Anatomopatologia e imunofluorescência direta e indireta das lesões de pênfigo foliáceo endêmico resistentes à corticoterapia

Reis, Vitor Manoel Silva dos; Cucé, Luiz Carlos; Rivitti, Evandro Ararigbóia

doi:10.1590/S0036-46651991000200003

Resumos

São estudados 16 doentes de pênfigo foliáceo endêmico (PFE), sob tratamento com corticosteróides, que ainda apresentavam lesões eritemato-pápulo-verrucosas, geralmente hiperpigmentadas, que foram caracterizadas como lesões resistentes à corticoterapia (LRC). O estudo destas lesões foi feito através de anatomopatologia e de imunofluorescência direta (IFD). Anatomopatologicamente essas lesões mostraram tendência à hiperplasia epitelial e clivagem em níveis variáveis na epiderme o que difere dos achados nas lesões recentes do PFE e coincide com os achados nas lesões crônicas do PFE da era pré-corticóide. A IFD da pele lesada foi positiva para IgG em 93,75% dos casos, como ocorre nas fases iniciais do PFE, tendo sido negativa no único caso em que não houve clivagem. Adicionalmente, em oito desses doentes, foram estudados a IFD da pele sã e a imunofluorescência indireta (IFI). A IFD foi positiva em três destes casos e a IFI foi negativa nos oito.

Pênfigo foliáceo; Corticóide; Imunofluorescência; Anatomopatologia

A group of 16 patients with endemic pemphigus foliaceus under corticotherapy and still showing erythematous, papulous, verrucous, in general hyperpigmented lesions, which were characterized as cortico therapy resistant lesions, were studied. Such study was made through anatomopathology and direct immunofluorescence (DIF). Anatomopathologically, such lesions showed tendencies to epitelial hyperplasia and cleavage in variable levels at the epidermis what differs from the early lesions of EPF and coincides with the chronic injuries of the EPF of the pre-corticoid era. The DIF of the injured skin was positive for IgG in 93.75% of cases, as it happens in the early stages of EPF, being negative in a simple case in which there was not cleavage. In addition, in eight of those patients, the DIF of the healthy skin and the indirect immunofluorescence (IIF) were studied. The DIF was positive in three of these cases and in all eight the IIF was negative.

ARTIGOS ORIGINAIS

Anatomopatologia e imunofluorescência direta e indireta das lesões de pênfigo foliáceo endêmico resistentes à corticoterapia⁽¹ (1 ) Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Paulista de Medicina. Curso de Pós-Graduação. Área de Dermatologia. São Paulo, SP, Brasil. ⁾

Pathology, direct and indirect immunofluorescent test of lesions of pemphigus foliaceous resistent to corticotherapy

Vitor Manoel Silva dos Reis^I; Luiz Carlos Cucé^II; Evandro Ararigbóia Rivitti^III

^IProf. Adjunto de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Santo Amaro (OSEC). São Paulo, SP, Brasil

^IIProf. Titular de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Santo Amaro (OSEC). São Paulo, SP, Brasil

^IIIProf. Titular de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, SP, Brasil

^{Endereço para correspondência} Endereço para correspondência: Dr. Vitor Manoel Silva dos Reis Av. Santo Amaro, 6554 CEP 04702, São Paulo, SP, Brasil

RESUMO

São estudados 16 doentes de pênfigo foliáceo endêmico (PFE), sob tratamento com corticosteróides, que ainda apresentavam lesões eritemato-pápulo-verrucosas, geralmente hiperpigmentadas, que foram caracterizadas como lesões resistentes à corticoterapia (LRC).

O estudo destas lesões foi feito através de anatomopatologia e de imunofluorescência direta (IFD).

Anatomopatologicamente essas lesões mostraram tendência à hiperplasia epitelial e clivagem em níveis variáveis na epiderme o que difere dos achados nas lesões recentes do PFE e coincide com os achados nas lesões crônicas do PFE da era pré-corticóide.

