Acessibilidade / Reportar erro

Estudo bacteriológico de abscessos causados por picada de serpentes do genero bothrops

Bacterial flora of abscesses following Bothrops snakebite

Resumos

Foi analisada a flora bacteriana de 99 abscessos causados por picadas de serpentes do gênero Bothrops, correspondendo a 61,1% dos casos que ocorreram em 1030 acidentes ofídicos atendidos no Hospital de Doenças Tropiciais (HDT) de Goiânia, no período de janeiro de 1984 a abril de 1988. O exsudato dos abscessos foi estudado através de bacterioscopia, cultura e testes de sensibilidade para aeróbios. Os bacilos Gram negativos foram isolados em maior frequência, destacando-se a Morganella morganii, Escherichia coli e Providencia sp presentes respectivamente em 44,4%, 20,2% e 13,1% das amostras. Esta flora aeróbica foi semelhante à encontrada na cavidade oral e no veneno das serpentes em outros estudos, nos quais predominaram Morganella morganii. Foi sugerido o uso do cloranfenicol no tratamento dos abscessos que não respondam à simples drenagem, face à grande sensibilidade destes microorganismos demonstrada nos testes "in vitro".

Bothrops; Acidente ofídico; Abscesso bacteriano


The bacterial flora of 99 cases of abscesses following Bothrops snakebite were analysed. They corresponded to 61.1% of all snakebite abs cesses observed in 1030 patients attending the Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia in Goiás, Brazil, from January 1984 to April 1988. An exsudate sample of each abscess was examined by Gram stain, culture and susceptibility tests. The Gram negative bacillis, Morganella morganii, Escherichia coli and Providencia sp were the most frequent bacterias isolated. They were identified in 44.4%, 20.2% and 13.1% of the samples respectively. This flora was similar to those described in snake mouth and venom by other researchers. Based on the results of the susceptibility tests the authors suggested the use of chloramphenicol for the treatment of those abscesses which do not respond to simple drainage.


ARTIGOS ORIGINAIS

Estudo bacteriológico de abscessos causados por picada de serpentes do genero bothrops

Bacterial flora of abscesses following Bothrops snakebite

João guimarães De AndradeI, II; Raimundo Nonato L. PintoII; Ana Lúcia Sampaio Sgambatti de AndradeI; Celina Maria turchi MartelliI; Fábio ZickerI

IInstituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil

IIHospital de Doenças Tropicais de Goiânia SUDS. Goiânia, Goiás. Brasil

Endereço para correpondência Endereço para correpondência: Dr. João Guimarâes de Andrade. Rua 1136, nº 630, Setor Marista. CEP 74310 Goiânia, GO, Brasil

RESUMO

Foi analisada a flora bacteriana de 99 abscessos causados por picadas de serpentes do gênero Bothrops, correspondendo a 61,1% dos casos que ocorreram em 1030 acidentes ofídicos atendidos no Hospital de Doenças Tropiciais (HDT) de Goiânia, no período de janeiro de 1984 a abril de 1988. O exsudato dos abscessos foi estudado através de bacterioscopia, cultura e testes de sensibilidade para aeróbios. Os bacilos Gram negativos foram isolados em maior frequência, destacando-se a Morganella morganii, Escherichia coli e Providencia sp presentes respectivamente em 44,4%, 20,2% e 13,1% das amostras. Esta flora aeróbica foi semelhante à encontrada na cavidade oral e no veneno das serpentes em outros estudos, nos quais predominaram Morganella morganii. Foi sugerido o uso do cloranfenicol no tratamento dos abscessos que não respondam à simples drenagem, face à grande sensibilidade destes microorganismos demonstrada nos testes "in vitro".

Unitermos: Bothrops; Acidente ofídico; Abscesso bacteriano.

