Acessibilidade / Reportar erro

Ensaios preliminares do Guaiacum officinale L. como moluscicida

Preliminary tests of Guaiacum officinale L. as molluscicide

Resumos

Suspensões aquosas do pericarpo do fruto, da casca da raiz, das folhas e das sementes de Guaiacum officinale foram testadas como moluscicida, cercaricida e piscicida em diferentes concentrações. Em laboratório, a suspensão do pericarpo do fruto apresentou 100% de mortalidade a 100 ppm para desovas de B. glabrata, a 20 ppm para caramujos adultos de Biomphalaria glabrata, B. straminea e B. tenagophila, a 5 ppm para Lebistes reticulatus (peixes) e a 1 ppm para cercárias de Schistosoma mansoni. O extrato etanólico do pericarpo do fruto não foi ativo para caramujo adulto de B. glabrata. As doses letais para 90% dos caramujos adultos (DL90), após 24 horas de exposição, usando a suspensão do pericarpo do fruto foram de: 15 ppm para B. glabrata; 14 ppm para B. straminea e 18 ppm para B. tenagophila. As DL90 das suspensões das casca da raiz, sementes e folhas contra B. glabrata foram de 57, 33 e 15 ppm, respectivamente. No campo, coma suspensão do pericarpo do fruto a mortalidade de caramujos adultos de B. glabrata foi de 68% a 20 ppm e 100% a 40 ppm

Guaiacum officinale; Moluscicida


Aqueous suspensions of fruit's pericarp, leaves, root's bark and seeds of Guaiacum officinale were tested at different concentrations as molluscicide, cercaricide and piscicide. In the laboratory the suspension of fruit's pericarp produced 100% mortality for egg masses of B. glabrata at 100 ppm, for adult snails of Biomphalaria glabrata, B. straminea and B. tenagophila at 20 ppm, for Lebistes reticulatus (fishes) at 5 ppm and Schistosoma mansoni's cercariae at 1 ppm. The ethanolic extract of fruit's pericarp was not active against adult snails of B. glabrata. The letal dose for adult snails(DL90) of the aqueous suspension of fruit's pericarp after 24 hours exposure, were: 15 ppm for B. glabrata; 14 ppm for B. straminea and 18 ppm for B. tenagophila. The DL90 of aqueous suspensions of root's bark, seeds and leaves were 57 ppm, 33 ppm and 15 ppm, respectively. In the field, B. glabrata adult snail mortality was 68% at 20 ppm and 100% at 40 ppm, when using suspension of fruit's pericarp


PARASITOLOGIA

Ensaios preliminares do Guaiacum officinale L. como moluscicida

Preliminary tests of Guaiacum officinale L. as molluscicide

Nelymar Martineli MendesI; José D. GómezII; Neusa AraújoI; Carlos Leomar ZaniI; Naftale KatzI

ICentro de Pesquisas René Rachou - Fundação Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, Brasil

IICentro de Investigaciones Biológicas y Adiestramiento, Inc., Santo Domingo, República Dominicana

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Centro de Pesquisas René Rachou, FIOCRUZ Av. Augusto de Lima, 1715 30190-002 - Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

RESUMO

Suspensões aquosas do pericarpo do fruto, da casca da raiz, das folhas e das sementes de Guaiacum officinale foram testadas como moluscicida, cercaricida e piscicida em diferentes concentrações. Em laboratório, a suspensão do pericarpo do fruto apresentou 100% de mortalidade a 100 ppm para desovas de B. glabrata, a 20 ppm para caramujos adultos de Biomphalaria glabrata, B. straminea e B. tenagophila, a 5 ppm para Lebistes reticulatus (peixes) e a 1 ppm para cercárias de Schistosoma mansoni. O extrato etanólico do pericarpo do fruto não foi ativo para caramujo adulto de B. glabrata. As doses letais para 90% dos caramujos adultos (DL90), após 24 horas de exposição, usando a suspensão do pericarpo do fruto foram de: 15 ppm para B. glabrata; 14 ppm para B. straminea e 18 ppm para B. tenagophila. As DL90 das suspensões das casca da raiz, sementes e folhas contra B. glabrata foram de 57, 33 e 15 ppm, respectivamente. No campo, coma suspensão do pericarpo do fruto a mortalidade de caramujos adultos de B. glabrata foi de 68% a 20 ppm e 100% a 40 ppm.