A IFD da pele lesada foi positiva para IgG em 93,75% dos casos, como ocorre nas fases iniciais do PFE, tendo sido negativa no único caso em que não houve clivagem.

Adicionalmente, em oito desses doentes, foram estudados a IFD da pele sã e a imunofluorescência indireta (IFI). A IFD foi positiva em três destes casos e a IFI foi negativa nos oito.

Unitermos: Pênfigo foliáceo; Corticóide; Imunofluorescência; Anatomopatologia.

SUMMARY

A group of 16 patients with endemic pemphigus foliaceus under corticotherapy and still showing erythematous, papulous, verrucous, in general hyperpigmented lesions, which were characterized as cortico therapy resistant lesions, were studied.

Such study was made through anatomopathology and direct immunofluorescence (DIF).

Anatomopathologically, such lesions showed tendencies to epitelial hyperplasia and cleavage in variable levels at the epidermis what differs from the early lesions of EPF and coincides with the chronic injuries of the EPF of the pre-corticoid era.

The DIF of the injured skin was positive for IgG in 93.75% of cases, as it happens in the early stages of EPF, being negative in a simple case in which there was not cleavage.

In addition, in eight of those patients, the DIF of the healthy skin and the indirect immunofluorescence (IIF) were studied. The DIF was positive in three of these cases and in all eight the IIF was negative.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Dra. Helena Müller e ao Dr. Gilles Landman pela colaboração nos exames anatomopatológicos, e à Bióloga Lucy Miyauchi pela colaboração nos testes de imunofluorescên-cia.

Recebido para publicação em 26/7/1990.

Aceito para publicação em 4/3/1991.

1. ALAYON, F.L. Contribuiçăo ao estudo do pęnfigo foliáceo no Brasil. Rev. Med. Cirurg. S. Paulo, 8: 385-466, 1948.
2. ALEIXO, J. Introduçăo ao estudo dos aspectos residuais do pęnfigo foliáceo. Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1962.
3. CASTRO, R.M. & PROENÇA, N.G. Semelhanças e diferenças entre fogo selvagem e pęnfigo foliáceo de Cazenave. An. bras. Derm., 58: 137-139, 1983.
4. CHORZELSKI, T.P.; JABLONSKA, S. & BLANZCYR, R. Immunopathological investigations in the Senear-Usher Syndrome (coexistence of pemphigus and lupus erythematosus). Brit. J. Derm., 80: 211-217, 1968.
5. FRIEDMAN, H. Contribuiçăo ŕ padronizaçăo da reaçăo de imunofluorescęncia indireta para o pęnfigo foliáceo endémico. Brasília, 1988. (Dissertaçăo de mestrado - Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília).
6. FURTADO, F.A. Histopathology of pemphigus foliaceus. Arch. Derm., 80: 60-71, 1959.
7. HADLER, W.A. Classificaçăo do pénfigo foliáceo baseada em dados anátomo-clínicos e hematológicos. Arq. Derm. Sif. S. Paulo, 11: 29-56, 1947.
8. LEVER, W.F. Histopathology of skin. 5Ş. ed. Philadelphia, J.B. Lippincott Company, 1975. Cap. 7, p. 112-113.
9. MATIS, W.L.; ANHALT, G.J.; DIAZ, L.A.; RIVITTI, E.A. & BERGER, R.S. Calcium enhances the sensitivity of immunofluorescence for pemphigus antibodies. J. invest. Derm., 89: 302-304, 1987.
10. NANNI, M.E. Pęnfigo foliáceo sulamericano estudo histopatológico das lesőes resistentes ŕ corticoterapia. Campinas, 1976. (Dissertaçăo de Mestrado - Faculdade de Cięncias Médicas da Universidade Estadual de Campinas).
11. PROENÇA, N.G.; NANNI, M.E. & CASTRO, R.M. Estudo clínico das lesőes resistentes ŕ corticoterapia em doentes de pęnfigo foliáceo sulamericano. Derm. ibero lat. amer., 3: 213-222, 1971.
12. PROENÇA, N.G. Declínio do pęnfigo foliáceo no Estado de Săo Paulo (Brasil). Rev. paul. Med., 89: 97-100, 1977.
13. VIEIRA, J.P. Consideraçőes sobre pęnfigo foliáceo. Săo Paulo, Empresa Gráfica da "Revista dos Tribunais". 1948.

