Acessibilidade / Reportar erro

Eficácia terapêutica da oxamniquine oral no tratamento da salmonelose septicêmica prolongada

Therapeutic efficacy of oral oxamniquine in the treatment of prolonged septicemic salmonellosis

Resumos

Trinta e cinco pacientes com salmonelose septicêmica prolongada (SSP) foram selecionados para o estudo. Vinte (Grupo 1), foram tratados com a oxamniquine oral (15-20mg/kg de peso, dose única) e 15 (Grupo 2) com o cloranfenicol (50mg/kg de peso/15-20 dias). Realizaram-se exames clínico, laboratorial e radiológico antes e após o tratamento. Oito pacientes do Grupo 1 (40%) exibiram uma ou mais queixas após o tratamento. Exceção feita a um paciente que apresentou crise convulsiva, uma hora após a ingestão do medicamento, os demais efeitos colaterais foram de pouca importância. Não se observou efeito tóxico da oxamniquine à luz dos exames complementares realizados após o tratamento. Os pacientes do Grupo 2, não apresentaram qualquer manifestação que pudesse ser imputada ao cloranfenicol. No Grupo 1, 90% dos pacientes foram considerados curados e no Grupo 2, 93% também o foram. Os Autores concluem pela boa eficácia e baixa toxicidade da oxamniquine no tratamento da SSP.


Thirty-five patients with Prolonged Septicemic Salmonellosis were selected for this trial. Twenty patients (Group 1) were treated with a single oral dose of oxamniquine (15-20mg/kg body weight) and 15 (Group 2) were treated with cloramphenicol (50mg/kg body weight, for 15-20 days). Clinical, laboratory and radiological examinations were performed before and after treatment. Eight Group 1 patients (40%) presented one or more complaints after treatment. With the exception of one patient With seizures, one hour after taking oxamniquine, the others symptoms were unimportant. No toxic effects of oxamniquine were observed on laboratorial tests done after treatment. Group 2 patients did not present complaints related to cloramphenicol. In Group 1, 90% of the patients were cured, and in Group 2, 93% also were considered as cured. The Authors conclude that oral oxamniquine in the prescribed dosage has low toxicity and good therapeutic efficacy in patients with Prolonged Septicemic Salmonellosis.


ENSAIOS TERAPÊUTICOS

Eficácia terapêutica da oxamniquine oral no tratamento da salmonelose septicêmica prolongada(1 (1 ) Este trabalho íoi parcialmente financiado pela Pró-Reitoria de Pesquisa da UFMG. Endereço para correspondência: Departamento de Clínica Médica, Avenida Alfredo Balena, 190 — 30.000 Belo Horizonte — MG, Brasil )

Therapeutic efficacy of oral oxamniquine in the treatment of prolonged septicemic salmonellosis

José Roberto LambertucciI; Roberto Pedercini MarinhoI; Maria das Dores FerreiraII; Jayme NevesI; Ênio Roberto Pietra PedrosoI

INúcleo de Estudos sobre a Esquistossomose (Contribuição n.° 28). Faculdade de Medicina da UFMG

IIInstituto de Ciências Biológicas (UFMG) — Prof. Adjunto do Departamento de Microbiologia

RESUMO

Trinta e cinco pacientes com salmonelose septicêmica prolongada (SSP) foram selecionados para o estudo. Vinte (Grupo 1), foram tratados com a oxamniquine oral (15-20mg/kg de peso, dose única) e 15 (Grupo 2) com o cloranfenicol (50mg/kg de peso/15-20 dias). Realizaram-se exames clínico, laboratorial e radiológico antes e após o tratamento. Oito pacientes do Grupo 1 (40%) exibiram uma ou mais queixas após o tratamento. Exceção feita a um paciente que apresentou crise convulsiva, uma hora após a ingestão do medicamento, os demais efeitos colaterais foram de pouca importância. Não se observou efeito tóxico da oxamniquine à luz dos exames complementares realizados após o tratamento. Os pacientes do Grupo 2, não apresentaram qualquer manifestação que pudesse ser imputada ao cloranfenicol. No Grupo 1, 90% dos pacientes foram considerados curados e no Grupo 2, 93% também o foram. Os Autores concluem pela boa eficácia e baixa toxicidade da oxamniquine no tratamento da SSP.

