Acessibilidade / Reportar erro

Estudo comparativo entre o xenodiagnóstico natural e o artificial, em chagásicos crônicos

Resumos

Foram realizados, simultaneamente, os xenodiagnósticos natural e artificial em 57 pacientes chagásicos, na fase crônica, com idades entre 26 e 83 anos, sendo 26 do sexo masculino e 31 do feminino, todos com sorologia reativa. Este estudo teve a finalidade de verificar a sensibilidade do método artificial, visando à sua utilização, em rotina de laboratório. Aplicaram-se 40 Dipetalogaster maximus de 1° estádiopara cada paciente tanto no xmodiagnóstico natural quanto no artificial. O xenodiagnóstico artificial foi significativamente mais sensível do que o natural para detectar o Trypanosoma cruzi, uma aplicaçao do artificial foi igual à do método natural aplicado três vezes. A "xenopositividade'' foi de 35,1%, sendo significativamente maior no sexo masculino, nas faixas etárias de 56 a 65 anos e 66 a 83 anos. Estes resultados mostram a viabilidade e a possibilidade do uso do xenodiagnóstico artificial em rotina de laboratório.

Xenodiagnóstico; Doença de Chagas; Trypanosoma cruzi; Fase crônica; Diagnóstico parasitolôgico


In order to study the sensitivity of the xenodiagnosis technique a comparison between natural and artificial xenodiagnosis methods was performed in 57 chronic phase chagasic patients (31 female), with ages ranging from 26 to 83 years. All patients had demonsti-able antibodies against Trypanosoma cruzi. Forty first instar nymphs of Dipetalogaster maximus were used for each of both methods and for each patient. The positivity of xenodiagnosis artificial was significantly higher than the routine test method. These results did show that a single application of 40 bugs by the artificial method yielded a similar result than 3 applications of 40 bugs each, by the natural method.The positivity of xenodiagnosis was significantly higher in patients between 56-65 and 66-83 years old than at other ages. Males were predominant in this age group. These results showed the viability of artificial xenodiagnosis and its use in routine laboratory testing.

Xenodiagnosis; Chagas' disease; Trypanosoma cruzi; Chronic phase; Parasitological diagnosis


ARTIGOS

Estudo comparativo entre o xenodiagnóstico natural e o artificial, em chagásicos crônicos

Adelair Helena dos Santos; Ionizete Garcia da Silva; Anis Rassi

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Prof. Ionizete Garcia da Silva. Laboratório de Biologia, Fisiologia de Insetos e Xenodiagnóstico/IPTSP/UFG. Caixa Postal 131, 74001-970 Goiânia, GO; Fax:(062) 261 6414.

RESUMO

Foram realizados, simultaneamente, os xenodiagnósticos natural e artificial em 57 pacientes chagásicos, na fase crônica, com idades entre 26 e 83 anos, sendo 26 do sexo masculino e 31 do feminino, todos com sorologia reativa. Este estudo teve a finalidade de verificar a sensibilidade do método artificial, visando à sua utilização, em rotina de laboratório. Aplicaram-se 40 Dipetalogaster maximus de 1° estádiopara cada paciente tanto no xmodiagnóstico natural quanto no artificial. O xenodiagnóstico artificial foi significativamente mais sensível do que o natural para detectar o Trypanosoma cruzi, uma aplicaçao do artificial foi igual à do método natural aplicado três vezes. A "xenopositividade'' foi de 35,1%, sendo significativamente maior no sexo masculino, nas faixas etárias de 56 a 65 anos e 66 a 83 anos. Estes resultados mostram a viabilidade e a possibilidade do uso do xenodiagnóstico artificial em rotina de laboratório.

Palavras-chave: Xenodiagnóstico. Doença de Chagas. Trypanosoma cruzi. Fase crônica. Diagnóstico parasitolôgico.

