Acessibilidade / Reportar erro

Prevalência sorológica da doença de chagas e correlação sorológico-eletrocardiográfica em populações não selecionadas do município de Encruzilhada do sul, Rio Grande do Sul

Resumos

No mês de julho de 1974, no plano de estudo da endemia chagásica na Zona Sul do Rio Grande do Sul, foram colhidas 360 amostras de sangue e registrado igual número de eletrocardiogramas entre as populações rurais de 10 localidades do Município de Encruzilhada do Sul (R. G. do Sul). Dez amostras não puderam ser utilizadas por material insuficiente, anticomplementaridade etc. Das 350 submetidas à fixação de complemento, 104 reagiram positivamente para a Doença de Chagas (29,71%). Dos 350 eletrocardiogramas analisados, 116 apresentaram alterações de vários tipos (33,14%), sendo que 41 pertencem aos 104 indivíduos com sorologia positiva (39,42%) e 75 aos 246 indivíduos com sorologia negativa (30,46%) A diferença percentual de 8,94% entre os dois grupos não se mostrou estatisticamente significativa, Portanto a positividade sorológica parece não ser fator condicionante de um maior índice de alterações eletrocardiográficas, a exemplo do que acontece em outras zonas endêmicas. O Autor compara os resultados atuais com aqueles obtidos em 1954 por Brant e Cols. no mesmo Município, para concluir que neste intervalo de tempo houve um substancial aumento na prevalência sorológica e nas alterações eletrocardiográficas, sem que contudo se delineasse um maior índice de alterações nos indivíduos com positividade sorológica.


In July 1974, 360 blood samples were collected from rural people randomly assembled, in the county of Encruzilhada do Sul, State of Rio Grande do Sul, Brazil: electrocardiograms were performed as well. Complement fixation test (CFT) was perfomed in 350 samples, with 104 positive for Chagas' disease (29,71). 116 out of 360 electrocardiograms showed abnormalities (33,14%) being 41 from the group of 104 individuals with positive CFT (39,42%) e 75 from the group of 246 individuais with positive CFT (30,48%). The difference of 8,49% between the prevalence of abnormalities in CFT positive and negative people, has not statistical significance. Therefore CFT positivity seems not to be strictly related to electrocardiographic abnormalities. The Author makes a comparison between his results and those obtained in the same county in 1954 by Brant et Cols. The conclusion, is that in the meantime there has been a substancial increase in the serological prevalence of Chagas' disease and in the electrocardiographic abnormalities; nevertheless, it seems not to be a surely evident prevalence of abnormalities in individuals with positive CFT


Prevalência sorológica da doença de chagas e correlação sorológico-eletrocardiográfica em populações não selecionadas do município de Encruzilhada do sul, Rio Grande do Sul * * Trabalho da Cadeira de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas, Rio Grande do Sul. Subvencionado em parte pela Associação dos Municípios da Zona Sul do Rio Grande do Sul (AZONASUL).

Giovanni Baruffa

Professor Titular da Cadeira de Doenças Infecciosas e Parasitárias

RESUMO

No mês de julho de 1974, no plano de estudo da endemia chagásica na Zona Sul do Rio Grande do Sul, foram colhidas 360 amostras de sangue e registrado igual número de eletrocardiogramas entre as populações rurais de 10 localidades do Município de Encruzilhada do Sul (R. G. do Sul). Dez amostras não puderam ser utilizadas por material insuficiente, anticomplementaridade etc. Das 350 submetidas à fixação de complemento, 104 reagiram positivamente para a Doença de Chagas (29,71%).

Dos 350 eletrocardiogramas analisados, 116 apresentaram alterações de vários tipos (33,14%), sendo que 41 pertencem aos 104 indivíduos com sorologia positiva (39,42%) e 75 aos 246 indivíduos com sorologia negativa (30,46%) A diferença percentual de 8,94% entre os dois grupos não se mostrou estatisticamente significativa, Portanto a positividade sorológica parece não ser fator condicionante de um maior índice de alterações eletrocardiográficas, a exemplo do que acontece em outras zonas endêmicas.

O Autor compara os resultados atuais com aqueles obtidos em 1954 por Brant e Cols. no mesmo Município, para concluir que neste intervalo de tempo houve um substancial aumento na prevalência sorológica e nas alterações eletrocardiográficas, sem que contudo se delineasse um maior índice de alterações nos indivíduos com positividade sorológica.

