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Esquizofrenia: uma doença inflamatória?

Schizophrenia: an inflammatory disease?

Resumos

OBJETIVO: Neste estudo, o objetivo foi revisar o papel de um possível processo inflamatório na gênese da esquizofrenia. MÉTODO: Foram selecionados os trabalhos publicados em revistas indexadas nas bases de dados Lilacs e MedLine, sob os unitermos "esquizofrenia", "inflamação" e "estresse oxidativo", nos últimos 10 anos até dezembro de 2009, nos idiomas inglês e português. Foram excluídos os artigos que tratavam de aspectos fisiopatológicos da doença fora do interesse da psiquiatria. RESULTADOS: Sessenta e um artigos foram selecionados. Doze abordavam o envolvimento do estresse oxidativo na esquizofrenia, nove tratavam de alterações no sistema imunológico de pacientes esquizofrênicos, dezesseis da infecção pré-natal como desencadeador da doença e sete mostravam a ação antioxidante e anti-inflamatória de fármacos antipsicóticos. CONCLUSÃO: Os estudos enfatizam o envolvimento do sistema imunológico (isto é, interleucinas e ação anti-inflamatória dos antipsicóticos), das infecções, do estresse oxidativo e da função mitocondrial na fisiopatologia da esquizofrenia. Portanto, esses novos achados são importantes para a melhor compreensão e, consequentemente, a elaboração de terapias mais específicas e eficazes no combate dessa doença mental.

Esquizofrenia; inflamação; estresse oxidativo; infecção viral


OBJECTIVE: We aimed at reviewing about the influence of the inflammatory process in the genesis of schizophrenia. METHOD: A search for papers published in Lilacs and MedLine databases during the last 10 years until December 2009 was made using the terms "schizophrenia", "inflammation" and "oxidative stress". The papers concerning other pathophysiologic aspects of schizophrenia not exclusively related to psychiatry were excluded. RESULTS: Sixty-one articles were selected: twelve were involved the role of oxidative stress, nine dealt with changes in the immune system, and sixteen referred to prenatal infection as the trigger of schizophrenia. Seven articles showed the anti-inflammatory and antioxidant action of antipsychotic drugs. CONCLUSION: The studies emphasized the importance of the mitochondrial function, oxidative stress, immunological system (interleukin, anti-inflammatory action of the antipsychotics) and infections in the pathophysiology of schizophrenia. These findings are important for a better understanding and consequently the development of more specific and effective therapies for schizophrenia.

Schizophrenia; inflammation; oxidative stress; viral infection


REVISÃO DE LITERATURA

Esquizofrenia: uma doença inflamatória?

Schizophrenia: an inflammatory disease?

Carlos Clayton Torres AguiarI; Claudênio Diógenes AlvesII; Felipe Augusto Rocha RodriguesII; Francisco Washington Araújo BarrosII; Francisca Cléa Florenço de SousaII; Silvânia Maria Mendes VasconcelosII; Danielle Silveira MacedoII

IUniversidade de Fortaleza (Unifor), Faculdade de Medicina

IIUniversidade Federal do Ceará (UFC), Faculdade de Medicina, Departamento de Fisiologia e Farmacologia

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Danielle Silveira Macedo Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Laboratório de Neurofarmacologia, UFC Rua Coronel Nunes de Melo, 1127 60431-270 - Fortaleza, CE Telefone: (85) 3366-8337 - Fax: (85) 3366-8333 E-mail: daniellesm2000@yahoo.com

RESUMO

OBJETIVO: Neste estudo, o objetivo foi revisar o papel de um possível processo inflamatório na gênese da esquizofrenia.

MÉTODO: Foram selecionados os trabalhos publicados em revistas indexadas nas bases de dados Lilacs e MedLine, sob os unitermos "esquizofrenia", "inflamação" e "estresse oxidativo", nos últimos 10 anos até dezembro de 2009, nos idiomas inglês e português. Foram excluídos os artigos que tratavam de aspectos fisiopatológicos da doença fora do interesse da psiquiatria.