ABSTRACT

In order to study the sensitivity of the xenodiagnosis technique a comparison between natural and artificial xenodiagnosis methods was performed in 57 chronic phase chagasic patients (31 female), with ages ranging from 26 to 83 years. All patients had demonsti-able antibodies against Trypanosoma cruzi. Forty first instar nymphs of Dipetalogaster maximus were used for each of both methods and for each patient. The positivity of xenodiagnosis artificial was significantly higher than the routine test method. These results did show that a single application of 40 bugs by the artificial method yielded a similar result than 3 applications of 40 bugs each, by the natural method.The positivity of xenodiagnosis was significantly higher in patients between 56-65 and 66-83 years old than at other ages. Males were predominant in this age group. These results showed the viability of artificial xenodiagnosis and its use in routine laboratory testing.

Keyworks: Xenodiagnosis. Chagas' disease. Trypanosoma cruzi. Chronic phase. Parasitological diagnosis.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 27/12/94.

Laboratório de Biologia, Fisiologia de Insetos e Xenodiagnóstico do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO. Suporte Financeiro: SENESU, FUNAPE, CONSITEG.

  • 1. Balazuc J. Un fenomeno de anafilaxia producido por picaduras de Triatoma (Hemiptera, Reduviidae). Anales del Instituto de Medicina Regional 3'35-37,1950.
  • 2. Boainain E, Rassi A. Quadro clínico e diagnóstico. Publicação da Roche 4:22-24,1976.
  • 3. Bronfen E, Rocha FSA, Machado GBN, Perillo MM, Romanha AJ, Chiari E. Isolamento de amostras do Trypanosoma cruzi por xenodiagnóstico e hemocultura de pacientes na fase crônica da doença de Chagas. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 84:237-240,1989.
  • 4. Campos R, Amato Neto V, Matsubara L, Moreira AAB, Pinto PLS. Estudos sobre o xenodiagnóstico "in vitro". I. Escolha de anticoagulante e de membranas. Revista do Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo 43:101-103, 1988.
  • 5. Castro CN, Alves MT, Macedo VO. Importância da repetição do xenodiagnóstico para avaliação da parasitemia na fase crônica da doença de Chagas. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 16:98-103,1983.
  • 6. Cedillos RA, Torrealba JW, Tonn RJ, Mosca W, Ortegon A. El xenodiagnóstico artificial en la enfermedad de Chagas. Boletin de la Oficina Sanitaria Panamericana 93:240-249,1982.
  • 7. Cerisola JA, Rohdwedder R. Comportamiento de la parasitemia y el inmunodiagnóstico de la infección chagásica crónica. In: Resumos do Simposio Internacional sobre Enfermedad de Chagas. Buenos Aires p.271-275,1972.
  • 8. Chiari E. Padronização do xenodiagnóstico. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 25(supl ni):40-42,1992.
  • 9. Freitas JLP Nussensweig V, Amato Neto Y Sontag R. Estudo comparativo entre xenodiagnóstico praticado "in vivo" e " in vitro" em formas crônicas da moléstia de Chagas. O Hospital 47:181-187, 1955.
  • 10. Garcia ES, Macarini JD, Garcia MLM, Ubatuba FB. Alimentação de Rhodnius prolixus em laboratório. Anais da Academia Brasileira de Ciências 47:537-545,1975.
  • 11. Isac E. Influência da heparina e do citrato de sódio no xenodiagnóstico artificial. Revista de Patologia Tropical 23:121-143,1994.
  • 12. Luquetti AO, Miles MA, Rassi A, Rezende JM, Souza AA, Póvoa MM, Rodrigues I. Trypanosoma cruzi: zymodemes associated with acute and chronic Chagas' disease in central Brazil. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 80:462-470,1986.
  • 13. Marsden PD, Barreto AC, Cuba CC, Gama MB, Akers J. Improvements in routine xenodiagnosis with first instar Dipetalogaster maximus (Uhler, 1894) (Triatominae). The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 28:649-652,1979.
