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Diante da fera: engajamento e escrita etnográfica

Nastassja Martin MARTIN, Nastassja. . 2021. Escute as feras . São Paulo: Editora 34.

“No final das contas, sou prisioneiro de uma alternativa: ora viajante antigo, confrontado com um prodigioso obstáculo do qual tudo ou quase lhe escapava - pior ainda, inspirava troça e desprezo -, ora viajante moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade desaparecida. Nessas duas situações sou perdedor, e mais do que parece: pois eu, que me lamento diante das sombras, não seria impermeável ao verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante mas para cuja observação meu grau de humanidade ainda carece da sensibilidade necessária?”

(LÉVI-STRAUSS, 2004LÉVI-STRAUSS, Claude. [1955] 2004. Tristes Trópicos. São Paulo, Companhia das Letras., p. 40).

Ocupando as primeiras páginas de Tristes Trópicos (1955), o trecho acima evoca não apenas o tema - o encontro etnográfico -, mas também a forma narrativa - peça literária com matizes de testemunho e relato de viagem - do novo livro da antropóloga francesa Nastassja Martin, Escute as feras (2021). Contudo, bem distante dos trópicos visitados por Claude Lévi-Strauss (1908-2009) entre os anosde 1935 e 1939, neste trabalho vemos a autora em seu percurso pelas paisagens gélidas das florestas e tundras do nordeste da Rússia, na região da península de Kamchatka, onde desenvolve atualmente seu trabalho de campo, após a imersão realizada em Fort Yukon(Alaska), que resultou em sua tese de doutorado publicada em 2016. Seguindo a tendência do que Vincent Debaene (2010DEBAENE, Vincent. 2010. L’adieu au voyage: l’ethnologie française entre science et littérature. Paris, Gallimard.) demonstrou ser a tradição do segundo livro entre os antropólogos franceses - que envolve a produção de uma narrativa literária paralela a um estudo acadêmico-científico sobre uma mesma experiência etnográfica - Martin nos apresenta uma reflexão a um só tempo densa e sintética sobre o encontro radical com a alteridade e os deslocamentos afetivos e epistemológicos provocados por este evento.

O fio narrativo do livro parte de um acontecimento específico: o ataque de um urso à antropóloga em 2015, durante uma de suas temporadas em campo. É a impossibilidade de uma total apreensão do significado desse evento, que difere segundo o sistema de pensamento que venha a ser adotado para lhe dar inteligibilidade - a cosmologia local do povo Evene, com o qual ela convive em campo, ou a do Ocidente, na qual a pesquisadora foi socializada - que ocupará grande parte da reflexão do livro. A cena de abertura, em que a autora destaca o contraste produzido pelo vermelho de seu sangue no branco da neve, já trata desse encontro e seus efeitos disruptivos, deixando o leitor em suspense diante dos rastros deixados pelo fatídico episódio. Depois de apresentada essa cena inicial, Martin nos leva a mergulhar nos minutos e horas seguintes ao evento, em que, deitada nas montanhas do Kamchatka, aguarda socorro enquanto é atravessada por um turbilhão de emoções e pensamentos: a probabilidade de o telefone a rádio não funcionar; o frio que aumenta; o risco de o urso voltar. O relato do primeiro capítulo segue, descrevendo as etapas seguintes do socorro que envolvem o resgate em um helicóptero da época soviética que a transporta para o hospital na cidade de Petropavlovsk, onde passará por sua primeira cirurgia maxilo-facial. É o momento em que constata a que ponto o urso lhe desfigurou o rosto, levando consigo parte do seu maxilar.

Paralelamente, o capítulo também descreve, com boa dose de humor, seus dias de internação na Rússia e o cotidiano da equipe médico-hospitalar. É igualmente a ocasião em que o leitor é apresentado a uma galeria de personagens, sobretudo três: Charles1 1 Trata-se do etnólogo Charles Stépanoff, especialista em xamanismo das populações do extremo-leste russo. , seu colega de laboratório na França, quem lhe introduziu no campo anos antes e se encarregou dos trâmites legais para seu retorno após o acidente, Daria, sua mãe Evene, que lhe abrigou em sua casa na floresta, e Andrei, amigo e interlocutor próximo. Com os dois últimos a antropóloga conta ter aprendido sobre a comunicação entre humanos e espíritos animais. Ao relatar alguns de seus sonhos, que desde o contato com o campo fora povoado por ursos, Daria já lhe havia chamado a atenção para sua própria condição de matukha, termo evene para urso. Andrei, por sua vez, em visita à amiga no hospital, conta que já sabia que algo poderia acontecer com Nastia - apelido que a autora recebeu de seus amigos - quando de sua partida para uma caminhada nas montanhas. Sendo ela própria matukha um dos resultados possíveis era de se encontrar com um urso, tendo a morte como desfecho. Afinal, retornar de um tal encontro e sobreviver era altamente improvável não só para os brancos, mas também para os Evene. Assim, Andrei confirma para Martin o significado de seu retorno daquele encontro: de agora em diante, ela seria miedka, termo local para se referir “àquela que vive entre mundos”.

