Acessibilidade / Reportar erro

Prevalência de anticorpos para chlamydia trachomatis em grupos populacionais do Brasil, Inglaterra e Portugal

Prevalence of Chlamydial antibody in populations from Brazil, England and Portugal

Resumos

A prevalência de anticorpos IgG, grupo-específico para Chlamydia, em populações do Brasil, Inglaterra e Portugal foi determinada através do teste de imunofluorescência indireta, tendo-se como antígeno a cepa SA2 (f). Foram considerados positivos os soros com títulos de IgG >1:32. Dentre as populações brasileiras, a prevalência de anticorpos para Chlamydia foi maior em Serra Norte (76,2%, p < 0,01) do que nas das populações de Belém (53,6%) e dos Índios Xicrins (51,3%). Entre os pacientes do Departamento de Medicina Genito-Urinária do University College Hospital (UCH) e do quadro do mesmo Hospital, a prevalência de anticorpos anti-Chlamydia foi de 62% e 53,1%, respectivamente. Anticorpos anti-Chlamydia foram detectados em 54% e 66% na Inglaterra e em 56% e 68% em Portugal, nas pacientes do sexo feminino que freqüentavam Clínicas de Pré-Natal e de Infertilidade, respectivamente, Os resultados encontrados mostram uma alta exposição das populações testadas, à Chlamydia, principalmente do grupo de baixo nível sócio-econômico de Serra Norte, Brasil. A evidência de infecção por Chlamydia é da mesma ordem, tanto no Brasil, quanto na Inglaterra e Portugal.

Soroepidemiologia; Chlamydia trachomatis


The prevalence of group - specific antichlamydial IgG in populations from Brazil, England and Portugal was studied using the whole inclusion - indirect immunofluorescence test, and SA2 (f) as antigen. Those sera with the IgG titre > 1:32, were considered to be positive. Among the Brazilian populations, prevalence of chlamydial antibody was higher in Serra Norte (76,2%, p < 0,01) than in Belém (53,6%) and among Xicrins Indians (51,3%). In patients attending the Departament of Genito Urinary Medicine, University College Hospital and in members of the UCH staff, London, England, the prevalence of antichlamydial IgG was 62% and 53,1%, respectively. Antibody to Chlamydia was detected in 54% and 66% of the English women and in 56 and 68% of the Portuguese women attending Antenatal and Infertility Clinics, respectively. These results show a wide exposure to Chlamydia among all the populations tested, mainly among the low socio-economic group of Serra Norte, Brazil. Evidence of chlamydial infections is of the same order in Brazil, England and Portugal.


SOROEPIDEMIOLOGIA

Prevalência de anticorpos para chlamydia trachomatis em grupos populacionais do Brasil, Inglaterra e Portugal(1 Endereço para correspondência: Dra. Marluísa de Oliveira Guimarães Ishak Departamento de Patologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará Caixa Postal 3005. CEP 66.000 - Belém, PA, Brasil )

Prevalence of Chlamydial antibody in populations from Brazil, England and Portugal

Marluísa de Oliveira Guimarães IshakI; Gilanfan MumtazII; Ricardo IshakII; Geoff RidgwayII

IDepartamento de Patologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Brasil

IIDepartamento de Microbiologia, University College Hospital, Londres, Inglaterra

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Dra. Marluísa de Oliveira Guimarães Ishak Departamento de Patologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará Caixa Postal 3005. CEP 66.000 - Belém, PA, Brasil

RESUMO

A prevalência de anticorpos IgG, grupo-específico para Chlamydia, em populações do Brasil, Inglaterra e Portugal foi determinada através do teste de imunofluorescência indireta, tendo-se como antígeno a cepa SA2 (f). Foram considerados positivos os soros com títulos de IgG >1:32.

Dentre as populações brasileiras, a prevalência de anticorpos para Chlamydia foi maior em Serra Norte (76,2%, p < 0,01) do que nas das populações de Belém (53,6%) e dos Índios Xicrins (51,3%).

Entre os pacientes do Departamento de Medicina Genito-Urinária do University College Hospital (UCH) e do quadro do mesmo Hospital, a prevalência de anticorpos anti-Chlamydia foi de 62% e 53,1%, respectivamente.

Anticorpos anti-Chlamydia foram detectados em 54% e 66% na Inglaterra e em 56% e 68% em Portugal, nas pacientes do sexo feminino que freqüentavam Clínicas de Pré-Natal e de Infertilidade, respectivamente,

Os resultados encontrados mostram uma alta exposição das populações testadas, à Chlamydia, principalmente do grupo de baixo nível sócio-econômico de Serra Norte, Brasil. A evidência de infecção por Chlamydia é da mesma ordem, tanto no Brasil, quanto na Inglaterra e Portugal.

Unitermos: Soroepidemiologia; Chlamydia trachomatis.

SUMMARY

The prevalence of group - specific antichlamydial IgG in populations from Brazil, England and Portugal was studied using the whole inclusion - indirect immunofluorescence test, and SA2 (f) as antigen. Those sera with the IgG titre > 1:32, were considered to be positive.

Among the Brazilian populations, prevalence of chlamydial antibody was higher in Serra Norte (76,2%, p < 0,01) than in Belém (53,6%) and among Xicrins Indians (51,3%).

