Acessibilidade / Reportar erro

Cromoblastomicose produzida por Fonsecaea pedrosoi no Estado do Maranhão. I - aspectos clínicos, epidemiológicos e evolutivos

Resumos

Com o objetivo de verificar o comportamento clínico-epidemiológico da cromoblastomicose no Estado do Maranhão, foi feito um estudo retrospectivo e prospectivo de 13 casos, no serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital dos Servidores do Estado do Maranhão no período de nov/88 a julho/91. Para a investigação, foi utilizada uma ficha protocolo com todos os dados necessários para uma análise posterior. Nos casos analisados observou-se maior prevalência na faixa etária entre 50 e 60 anos (46,1%) e do sexo masculino (84,6%). Doze pacientes eram procedentes do Estado do Maranhão, dentre os quais 10 da microrregião da baixada ocidental maranhense. Quanto à profissão, 12 (92,3%) eram lavradores. Na sua maioria apresentavam as lesões nos membros inferiores deforma verrugo- confluentes, cor acastanhada, com prurido. O tempo de evolução variou de 0 a 15 anos em 12 casos (92,3%). Quanto aos aspectos laboratoriais, o exame histológico feito em 12 pacientes, diagnosticando cromoblastomicose em 100% deles e a cultura isolou Fonsecaea pedrosoi em 9 casos (70%). O tratamento realizado em todos os pacientes, com algumas variações foi feito com 5 - fluorocitosina apresentando bons resultados evolutivamente. Constatou-se neste trabalho uma provável zona endêmica de cromoblastomicose na microrregião da baixada ocidental maranhense, até agora desconhecida.

Cromoblastomicose; Fonsecaea pedrosoi; Estado do Maranhão


The aim of this study was to observe the clinical and of epidemiological behavior of chromoblastomycosis in the State of Maranhão. A retrospective and prospective study ofl 3 cases was performed at the infectious diseases section of the Hospital dos Servidores do Estado do Maranhão, from November, 1988 to July, 1991. In the investigation a protocol record was used with a view to further analysis. A higher prevalence betweem 50 and 60 years of age (46.1%) and in male patients (92.3%) was noted. Twelve patients (92.3%) were from Maranhão State, and 10 of them (76.9%) came from the Western Microregion of the State of Maranhão. Regarding occupation, 92.3 % were landworkers, and most of them presented the lesions on the lower limbs (84.6%) of a vegetant warty aspect, brown in color with itching. Histopathological exammination diagnosed chromomycosis in 100% of the cases. Culture was performed in 11 cases, and Fonsecaea pedrosoi isolated in 9 of them. Treatment with 5-fluorocytosine resulted in a good evolutive response. This study indicates the existence of a probable endemic area of chromomycosis in hinterland of Maranhão (Western Microregion) that hither to unknown.

Chromoblastomycosis; Fonsecaea pedrosoi; State of Maranhão


ARTIGOS

Cromoblastomicose produzida por Fonsecaea pedrosoi no Estado do Maranhão. I - aspectos clínicos, epidemiológicos e evolutivos

Ana Carla C. Mello e Silva; Artur Serra Neto; Cloves Eduardo S. Galvão; Sirley G. Marques; Ana Cristina R. Saldanha; Conceição de Maria Pedroso e Silva; Olga Fischman; Raimunda Ribeiro da Silva; Maria do Rosário da S. R. Costa; Jackson Maurício Lopes Costa

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Prof. Jackson Maurício Lopes Costa Depto. de Patologia/UFMA. Pç. Madre Deus 02 (Anexo Hospital Geral) 65025-560 São Luís, MA.

RESUMO

Com o objetivo de verificar o comportamento clínico-epidemiológico da cromoblastomicose no Estado do Maranhão, foi feito um estudo retrospectivo e prospectivo de 13 casos, no serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital dos Servidores do Estado do Maranhão no período de nov/88 a julho/91. Para a investigação, foi utilizada uma ficha protocolo com todos os dados necessários para uma análise posterior. Nos casos analisados observou-se maior prevalência na faixa etária entre 50 e 60 anos (46,1%) e do sexo masculino (84,6%). Doze pacientes eram procedentes do Estado do Maranhão, dentre os quais 10 da microrregião da baixada ocidental maranhense. Quanto à profissão, 12 (92,3%) eram lavradores. Na sua maioria apresentavam as lesões nos membros inferiores deforma verrugo- confluentes, cor acastanhada, com prurido. O tempo de evolução variou de 0 a 15 anos em 12 casos (92,3%). Quanto aos aspectos laboratoriais, o exame histológico feito em 12 pacientes, diagnosticando cromoblastomicose em 100% deles e a cultura isolou Fonsecaea pedrosoi em 9 casos (70%). O tratamento realizado em todos os pacientes, com algumas variações foi feito com 5 - fluorocitosina apresentando bons resultados evolutivamente. Constatou-se neste trabalho uma provável zona endêmica de cromoblastomicose na microrregião da baixada ocidental maranhense, até agora desconhecida.

Palavras-chave: Cromoblastomicose. Fonsecaea pedrosoi. Estado do Maranhão.

ABSTRACT

The aim of this study was to observe the clinical and of epidemiological behavior of chromoblastomycosis in the State of Maranhão. A retrospective and prospective study ofl 3 cases was performed at the infectious diseases section of the Hospital dos Servidores do Estado do Maranhão, from November, 1988 to July, 1991. In the investigation a protocol record was used with a view to further analysis. A higher prevalence betweem 50 and 60 years of age (46.1%) and in male patients (92.3%) was noted. Twelve patients (92.3%) were from Maranhão State, and 10 of them (76.9%) came from the Western Microregion of the State of Maranhão. Regarding occupation, 92.3 % were landworkers, and most of them presented the lesions on the lower limbs (84.6%) of a vegetant warty aspect, brown in color with itching.