SUMMARY

Thirty-five patients with Prolonged Septicemic Salmonellosis were selected for this trial. Twenty patients (Group 1) were treated with a single oral dose of oxamniquine (15-20mg/kg body weight) and 15 (Group 2) were treated with cloramphenicol (50mg/kg body weight, for 15-20 days). Clinical, laboratory and radiological examinations were performed before and after treatment. Eight Group 1 patients (40%) presented one or more complaints after treatment. With the exception of one patient With seizures, one hour after taking oxamniquine, the others symptoms were unimportant. No toxic effects of oxamniquine were observed on laboratorial tests done after treatment. Group 2 patients did not present complaints related to cloramphenicol. In Group 1, 90% of the patients were cured, and in Group 2, 93% also were considered as cured. The Authors conclude that oral oxamniquine in the prescribed dosage has low toxicity and good therapeutic efficacy in patients with Prolonged Septicemic Salmonellosis.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Prof. Ernesto Hofer, do Instituto Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro), pela realização da tipagem sorológica das salmonelas.

Recebido para publicação em 23/4/1984.

  • 1. AMATO NETO, V.; BASILE, M. A.; CARVALHO, S. A.; ALMEIDA, J. W. R.; SHIROMA, M. & HUTZLER, R. V. Tratamento da salmonelose de curso prolongado por meio da oxamniquine. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 21: 137-140, 1979.
  • 2. BIER, O. Soro-diagnóstico pela aglutinação. In: BIER, O. (ed.). Bacteriologia e Imunologia. (15.° ed.). São Paulo, Melhoramentos, 1970, 888-892.
  • 3. COUTINHO, A. & DOMINGUES, A. L. C. Avaliação do tratamento das formas graves da esquistossomose mansônica pela oxamniquine. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 22: 157-167, 1980.
  • 4. CUNHA, A. S. & CARVALHO, D. G. Estudo do método do oograma quantitativo na esquistossomose mansoni. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 8: 113-121, 1966.
  • 5. EDWARDS, P. R. & EWING, W. H. The genus Salmonella. In: EDWARDS, P. R. & EWING, W. H. (eds.). Identification of Enterobacteriaceae. (3d ed.). Mineapolis, Burguess Publishing Company, 1972, 146-207.
  • 6. PARID, Z.; BASSILY, S.; KENT, D. C; SANBORN, W. R.; HASSAN, A.; ABDEZ-WHAB, N. P. & LEHMAN Jr., J. S. Chronic urinary salmonella carriers with intermitent bacteremia. J. Trop. Med. Hyg. 73: 153-156, 1970.
  • 7. HALAWANI, A.; ABDALLAH, A. V. & BADRAN, A. The relation between schistosomiasis and the urinary carrier state. Am. J. Trop. Med. Hyg. 9: 371-373, 1960.
  • 8. HOFFMAN, V. A.; PONS, J. S. & JANER, J. L. Sedimentation concentration method in schistosomiasis mansoni. P.R.J. Public Health Trop. Med. 9: 283-291, 1934.
  • 9. KATZ, N.; ROCHA, R. S.; LAMBERTUCCI, J. R.; GRECO, D. B.; PEDROSO, E. R. P.; ROCHA, M. O. C. & FLAN, S. Clinical trial with oxamniquine and praziquantel in the acute and chronic phases of schistosomiasis mansoni. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 25: 173-177, 1983.
  • 10. LAMBERTUCCI, J. R.; GRECO, D. B.; PEDROSO, E. R. P.; ROCHA, M. O. C; SALAZAR, H. M. & LIMA, D. P. A double blind trial with oxamniquine in chronic schistosomiasis mansoni. Trans. Roy. Soc. Trop. Med. Hyg. 76: 751-755, 1982.
  • 11. LAMBERTUCCI, J. R.; PEDROSO, E. R. P.; SOUZA, D. W. C; LIMA, D. P.; NEVES, J.; SALAZAR, H. M.; MARINHO, R. P.; ROCHA, M. O. C.; COELHO, P. M. Z.; COSTA. M. F. F. L. & GRECO, D. B. Therapeutic efficacy of oral oxamniquine in the toxemic form of schistosomiasis mansoni: treatment of eleven individuals from two families, and experimental study. Am. J. Trop. Med. Hyg. 29: 50-53, 1980.
