Acessibilidade / Reportar erro

O babaçu (Orbignya phalerata martins) como provável fator de risco de infecção humana pelo agente da cromoblastomicose no Estado do Maranhão, Brasil

Resumos

Após estudo de 30pacientes portadores de cromoblastomicose, acompanhados no hospital dos servidores do Estado do Maranhão, verificou-se em 2 (6,6%) lesões ná região glútea, diferindo do que geralmente se observa, pois na cromoblastomicose existe sempre história de microtraumatismo sofridos durante o trabalho na lavoura, propiciando o desenvolvimento mais freqüente das lesões nas extremidades, principalmente dos membros inferiores. Ambos pacientes, doentes há 10 anos, apresentavam lesões nodulares e verrugo-confluentes em placas coalescentes na região glútea direita. O diagnóstico etiológico foi firmado através de exame histopatológico e cultura, com isolamento de Fonsecaea pedrosoi. Na investigação epidemiológica do tipo de exposição verificou-se que os mesmos desempenhavam a profissão de quebradores de coco-babaçu, atividade relativamente comum no Estado. Parece evidente a relação entre o tipo de atividade profissional e o desenvolvimento da infecção.

Cromoblastomicose; Babaçu; Fonsecaea pedrosoi; Estado do Maranhão


During a survey of 30 patients with chromoblastomycosis followed at the Hospital dos Servidores do Estado do Maranhão, the authors observed in 2 (6.6%)patients with lesions on the buttock. This is an uncommon site for the initial lesions of chromoblastomycosis. There is often a history of microtraumatism during the farming job hence the more frequent development of lesions in the lower limbs. Both patients had 10 years disease, with the presence of nodules and vegetant warty lesions in coalescentplaques on the right buttock. Etiologic diagnosis made through histopatologic and culture exams, with Fonsecaea pedrosoi isolated, the epidemiological exposure of the patients, was suggested by the fact that both worked as babaçu coconut cutters a common activity in Maranhão State. The relation betweenthis kind of professional activity and the development of infection merits for the investigation.

Chromoblastomycosis; Babaçu coconut; Fonsecae pedrosoi; Estado do Maranhão


RELATO DE CASO

O babaçu (Orbignya phalerata martins) como provável fator de risco de infecção humana pelo agente da cromoblastomicose no Estado do Maranhão, Brasil

Conceição de Maria P. e Silva; Raquel M. da Rocha; Janise S. Moreno; Maria dos Remédios F. C. Branco; Raimunda R. Silva; Sirley G. Marques; Jackson Maurício L. Costa

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Prof. Jackson M.L. Costa. Depto. de Patologia/UFMA. Pça. Madre Deus 2 65025-560 São Luís, MA. Fax: (098) 222-5135.

RESUMO

Após estudo de 30pacientes portadores de cromoblastomicose, acompanhados no hospital dos servidores do Estado do Maranhão, verificou-se em 2 (6,6%) lesões ná região glútea, diferindo do que geralmente se observa, pois na cromoblastomicose existe sempre história de microtraumatismo sofridos durante o trabalho na lavoura, propiciando o desenvolvimento mais freqüente das lesões nas extremidades, principalmente dos membros inferiores. Ambos pacientes, doentes há 10 anos, apresentavam lesões nodulares e verrugo-confluentes em placas coalescentes na região glútea direita. O diagnóstico etiológico foi firmado através de exame histopatológico e cultura, com isolamento de Fonsecaea pedrosoi. Na investigação epidemiológica do tipo de exposição verificou-se que os mesmos desempenhavam a profissão de quebradores de coco-babaçu, atividade relativamente comum no Estado. Parece evidente a relação entre o tipo de atividade profissional e o desenvolvimento da infecção.

Palavras-chave: Cromoblastomicose. Babaçu. Fonsecaea pedrosoi. Estado do Maranhão.