A narrativa se acelera. O capítulo dois, dedicado em sua maior parte aos dias de hospitalização em Paris, trata de momentos de grande fadiga e impaciência, quando a narradora passa por outras cirurgias que se multiplicam, à medida que são detectadas falhas na implantação da placa para a reconstituição do seu rosto. Nesse momento ela relata também uma disputa entre as interpretações médicas russa e francesa ao seu caso, numa espécie de guerra fria instalada a partir de seu quadro e do tratamento iniciado em Petropavlovsk e continuado em Paris e Grenoble. No entanto, o texto dá ênfase sobretudo aos instantes em que a autora se confronta com questões existenciais na solidão de seu quarto, buscando compreender a ambiguidade que se instala em seu próprio corpo, atravessado por dois mundos. Por um lado, o mundo a que pertencem os cientistas, médicos e psicólogos responsáveis pelo seu tratamento, universo em que humanos e não-humanos, pretensamente, não se comunicam, e, por outro, aquele povoado por seus interlocutores, marcado por relações interespecíficas, onde centros de intencionalidade estão distribuídos. Segundo o arcabouço conceitual mobilizado por ela e herdado de seu orientador, este último seria regido pelo “animismo” (Descola, 2005DESCOLA, Phillipe. 2005. Par delà de la nature et la culture. Paris, Gallimard .), ou ainda, segundo uma matriz metadescritiva, pelo “perspectivismo” (Viveiros de Castro, 2004VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2004. “Perspectival Anthropology and the Method of Controlled Equivocation”. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America, vol. 2, n.1: 3-20. https://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol2/iss1/1
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).

Em poucas palavras, a experiência de Martin corporifica de forma radical um choque de ontologias resultante do encontro etnográfico. O problema, nesse caso, é que a autora demonstra não poder, ou não conseguir, habitar uma ontologia e abandonar a outra, constatando, ao mesmo tempo, a impossibilidade de viver um evento como esse e permanecer num vazio semântico: é preciso encontrar um enquadramento, uma grade de inteligibilidade, ou esquemas relacionais para compreendê-lo. Sobretudo, ao longo do livro a autora procura não desconsiderar a forma como os Evene pensam o evento traumático vivido por ela e pelo urso, pois afinal, enquanto antropóloga, é preciso levá-los a sério. Dito de outro modo, o que está em jogo é seu engajamento etnográfico, que ganha na narrativa um caráter existencial: “acontece comigo aquilo que acreditei observar nos outros que eu estudava”, relata Martin em um momento (p. 85). Tal formulação faz lembrar a reflexão já bastante conhecida de Jeanne Favret - Saada (2005)FAVRET-SAADA, Jeanne. [1990] 2005. “Ser afetado”. Cadernos de Campo, n. 13: 155-161. DOI https://www.doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v13i13p155-161
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quando em sua experiência de campo entre os camponeses católicos do Bocage francês é atingida pelas mesmas forças que, a princípio, pressupunha ter efeitos apenas sobre aqueles que estudava. A reflexão sobre “ser afetada”, tal como desenvolvida por Favret-Saada, ainda que não esteja explicitamente referida no livro de Martin, guarda com ele parentesco: trata-se de extrair todas as implicações epistemológicas e sensíveis da participação da antropóloga no trabalho de campo.