  • 14. Nussensweig V, Sonntag R. Xenodiagnóstico artificial. Novo processo. Primeiros resultados positivos. Revista Paulista de Medicina 40:69-71, 1952.
  • 15. Romana C,GilJ.Xenodiagnóstico artificial. Anales del Instituto de Medicina Regional 2:57-60,1947.
  • 16. Salgado AA. Consideraciones sobre metodologia y sensibilidad del xenodiagnóstico. Boletin Chileno de Parasitologia 24:9-13,1969.
  • 17. Salgado AA, Mayrink W, Dias JCP. Estudo comparativo entre a reação de fixação do complemento, com os antígenos benzeno-cloro- formado e metílico e o xenodiagnóstico. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 12:36-40,1970.
  • 18. Salgado, JA, Salgado AA, Espinola HN. Contribuição ao conhecimento das reações às picadas de triatomíneos. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 20:231-235, 1968.
  • 19. Schenone H, Rojo M, Rojas A, Concha L. Fositividad diurna y nocturna del xenodiagnostico en un paciente con infección chagásica crónica de parasitemia permanente. Boletin Chileno de Parasitologia 32:63-66,1977.
  • 20. Silva IG. Influência da temperatura na biologia de triatomíneos. I. Triatoma rubrovaria (Blanchard, 1843) (Hemiptera, Reduviidae). Revista Goiana de Medicina 31:1-37,1985.
  • 21. Silva IG. Influência da temperatura na biologia de 18 espécies de triatomíneos (Hemiptera, Reduviidae) e no xenodiagnóstico. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, 1985.
  • 22. Silva IG. Influência da temperatura na biologia de triatomíneos. XIII. Dipetalogaster maximus Uhler, 1894 (Hemiptera, Reduviidae). Anais da Sociedade Entomológica do Brasil 19:111-119, 1990.
  • 23. Silva IG. Nova técnica para leitura do xenodiagnóstico. Revista Goiana de Medicina 36:35-40,1990.
  • 24. Silva IG. Dispositivo para realização do xenodiagnóstico artificial. Revista de Patologia Tropical 20:35-38,1991.
  • 25. Silva IG, Ferreira IR. Influência da fonte sangüínea na multiplicação da cepa "Y" de Trypanosoma cruzi em Triatoma infestans (Klug, 1834) e Rhodnius neglectus Lent, 1954. Revista Goiana de Medicina 36:41-48,1990.
  • 26. Silva IG, Luquetti AO, Silva HHG. Importância do método de obtenção das dejeções espontâneas dos triatomíneos na avaliação da suscetibilidade triatomínica para o Trypanosoma cruzi Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 26: 19-24,1993.
  • 27. Silva IG, Silva HHG. Influência da temperatura na biologia de triatomíneos. IX. Rhodnius nasutus Stal, 1859 (Hemiptera, Reduviidae). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 84:377-382,1989.
  • 28. Silva IG, Silva HHG. Suscetibilidade de 11 espécies de triatomíneos (Hemiptera, Reduviidae) à cepa Y de Trypanosoma cruzi (Kinetoplastida, Trypanosomatidae). Revista Brasileira de Entomologia 37:459-463,1993.
  • 29. Silva n. Sobre la conveniencia de realizar el xenodiagnóstico fuera del organismo humano en todos los casos. Revista de la Facultad Medicina deTucumán 1:405-415,1958.
  • Endereço para correspondência:

    Prof. Ionizete Garcia da Silva.
    Laboratório de Biologia, Fisiologia de Insetos e Xenodiagnóstico/IPTSP/UFG.
    Caixa Postal 131,
    74001-970
    Goiânia, GO;
    Fax:(062) 261 6414.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Abr 2013
    • Data do Fascículo
      Dez 1995

    Histórico

    • Aceito
      27 Dez 1994
    • Recebido
      27 Dez 1994
    Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT Caixa Postal 118, 38001-970 Uberaba MG Brazil, Tel.: +55 34 3318-5255 / +55 34 3318-5636/ +55 34 3318-5287, http://rsbmt.org.br/ - Uberaba - MG - Brazil
    E-mail: rsbmt@uftm.edu.br