Pesquisa da infecção natural por Yersinia pestis, em pulicídeos provenientes de focos pestosos do nordeste do Brasil

Brasil, Darci Pascoal; Carvalho, Francisco Gomes de; Almeida, Célio Rodrigues de; Almeida, Alzira Maria Paiva de

doi:10.1590/S0037-86821989000400003

Resumos

Foram avaliados três processos de acondicionamento e transporte de pulgas, objetivando análise bacteriológica para isolamento da Yersinia pestis. As três abordagens testadas foram: pulgas vivas em tubos de ensaio com tiras dobradas de papel de filtro; pulgas em solução salina; macerados de pulgas em meio de Cary-Blair. Os dois últimos métodos foram quase iguais e superiores ao primeiro. Foram analisadas pelas três técnicas, um total de 29.512 "pools" de pulicideos provenientes de focos de peste do Nordeste do Brasil no período de 1966 a 1982. Deste total, 236 (0,80%) dos "pools" foram positivos por cultura e/ou inoculação em animais sensíveis.

Yersinia pestis; Pulicideos; Vigilância; Controle da peste

Three different containment transport processes of fleas were evaluated as an approach to the bacteriologic isolation of Yersinia pestis. The three methods employed were: live fleas in glass tubes containing pieces of wrapped filter paper; dead fleas in saline solution; and maceratedfleas in Cary-Blair culture medium. The two latter methods were almost equal and superior to the first method. A total of 29512 flea pools, from plague foci in Northeast Brazil collected during 1966 to 1982 were evaluated by the three methods. Among these samples, 236 (0.80%) flea pools were positive with regard to bacteriological cultivation and/or infection of susceptible animals.

Yersinia pestis; Vector Control fleas; Plague surveillance

ARTIGOS

Pesquisa da infecção natural por Yersinia pestis, em pulicídeos provenientes de focos pestosos do nordeste do Brasil

Darci Pascoal Brasil^I; Francisco Gomes de Carvalho^II; Célio Rodrigues de Almeida^I; Alzira Maria Paiva de Almeida^I

^ILaboratório de Peste. Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Recife, PE

^IILaboratório de Peste. 56230 Exu, PE

^{Endereço para correspondência} Endereço para correspondência: Dr. Darci Pascoal Brasil. Caixa Postal 7472 50730 Recife, PE, Brasil.

RESUMO

Foram avaliados três processos de acondicionamento e transporte de pulgas, objetivando análise bacteriológica para isolamento da Yersinia pestis. As três abordagens testadas foram: pulgas vivas em tubos de ensaio com tiras dobradas de papel de filtro; pulgas em solução salina; macerados de pulgas em meio de Cary-Blair. Os dois últimos métodos foram quase iguais e superiores ao primeiro. Foram analisadas pelas três técnicas, um total de 29.512 "pools" de pulicideos provenientes de focos de peste do Nordeste do Brasil no período de 1966 a 1982. Deste total, 236 (0,80%) dos "pools" foram positivos por cultura e/ou inoculação em animais sensíveis.

Palavras-chave:Yersinia pestis. Pulicideos. Vigilância. Controle da peste.

ABSTRACT

Three different containment transport processes of fleas were evaluated as an approach to the bacteriologic isolation of Yersinia pestis. The three methods employed were: live fleas in glass tubes containing pieces of wrapped filter paper; dead fleas in saline solution; and maceratedfleas in Cary-Blair culture medium. The two latter methods were almost equal and superior to the first method. A total of 29512 flea pools, from plague foci in Northeast Brazil collected during 1966 to 1982 were evaluated by the three methods. Among these samples, 236 (0.80%) flea pools were positive with regard to bacteriological cultivation and/or infection of susceptible animals.

Keywords:Yersinia pestis. Vector Control fleas. Plague surveillance.

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Recebido para publicação em 26/06/89.