O capítulo 3, o mais longo do livro, narra o retorno da autora à floresta de Tvaian após a sua recuperação. Numa espécie de volta curativa ao local do evento traumático a autora busca entender o que esse acontecimento significaria para continuidade de suas relações com sua família Evene e consigo mesma. Ao longo do capítulo, a narradora oferece mais elementos, que até então só haviam sido mencionados muito resumidamente, quanto à história e cosmologia do grupo com quem faz pesquisa de campo. Os Evene chegaram à região 100 antes dos russos (século XVIII), e participaram de muitas guerras contra outros povos indígenas. Viveram sob tutela durante o século XIX e dedicaram-se ao pastoreio, sobretudo à criação de renas, tornando a mobilidade um aspecto central de seu modo de viver. Durante a época da União Soviética (URSS), houve uma coletivização das terras e dos animais de criação, sob o sistema de kolkhoz. Em 1989, com o fim da URSS, as terras e os animais passaram a ser explorados por empresas privadas, e os Evene, como outros indígenas, integraram o regime assalariado. Nesse momento de crise, alguns Evene, como Daria e seus irmãos, decidiram abandonar as cidades e as vilas, e retornar à floresta, para se tornarem mais autônomos.2 2 A autora desenvolve mais detalhadamente elementos da história dos Evene para o número 14 “Miedka, moitié humaine, moitié ourse” do podcast “Les histoires de 28 minutes”, de Arte Radio, disponível no site: https://www.arteradio.com/son/61663961/miedka_moitie_humaine_moitie_ourse. Acesso em 24 jan. 2021 Uma maneira também, segundo eles, de se reconectarem a outros seres e espíritos animais, que haviam desaparecido há anos, pois na cidade não se pode sonhar direito; na floresta, sim. Pela manhã, na casa de Daria, os sonhos são narrados sempre aos sussurros, para os animais não ouvirem. A antropóloga aprende, por exemplo, que se alguém almeja uma pesca abundante, convém ter sonhado com peixes durante a madrugada.3 3 Vale destacar que o movimento empreendido pelos Evene de fuga para floresta e reativação do fundo animista (segundo as categorias analíticas que Martin adota), para lidarem com a situação de crise e incerteza, é um processo análogo ao observado entre diversos povos autóctones O retorno à terra e o alargamento da comunicação com encantados é, aliás, algo que a etnologia brasileira vem encontrando há anos entre populações indígenas no país, como no caso pesquisado por Daniela Alarcon (2019) entre os Tupinambá da Serra do Padeiro, no sul da Bahia. Nesse sentido, vale lembrar que apesar da vontade de reforçar o diálogo com os espíritos, o animismo não é uma ontologia onde os seres convivem harmoniosamente, já que se encontram num mundo de riscos, sujeitos permanentemente à predação. O encontro com a alteridade, se não for muito bem controlado, pode ter resultados indesejáveis para um dos pólos da relação, e o problema é que, em geral, apenas os xamãs sabem controlar bem as metamorfoses de “corpos cronicamente instáveis”, como formula Aparecida Vilaça (2005VILAÇA, Aparecida. 2005. “Chronically unstable bodies: reflections on Amazonian corporalities”. Journal of The Royal Antropological Institute, vol.11, n.3, 445-464.). Trata-se de um mundo de observação mútua, onde todos se escutam, se lembram, fazem e recebem ofertas. É preciso cautela para conduzir-se nesse universo onde a morte ou captura podem acontecer a qualquer (mal) encontro. Os sonhos cumprem um papel importante na medida em que ajudam, justamente, a guiar as condutas dos humanos durante o dia, dando-lhes uma indicação da qualidade das relações que podem ter com outros seres. Para Daria e outros interlocutores de Martin, estava claro que seus sucessivos sonhos com o urso prefiguravam um encontro. O fato de ter retornado viva, contudo, surpreende todas as expectativas e é motivo de indagação. Diante disso Daria afirma - e sua palavra tem autoridade no grupo - que Nastia é doravante miedka - metade mulher, metade urso. Segundo ela, para fazer jus a essa posição, Nastia deveria morar definitivamente com eles, pois só na floresta ela poderia se comunicar com o urso, o que seria não só desejável como recomendável. O conselho de Daria significa, assim, que a autora precisaria se inscrever em um mundo, abandonando o outro, o que não lhe parece uma decisão simples, até porque isso implicaria largar a antropologia como projeto.

A volta da antropóloga à aldeia depois do acidente ocupa, portanto, um lugar central na trama do livro, já que é ali onde ela se confronta com esse novo lugar que passa a ocupar entre os Evene, procurando compreender que “eu” é esse que resulta da hibridação descrita por Daria. Além de ser uma questão existencial, trata-se de uma pergunta que tem repercussões sobre a prática antropológica, na medida em que é a construção da pessoa (da antropóloga) que está em jogo. O exercício narrativo de Martin é, assim, o de colocar em palavras a implosão da fronteira entre mundos que viveu. Ela não esconde a dificuldade que enfrenta, já que a linguagem parece lhe escapar a todo momento - e sabemos, como chama a atenção Viveiros de Castro (2004)VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2004. “Perspectival Anthropology and the Method of Controlled Equivocation”. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America, vol. 2, n.1: 3-20. https://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol2/iss1/1
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, que traduzir o que se pensa e se vive de um mundo para outro é tarefa dada a equivocações. Muito da força do relato está em passagens nas quais a autora reflete sobre a resistência da linguagem (a falta de termos e categorias) em expressar aquilo que viveu. Não por acaso o último e curtíssimo capítulo do livro termina com uma imagem marcante: a autora diante de sua pilha de cadernos de campo resultante dos cinco anos de pesquisa na região de Kamtchatka. Após o reencontro com seus interlocutores, está finalmente pronta para transformar a experiência em texto: “haverá uma única e mesma história, polifônica, aquela que tecemos juntos, eles e eu, sobretudo aquela que nos atravessa e nos constitui. Volto a me sentar na mesa. Coloco meus cadernos de campo ao meu lado, à mão. Está na hora. Começo a escrever” (p. 106).

