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Convivendo com a Aids

EDITORIAL

Convivendo com a Aids

Luiz Jacintho da Silva

Editor do Suplemento

Passados 25 anos desde que os primeiros casos de Aids foram identificados no Brasil e na ausência de medidas de saúde pública eficazes para o controle da sua transmissão, a saúde pública brasileira, na verdade, virtualmente a sociedade brasileira como um todo, desenvolveu estratégias para minimizar o impacto da pandemia no País.

Conviver com a Aids implica a percepção de que não existe, pelo menos no momento, possibilidade em curto ou médio prazo, de alcançar um controle efetivo, a exemplo do que se conseguiu com a varíola, o sarampo e a poliomielite. Significa o reconhecimento de que o processo de controle da doença é lento, implicando a formação de profissionais habilitados para que a mudança de comportamento da sociedade se faça de maneira segura e racional, sem estereótipos ou preconceitos. Garantir isso implica o acúmulo de dados e informações sobre todos os aspectos, aparentes ou não, das atitudes em relação à doença por parte dos diferentes segmentos da sociedade.

Para formar esse "banco de dados" a estratégia mais adequada e segura, porém, difícil e demorada, é a formação contínua de profissionais altamente capacitados nos diversos aspectos do controle e tratamento da aids, capazes também de gerar conhecimento sobre os determinantes da disseminação da doença.

A experiência mundial mostrou que os determinantes da disseminação da Aids são peculiares a cada sociedade ou segmento social. Não existem determinantes universais, ainda que possam ser reduzidos ao extremo (um perigo!) do binômio sexo-drogas.

Quatro anos atrás, a Revista de Saúde Pública publicou um suplemento semelhante a este, com a produção de alunos e professores de um processo de treinamento em pesquisa qualitativa em Aids. À época, o editorial da Revista levou o título de "Responsabilidade Social"; essa continua, mas o presente suplemento simboliza a participação da RSP no esforço nacional de conviver não pacificamente com a Aids, formando profissionais e mudando comportamentos.

Na estratégia de saúde pública desenhada ao longo desse quarto de século, a mudança de comportamento da sociedade em relação a si mesma é parte essencial. Não basta alardear a necessidade de uma mudança de comportamentos quando nem mesmo os conhecemos. Aí a grande contribuição da pesquisa qualitativa em saúde pública, particularmente em Aids.

A experiência da Revista de Saúde Pública em publicar estudos qualitativos foi e é extremamente gratificante e exitosa, a exemplo da experiência de outras revistas biomédicas, nacionais e estrangeiras.

A edição e publicação deste suplemento é parte dessa experiência, não somente pelos artigos, mas também por ser o final de um longo processo de ensino, pesquisa e reflexão.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Dez 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2007
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