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Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo cinquenta anos depois

EDITORIAL

Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo cinquenta anos depois

Quando esta Revista completou 40 anos, em 1999, escrevi um editorial, válido até hoje, que dizia essencialmente o seguinte:

"Assim que foi criado o Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, em 1959, tive ensejo de discutir com seu fundador e primeiro diretor, o Prof. Carlos da Silva Lacaz, sobre a possibilidade e interesse de editarmos uma revista científica do Instituto, que abrisse maiores oportunidades aos médicos e pesquisadores para a difusão de informações científicas no campo das doenças prevalentes nos países tropicais e, particularmente, em nosso país. O Prof. Lacaz, que pensava do mesmo modo, autorizou-me a iniciar essa aventurosa e arriscada tarefa, visto que uma revista que não tenha assegurada sua regularidade e continuidade está condenada a ser um cemitério de informação científica".

"Alguns colegas, mais cépticos, tentaram dissuadir-me do projeto, dizendo que já haviam muitas e boas revistas de âmbito internacional, onde mais convinha publicar os trabalhos de certo mérito, pois, um periódico nacional correria o risco de só publicar artigos de segunda classe ou recusados pelos grandes editores. Não me impressionaram os argumentos por duas razões:

Primeiro, porque nem sempre as revistas internacionais constituem o melhor veículo para informar o público alvo (que no caso eram os médicos e a gente brasileira), nem sempre com acesso fácil a publicações estrangeiras e nem sempre com disposição para informar-se em uma língua que não é a sua. Sempre fui de opinião que um artigo científico ou de divulgação deve ser escrito na língua do público a que se destina: se a um auditório internacional, em idioma de uso internacional, sobretudo o inglês. Mas se quisermos ajudar nossos patrícios com informações e experiências técnicas para dotá-los de maiores recursos para a luta pela saúde de nosso povo, há que escrever em português, e pronto".

"A segunda é que pensávamos então (e a experiência de tantos anos confirmou nossa convicção... ) de que um país que se preza deve trabalhar por seu desenvolvimento em todas as áreas e, particularmente, no âmbito cultural, de que depende o futuro de todas as nações. Todo o esforço no sentido de difundir conhecimento e de estimular as novas gerações para que assumam suas responsabilidades no campo da pesquisa e do progresso tecnológico é da mais alta importância".

Desde o início, a aceitação da Revista foi a melhor possível e para garantir sua maior difusão incluímos na lista de distribuição todas as bibliotecas nacionais da área de medicina e saúde, bem como os centros de pesquisa e as universidades do país.

Os recursos para a publicação provinham dos anúncios e, sendo limitados, restringiam o número de páginas que poderíamos publicar. Isso nos obrigava a criticar toda prolixidade ou redundância nos textos que recebíamos dos autores. Também procurávamos melhorar a qualidade das ilustrações e dos quadros, trabalho importante que nos levou a publicar um manual intitulado "Como redigir trabalhos científicos" e uma nova edição chamada "Planejar e redigir trabalhos científicos" (Editora Blücher, São Paulo).

Em 1964 fui exilado para o México, onde, além de ensinar Parasitologia, assumi a direção da Revista Latinoamericana de Microbiologia" (1966-1967) e, mais tarde, como consultor da OMS em Moçambique, fundei a "Revista Médica de Moçambique" (1982-1983).

Minha experiência como editor foi altamente gratificante e me viciou na arte de divulgar informações na área da saúde. Aos 91 anos tenho publicados os livros Parasitologia (4ª edição, com 883 páginas), Bases da Parasitologia (379 p., 3ª edição no prelo), Dicionário de termos técnicos de Medicina e Saúde (2ª edição, 950 p.) e uma edição para não-médicos intitulada: Dicionário da Saúde e da Prevenção de seus Riscos (255 p.), todos pela Editora Guanabara, Rio de Janeiro.

Sigo escrevendo para nossa gente um livro sobre longevidade e saúde (Manual da Vida Saudável - a arte de viver muitos anos com saúde e alegria, Editora Vieira e Lent, Rio de Janeiro) além de uma obra em colaboração com Paulo Sérgio D' Andrea e Rosana Gentili, a ser completada brevemente: Mamíferos transmissores de doenças do homem no Brasil.

Fico muito feliz com o êxito das obras já publicadas, e adotadas para o ensino de nível superior em todas as universidades do país, e particularmente com o sucesso da Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, que se vem projetando no cenário nacional e internacional como uma das melhores revistas médicas existentes. Um modelo de contribuição para o progresso científico do Brasil na área médica.

Vivas à Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo e seus colaboradores, nos últimos 50 anos de existência.

Luís Rey

Professor Emérito da Faculdade de Medicina da USP

Pesquisador Emérito do CNPq

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Nov 2009
  • Data do Fascículo
    Out 2009
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