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Doenças crônicas não transmissíveis e inquéritos populacionais

O método epidemiológico, cuja importância é cada vez mais ressaltada na área da saúde em geral e, em especial, da Saúde Pública, é um campo de estudo relevante. Subsidia, entre outros aspectos, a definição de políticas públicas em saúde. Entre os seus diversos desenhos de estudo, os estudos transversais (ou de prevalência) constituem instrumentos robustos para a descrição de condições de vida, bem como de situações de saúde de populações e grupos específicos.

Desses estudos, destacam-se os inquéritos de saúde de base domiciliar voltados para grupos populacionais ou morbidades, com modalidades diversas e de utilização disseminada em vários países. No Brasil, assinala-se a institucionalização de inquéritos de base nacional ou regional, cuja regularidade tem oferecido informações importantes para conhecer a situação de saúde da nossa população e, assim, prover de elementos substanciais para acompanhar as tendências evolutivas, bem como subsidiar os gestores na sua tarefa de tomada de decisão.

Os levantamentos conduzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), são exemplos destacados de bancos de informações que permitem descrever de modo consistente o quadro vivenciado por nossa população. Ao seu lado, registrem-se os levantamentos anuais realizados via rede telefônica (Vigitel) conduzida pela parceria entre o Ministério da Saúde e a Universidade de São Paulo.

Mais recentemente, em convênio com o Ministério da Saúde e o IBGE, que já havia experimentado a realização conjunta da PeNSE, executou-se a inédita e primeira Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), com a finalidade precípua de obter a percepção dos estados de saúde, estilos de vida e doenças crônicas no Brasil, nas macrorregiões e nas unidades da federação. Os dados oferecidos a todos, em portal do IBGE, vêm estimulando e desafiando nossos pesquisadores a promoverem análises visando à divulgação e disseminação de informação sobre os objetos da pesquisa. A Revista de Saúde Pública (RSP) abre, com este suplemento, a oportunidade para a ampla divulgação de artigos, cujos objetos de análise compreendem os dados registrados no banco da PNS.

A consulta a este suplemento permitirá aos leitores tomar conhecimento de diferentes aspectos relacionados à saúde da população brasileira: as doenças crônicas, com ênfase em hipertensão arterial e diabetes, e sua implicação no uso de serviços de saúde; os idosos, estudados na perspectiva do uso de serviços de saúde e do impacto representado pelo cuidado informal; o câncer, abordado mediante a análise do câncer de mama; as desigualdades na esperança de vida dos brasileiros; a análise de hábitos alimentares em crianças; estudo sobre depressão e também doenças musculoesqueléticas. Este oportuno suplemento abriu espaço, igualmente importante, para a divulgação de aspectos de aprimoramento do Vigitel.

Essas situações indicam a variedade de possibilidades de análise e produção de conhecimentos sobre saúde populacional que a PNS oferece. A RSP, ao apresentar este suplemento, manifesta sua satisfação de cumprir seus objetivos de divulgação e difusão do conhecimento científico. Tem a expectativa de que este material oriente leitores e gestores na condução de suas responsabilidades sociais e sanitárias e estimule a comunidade de pesquisadores e gestores a se debruçar sobre o banco de dados da PNS e explorá-lo exaustivamente. Com isso, espera-se favorecer a produção de outras tantas análises comprometidas em cobrir lacunas do conhecimento e fornecer material para redução das imensas desigualdades e iniquidades vivenciadas pela sociedade brasileira.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017
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