Endereço para correspondência:

Dr. Vitor Manoel Silva dos Reis

Av. Santo Amaro, 6554

CEP 04702, São Paulo, SP, Brasil

(1

) Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Paulista de Medicina. Curso de Pós-Graduação. Área de Dermatologia. São Paulo, SP, Brasil.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
12 Set 2006
Data do Fascículo
Abr 1991

Histórico

Aceito
04 Mar 1991
Recebido
26 Jul 1990

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[1] 1. ALAYON, F.L. Contribuiçăo ao estudo do pęnfigo foliáceo no Brasil. Rev. Med. Cirurg. S. Paulo, 8: 385-466, 1948.

[2] 2. ALEIXO, J. Introduçăo ao estudo dos aspectos residuais do pęnfigo foliáceo. Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1962.

[3] 3. CASTRO, R.M. & PROENÇA, N.G. Semelhanças e diferenças entre fogo selvagem e pęnfigo foliáceo de Cazenave. An. bras. Derm., 58: 137-139, 1983.

[4] 4. CHORZELSKI, T.P.; JABLONSKA, S. & BLANZCYR, R. Immunopathological investigations in the Senear-Usher Syndrome (coexistence of pemphigus and lupus erythematosus). Brit. J. Derm., 80: 211-217, 1968.

[5] 5. FRIEDMAN, H. Contribuiçăo ŕ padronizaçăo da reaçăo de imunofluorescęncia indireta para o pęnfigo foliáceo endémico. Brasília, 1988. (Dissertaçăo de mestrado - Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília).

[6] 6. FURTADO, F.A. Histopathology of pemphigus foliaceus. Arch. Derm., 80: 60-71, 1959.

[7] 7. HADLER, W.A. Classificaçăo do pénfigo foliáceo baseada em dados anátomo-clínicos e hematológicos. Arq. Derm. Sif. S. Paulo, 11: 29-56, 1947.

[8] 8. LEVER, W.F. Histopathology of skin. 5Ş. ed. Philadelphia, J.B. Lippincott Company, 1975. Cap. 7, p. 112-113.

[9] 9. MATIS, W.L.; ANHALT, G.J.; DIAZ, L.A.; RIVITTI, E.A. & BERGER, R.S. Calcium enhances the sensitivity of immunofluorescence for pemphigus antibodies. J. invest. Derm., 89: 302-304, 1987.

[10] 10. NANNI, M.E. Pęnfigo foliáceo sulamericano estudo histopatológico das lesőes resistentes ŕ corticoterapia. Campinas, 1976. (Dissertaçăo de Mestrado - Faculdade de Cięncias Médicas da Universidade Estadual de Campinas).

[11] 11. PROENÇA, N.G.; NANNI, M.E. & CASTRO, R.M. Estudo clínico das lesőes resistentes ŕ corticoterapia em doentes de pęnfigo foliáceo sulamericano. Derm. ibero lat. amer., 3: 213-222, 1971.

[12] 12. PROENÇA, N.G. Declínio do pęnfigo foliáceo no Estado de Săo Paulo (Brasil). Rev. paul. Med., 89: 97-100, 1977.

[13] 13. VIEIRA, J.P. Consideraçőes sobre pęnfigo foliáceo. Săo Paulo, Empresa Gráfica da "Revista dos Tribunais". 1948.