1. Almeida AMP, Brasil DP, Carvalho FG, Almeida CR Isolamento da Yersinia pestis nos focos pestosos do Nordeste do Brasil no período de 1966 a 1982. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 27: 207-218, 1985a.
2. Almeida AMP, Brasil DP, Carvalho FG, Almeida CR Pesquisa de Yersinia pestis em roedores e outros pequenos mamíferos nos focos pestosos do Nordeste do Brasil no período de 1966 a 1982. Revista de Saúde Pública, São Paulo 21:265-267, 1987.
3. Almeida AMP, Brasil DP, Leal NC, Melo MEB, Rego RVB, Almeida, CR. Estudos bacteriológicos e sorológicos de um surto de peste no Estado da Paraíba, Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 84:249-256,1989.
4. Almeida AMP, Brasil DP, Melo MEB, Leal NC, Almeida CR. Detecção da peste no Estado da Bahia. Revista de Microbiologia, São Paulo 16:232-233,1985.
5. Almeida AMP, Brasil DP, Melo MEB, Leal NC, Almeida CR. Importância dos carnívoros domésticos (çães e gatos) na epidemiologia da peste nos focos do Nordeste do Brasil. Cadernos de Saúde Pública, RJ 1:49-55, 1988.
6. Almeida AMP, Brasil DP, Melo MEB, Nakasaua M, Almeida CR. Demonstração de atividade pestosa no foco da Serra dos Órgãos (Rio de Janeiro, Brasil) no período de 1983 al984, através de exames sorológicos em roedores. Revista de Microbiologia, São Paulo 16:280-281, 1985.
7. Almeida CR, Almeida AMP, Brasil DP, Dantas SobrinhoJ, Leal MA. Estudo do roedor Akodon arviculoides, Wagner, 1842 (Cricetidae). Importância nos focos pestosos do Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 81:407-414, 1986.
8. Almeida CR, Almeida AMP, Vieira JB, GuidaU, Butler T. Plague in Brazil during two years of bacteriological and serological surveillance. Bulletin of the World Health Organization 59:591-597, 1981.
9. BahmanyarM, Cavanaugh DC. Plague Manual. World Health Organization, Geneve, 1976.
10. Baltazard M. Viagem de Estudos ao Brasil para a organização de um projeto de pesquisa sobre a peste. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 20:335-366, 1968.
11. Baltazard M, Davis DHS, Devignat R, Girard D, Gohar MA, Kartman L, Meyer KF, Parker MT, Pollitzer R, Prince FM, Quan SF, Wagle P. Recommended laboratory methods for the diagnosis of plague. Bulletin of the World Health Organization 14:457-509, 1956.
12. Baltazard M, Eftekhari M. Technique de récolte, de manipulation et d'elevage des puces de rongeurs. Bulletin de la Organization Mondiale de la Santé 16:436-440, 1957.
13. Cary SG, Blair EB. New transport medium for shipment of clinical specimens. I. Fecal specimens. Journal of Bacteriology 88:96-98, 1964.
14. Cavanaugh DC, Vivona S, Do-Van-Quy, Gibson, FL, Deuber GL, Rust Jr JH. A transport medium for specimens containing P. pestis Bulletin of the World Health Organization 37:455-459, 1967.
15. Coura JR, Almeida CR, Almeida AMP. Peste in: Amato Neto V, Baldy JLS (eds). Doenças Transmissíveis. Savier. São Paulo 3^a ed. p. 691-698, 1989.
16. Guimarães LR Contribuição à epidemiologia da peste endêmica no Nordeste do Brasil e Estado da Bahia. Estudo das pulgas encontradas nessa região. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 24:95- 163, 1972.
17. Karimi Y. Diagnostique rapide de l'infection pesteuse au laboratoire. Bulletin de la Société de Pathologie Exotique 1:45-48, 1978.
18. Karimi Y, Almeida CR, Almeida AMP. La peste expérimentale chez les rongeurs du Brésil. Déductions Epidémiologiques. Bulletin de la Société de Pathologie Exotique 67:591-601 1974.
19. Karimi Y, Eftekhari M, Almeida CR. Sur l'écologie des puces impliquées dans l'epidémiologie de la peste et le rôle éventuel de certains insectes hématophages dans son processus au Nord-Est du Brésil. Bulletin de la Société de Pathologie Éxotique 67:583-591, 1974.
20. Mello MT, Paracampo H, Santos DA. Emprego do meio de Cary Blair para conservação e transporte de material suspeito de peste em zonas rurais. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 21:767-773, 1969.
²¹
Organización Mundial de la Salud. Eglamento Sanitario Internacional. Ginebra, 1974.
22. Poland JD, Barnes A. Plague. In: Steele JH (ed) CRC Handbook Series in Zoonoses. Section A: Bacterial, Rickettisial and Mycotic Diseases. Boca Raton, CRC Press p. 515-558, 1979.
23. World Health Organization. Technical Report Series. WHO Expert Committee on Plague. Fourth Report 447:23-25, 1970.
24. Zebral AA, Costa GA. Eficácia de alguns meios de cultura na conservação de amostras de Yersinia pestis Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 31:5-17, 1969.

Endereço para correspondência:

Dr. Darci Pascoal Brasil.

Caixa Postal 7472

50730

Recife, PE, Brasil.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
28 Maio 2013
Data do Fascículo
Dez 1989

Histórico

Aceito
26 Jun 1989
Recebido
26 Jun 1989

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[1] 1. Almeida AMP, Brasil DP, Carvalho FG, Almeida CR Isolamento da Yersinia pestis nos focos pestosos do Nordeste do Brasil no período de 1966 a 1982. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 27: 207-218, 1985a.

[2] 2. Almeida AMP, Brasil DP, Carvalho FG, Almeida CR Pesquisa de Yersinia pestis em roedores e outros pequenos mamíferos nos focos pestosos do Nordeste do Brasil no período de 1966 a 1982. Revista de Saúde Pública, São Paulo 21:265-267, 1987.