ABSTRACT

During a survey of 30 patients with chromoblastomycosis followed at the Hospital dos Servidores do Estado do Maranhão, the authors observed in 2 (6.6%)patients with lesions on the buttock. This is an uncommon site for the initial lesions of chromoblastomycosis. There is often a history of microtraumatism during the farming job hence the more frequent development of lesions in the lower limbs. Both patients had 10 years disease, with the presence of nodules and vegetant warty lesions in coalescentplaques on the right buttock. Etiologic diagnosis made through histopatologic and culture exams, with Fonsecaea pedrosoi isolated, the epidemiological exposure of the patients, was suggested by the fact that both worked as babaçu coconut cutters a common activity in Maranhão State. The relation betweenthis kind of professional activity and the development of infection merits for the investigation.

Keywords: Chromoblastomycosis. Babaçu coconut. Fonsecae pedrosoi. Estado do Maranhão.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 21/06/94.

Departamento de Patologia da Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA.

Apoio Financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão (FAPEMA).

  • 1. Companhia de Pesquisa e Aproveitamento de Recursos Naturais-COPENATe Fundação Instituto Estadual do Babaçu-INEB. Mapeamento das ocorrências e prospecção do potencial atual do babaçu no Estado do Maranhão. São Luís, 1981.
  • 2. Fonseca O, Leão AEA. As chromoblastomycosis. Revista Medicina Cirurgia Brasileira 38:216-236, 1930.
  • 3. Gezvele E, Mackinnon JE, Diaz AC. The frequent isolation of Phialophora verrucosa and Phialophora pedrosi from natural sources. Sabourandia 10:226- 273, 1972.
  • 4. Iwatsu I, Miyaji M, Okamoto S. Isolation of Phialophora verrucosa and Fonsecaea pedrosi from nature in Japan. Mycopathologia 75:149-158,1981.
  • 5. Lequizamon EBM, Casas JG, Perini GM. Cromomicosis de la nalga. Medicina Cutanea Ibero- Latino-Americana XII:430-438, 1993.
  • 6. Mackinnon JE. Regional peculiarities of some deep mycoses. Mycophatologia et Mycologia Applicata 46:249-265, 1972.
  • 7. May PH. Palmeiras em chamas; transformação agrária e justiça social na zona do babaçu. EMAPA/FINEP/FUNDAÇÃO FORD, São Luis, 1990.
  • 8. Me Ginnis MR, Hill C. Chromoblastomycosis and Phaeohyphomycosis: new concepts, diagnosis and mycology. Journal of the American Academy of Dermatology 8:1-16, 1993.
  • 9. Olano SM, Gonzales DPR, D'esconbet EF, Leon GV, Perez AB. Cromomicosis: estúdio de cinco anos. Revista Cubana de Medicina Tropical 36:102- 109, 1984.
  • 10. Romero A, Trejos A. La cromoblastomicosis en Costa Rica. Revista de Biologia Tropical 1:95-115, 1953.
  • 12. Silva ACCM, Neto AS, Galvão CES, Marques SG, Saldanha ACR, Silva CMP, Fischman O, Silva RR, Costa MRSR, Costa JML. Cromoblastomicose produzida por Fonsecaea pedrosi no Estado do Maranhão. I - Aspectos Clínicos, epidemiológicos e Evolutivos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 25:37-44, 1992.
  • Endereço para correspondência:

    Prof. Jackson M.L. Costa.
    Depto. de Patologia/UFMA.
    Pça. Madre Deus 2
    65025-560 São Luís, MA.
    Fax: (098) 222-5135.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Abr 2013
    • Data do Fascículo
      Mar 1995

    Histórico

    • Aceito
      21 Jun 1994
    • Recebido
      21 Jun 1994
    Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT Caixa Postal 118, 38001-970 Uberaba MG Brazil, Tel.: +55 34 3318-5255 / +55 34 3318-5636/ +55 34 3318-5287, http://rsbmt.org.br/ - Uberaba - MG - Brazil
    E-mail: rsbmt@uftm.edu.br