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Biblioteca virtual em saúde pública

Virtual public health library

Editorial

Editorial

Biblioteca virtual em saúde pública

Virtual public health library

O Centro Latino-americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, mais conhecido como Bireme, instituição componente da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), vem desenvolvendo um programa revolucionário no campo da informação expresso na Biblioteca Virtual de Saúde ¾ BVS. Fazendo-se valer de sua capacidade técnica interna, fruto do competente trabalho dos seus profissionais, e respondendo à sua vocação para promover e aprimorar a disseminação do conhecimento técnico-científico, o que a consagra como um importante centro de difusão e disseminação de informação técnico-científica, a Bireme chamou a si a responsabilidade de coordenar um conjunto de projetos inovadores no âmbito da BVS. Dentre eles destaca-se o Projeto SciELO (Scientific Electronic Library Online), que conta, também, com apoio técnico e financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo ¾ Fapesp.

Dentro do programa SciELO, já disponível em rede, cabe destacar o recente lançamento da Biblioteca SciELO-Saúde Pública, uma biblioteca virtual eletrônica contendo um conjunto selecionado de revistas científicas da Região das Américas (contemplando, também, aquelas da Península Ibérica) no campo da Saúde Pública. Uma primeira seleção de periódicos permitiu a inclusão de duas revistas brasileiras do campo que atenderam aos critérios de qualidade propostos pelos coordenadores do Projeto: Revista de Saúde Pública e Cadernos de Saúde Pública.

Essa é uma notícia alvissareira que abre novas e promissoras perspectivas para a disseminação da informação técnico-científica da nossa região e para o estudo das formas pelas quais as diferentes disciplinas constróem e inovam a sua produção de conhecimentos. As tradicionais e indispensáveis bibliotecas terão a oportunidade de aprimorar o seu acesso às coleções de revistas, tornando mais eficaz e menos custoso o processo de intermediação entre produtores e usuários de informação. Abrem-se as perspectivas para garantir o acesso, em tempo real, dos pesquisadores e profissionais (em especial da área de saúde) de qualquer parte do mundo (assegurada, obviamente, a existência dos equipamentos necessários para tanto) aos periódicos e publicações técnico-científicas com seus textos completos, significando um passo importante para o processo de democratização da informação científica tanto reclamado e almejado por toda a comunidade científica. De outro lado, implica o estabelecimento de banco de dados regional que permitirá a aplicação das técnicas de cienciometria, com a quantificação da produção científica e das taxas de citação de artigos publicados2 e, dessa forma, reconhecer o que se vem produzindo na área e quais autores e revistas e publicações têm servido de referência para nossos pesquisadores, aferindo o grau de circulação, usos e impacto das revistas nos diferentes níveis regional, temático e institucional.

Sem entrar no mérito da indispensável discussão, há muito tempo estabelecida, a respeito dessa quantificação3,5 e de sua aplicações, a construção dessa biblioteca virtual deve proporcionar um ambiente onde os produtores, intermediários e usuários de informações técnicas e científicas possam estar interagindo e daí gerar esquemas próprios de avaliação que contemplem adequadamente a produção do campo da Saúde Pública na Região, como bem apontou, em publicação recente, um dos editores dos Cadernos de Saúde Pública.1 Trata-se de um espaço que garante a prática democrática, tomando em consideração que "a democracia se sustenta por meio de um vigoroso intercâmbio de idéias e opiniões, e para que esse intercâmbio ocorra é necessário recuperar e desenvolver espaços públicos onde os cidadãos se encontrem como iguais. As novas tecnologias de comunicação abrem novas oportunidades para a criação desses espaços",4 e esse, com certeza, é o caso da BVS e do SciELO-Saúde Pública.

Devemos registrar os cumprimentos à direção da OPAS que, sensível à importância de sua atuação no campo da administração do conhecimento, não vem poupando o emprego de esforços no sentido de garantir à Bireme os meios necessários para a constituição desse ambiente e plataforma, e à BVS, que permitirá "uma ampla gama de circulação de informações e conhecimento de todo tipo. Isso deve ajudar a romper com o tradicional processo de definição de agendas e políticas em círculos de decisão reduzidos, contribuindo em última instância para uma efetiva democratização do conhecimento e da informação" (tradução livre).4

Moisés Goldbaum

Editor Associado

  • 1. Coimbra CEA Jr. Produção científica em saúde pública e as bases bibliográficas internacionais. Cad Saúde Pública 1999;15:883-8.
  • 2. Garfield E. Análisis cuantitativo de la literatura científica y sus repercusiones en la formulación de políticas científicas en América Latina y del Caribe. Bol Oficina Sanit Panam 1995;118:448-56.
  • 3. Garfield E. Respuesta. Bol Oficina Sanit Panam 1996;120:146-7.
  • 4. Pellegrini Filho A. La BVS y la democratización del conocimiento y de la información en salud [online]. 2000 Jan 26. Disponível em URL: http://www.bireme.br/bvs/reunião/doc/pellegrini.htm
  • 5. Spinak E. Los análisis cuantitativo de la literatura científica y su validez para juzgar la producción latinoamericana. Bol Oficina Sanit Panam 1996;120:139-46.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Ago 2001
  • Data do Fascículo
    Fev 2000
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