Unitermos:Guaiacum officinale; Moluscicida.

SUMMARY

Aqueous suspensions of fruit's pericarp, leaves, root's bark and seeds of Guaiacum officinale were tested at different concentrations as molluscicide, cercaricide and piscicide. In the laboratory the suspension of fruit's pericarp produced 100% mortality for egg masses of B. glabrata at 100 ppm, for adult snails of Biomphalaria glabrata, B. straminea and B. tenagophila at 20 ppm, for Lebistes reticulatus (fishes) at 5 ppm and Schistosoma mansoni's cercariae at 1 ppm. The ethanolic extract of fruit's pericarp was not active against adult snails of B. glabrata. The letal dose for adult snails(DL90) of the aqueous suspension of fruit's pericarp after 24 hours exposure, were: 15 ppm for B. glabrata; 14 ppm for B. straminea and 18 ppm for B. tenagophila. The DL90 of aqueous suspensions of root's bark, seeds and leaves were 57 ppm, 33 ppm and 15 ppm, respectively. In the field, B. glabrata adult snail mortality was 68% at 20 ppm and 100% at 40 ppm, when using suspension of fruit's pericarp.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

AGRADECIMENTOS

À Dra. Cecília Pereira de Souza, do Laboratório de Malacologia do Centro de Pesquisas René Rachou, pelo fornecimento dos caramujos, desovas, cercárias e peixes; ao Sr. Moacyr Rodrigues da Silva, do Laboratório de Química de Produtos Naturais do Centro de Pesquisas René Rachou, pela ajuda nos testes de campo e à Silvia Gisele Garcia Barbosa, estagiária do Laboratório de Química de Produtos Naturais, pela ajuda nas preparações das suspensões.

Recebido para publicação em 22/01/1993

Aceito para publicação em 20/07/1993

Projeto parcialmente financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) - Processo nº 525/90.