  • 12. MACEDO, V.; BINA, J. C. & PRATA, A. Tratamento da salmonelose de curso prolongado com o hycanthone. Gaz. Med. Bahia 70: 194-199, 1970.
  • 13. MARINHO, R. P. & NEVES, J. Salmonelose septicêmica prolongada. Tratamento da esquistossomose mansoni intercorrente com o hycanthone. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 16: 70-76, 1974.
  • 14. MARINHO, R. P.; BALEEIRO, P. G.; NAVES, E. A. & NEVES, J. Estudo da propriedade anti-bacteriana, in vitro de um derivado do nitrotiazol. Rev. Assoc. Med. Minas Gerais 18: 274-275, 1967.
  • 15. MARINHO, R. P.; GODOY, P.; RASO, P. & NEVES, J. Hepatopatia pós-tratamento da esquistossomose mansoni pelo hycanthone. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 16: 354-3S1, 1974.
  • 16. NEVA, F. Urinary enteric carriers in Egypt. Incidence in 76 cases and observations on the urinary carrier state. Am. J. Trop. Med. Hyg. 29: 909-919, 1949.
  • 17. NEVES, J. Salmonelose Septicêmica Prolongada. J. Bras. Med. 15: 247-254, 1968.
  • 18. NEVES, J. & LAMBERTUCCI, J. R. Salmonelose Septicêmica Prolongada. In: NEVES, J. (ed.). Diagnóstico e tratamento das doenças infectuosas e parasi- tárias. (2.ş ed.). Rio de Janeiro, Guanabara Koogan S.A., 1983, 580-591.
  • 19. NEVES, J. & MARTINS, N. R. L. L. Salmonelose Septicêmica Prolongada. Subsídio a sua patogenia. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 7: 235-240, 1965.
  • 20. NEVES, J. & MARTINS, N. R. L. L. Long duration of septicemic salmonellosis. 35 cases with 12 implicated species of Salmonella. Trans. Roy. Soc. Trop. Med. Hyg. 61: 541-552, 1967.
  • 21. NEVES, J.; MARINHO, R. P.; MARTINS, N. R. L. L.; ARAÚJO, P. K. & LUCCIOLA, J. Prolonged septicemic salmonellosis: treatment of intercurrent schistosomiasis with niridazole. Trans. Roy. Soc. Trop. Med. Hyg. 63: 79-84, 1969.
  • 22. OTTENS, H. & DICKERSON, G. Bacterial invasion of schistosomes. Nature 223: 506-507, 1969.
  • 23. OTTENS. H. & DICKERSON, G. Studies on the effects of bacteria on experimental schistosome infec- tions in animais. Trans. Roy. Soc. Trop. Med. Hyg. 66: 85-107, 1972.
  • 24. TAI, T. Y.; CHAO-YUEH, H.; HSIAO-CHIH, C. H. & YU-K'UN, L. Typhoid and paratyphoid fevers occurring in cases of schistosomiasis. Chin. Med. J. 76: 426-435, 1958.
  • 25. TEIXEIRA, R. Casos de febre tifóide de forma prolongada (Nota prévia). Bol. Dep. Saúde Est. Bahia 2: 5-8, 1958.
  • 26. TEIXEIRA, R. Estudo Clínico de casos de Febre Tifóide Prolongada. [Tese]. Salvador, Faculdade de Medicina da UFBA, 1959, 154 pp.
  • 27. TEIXEIRA, R.; BINA, J. C; OLIVEIRA, R. & BARRETO, S. H. Septicemia prolongada por bactéria Gram-negativa do gênero "Escherichia" em paciente com esquistossomose mansônica. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 6: 411, 1972.
  • (1
    ) Este trabalho íoi parcialmente financiado pela Pró-Reitoria de Pesquisa da UFMG. Endereço para correspondência: Departamento de Clínica Médica, Avenida Alfredo Balena, 190 — 30.000 Belo Horizonte — MG, Brasil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Out 2012
    • Data do Fascículo
      Fev 1985

    Histórico

    • Recebido
      23 Abr 1984
    Instituto de Medicina Tropical de São Paulo Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 470, 05403-000 - São Paulo - SP - Brazil, Tel. +55 11 3061-7005 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revimtsp@usp.br