Ocorrência de Centris (Hemisiella) vittata Lepeletier (Hymenoptera: Apidae: Centridini) no Cerrado s.l. do nordeste do Maranhão, Brasil

Occurrence of Centris (Hemisiella) vittata Lepeletier (Hymenoptera: Apidae: Centridini ) in the Cerrado s.l. Bioma of Maranhão, Northeastern Brazil

NOTAS E COMUNICAÇÕES

Ocorrência de Centris (Hemisiella) vittata Lepeletier (Hymenoptera: Apidae: Centridini) no Cerrado s.l. do nordeste do Maranhão, Brasil

Occurrence of Centris (Hemisiella) vittata Lepeletier (Hymenoptera: Apidae: Centridini ) in the Cerrado s.l. Bioma of Maranhão, Northeastern Brazil

Marina da Costa Ramos; Márcia Maria Correia Rêgo; Patrícia Maia Corrêa de Albuquerque

RESUMO

Fêmeas de Centris vittata Lepeletier foram observadas visitando flores de Byrsonima sp. e nidificando em troncos de Astronium sp. (Anacardiaceae) em uma área de Mata Mesofítica, em Urbano Santos (3º 12' 28''S; 43º24'12''), Maranhão, Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Abelhas solitárias, Centris vittata, abelhas de óleo, Byrsonima sp., ninhos.

ABSTRACT

Females of Centris (Hemisiella) vittata Lepeletier were observed visiting flowers of Byrsonima sp. (Malpighiaceae) and nesting in Astronium sp. (Anacardiaceae) in a mesophytic forest area at Urbano Santos, Maranhão, Northeastern Brazil.

KEYWORDS: Solitary bees, Centris vittata, oil bees, Byrsonima sp., nests.

As abelhas do gênero Centris Fabricius, 1804 distribuem-se do sudoeste dos Estados Unidos até as regiões xéricas da Argentina e Chile. Essas abelhas, solitárias, têm os mais variados hábitos de nidificação. Muitas espécies escavam ninhos no solo (Alcock et al., 1976; Batra & Schuster, 1977; Coville et al., 1983; Vinson et al., 1993; Aguiar & Gaglianone, 2003), outras podem estabelecer seus ninhos dentro de termiteiros (Vesey-Fitzgerald, 1939; Bennet, 1964; Gaglianone, 2001) ou em cavidades pré-existentes, como troncos de árvores (Michener & Lange, 1958; Vinson et al., 1993; Frankie et al., 1993) e ninhos armadilhas (Morato et al., 1999; Jesus & Garófalo, 2000; Gazola & Garófalo, 2003; Aguiar & Garófalo, 2004).

As fêmeas da tribo Centridini são dotadas de estruturas especializadas para coleta de lipídios florais e estão associadas, principalmente às flores de Malpighiaceae (Vogel, 1988; Buchmann, 1987). Este recurso é utilizado para alimentação larval, juntamente com o pólen (Vinson et al., 1997), e também na construção das células de cria (Hiller & Wittmann, 1994). Essa interação confere aos Centridini um papel relevante como agentes polinizadores das plantas de óleo (Frankie et al., 1983; Rêgo & Albuquerque, 1989; Machado 2004).

No Brasil, espécies do gênero Centris foram diagnosticadas em diversos ecossistemas, dentre eles dunas e restinga (Silva & Martins, 1999; Silva et al., 2001; Viana & Alves-dos-Santos, 2002), caatinga (Martins, 1994; Zanella, 2000; Aguiar & Almeida, 2002; Aguiar et al., 2003), e cerrado; neste último, com maior diversidade (Silveira & Campos, 1995; Albuquerque & Mendonça, 1996; Gaglianone, 2003).

Hemisiella é um grupo de ampla distribuição com a maioria das espécies ocorrendo na América do Sul. Centris (Hemisiella) vittata Lepeletier, 1841 é uma abelha de médio porte dentre os Centridini que ocorre na América do Sul e América Central. Há registros desta espécie no México, Costa Rica, Panamá e Honduras (Snelling, 1984). No Brasil há citações para os Estados de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia (Silveira et al., 2002). Até então, não havia sido diagnosticada no Maranhão (Rebêlo et al., 2003). Esta é a primeira citação para o Estado.

Fêmeas de Centris (Hemisiella) vittata Lepeletier foram observadas em visita às flores do "murici" Byrsonima sp. e nidificando em cavidades pré-existentes em troncos mortos de aroeira, Astronium sp. (Anacardiaceae), expostos ao sol durante quase todo o dia. O sítio de observação, na Reserva Santo Amaro (3º 12' 28''S; 43º24'12''W), Município de Urbano Santos, Nordeste do Maranhão encontra-se sob o domínio de fragmentos de cerrado, entretanto os ninhos amostrados foram localizados em uma área aberta de Mata Mesofítica distante aproximadamente 300 m da Mata Ciliar, na mesma localidade. Segundo Frankie et al. (1993), C. vittata é uma espécie restrita a ambientes úmidos, de matas.

Os indivíduos, machos e fêmeas, que emergiram dos ninhos foram coletados. Os exemplares encontram-se depositados na coleção de referência do Laboratório de Estudos sobre Abelhas (LEA) do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Maranhão.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da Bolsa de Iniciação Científica ao primeiro autor; à Comercial & Agrícola Paineiras, pelo apoio logístico em campo; ao biólogo Adriano Oliveira Maciel, pela ajuda em campo; ao Prof. Fernando Zanella, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Campina Grande, pela confirmação da identificação da espécie de abelha; ao Profº Nivaldo Figueiredo, do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Maranhão, pela identificação da aroeira.

BIBLIOGRAFIA CITADA

Recebido em 07/03/2006

Aceito em 01/03/2007

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  14 Ago 2007
• Data do Fascículo
  2007

Histórico

• Recebido
  07 Mar 2006
• Aceito
  01 Mar 2007