SUMMARY

The bacterial flora of 99 cases of abscesses following Bothrops snakebite were analysed. They corresponded to 61.1% of all snakebite abs cesses observed in 1030 patients attending the Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia in Goiás, Brazil, from January 1984 to April 1988. An exsudate sample of each abscess was examined by Gram stain, culture and susceptibility tests. The Gram negative bacillis, Morganella morganii, Escherichia coli and Providencia sp were the most frequent bacterias isolated. They were identified in 44.4%, 20.2% and 13.1% of the samples respectively. This flora was similar to those described in snake mouth and venom by other researchers. Based on the results of the susceptibility tests the authors suggested the use of chloramphenicol for the treatment of those abscesses which do not respond to simple drainage.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 10/03/1989.

  • 1. GARCIA-LIMA, E. & LAURE, C. J. - A study of bacterial contamination of rattlesnake venom. Rev. Soc. bras. Med. trop., 20: 19-21, 1987.
  • 2. GOLDSTEIN, E. J. C; CITRON, D. M.; GONZALEZ, H.: RUSSEL, F. E. & FINEGOLD. S. M. - Bacteriology of rattlesnake venom and implications for therapy. J. infect. Dis., 140: 818-821, 1979.
  • 3. JORGE, M. T.; RIBEIRO L. A.; SILVA, M. L. R.; KUSANO, E. J. U. & MENDONÇA, J. S. - Bacteria isolated from abscess caused by Bothrops sp bites. In: INTERNATIONAL CONGRESS FOR INFECTIOUS DISEASES - V CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE IN FECTOLOGIA, Rio de Janeiro, 1988. Programa e resumos, p.48, res. n°. 671.
  • 4. LEDBETTER, E. O. & KUTSCHER, A. E. - The aerobic and anaerobic flora of rattlesnake fangs a venom. Arch environm Hlth., 19: 770-778, 1969.
  • 5. MERRIAM Jr, T. W. - Snakebite in Eastern North Carolina. A review of 121 cases and Physician Survey. Report MR x 1, nş 3, Camp Lejeune, NC, US. Naval. Medical Field Research Laboratory, 1961.
  • 6. PARRISH, H. M. - Incidence of treated snakebites in the United States. Publ. Hlth. Rep., 81: 269-276. 1966.
  • 7. PARRISH, H. M.; MACLAURIN, A. W. & TUTTLE, R. L. - North American pit vipers: bacterial flora of the mouths and venom glands. Virg. Med. Monthly, 83: 383-385, 1956.
  • 8. PINTO, R. N. L.; QUEIROZ, B. B. Q.; NALDANDIAR, H. A.; SOUZA. M. N.; SOUZA, L. C. S. & ANDRADE, J. G. - Antibiótico como coadjuvante no tratamento de abscessos por picada de serpentes do gênero Bothrops. Rev. Soc. bras. Med. trop., 21: 123, 1988.
  • 9. ROSA, R. R.; LIZUKA, H.; HIGASHI, H. G.; CARDOSO, J. L. C; JORGE M. T. & SILVA, M. V. - Isolamento de bactérias de lesões provocadas por picadas de ofídios peçonhentos. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA TROPICAL, 19., Rio de Janeiro, 1983. Programa e resumos, p. 166, res. n°. 380.
  • 10. RUSSEL. F. E. - Clinical aspects of snake venom poisoning in North America. Toxicon, 7: 33-37, 1969.
  • 11. WILLIAMS, F. E.; FREEMAN, M. & KENNEDY, E. - The bacterial flora of the mouths of Australian venomous snakes in captivity. Med. J. Aust:, 2: 190 -193, 1954.
  • Endereço para correpondência:
    Dr. João Guimarâes de Andrade.
    Rua 1136, nº 630, Setor Marista.
    CEP 74310 Goiânia, GO, Brasil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Nov 2010
    • Data do Fascículo
      Dez 1989
    Instituto de Medicina Tropical de São Paulo Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 470, 05403-000 - São Paulo - SP - Brazil, Tel. +55 11 3061-7005 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revimtsp@usp.br