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Avaliação terapêutica do oltipraz na infecção humana pelo S. mansoni

Therapeutical investigation of oltipraz in human infection due to S. mansoni

Resumos

Foram tratados com oltipraz, dose oral única de 30 mg/kg de peso, 72 indivíduos com esquistossomose mansoni, matriculados na Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. As idades dos pacientes variaram de 7 a 58 anos, sendo que 8 (11,1%) eram menores de 15 anos. Os principais efeitos colaterais consistiram em tonturas 22,2%, sonolência 22,2%, náuseas 22,2%, cefaléia, 9,7%, astenia 9,7%, parestesia 8,3%, vômitos 8,3!%, cólicas 7,0?/o, diarréia 4,2%, escotomas 2,8%, sialosquese 2,8%, nódulos dolorosos em extremidades 2,8% e outras manifestações clínicas em menor freqüência. A toxicidade do medicamento foi avaliada mediante a realização pré e pós-tratamento, de exames hematimétricos, de função renal (uréia e creatinina), hepática (enzimas de liberação hepato-canalicular e. bilirrubinas), cardíaca (ECG) e neuropsiquiátrica (EEG). Não foram encontrados nos controles laboratoriais alterações relevantes ou que determinasse alguma repercussão clínica. O controle de cura verificou-se em 49 indivíduos, através de 8 coproscopias (no período de 6 meses subseqüente ao tratamento) utilizando-se duas técnicas (Hoffman e Kato/Katz) para cada amostra de fezes. Dos 29 individuos que tiveram as 8 coproscopias negativas, 20 realizaram biopsia retal, mostrando-se positiva em uma oportunidade, indicando 5% de "falsos negativos" com relação às coproscopias. O índice de cura para todas as faixas etárias foi de 59,2%. Os resultados obtidos demonstraram ser o oltipraz de relativa eficácia e determinante de efeitos tdxicos-colaterais sistêmicos no tratamento da esquistossomose mansoni.

Esquistosomose mansonica humana; Terapia pelo oltipraz


Seventy two patients with schistosomiasis mansoni, registered in the Infectious and Pa- rasitic Disease Ward, Hospital das Clínicas, Faculty of Medicine, University of São Paulo, were treated iyrith a single oral dose of oltipraz, 30 mg/kg body weight. Their ages ranged from seven to 58 years and eight patients (11.1%) were under fifteen. The main side effects found in this trial were: dizziness 22.2%; drowsiness 21%; nausea 22.2%; headache 9.7%; asthenia 9,7%; paresthesia 8.3%; vomiting 3.3%; abdominal cramps 7.0%; diarrhea 4.2%; dry mouth 2.8%; tender nodules in extremities 2.8°/o; exanthema 2.8%. Other complaints were seen less often. The drug toxicity was evaluated by workout — blood counts, kidney function tests (BUN and creatinine), hepatic function test (serum enzymes and bilirubin), EKG and EEG — performed before as well as after treat ment. No relevant abnormality was found. Success of therapy was assessed in 49 patients through eight consecutive stool examinations, performed during the six-month period follow ing the drug administration. Both Hoffman's and Kato-Katz's techniques were used. Rectal biopsies were carried out in 20 patients out of 29 whose stool examinations were negative and just one yielded positive, indicating a 5% rate of false negative examinptions. The overall cure rat^ was 59.2%. The present results point out that oltipraz at the used dose levels is relatively efficaceous in the treatment of schistosomiasis mansoni. Its toxic reactions and side effects on the other hand require further investigation.


Avaliação terapêutica do oltipraz na infecção humana pelo S. mansoni

Therapeutical investigation of oltipraz in human infection due to S. mansoni

Silvino Alves de CarvalhoI; Vicente Amato NetoII; José Murilo Robilotta ZeituneIII; Maria Aparecida Shikanai-Yasuda IV; Clovis Kiomitsu TakigutiV

IProfessor-assistente da Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

IIProfessor-titular da Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

IIIMédico-assistentee da Disciplina de Gastroenterologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

IVProfessora-assistente doutora da Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

VProfessor-doçente livre do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade e São Paulo

Endereço Endereço: Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP Rua Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255 CEP 05403 — São Paulo, SP — Brasil