RESULTADOS: Sessenta e um artigos foram selecionados. Doze abordavam o envolvimento do estresse oxidativo na esquizofrenia, nove tratavam de alterações no sistema imunológico de pacientes esquizofrênicos, dezesseis da infecção pré-natal como desencadeador da doença e sete mostravam a ação antioxidante e anti-inflamatória de fármacos antipsicóticos.

CONCLUSÃO: Os estudos enfatizam o envolvimento do sistema imunológico (isto é, interleucinas e ação anti-inflamatória dos antipsicóticos), das infecções, do estresse oxidativo e da função mitocondrial na fisiopatologia da esquizofrenia. Portanto, esses novos achados são importantes para a melhor compreensão e, consequentemente, a elaboração de terapias mais específicas e eficazes no combate dessa doença mental.

Palavras-chave: Esquizofrenia, inflamação, estresse oxidativo, infecção viral.

ABSTRACT

OBJECTIVE: We aimed at reviewing about the influence of the inflammatory process in the genesis of schizophrenia.

METHOD: A search for papers published in Lilacs and MedLine databases during the last 10 years until December 2009 was made using the terms "schizophrenia", "inflammation" and "oxidative stress". The papers concerning other pathophysiologic aspects of schizophrenia not exclusively related to psychiatry were excluded.

RESULTS: Sixty-one articles were selected: twelve were involved the role of oxidative stress, nine dealt with changes in the immune system, and sixteen referred to prenatal infection as the trigger of schizophrenia. Seven articles showed the anti-inflammatory and antioxidant action of antipsychotic drugs.

CONCLUSION: The studies emphasized the importance of the mitochondrial function, oxidative stress, immunological system (interleukin, anti-inflammatory action of the antipsychotics) and infections in the pathophysiology of schizophrenia. These findings are important for a better understanding and consequently the development of more specific and effective therapies for schizophrenia.

Keywords: Schizophrenia, inflammation, oxidative stress, viral infection.

INTRODUÇÃO

Apesar do progresso da ciência e da introdução da terapia com medicamentos antipsicóticos para a esquizofrenia, os resultados clínicos ainda não são satisfatórios. Existe uma elevada percentagem de pacientes que são refratários ao tratamento, e a evolução da doença é desfavorável em muitos dos indivíduos afetados1. Além disso, a etiologia da esquizofrenia continua desconhecida e, apesar da existência de várias teorias, ainda não existe um consenso.

A principal teoria seria a do funcionamento anormal de sistemas neurotransmissores, em especial o sistema dopaminérgico. Após a introdução dos antipsicóticos atípicos, outros sistemas passaram a ser considerados nas alterações provocadas pela esquizofrenia, como o sistema serotonérgico e o glutamatérgico. Nos últimos anos, as pesquisas nos campos da neurofisiologia, neuroendocrinologia, psicofarmacologia, genética e na psiconeuroimunologia demonstraram uma série de marcadores biológicos para esquizofrenia2.

OBJETIVO

Pelo fato de as últimas publicações darem ênfase ao papel do processo inflamatório e seus mediadores, bem como do estresse oxidativo na fisiopatologia da esquizofrenia, o objetivo desta revisão é descrever os principais achados envolvendo essas temáticas e seu papel na patogênese dessa doença mental.

MÉTODO

Foram consultados os trabalhos publicados em revistas indexadas nas bases de dados Lilacs e PubMed, sob os unitermos "esquizofrenia", "inflamação" e "estresse oxidativo", ou seus correspondentes em língua inglesa: "schizophrenia" , "inflammation" , "oxidative stress", publicados nos últimos 10 anos nos idiomas inglês e português. Os artigos que tratavam de aspectos da doença fora da área de interesse da psiquiatria foram excluídos.