Histopathological exammination diagnosed chromomycosis in 100% of the cases. Culture was performed in 11 cases, and Fonsecaea pedrosoi isolated in 9 of them. Treatment with 5-fluorocytosine resulted in a good evolutive response. This study indicates the existence of a probable endemic area of chromomycosis in hinterland of Maranhão (Western Microregion) that hither to unknown.

Keywords: Chromoblastomycosis. Fonsecaea pedrosoi. State of Maranhão.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 20/08/91.

Trabalho realizado no Departamento de Patologia, Universidade Federal do Maranhão, Hospital dos Servidores do Estado do Maranhão, São Luís, MA e Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP.

  • 1. Borelli D. A clinical trial of itraconazole in the treatment of deep mycoses and leishmaniasis. Reviews of Infectious Diseases 9:57-63, 1987.
  • 2. Costa JML, Sampaio RN, Tada MS, Almeida EA, Veiga EP, Magalhães AV, Marsden PD. Furazolidone treatment of cutaneous leishmaniasis. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 79:274, 1985.
  • 3. Costa JML. Estudo clínico epidemiológico de um surto epidêmico de leishmaniose tegumentar americana na região de Corte de Pedra, Valença- BA. Tese de Mestrado, Universidade de Brasília, 1986.
  • 4. Cutrim RNM. Aspectos clínico-epidemiológicos da esquistossomose mansoni em três localidades da baixada Ocidental Maranhense. Tese de Mestrado, Instituto Oswaldo Cruz, 1987.
  • 5. Esteves JA, Cabrita JD, Nobre GN. Micologia médica. Fundação Colouste Gulbenkian, 1980.
  • 6. Fader RC, McGinnis MR. Infections caused by dematiaceus fungi: Chromblastomycosis and phaeohyphomycosis infectious disease. Clinics of North America 2, 1988.
  • 7. Lacaz CS, Porto E, Martins JEC. Micologia médica. Fundos, actinomicetos e algas de interesse médico. Editora Sarvier, São Paulo, 1984.
  • 8. Lane CG. A cutaneous lesion caused by a new fungos (Phialophora verrucosa). Journal Cutaneous Disease 33:840-846, 1915.
  • 9. Londero AT, Ramos CD. Chromomycosis: aclinical and mycologic study of thirty-five cases observed in the hinterland of Rio Grande do Sul, Brazil. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 25:132-135, 1976.
  • 10. Lopes CF, Alvarenga RJ, Cisalpino EO, Martinelli B, Santos PU, Armond S. Tratamento da cromomicose pela 5-fluro- citosina. Primeiros resultados. O Hospital 75:1335-1342, 1969.
  • 11. Lopes CF. Tratamento e cura da cromomicose pela 5-fluorocitosina. Anais Brasileiros de Dermatologia 48:165-171, 1973.
  • 12. Lopes CF, Alvarenga RJ, Cisalpino EO, Resende M A, Oliveira LG. Six years experience in treatment of Chromomycosis with 5-fiuorocytosine. Internal Journal Dermatology 17:414-418, 1978.
  • 13. Lopes CF. Recent developments in the therapy of chromoblastomycosis. Bulletin of Panamerican Health Organization 15:58-64, 1981.
  • 14. Mattêde MGS, Palhano Junior L, Coelho CC, Mattêd AF. Dermatite verrucosa cromoparasitária (cromomicose). Investigação de casos no Estado do Espírito Santo. Anais Brasileiros de Dermatologia 65:70-74, 1990.
  • 15. McGinnis MR, Hilger EA. Infections Caused by black fungi. Archives Dermatology 123:1300-1302, 1987.
  • 16. Pereira Filho MJ. O pé musgoso de Thomas e a cromoblastomicose no Rio Grande do Sul eem Santa Catarina; Identificação dos fungos patogênicos no gênero Phialophora, Thaxter, 1915. Resultados terapêuticos. Revista do Rio Grande do Sul 32:66- 101, 1949.
  • 17. Pellon AB, Teixeira I. Distribuição da esquistossomose no Brasil. Divisão de Organização Sanitária, 1950.
  • 18. Ridell GS, Laciow DM. Mycology for the clinical Laboratory. Reston. Reston Publications, 1979.
  • 19. Romero A, Trejos A. La cromoblastomicosis en Costa Rica. Revista Biologia Tropical 1:95-115, 1953.
  • 20. Silva NN. Cromoblastomicose no Rio Grande do Sul. Aspectos clínicos, micológico e experimental. Anais Brasileiros Dermatologia Sifilografia 24:113- 145, 1949.
  • 21. Tibiriça POT. Anatomia patológica da dermatite verrucosa cromomicótica. Tese, Universidade de São Paulo, 1939.
  • 22. Trejos A. Cladosporium carrionii n. sp. and the problem of Cladosporia isolated from chromoblastomycosis. Revista Biologia Tropical 2:75-112, 1954.
  • 23. Vollum DI. Chromomycosis: a review. British Journal of Dermatology 96:454-458, 1977.
  • Endereço para correspondência:

    Prof. Jackson Maurício Lopes Costa
    Depto. de Patologia/UFMA.
    Pç. Madre Deus 02 (Anexo Hospital Geral)
    65025-560
    São Luís, MA.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Abr 2013
    • Data do Fascículo
      Mar 1992

    Histórico

    • Aceito
      20 Ago 1991
    • Recebido
      20 Ago 1991
    Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT Caixa Postal 118, 38001-970 Uberaba MG Brazil, Tel.: +55 34 3318-5255 / +55 34 3318-5636/ +55 34 3318-5287, http://rsbmt.org.br/ - Uberaba - MG - Brazil
    E-mail: rsbmt@uftm.edu.br