RESUMO

Foram tratados com oltipraz, dose oral única de 30 mg/kg de peso, 72 indivíduos com esquistossomose mansoni, matriculados na Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. As idades dos pacientes variaram de 7 a 58 anos, sendo que 8 (11,1%) eram menores de 15 anos. Os principais efeitos colaterais consistiram em tonturas 22,2%, sonolência 22,2%, náuseas 22,2%, cefaléia, 9,7%, astenia 9,7%, parestesia 8,3%, vômitos 8,3!%, cólicas 7,0?/o, diarréia 4,2%, escotomas 2,8%, sialosquese 2,8%, nódulos dolorosos em extremidades 2,8% e outras manifestações clínicas em menor freqüência. A toxicidade do medicamento foi avaliada mediante a realização pré e pós-tratamento, de exames hematimétricos, de função renal (uréia e creatinina), hepática (enzimas de liberação hepato-canalicular e. bilirrubinas), cardíaca (ECG) e neuropsiquiátrica (EEG). Não foram encontrados nos controles laboratoriais alterações relevantes ou que determinasse alguma repercussão clínica. O controle de cura verificou-se em 49 indivíduos, através de 8 coproscopias (no período de 6 meses subseqüente ao tratamento) utilizando-se duas técnicas (Hoffman e Kato/Katz) para cada amostra de fezes. Dos 29 individuos que tiveram as 8 coproscopias negativas, 20 realizaram biopsia retal, mostrando-se positiva em uma oportunidade, indicando 5% de "falsos negativos" com relação às coproscopias. O índice de cura para todas as faixas etárias foi de 59,2%. Os resultados obtidos demonstraram ser o oltipraz de relativa eficácia e determinante de efeitos tdxicos-colaterais sistêmicos no tratamento da esquistossomose mansoni.

Unitermos: Esquistosomose mansonica humana — Terapia pelo oltipraz

SUMMARY

Seventy two patients with schistosomiasis mansoni, registered in the Infectious and Pa- rasitic Disease Ward, Hospital das Clínicas, Faculty of Medicine, University of São Paulo, were treated iyrith a single oral dose of oltipraz, 30 mg/kg body weight. Their ages ranged from seven to 58 years and eight patients (11.1%) were under fifteen. The main side effects found in this trial were: dizziness 22.2%; drowsiness 21%; nausea 22.2%; headache 9.7%; asthenia 9,7%; paresthesia 8.3%; vomiting 3.3%; abdominal cramps 7.0%; diarrhea 4.2%; dry mouth 2.8%; tender nodules in extremities 2.8°/o; exanthema 2.8%. Other complaints were seen less often. The drug toxicity was evaluated by workout — blood counts, kidney function tests (BUN and creatinine), hepatic function test (serum enzymes and bilirubin), EKG and EEG — performed before as well as after treat ment. No relevant abnormality was found. Success of therapy was assessed in 49 patients through eight consecutive stool examinations, performed during the six-month period follow ing the drug administration. Both Hoffman's and Kato-Katz's techniques were used. Rectal biopsies were carried out in 20 patients out of 29 whose stool examinations were negative and just one yielded positive, indicating a 5% rate of false negative examinptions. The overall cure rat^ was 59.2%. The present results point out that oltipraz at the used dose levels is relatively efficaceous in the treatment of schistosomiasis mansoni. Its toxic reactions and side effects on the other hand require further investigation.

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AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Aluísio Augusto Cotrim Segurado pela ajuda na realização do presente trabalho.

Recebido para publicação em 10/7/1985.

  • 1. BELLA, H.; RAHIM, A. G. A.; MUSTAFA, M. D.; AHMED, M. A. M.; WASFI, S. & BENETT, J. L. Oltipraz Antischistosomal efficacy in Sudanese infected with Schistosoma mansoni. Amer. J. trop. Med. Hyg., 31: 775-778, 1982.
  • 2. CARVALHO, S. A. Aspectos epidemiológicos e quimioterápicos na esquistossomose mansoni. Contribuição ao estudo da quimioterapia pelo oxamniquine São Paulo, 1978. (Dissertação de mestrado Faculdade de Medicina da USP).
  • 3. CARVALHO, S. A.; AMATO NETO, V.; ZEITUNE, J. M. R.; GOLDBAUM, M.; CASTILHO, E. A. & GROSSMAN, R. M. Avaliação terapêutica do praziquantel (Embay 8440) na infecção humana pelo S. mansoni. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 26: 51-59, 1994.
  • 4. GENTILINI, M.; DUFLO, B.; RICHARD-LENOBLE, D.; BRUCKER, G.; DANIS, M.; NIEL, G. & MEUNIER, Y. Assessment of 35.972 RP (Oltipraz). A new antischistosomal drug against Schistosoma haematobium, Schistosoma mansoni and Schistosoma intercala turn. Acta trop. (Basel), 37: 271-274, 1980.
  • 5. KATZ. N.; ROCHA, R. S. & CHAVES, A. Doseranging clinical trial with oltipraz in schistosomiasis. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 24: 40-48, 1982.
  • 6. KATZ, N.; ROCHA, R. S. & CHAVES, A. Assessment of oltipraz in schistosomiasis mansoni. Clinical trial. Rev. Inst. Med. trop. S. Paolo, 26: 147-151, 1984.
  • 7. REY, J. L.; SELLIN, B.; MOUCHET, F.; SELLIN, E.; SIMONKOVICH, E. & CHARMOT, G. Schistosomose urinaire. Premier essai de traitaient de masse sur le terrain (Niger). Sem. Hôp. Paris, 59: 707-710, 1983.
  • 8. RHÔNE-POLENC (LABORATORIES) Internal report, May, 1981.
  • Endereço:
    Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP
    Rua Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255
    CEP 05403 — São Paulo, SP — Brasil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Out 2012
    • Data do Fascículo
      Ago 1986
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