Estresse oxidativo e esquizofrenia

Radical livre se refere a um átomo ou molécula altamente reativa que contém um número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica3. É esse não emparelhamento do orbital mais externo que confere alta reatividade a esses átomos e moléculas.

Nos mamíferos são produzidos radicais livres (RL) de diferentes átomos, mas os que ganham destaque em razão de sua reatividade e dos danos que podem causar são os radicais derivados do oxigênio. O termo espécies reativas de oxigênio (ERO) não se refere apenas a radicais livres, mas também a espécies não radicais derivadas do oxigênio como: hidroxila (HO•), superóxido (O2•-), peroxila (ROO•) e alcoxila (RO•); e os não radicais: oxigênio, peróxido de hidrogênio e ácido hipocloroso4.

Os RL são produzidos naturalmente ou por alguma disfunção biológica. No organismo, sua formação ocorre por reações relacionadas à produção de energia, fagocitose, regulação do crescimento celular, sinalização intercelular e síntese de substâncias biológicas importantes. No entanto, o excesso de RL apresenta efeitos prejudiciais, tais como a peroxidação dos lipídios de membrana e agressão às proteínas dos tecidos e membranas, enzimas, carboidratos e ao DNA4.

Em condições normais, os níveis de RL produzidos pelas reações celulares são controlados pelos antioxidantes produzidos endogenamente com ação enzimática, a exemplo da glutationa peroxidase (GPx), catalase (CAT) e superóxido dismutase (SOD), ou não enzimática, a exemplo da glutationa reduzida (GSH), peptídeos da histidina, proteínas ligadas ao ferro (transferrina e ferritina), ácido diidrolipoico e ubiquinona4.

O estresse oxidativo acontece quando existe desequilíbrio entre os processos antioxidantes e pró-oxidantes, com aumento da formação de RL, ou pela ineficiência das defesas antioxidantes ou, ainda, pela combinação de ambas, podendo levar a processos fisiopatológicos que resultam em toxicidade celular e culminar em morte celular5.

Todos os tecidos são vulneráveis ao estresse oxidativo, porém o sistema nervoso central (SNC) é particularmente sensível6 por causa da alta taxa de consumo de oxigênio, dos elevados níveis de lipídios poli-insaturados capazes de sofrer peroxidação lipídica e da auto-oxidação de alguns neurotransmissores que pode levar à formação de ERO7.

Evidências sugerem que o estresse oxidativo tem papel importante na fisiopatologia da esquizofrenia8, fato esse comprovado pelos 180 trabalhos publicados a respeito dessa temática. Alguns desses estudos relatam problemas com a defesa antioxidante e aumento da peroxidação lipídica em pacientes esquizofrênicos virgens de tratamento9-10 e naqueles tratados cronicamente com neurolépticos típicos11.

Esses achados parecem ainda controversos, visto que alguns estudos mostram níveis reduzidos das principais enzimas antioxidantes - SOD, CAT e GSH12 - em pacientes esquizofrênicos; outros trabalhos relatam níveis inalterados dessas três enzimas13, ou alterações apenas na concentração de enzimas individuais14.

Um estudo feito por Young et al.15 não identificou alterações em marcadores de estresse oxidativo em pacientes esquizofrênicos, embora a pesquisa tenha tido limitações, como uma pequena população estudada e tratada com grande diversidade de medicações antipsicóticas, o que pode ter influenciado nos resultados.

Abordagens usando modelos animais de esquizofrenia como o da administração perinatal de fenciclidina (antagonista glutamatérgico NMDA) em ratos mostram modificações em regiões cerebrais específicas, tais como: redução da GSH e da atividade da SOD no córtex frontal dorsolateral e no hipocampo, enquanto no tálamo o principal achado foi aumento da peroxidação lipídica, demonstrando dano oxidativo nessa área, o que pode explicar até certo ponto a disfunção nas conexões cortical-cortical e cortical-subcortical que dão suporte à "hipótese de desconexão" da esquizofrenia16.