[3] 3. Almeida AMP, Brasil DP, Leal NC, Melo MEB, Rego RVB, Almeida, CR. Estudos bacteriológicos e sorológicos de um surto de peste no Estado da Paraíba, Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 84:249-256,1989.

[4] 4. Almeida AMP, Brasil DP, Melo MEB, Leal NC, Almeida CR. Detecção da peste no Estado da Bahia. Revista de Microbiologia, São Paulo 16:232-233,1985.

[5] 5. Almeida AMP, Brasil DP, Melo MEB, Leal NC, Almeida CR. Importância dos carnívoros domésticos (çães e gatos) na epidemiologia da peste nos focos do Nordeste do Brasil. Cadernos de Saúde Pública, RJ 1:49-55, 1988.

[6] 6. Almeida AMP, Brasil DP, Melo MEB, Nakasaua M, Almeida CR. Demonstração de atividade pestosa no foco da Serra dos Órgãos (Rio de Janeiro, Brasil) no período de 1983 al984, através de exames sorológicos em roedores. Revista de Microbiologia, São Paulo 16:280-281, 1985.

[7] 7. Almeida CR, Almeida AMP, Brasil DP, Dantas SobrinhoJ, Leal MA. Estudo do roedor Akodon arviculoides, Wagner, 1842 (Cricetidae). Importância nos focos pestosos do Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 81:407-414, 1986.

[8] 8. Almeida CR, Almeida AMP, Vieira JB, GuidaU, Butler T. Plague in Brazil during two years of bacteriological and serological surveillance. Bulletin of the World Health Organization 59:591-597, 1981.

[9] 9. BahmanyarM, Cavanaugh DC. Plague Manual. World Health Organization, Geneve, 1976.

[10] 10. Baltazard M. Viagem de Estudos ao Brasil para a organização de um projeto de pesquisa sobre a peste. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 20:335-366, 1968.

[11] 11. Baltazard M, Davis DHS, Devignat R, Girard D, Gohar MA, Kartman L, Meyer KF, Parker MT, Pollitzer R, Prince FM, Quan SF, Wagle P. Recommended laboratory methods for the diagnosis of plague. Bulletin of the World Health Organization 14:457-509, 1956.

[12] 12. Baltazard M, Eftekhari M. Technique de récolte, de manipulation et d'elevage des puces de rongeurs. Bulletin de la Organization Mondiale de la Santé 16:436-440, 1957.

[13] 13. Cary SG, Blair EB. New transport medium for shipment of clinical specimens. I. Fecal specimens. Journal of Bacteriology 88:96-98, 1964.

[14] 14. Cavanaugh DC, Vivona S, Do-Van-Quy, Gibson, FL, Deuber GL, Rust Jr JH. A transport medium for specimens containing P. pestis Bulletin of the World Health Organization 37:455-459, 1967.

[15] 15. Coura JR, Almeida CR, Almeida AMP. Peste in: Amato Neto V, Baldy JLS (eds). Doenças Transmissíveis. Savier. São Paulo 3^a ed. p. 691-698, 1989.

[16] 16. Guimarães LR Contribuição à epidemiologia da peste endêmica no Nordeste do Brasil e Estado da Bahia. Estudo das pulgas encontradas nessa região. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 24:95- 163, 1972.

[17] 17. Karimi Y. Diagnostique rapide de l'infection pesteuse au laboratoire. Bulletin de la Société de Pathologie Exotique 1:45-48, 1978.

[18] 18. Karimi Y, Almeida CR, Almeida AMP. La peste expérimentale chez les rongeurs du Brésil. Déductions Epidémiologiques. Bulletin de la Société de Pathologie Exotique 67:591-601 1974.

[19] 19. Karimi Y, Eftekhari M, Almeida CR. Sur l'écologie des puces impliquées dans l'epidémiologie de la peste et le rôle éventuel de certains insectes hématophages dans son processus au Nord-Est du Brésil. Bulletin de la Société de Pathologie Éxotique 67:583-591, 1974.

[20] 20. Mello MT, Paracampo H, Santos DA. Emprego do meio de Cary Blair para conservação e transporte de material suspeito de peste em zonas rurais. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 21:767-773, 1969.

[21] ²¹
Organización Mundial de la Salud. Eglamento Sanitario Internacional. Ginebra, 1974.

[22] 22. Poland JD, Barnes A. Plague. In: Steele JH (ed) CRC Handbook Series in Zoonoses. Section A: Bacterial, Rickettisial and Mycotic Diseases. Boca Raton, CRC Press p. 515-558, 1979.

[23] 23. World Health Organization. Technical Report Series. WHO Expert Committee on Plague. Fourth Report 447:23-25, 1970.

[24] 24. Zebral AA, Costa GA. Eficácia de alguns meios de cultura na conservação de amostras de Yersinia pestis Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 31:5-17, 1969.