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Carlos Catão Prates Loiola

NECROLÓGIO OBTUARY

Carlos Catão Prates Loiola

Pedro Luiz Tauil

No dia 19 de março passado, em Porto Alegre, RS, faleceu o sanitarista Carlos Catão Prates Loiola, em decorrência de complicações respiratórias, enquanto se preparava para ser submetido a um transplante de pulmão. Atualmente, exercia suas atividades como consultor nacional para doenças transmitidas por vetores, na Representação do Brasil da Organização Panamericana de Saúde.

Conheci o Catão em 1979, quando ainda servidor da Diretoria Regional de Minas Gerais, da antiga Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM). Desde aquele tempo, era já uma referência técnica para a Divisão Nacional de Malária, que utilizava seus conhecimentos e sua experiência no controle da malária, para supervisões em diferentes estados do País, onde o programa local necessitasse de apoio. Além de técnico competente, Catão era uma pessoa extremamente cordial, atenciosa e gentil. Estas qualidades contribuíram muito para o seu êxito profissional. Toda sua carreira foi dedicada ao serviço público, para o qual entrou, por concurso, em 1966, na extinta Campanha de Controle de Malária (CEM). Nesse mesmo ano foi aluno, na Escola Nacional de Saúde Pública, do Curso de Especialização em Malária, requisito então exigido para iniciar suas funções de malariologista. Inicialmente, foi designado para trabalhar no interior de Minas Gerais, no Distrito da CEM de Pirapora, onde permaneceu até ser transferido para a sede regional em Belo Horizonte. Foi um dos principais responsáveis pela interrupção da transmissão da malária naquele estado. Continuou trabalhando no controle de endemias em Minas Gerais, após a criação da SUCAM, em 1972, que incorporou entre outros órgãos a CEM, a Campanha de Erradicação da Varíola e a de controle de outras doenças endêmicas. Em 1981, foi designado Diretor Regional de Minas Gerais pelo Dr. José Fiusa Lima, então Superintendente da SUCAM. Em 1986, foi transferido para a Superintendência da SUCAM em Brasília, onde desempenhou várias funções, desde assessor da Superintendência até às de coordenador do Projeto de Controle de Endemias do Nordeste, do Projeto de Controle da Malária na Amazônia, Gerente de Malária, entre outras. Participou ativamente da criação da Fundação Nacional de Saúde.

Mineiro de Montes Claros, onde nasceu em 1º de janeiro de 1942, Catão era uma pessoa que sabia ouvir. Sua ausência prematura deixa um vazio em seus incontáveis amigos e em andamento vários projetos que, como consultor da OPAS, apoiava com dedicação e entusiasmo, entre eles, o inquérito nacional de infecção chagásica, o projeto de avaliação da eficácia da combinação de lumefantrina e derivado da artemisinina no controle da transmissão da malária e a Rede Amazônica de Vigilância da Resistência às Drogas Antimaláricas. Era membro ainda do Comitê de Acompanhamento do Programa Nacional de Controle da Malária e foi um dos maiores estimuladores do tão exitoso Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária na Amazônia, entre 2000 e 2002, participando ativamente das suas reuniões periódicas de avaliação.

Carlos Catão era profundamente religioso e vencia com sua fé as dificuldades impostas por sua doença nestes últimos anos. A respiração difícil e a baixa imunidade, resultante da medicação que tomava, não o impediam de freqüentar seu escritório na OPAS, onde recebia, quem o procurava, sempre com presteza, amabilidade, gentileza e atenção. Sua vida e sua obra são um exemplo de dedicação às causas mais sublimes da saúde pública brasileira.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jun 2004
  • Data do Fascículo
    Jun 2004
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