SUMMARY

In July 1974, 360 blood samples were collected from rural people randomly assembled, in the county of Encruzilhada do Sul, State of Rio Grande do Sul, Brazil: electrocardiograms were performed as well. Complement fixation test (CFT) was perfomed in 350 samples, with 104 positive for Chagas' disease (29,71). 116 out of 360 electrocardiograms showed abnormalities (33,14%) being 41 from the group of 104 individuals with positive CFT (39,42%) e 75 from the group of 246 individuais with positive CFT (30,48%). The difference of 8,49% between the prevalence of abnormalities in CFT positive and negative people, has not statistical significance. Therefore CFT positivity seems not to be strictly related to electrocardiographic abnormalities.

The Author makes a comparison between his results and those obtained in the same county in 1954 by Brant et Cols. The conclusion, is that in the meantime there has been a substancial increase in the serological prevalence of Chagas' disease and in the electrocardiographic abnormalities; nevertheless, it seems not to be a surely evident prevalence of abnormalities in individuals with positive CFT

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 14-2-1975.

  • 1. ALMEIDA, J. O. de - Reação de fixação pela técnica quantitativa para moléstia de Chagas. Técnica em tubo e técnica em placas. In J. R. CANÇADO, Doença de Chagas, Belo Horizonte, 1968, pp. 279-314.
  • 2.  BARACCHINI, O. COSTA, A. & CARLONI, J. - Emprego do calor e do metanol no preparo do antígeno de Trypanosoma cruzi. Hospital, 68: 193-199, 1965.
  • 3.  BARUFFA, G. & ALCANTARA, A. F. - Prevalência sorológica da Doença de Chagas em cinco Municípios da Zona Sul do Rio Grande do Sul. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo. 16: 140- 144, 1974.
  • 4. BRANT, T. C.; LARANJA, F. S. DE BUSTAMANTE, F. M. & LEITE MELLO, A. - Dados sorológicos e eletrocardiográficos obtidos em populações não selecionadas de zonas endêmicas de Doença de Chagas no Estado do Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Malariol. Doenças Tropicais 9: 141-148, 1957.
  • 5. LARANJA, F. S.; DIAS, E., PELLEGRINO, J. & DUARTE, E. - Observações clínicas e epidemiológicas sobre a moléstia de Chagas no Oeste de Minas. Hospital, 40: 945-98, 1951.
  • 6. MACHADO, L. S. - A Doença de Chagas no Rio Grande do Sul. Separata, Boletim Mensal Bioestatística Departamento Estadual de Saúde 1-6, pág. 1-29, 1953.
  • 7. OSORIO, J. A.; GONZALES, M. & VIEIRA DA CUNHA, C. - Manifestações cardíacas da Doença de Chagas no Rio Grande do Sul. Congr. Med. Regional Santa Maria, 1946, Livraria do Globo, Porto Alegre, pág. 1-13, 1946.
  • 8. RASSI, A.; BORGES, C.; REZENDE, J. M. de; CARNEIRO, O.; SALUM, J.; RIBEIRO, J. B. & PAULA, O. H. de - Fase aguda da Doença de Chagas. Aspectos clínicos observados em 18 casos. Rev. Goiana Med., 4: 161-189, 1958.
  • 9. ROSEMBAUM, M. B. & CERISOLA, J. A. -. Epidemiologia de la enfermedad de Chagas en la Republica Argentina. Hospital, 60: 75-100, 1961.
  • 10. TRINDADE, C. I.; BRANT, T. C. LOPES, G. G. - Oito casos da forma aguda da Doença de Chagas no Município de Encruzilhada do Sul, Estado do Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Malariol. Doenças Trop. 7: 371-373, 1955.
  • *
    Trabalho da Cadeira de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas, Rio Grande do Sul. Subvencionado em parte pela Associação dos Municípios da Zona Sul do Rio Grande do Sul (AZONASUL).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Jun 2013
    • Data do Fascículo
      Abr 1975

    Histórico

    • Aceito
      14 Fev 1975
    • Recebido
      14 Fev 1975
    Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT Caixa Postal 118, 38001-970 Uberaba MG Brazil, Tel.: +55 34 3318-5255 / +55 34 3318-5636/ +55 34 3318-5287, http://rsbmt.org.br/ - Uberaba - MG - Brazil
    E-mail: rsbmt@uftm.edu.br