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EDITORIAL

Encerrando o ano de 2016 a Revista de História apresenta aos leitores o volume 175. Este número contém o dossiê intitulado “Grupos intermédios nos domínios portugueses, séculos. XVI-XVIII”, organizado pelos professores Tiago C. P. dos Reis Miranda (Universidade de Évora) e Bruno Feitler (Unifesp). O objetivo central deste conjunto é discutir a constituição e a importância de setores da sociedade interpostos entre as camadas mais ricas e as mais pobres que viviam nos territórios do Império português entre os séculos XVI e XVIII. Essas camadas sociais intermediárias se expandiram gradativamente, sobretudo nos núcleos urbanos, alcançando maior penetração e importância social e política. Distante dos debates historiográficos nos últimos anos, o tema ganha novo relevo com as discussões presentes nos cinco artigos que compõem o dossiê, escritos por autores portugueses, brasileiros e espanhóis.

Além do dossiê, este número oferece mais oito artigos com temas diversos. Dois deles nos remetem mais uma vez à história dos domínios portugueses. O primeiro discute as disputas e lutas ocorridas no século XVII no Reino do Ndongo, na África, cruzando histórias ocorridas em Angola, Portugal e Brasil. O segundo analisa uma série de textos ibéricos católicos dos séculos XIV e XV, elaborada para combater os crimes considerados frutos do pecado da ira e que redundavam em violência de todo o tipo, até a morte. Os dois textos subsequentes abordam questões relativas à região norte do Brasil nos séculos XVIII e XIX, envolvendo o universo dos indígenas. Um discute a legislação que regrava as licenças para o recrutamento do trabalho indígena na região amazônica. O seguinte procura uma nova abordagem sobre a revolta da Cabanagem, procurando associar à dinâmica política do parlamento, questões da “guerra de raças” e as tensões envolvendo a regulamentação do trabalho dos indígenas. O artigo que segue permanece no século XIX e aborda o curioso relato de viagem do marinheiro britânico James Holman, que esteve em Rússia, Europa Central, China e no Brasil. O inusitado é que Holman era cego, condição que leva à discussão sobre a condição do “olhar” e da fiabilidade e limites de seu relato. Os dois textos seguintes têm caráter teórico e historiográfico. Um deles rediscute a obra a clássica oitocentista de Robert Southey, History of Brazil, e procura mostrar a importância e influência de History of America (1777) de William Robertson no livro de Southey. Já o outro debate as mudanças na percepção de tempo e história na Europa na passagem do século XX-XXI, tendo como referência autores como Claude Lévi-Strauss, François Hartog e Reinhart Koselleck. O artigo que encerra este volume trata das relações dos trabalhadores cariocas com a imprensa na passagem do século XIX para o XX e discute a importância delas para a afirmação pública das identidades operárias.

Desejamos a todos uma boa leitura.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Dec 2016
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