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Sobre o encontro de Biomphalaria glabrata (Say, 1818) em dois municípios do Estado de São Paulo, Brasil

The finding of Biomphalaria glabrata (Say, 1818) in two counties of S.Paulo State, Brazil

Resumos

Relata-se o encontro de Biomphalaria glabrata (Say, 1818) em dois municípios do Estado de São Paulo (Brasil): Capital do Estado (São Paulo e Ribeirão Preto). No primeiro foram capturados exemplares melânicos na Represa Billings; no segundo, indivíduos albinos que colonizavam um aquário de peixes ornamentais.

Biomphalaria glabrata; São Paulo, Brasil; Esquistossomose


This study reports the finding of Biomphalaria glabrata (Say, 1818) in two counties of the State of S. Paulo (Brazil): in the capital (S.Paulo) itself and in Ribeirão Preto. In the former melanic snails were collected from the Billings reservoir, in the latter collection was made of albinic specimens which had established a colony in an aquarium.

Biomphalaria glabrata; S. Paulo State, Brazil; Schistosomiasis


NOTAS E INFORMAÇÕES

Sobre o encontro de Biomphalaria glabrata (Say, 1818) em dois municípios do Estado de São Paulo, Brasil

The finding of Biomphalaria glabrata (Say, 1818) in two counties of S.Paulo State, Brazil

Horácio Manuel Santana Teles

Da Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN) da Secretaria de Estado da Saúde - Rua Tamandaré, 649 -01525 - São Paulo, SP - Brasil

RESUMO

Relata-se o encontro de Biomphalaria glabrata (Say, 1818) em dois municípios do Estado de São Paulo (Brasil): Capital do Estado (São Paulo e Ribeirão Preto). No primeiro foram capturados exemplares melânicos na Represa Billings; no segundo, indivíduos albinos que colonizavam um aquário de peixes ornamentais.

Unitermos:Biomphalaria glabrata. São Paulo, Brasil. Esquistossomose, prevenção e controle.

ABSTRACT

This study reports the finding of Biomphalaria glabrata (Say, 1818) in two counties of the State of S. Paulo (Brazil): in the capital (S.Paulo) itself and in Ribeirão Preto. In the former melanic snails were collected from the Billings reservoir, in the latter collection was made of albinic specimens which had established a colony in an aquarium.

Uniterms:Biomphalaria glabrata. S. Paulo State, Brazil. Schistosomiasis, prevention and control.

INTRODUÇÃO

A maioria dos criadouros de Biomphalaria glabrata (Say, 1818) concentra-se em municípios dos limites oeste-sudoeste do Estado de São Paulo (Piza e col.6), entretanto outros criadouros, fora desta região, já foram descritos1,4,5. É concenso entre os autores que à presença de B.glabrata associe-se, quase sempre, considerável prevalência da esquistossomose, portanto, os relatos sobre novos criadouros desta bionfalária revestem-se de importância epidemiológica. Com apoio nessa premissa, relata-se o encontro deste hospedeiro intermediário em duas localidades: nos municípios de São Paulo e de Ribeirão Preto.

No município de São Paulo foram colhidos 2.342 caramujos melânicos, na localidade de Grajau, Represa Billings. Identificaram-se como B. glabrata 112 indivíduos que viviam em simpatia com Biomphalaria tenagophila (d'Orbigny, 1835). O manancial passa a albergar duas espécies transmissoras de Schistosoma mansoni Sambon, 1809 e em, conseqüência, são aumentados os riscos epidemiológicos oferecidos pela elevada contaminação ambiental (CETESB2).

Em Ribeirão Preto, B. glabrata habitava um aquário de peixes com plantas ornamentais. A determinação específica ocorreu com a dissecção de três exemplares adultos albinos, parte de uma grande população planorbídica, bem adaptada às condições do aquário. Merecem destaque os seguintes pontos: 1°) a alimentação de peixes e planorbídeos era "bonzo fígado"; 2°) estas bionfalárias albinas foram comercializadas para decoração de aquários por loja especializada em piscicultura; e 3°) o albinismo é caráter gênico correlacionado com a melhoria da suscetibilidade ao Schistosoma7.

Considerando que a dispersão de planorbídeos envolve mecanismos hidrocóricos passivos, como foi demonstrado por Corrêa e col.3 para Biomphalaria straminea (Dunker, 1848), torna-se necessário empreender certas atividades de vigilância malacológica nas coleções hídricas dos municípios citados, bem como, em seus limítrofes. Com coletas periódicas, poderá se detectar com antecedência a colonização de novas áreas por B. glabrata. Dentre os caramujos examinados, nenhum eliminava cercanas de S. mansoni.

Recebido para publicação em 13/12/1985

Aprovado para publicação em 21/03/1986

  • 1. ARTIGAS, P. de T. & CAMARGO, L.S.V. Presença de Australorbis glabratus, no Vale do Rio Pinheiros, no Campus da Cidade Universitária. Rev. Fac. Farm. Bioquím., S.Paulo, 3: 339-41, 1965.
  • 2
    CETESB. Qualidade das águas interiores do Estado de São Paulo. São Paulo, 1983.
  • 3. CORRÊA, L. de L.; CORRÊA, O.A.; VAZ, J.F.; SILVA, M.P.G. da: SILVA, R.M. da & YAMANAKA, M.T. Importância das plantas ornamentais dos aquários como veículo de propagação de vetores do Schistosoma mansoni. Rev.Inst.Adolfo Lutz, 40: 86-96, 1980.
  • 4. DIAS, V.S. & GENARO, O. O encontro de Biomphalaria glabrata (Say, 1818) em criadouro situado no Campus da UNICAMP. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Parasitologia, 4.°, Campinas, SP, 1979.
  • 5. GUARITA, O.F.; ALVES, U.P.; VAZ, J.F.; OLIVEIRA, V.L. de & ISHIHATA, G.K. Sobre a ocorrência de Biomphalaria glabrata (Say, 1818) (Planorbidae - Pulmonata - Gastropoda) no município de São Paulo. In: Congresso Brasileiro de Parasitologia, 6.°, Belo Horizonte, 1981. Resumos. Belo Horizonte, Imprensa Universitária, 1981. p. 209.
  • 6. PIZA, J. de T.; RAMOS, A. da S.; MORAES; L.V.C. de; CORRÊA, R. de R.; TAKAKU, L. & PINTO, A.C. de M. Carta planorbídica do Estado de São Paulo. São Paulo, Secretaria de Estado da Saúde, s. d.
  • 7. RICHARDS, C.S. Influence of snail age and genetic variations in susceptibility of Biomphalaria glabrata for infecton with Schistosoma mansoni. Malacologia, 25: 493-502, 1984.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Jun 2005
  • Data do Fascículo
    Jun 1986

Histórico

  • Recebido
    13 Dez 1985
  • Aceito
    21 Mar 1986
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