51(3), 249-267. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1007/s11077-018-9315-7
    » https://doi.org/10.1007/s11077-018-9315-7
  • McGann, M., Wells, T., & Blomkamp, E. (2021). Innovation labs and co-production in public problem solving. Public Management Review, 23(2), 297-316. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/14719037.2019.1699946
    » https://doi.org/10.1080/14719037.2019.1699946
  • Mulaik, S. A., James, L. R., Van Alstine, J., Bennett, N., Lind, S., & Stilwell, C. D. (1989). Evaluation of goodness-of-fit indices for structural equation models. Psychological Bulletin, 105(3), 430-445. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1037/0033-2909.105.3.430
    » https://doi.org/10.1037/0033-2909.105.3.430
  • Northcott, D., & Taulapapa, T. M. (2012). Using the balanced scorecard to manage performance in public sector organizations: Issues and challenges. International Journal of Public sector management, 25(3), 166-191. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/09513551211224234
    » https://doi.org/10.1108/09513551211224234
  • O’Flynn, J. (2007). From new public management to public value: Paradigmatic change and managerial implications. Australian Journal of Public Administration, 66(3), 353-366. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/j.1467-8500.2007.00545.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1467-8500.2007.00545.x
  • Oliveira, D. L., Maçada, A. C. G., & Oliveira, G. D. (2016). Business value of IT capabilities: effects on processes and firm performance in a developing country. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(60), 245-266. Retrieved fromhttps://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
    » https://doi.org/10.7819/rbgn.v18i60.2746
  • Panayides, P. M., & Lun, Y. H. V. (2009). The impact of trust on innovativeness and supply chain performance. International Journal of Production Economics, 122(1), 35-46. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.ijpe.2008.12.025
    » https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2008.12.025
  • Pang, M. S., Lee, G., & Delone, W. H. (2014). IT resources, organizational capabilities, and value creation in public-sector organizations: a public-value management perspective. Journal of Information Technology, 29(3), 187-205. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1057/jit.2014.2
    » https://doi.org/10.1057/jit.2014.2
  • Parida, V., Pesämaa, O., Wincent, J., & Westerberg, M. (2017). Network capability, innovativeness, and performance: a multidimensional extension for entrepreneurship. Entrepreneurship and Regional Development, 29( 1-2), 94-115. Retrieved from https://doi.org/10.1080/08985626.2016.1255434
    » https://doi.org/10.1080/08985626.2016.1255434
  • Pavlou, P. A., & Sawy, O. A. E. (2006). From IT leveraging competence to competitive advantage in turbulent environments: the case of new product development. Information Systems Research, 17(3), 197-325. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.1060.0094
    » https://doi.org/10.1287/isre.1060.0094
  • Pavlou, P. A., & Sawy, O. A. E. (2010). The “third hand”: IT-enabled competitive advantage in turbulence through improvisational capabilities. Information Systems Research, 21(3), 413-659. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1287/isre.1100.0280
    » https://doi.org/10.1287/isre.1100.0280
  • Pesämaa, O., Shoham, A., Wincent, J., & Ruvio, A. A. (2013). How a learning orientation affects drivers of innovativeness and performance in service delivery. Journal of Engineering and Technology Management, 30(2), 169-187. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jengtecman.2013.01.004
    » https://doi.org/10.1016/j.jengtecman.2013.01.004
  • Powell, T. C., & Dent-Micallef, A. (1997). Information technology as competitive advantage: The role of human, business, and technology resources. Strategic Management Journal, 18(5), 375-405. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199705)18:5<375::AID-SMJ876>3.0.CO;2-7
    » https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199705)18:5<375::AID-SMJ876>3.0.CO;2-7
  • Rai, A., Pavlou, P. A., Im, G., & Du, S. (2012). Interfirm IT capability profiles and communications for cocreating relational value: Evidence from logistics industry. MIS Quartely, 36(1), 233-262. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/41410416
    » https://doi.org/10.2307/41410416
  • Rainey, H. G., & Chun, Y. H. (2007). Public and Private Management Compared Oxford, UK: Oxford University Press.
  • Ray, G., Muhanna, W., & Barney, J. (2005). Information technology and the performance of the customer service process: a resource-based analysis. MIS Quarterly, 29(4), 625-652. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/25148703
    » https://doi.org/10.2307/25148703
  • Rhee, J., Park, T., & Lee, D. H. (2010). Drivers of innovativeness and performance for innovative SMEs in South Korea: mediation of learning orientation. Technovation, 30(1), 65-75. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.technovation.2009.04.008
    » https://doi.org/10.1016/j.technovation.2009.04.008
  • Rodrigues, R. G., & Raposo, M. (2011). Entrepreneurial orientation, human resources information management, and firm performance in SMEs. Canadian Journal of Administrative Sciences, 28(2), 143-153. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1002/cjas.205
    » https://doi.org/10.1002/cjas.205
  • Rosenbusch, N., Brinckmann, J., & Bausch, A. (2011). Is innovation always beneficial? A meta-analysis of the relationship between innovation and performance in SMEs. Journal of Business Venturing, 26(4), 441-457. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009.12.002
    » https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2009.12.002
  • Salge, T. O., & Vera, A. (2009). Hospital innovativeness and organizational performance: evidence from english public acute care. Health Care Management Review, 34(1), 54-67. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1097/01.HMR.0000342978.84307.80