O que o livro apresenta, portanto, é o dilema ético da autora, a um só tempo concreto e fulcral, que produz efeitos sobre sua vida psíquica e afetiva, sobre seu trabalho e sobre a relação com seus interlocutores. Daí o interesse que a leitura do relato enseja especialmente entre antropólogos, mas não só. O livro, assim como o clássico de Lévi-Strauss com a qual começamos essa resenha, estimulou debates entre um público muito mais amplo na França quando foi lançado, tendo obtido ampla repercussão, com boas críticas na imprensa, muitos exemplares vendidos, e dois prêmios (François Sommier e Joseph Kessel). Entre tantas razões possíveis, há certamente a qualidade literária do texto - capacidade de produzir por meio da escrita imagens das inquietações, transformações e incertezas que experimenta, combinando narração do fluxo de consciência, rememoração do evento, descrição da vida antes e após o acontecido -, mas também o tratamento de um tema com apelo universal, qual seja, o poder dos eventos que flexionam trajetórias de vida. Como afirma a autora em determinado momento, todos nós acreditamos viver no tempo da eternidade, diria também Santo Agostinho, até que ocorra um evento que não podemos prever ou controlar e que marca uma dobra em nossas biografias. Lançamo-nos então na tarefa de dar-lhe uma forma, uma armação simbólica, pois seu vazio semântico é perturbador. Para tal, agenciamos causas, atribuímos responsabilidades, criamos roteiros de ação para seguir vivendo. Tal como no trecho de Tristes Trópicos, Martin se pergunta, em última instância, sobre o grau de permeabilidade, para usar o termo de Lévi-Strauss, a que estamos sujeitos diante de um mundo com a qual não compartilhamos os pressupostos sensíveis. Ao desafio ético que lhe foi dado, a autora optou por se manter na liminaridade, não cedendo facilmente a nenhum esquema de inteligibilidade disponível, mantendo a dúvida e apostando em suas idas e vindas entre os dois mundos. A escrita deste livro parece ser assim tanto um instrumento de cura, no sentido psicanalítico, quanto uma aposta na teoria etnográfica (Goldman, 2003GOLDMAN, Márcio. 2003. “Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos: etnografia, antropologia e política em Ilhéus, Bahia”. Revista de Antropologia, vol. 46, n. 2: 445-476. DOI https://www.doi.org/10.1590/S0034-77012003000200012
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). Sintoma disso é a decisão de Martin, relatada no livro, em não mais dividir seus diários entre diário íntimo e diário de campo. De agora em diante, afirma ela, escreveria em um só caderno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ALARCON, Daniela. 2019. O retorno da terra. São Paulo, Elefante.
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  • MARTIN, Natassja. 2016. Les âmes sauvages. Paris, La Découverte.
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    Trata-se do etnólogo Charles Stépanoff, especialista em xamanismo das populações do extremo-leste russo.
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    A autora desenvolve mais detalhadamente elementos da história dos Evene para o número 14 “Miedka, moitié humaine, moitié ourse” do podcast “Les histoires de 28 minutes”, de Arte Radio, disponível no site: https://www.arteradio.com/son/61663961/miedka_moitie_humaine_moitie_ourse. Acesso em 24 jan. 2021
  • 3
    Vale destacar que o movimento empreendido pelos Evene de fuga para floresta e reativação do fundo animista (segundo as categorias analíticas que Martin adota), para lidarem com a situação de crise e incerteza, é um processo análogo ao observado entre diversos povos autóctones O retorno à terra e o alargamento da comunicação com encantados é, aliás, algo que a etnologia brasileira vem encontrando há anos entre populações indígenas no país, como no caso pesquisado por Daniela Alarcon (2019)ALARCON, Daniela. 2019. O retorno da terra. São Paulo, Elefante. entre os Tupinambá da Serra do Padeiro, no sul da Bahia.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Out 2022
  • Data do Fascículo
    2022
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