In patients attending the Departament of Genito Urinary Medicine, University College Hospital and in members of the UCH staff, London, England, the prevalence of antichlamydial IgG was 62% and 53,1%, respectively.

Antibody to Chlamydia was detected in 54% and 66% of the English women and in 56 and 68% of the Portuguese women attending Antenatal and Infertility Clinics, respectively.

These results show a wide exposure to Chlamydia among all the populations tested, mainly among the low socio-economic group of Serra Norte, Brazil. Evidence of chlamydial infections is of the same order in Brazil, England and Portugal.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Dra. ELAINE PINA, Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa, Portugal e Dr. ALEXANDRE DA COSTA LINHARES, Instituto Evandro Chagas, FSESP, Belém, Pará, Brasil, pelo fornecimento das amostras de soro de Portugal e do Brasil, respectivamente.

Recebido para publicação em 10/09/1987

(1) Trabalho realizado no Laboratório de Virologia do Departamento de Microbiologia do University College Hospital, Londres, Inglaterra; com suporte financeiro da CAPES - MEC.

  • 1. ALANI, M. D.; DAROUGAR. S.; BURNS, D. C; THIN, R N. & DUNN, H. - Isolation of Chlamydia trachomatis from male urethra. Brit. J. Vener. Dis., 53: 88-92, 1977.
  • 2. Anonymous. Chlamydial infections of the eye. Lancet, 2: 857-858, 1977.
  • 3. BEEM, M. O. & SAXON, E. M. - Respiratory tract colonization and a distinctive pneumonia syndrome in infants infected with Chlamydia trachomatis New Engl. J. Med., 296: 306-310, 1977.
  • 4. BLACK, F. L., HIERHOLZER, W. J.; PINHEIRO, F. P.; EVANS, A. S.; WOODWALL, J. P.; OPTON, E. M.; EMMONS, J. E.; WEST, B. S.; EDSALL, G.: DOWNS, W. G. & WALLACE, G. D. - Evidence for persistence of infectious agents in isolated human populations. Amer. J. Epidem., 100: 230-250, 1974.
  • 5. CONWAY, D.; CAUL, E. O.; HULL, M. G. R.; GLAZENER, C. M. A.; HODGSON. J.; CLARKE, S. K. R & STIRRAT, G. M. - Chlamydial serology in fertile and infertile women. Lancet, 1: 191:193, 1984.
  • 6. FREITAS, C. A. - Prevalência do tracoma no Brasil. Rev. bras. Malar., 28: 227, 1976.
  • 7. GRAYSTON, J. T. & WANG, S. P. - New knowledge of chlamydial and the diseases they cause. J. infect. Dis., 132: 87-105, 1975.
  • 8. HILTON, A. L.; RICHMOND, S. J.; MILNE, J. D.; HINDLEY, F. & CLARKE, S. K. R. - Chlamydia in the female genital tract. Brit. J. Vener. Dis., 50: 1-10, 1974.
  • 9. MAGALHÃES, M.; ANDRADE, M. & VERAS, A. - Uretrites não gonocócicas masculinas associadas a Chlamydia, Ureaplasma e Trichomonas. Rev. Microbiol. (S. Paulo), 13: 156-160, 1982.
  • 10. MARDH, P. A.; SVENSSON, L.; WESTROM. L. & DAROUGAR, S. - Antibodies to Chlamydia trachomatis in acute salpingitis. Brit. J. Vener. Dis., 55: 26-29, 1979.
  • 11. McCOMB, D. E.; NICHOLS, R. L.; SEMINE, D. Z.; EVERARD, J. R.; ALPERT, S.; CROCKETT, V. A.; ROSNER, B.; ZINNER, S. H. & McCORMACK, W. M. - C. trachomatis in women: antibody in cervical secretions as possible indication of genital infection. J. infect. Dis., 139: 628-633, 1979.
  • 12. MÜLLER SCHOOP, J. W.; WANG, S. P.; MUNZINGER, J.; SCHLAPFER, H. U.; KNOBLAUCH, M. & AMMANN, R. W. - Chlamydia trachomatis as a possible cause of peritonites and perihepatites in young women. Brit. med. J., 1: 1022-1024, 1978.
  • 13. RICHMOND, S. J. & CAUL, E. O. - Fluorescent antibody study in chlamydial infection. J. clin. Microbiol., 1: 345-352, 1975.
  • 14. VAN DER BEL-KAHN, J. M.; WATANAKUNOKORN, C.; MENEFEE, M. G.; LONG, H. D. & DICTER, R. - Chlamydia trachomatis endocardites Amer. Heart J., 95: 627, 1978.
  • 15. WANG, S. P. & GRAYSTON, J. T. - Human serology in Chlamydia trachomatis infection with microimmunofluorescence. J. infect. Dis., 130: 388-397, 1974.
  • Endereço para correspondência:
    Dra. Marluísa de Oliveira Guimarães Ishak
    Departamento de Patologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará
    Caixa Postal 3005. CEP 66.000 - Belém, PA, Brasil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Fev 2011
    • Data do Fascículo
      Fev 1988

    Histórico

    • Recebido
      10 Set 1987
    Instituto de Medicina Tropical de São Paulo Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 470, 05403-000 - São Paulo - SP - Brazil, Tel. +55 11 3061-7005 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revimtsp@usp.br