    » https://doi.org/10.1097/01.HMR.0000342978.84307.80
  • Sambamurthy, V., Bharadwaj, A., & Grover, V. (2003). Shaping agility through digital options: reconceptualizing the role of information technology in contemporary firms. MIS Quarterly, 27(2), 237-263. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/30036530
    » https://doi.org/10.2307/30036530
  • Sharma, S., & Behl, R. (2020). Strategic alignment of information technology in public and private organizations in India: a comparative study. Global Business Review https://doi.org/10.1177/0972150919893839
    » https://doi.org/10.1177/0972150919893839
  • Stoel, M. D., & Muhanna, A. W. (2009). IT capabilities and firm performance: a contingency analysis of the role of industry and IT capability type. Information and Management, 46(3), 181-189. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002
    » https://doi.org/10.1016/j.im.2008.10.002
  • Story, V. M., Boso, N., & Cadogan, J. W. (2015). The form of relationship between firm-level product innovativeness and new product performance in developed and emerging markets. Journal of Product Innovation Management, 32(1), 45-64. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/jpim.12180
    » https://doi.org/10.1111/jpim.12180
  • Stratopoulos, T., & Dehning, B. (2000). Does successful investment in information technology solve the productivity paradox? Information and Management, 38(2), 103-117. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0378-7206(00)00058-6
    » https://doi.org/10.1016/S0378-7206(00)00058-6
  • Subramanian, A., & Nilakanta, S. (1996). Organizational innovativeness: Exploring the relationship between organizational determinants of innovation, types of innovations, and measures of organizational performance. Omega, 24(6), 631-647. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/S0305-0483(96)00031-X
    » https://doi.org/10.1016/S0305-0483(96)00031-X
  • Szymanski, D. M., Kroff, M. W., & Troy, L. C. (2007). Innovativeness and new product success: Insights from the cumulative evidence. Journal of the Academy of Marketing Science, 35(1), 35-52. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1007/s11747-006-0014-0
    » https://doi.org/10.1007/s11747-006-0014-0
  • Tajeddini, K. (2011). The effects of innovativeness on effectiveness and efficiency. Education, Business and Society: Contemporary Middle Eastern Issues, 4(1), 6-18. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/17537981111111238
    » https://doi.org/10.1108/17537981111111238
  • Tallon, P. P. (2010). A service science perspective on strategic choice, IT, and performance in U.S. banking. Journal of Management Information Systems, 26(4), 219-252. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2753/MIS0742-1222260408
    » https://doi.org/10.2753/MIS0742-1222260408
  • Tallon, P. P., & Kraemer, K. L. (2006). The development and application of a process-oriented “thermometer” of IT business value. Communications of the Association for Information Systems, 17(1), 995-1027. Retrieved fromhttps://doi.org/10.17705/1cais.01745
    » https://doi.org/10.17705/1cais.01745
  • Tõnurist, P., Kattel, R., & Lember, V. (2017). Innovation labs in the public sector: what they are and what they do? Public Management Review, 19(10), 1455-1479. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/14719037.2017.1287939
    » https://doi.org/10.1080/14719037.2017.1287939
  • Trivellato, B., Martini, M., & Cavenago, D. (2021). How do organizational capabilities sustain continuous innovation in a public setting? The American Review of Public Administration, 51(1), 57-71. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1177/0275074020939263
    » https://doi.org/10.1177/0275074020939263
  • Tsai, F. S. (2021). When and how group diversity facilitate innovativeness? The roles of knowledge heterogeneity and governance. Knowledge Management Research & Practice Retrieved fromhttps://doi.org/10.1080/14778238.2021.2004950
    » https://doi.org/10.1080/14778238.2021.2004950
  • Tsai, W. (2001). Knowledge transfer in intraorganizational networks: effects of network position and absorptive capacity on business unit innovation and performance. The Academy of Management Journal, 44(5), 996-1004. Retrieved fromhttps://doi.org/10.2307/3069443
    » https://doi.org/10.2307/3069443
  • Yoon, C. Y. (2011). Measuring enterprise IT capability: a total IT capability perspective. Knowledge-Based Systems, 24(1), 113-118. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1016/j.knosys.2010.07.011
    » https://doi.org/10.1016/j.knosys.2010.07.011
  • Young, M. M. (2020). Implementation of digital‐era governance: the case of open data in US cities. Public Administration Review, 80(2), 305-315. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1111/puar.13156
    » https://doi.org/10.1111/puar.13156
  • Zeng, M., & Lu, J. (2021). The impact of information technology capabilities on agri-food supply chain performance: the mediating effects of interorganizational relationships. Journal of Enterprise Information Management, 34(6), 1699-1721. Retrieved fromhttps://doi.org/10.1108/JEIM-08-2019-0237
    » https://doi.org/10.1108/JEIM-08-2019-0237
  • [Versão traduzida]
  • 25
    Relatório de revisão por pares: o relatório de revisão por pares está disponível neste link. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/88888/83520

Editado por

Editora-chefe: Alketa Peci (Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro / RJ - Brasil) https://orcid.org/0000-0002-0488-1744
Editor adjunto: Mauricio Dussauge Laguna (Centro de Investigación y Docencia Económicas, Ciudad de México - México) https://orcid.org/0000-0001-7630-1879

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    26 Jul 2022
  • Aceito
    08 Mar 2023
Fundação Getulio Vargas Fundaçãoo Getulio Vargas, Rua Jornalista Orlando Dantas, 30, CEP: 22231-010 / Rio de Janeiro-RJ Brasil, Tel.: +55 (21) 3083-2731 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rap@fgv.br