  • 1. AHMAD, V.U.; BANO, N.; BANO, S.; UDDIN, S.; PERVEEN, S. & FATIMA, I. - Structure of guaianin C from Guaiacum ojficinale. Fitoterapia, 60: 255-256, 1989.
  • 2. AHMAD, V.U.; BANO, N.; FATIMA, I. & BANO, S. - Isolation of two saponins, guaianin D and E from the bark of Guaiacum officinale. Tetrahedrom, 44: 247-252, 1988.
  • 3. AHMAD, V.U.; BANO, S.; FATIMA, I. & BANO, N. - Saponins from stem bark of Guaiacum officinale. J. chem. Soc. Perk., 10: 247-251, 1988.
  • 4. AHMAD, V.U.; BANO, S.; FATIMA, I. & BANO, N. - Triterpenoid saponins of Guaiacum officinale. Gazz. chim. ital., 119: 31-34, 1989.
  • 5. AHMAD, V.U.; PERVEEN, S. & BANO, S. - Guaiacin A and B from leaves of Guaiacum officinale. Planta med. (Stuttg.), 55: 307-308, 1989.
  • 6. AHMAD, V.U.; PERVEEN, S. & BANO, S. - Saponins from the leaves of Guaiacum officinale. Phytochemistry, 29: 3287-3290, 1990.
  • 7. AHMAD, V.U.; UDDIN, S.; BANO, S. & FATIMA, I. - Two saponins from fruits of Guaiacum officinale. Phytochemistry, 28: 2169-2171, 1989.
  • 8. CHINGAITE, T.M. - Studies on the distribution and vegetative propagation of Phytolacca dodecandra (Ipoko) in Zambia. In: LEMMA, A.; HEYNEMAN, D. & SILANGWA, S.M., ed. Phytolacca dodecandra (endod). Dublin, Ireland, Tycooly International Publishing, 1984. p. 130-132.
  • 9. CORRĘA, M.P. & PENNA, L.A. - Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional; Ministério da Agricultura, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. 1984. v.6,p. 521-523.
  • 10. GÓMEZ, J.D.; MALEK, E.A. & VARGAS, M. - Estudio preliminar de las propriedades mollusquicidas del guayacil: extracto crudo de Guayacum officinale. Rev. cuba. Med. trop., 41: 236-241, 1989.
  • 11. H OEHNE, F.C. - Plantas e substâncias vegetais tóxicas e medicinais. Săo Paulo, Departamento de Botânica do Estado, 1939. p. 152.
  • 12. HOSTETTMANN, K.; KIZU, H. & TOMIMORI, T. - Molluscicidal properties of various saponins. Planta med. (Stuttg), 44: 34-35, 1982.
  • 13. HOSTETTMANN, K. & MARSTON, A. - Plant molluscicide research: an update. In: MOTT, K.E., ed. Plant molluscicides. Chichest, UNDP/WORLD BANK/WHO Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases; John Wiley & Sons, 1987. p. 299-320.
  • 14. JEWERS, K. & KING, T.A. - Improvements relating to molluscicides. London, The Patent Office, 1972. (Patent Nş 1277417).
  • 15. KLOOS, H. & McCULLOUGH, F.S. - Plants with recognized molluscicidal activity. In: MOTT, K.E., ed. Plant molluscicides. Chichest, UNDP/WORLD BANK/WHO Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases; John Wiley & Sons, 1987. p. 45-108.
  • 16. LEMMA, A. - Laboratory and field evaluation of the molluscicidal properties of Phytolacca dodecandra. Bull. Wld. Hlth. Org., 42: 597-612, 1970.
  • 17. LEMMA, A.; ABABA, A.; PARKHURST, R.M.; PARK, M. & SKINNER, W.A. - Method of producing a molluscicide from endod. United States Patent Office, 1974 (Patent Appl. Nş 3813383).
  • 18. MARSTON, A. & HOSTETTMANN, K. - Review article number 6: plant molluscicides. Phytochemistry, 24: 639-652, 1985.
  • 19. MENDES, N.M.; ARAÚJO, N.; SOUZA, C.P.; PEREIRA, J.P. & KATZ, N. - Atividade moluscicida e cercaricida de diferentes espécies de Eucalyptus. Rev. Soc. bras. Med. trop., 23: 197-199, 1990.
  • 20. MOTT, K.E. - Contrast in control of schistosomiasis. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 84 (suppl. 1) : 3-19, 1989.
  • 21. PEREIRA, J.P. & SOUZA, C.P. - Ensaios preliminares com "Anacardium occidentale" como moluscicida. Cięnc. e Cult., 26: 1054-1057, 1974.
  • 22. PEREIRA, J.P. ; SOUZA, C.P. & MENDES, N.M. - Propriedades moluscicidas da Euphorbia cotinijolia L. Rev. bras. Pesq. méd. biol., 11: 345-351, 1978.
  • 23. ROUQUAYROL, M.Z.; SOUZA, M.P. & MATOS, F.J.A. - Atividade moluscicida de Pithecelobium multiflorum. Rev. Soc. bras. Med. trop., 7: 11-19, 1973.
  • 24. SOUZA, C.P. & CLARK LIMA, L. - Moluscos de interesse parasitológico do Brasil. Belo Horizonte, FIOCRUZ, 1990. p. 1-76. (Série de Esquistossomose, Centro de Pesquisas René Rachou).
  • 25. WORLD HEALTH ORGANIZATION. - Report of scientific working group on plant molluscicide & guidelines for evaluation of plant molluscicides. Geneva, 1983. (TDR/SCH-SWESWE (4)/ 83.3).
  • Endereço para correspondência:

    Centro de Pesquisas René Rachou, FIOCRUZ
    Av. Augusto de Lima, 1715
    30190-002 - Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Jul 2006
    • Data do Fascículo
      Dez 1993

    Histórico

    • Recebido
      22 Jan 1993
    • Aceito
      20 Jul 1993
    Instituto de Medicina Tropical de São Paulo Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 470, 05403-000 - São Paulo - SP - Brazil, Tel. +55 11 3061-7005 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revimtsp@usp.br