Estudo post mortem examinou diversas áreas corticais e subcorticais de pacientes com esquizofrenia e controles e encontrou níveis elevados de duas isoenzimas da SOD no córtex frontal e substância inominata17. Além disso, na avaliação do córtex pré-frontal foi encontrada grande proporção de alterações de transcrição, níveis de proteínas e metabólitos associados com o funcionamento mitocondrial, metabolismo energético e oxidativo18, dentre os quais se pode mencionar redução de 11 subunidades nucleares codificadoras do complexo I da cadeia transportadora de elétrons (CTE), quatro do complexo III da CTE e onze do complexo IV da CTE, bem como aumento da taurina, via da glutationa, via da tiorredoxina, que são ativadas em condições em que ocorre grande formação de ERO, como no caso da hipóxia.

O estresse oxidativo faz parte não somente da fisiopatologia da esquizofrenia, mas também do distúrbio bipolar. Kuns et al.19 mostraram aumento na atividade da SOD em pacientes esquizofrênicos e bipolares deprimidos, mas não em bipolares eutímicos, enquanto houve aumento de peroxidação lipídica em esquizofrênicos e, principalmente, em bipolares na fase de mania.

Portanto, existem fortes indícios de que a disfunção mitocondrial e o estresse oxidativo estejam intrinsecamente envolvidos na fisiopatologia da esquizofrenia, apesar de a natureza exata do seu papel em particular, se primário ou secundário, ainda não estar totalmente esclarecida.

Abordagem imunológica na esquizofrenia

A psiconeuroimunologia é a ciência que estuda as interações entre o comportamento, as funções neurais e endócrinas e os processos imunes. Essa área tem se preocupado em investigar e decifrar os mecanismos pelos quais esses sistemas trocam informações, influenciando-se mutuamente, com evidentes implicações fisiológicas e patológicas20,21. Nesse sentido, muitos estudos mostram uma relação direta e recíproca entre o SNC e o sistema imune22,23.

Em se tratando de esquizofrenia, tem-se observado um crescente número de dados que mostram modificações do sistema imune em pacientes com essa doença. Entretanto, antes de abordar as mudanças do sistema imune em relação à esquizofrenia, é importante conhecer, em linhas gerais, os componentes principais desse sistema no corpo humano. A defesa do corpo ante os microrganismos envolve a participação de componentes celulares e humorais. Nesse aspecto, existem as defesas inatas e a adaptativas. A defesa inata, que é a primeira linha de defesa, compreende monócitos/ macrófagos, granulócitos, células natural killers, proteínas de fase aguda e sistema do complemento. Já a defesa adaptativa compreende linfócitos T e B e os produtos destes últimos, os anticorpos. Também fazem parte da defesa adaptativa os linfócitos T auxiliares Th1 e Th2, que estão diretamente relacionados com a produção de interleucinas (IL-2, IL-4, IL-6 e IL10), fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α) e interferon-γ24-26.

A esquizofrenia parece estar relacionada com um desequilíbrio nos níveis de citocinas, provocando supressão de alguns fatores e ativação de outros. Nesse sentido, existem evidências de aumento de células Th1 e Th2, bem como dos níveis de citocinas em pacientes esquizofrênicos. Já a proteína C reativa, um marcador de inflamação crônica associado a infecções crônicas e condições inflamatórias, apresentou aumento associado a prejuízos cognitivos, e não sintomas psiquiátricos, em pacientes esquizofrênicos27. Ao contrário, também existem evidências de níveis diminuídos de IL-2 e IL-6 e de redução na resposta imune mediada por células T28-30.

Atualmente, pesquisas abordando o papel da neuroinflamação na esquizofrenia estão ganhando muita evidência. Considera-se neuroinflamação a ativação de células da micróglia, as células inflamatórias residentes no cérebro, podendo também envolver outras células linfoides que se infiltrem no cérebro. Foram encontrados 140 trabalhos abordando inflamação ou neuroinflamação e esquizofrenia. Doorduin et al.31 mostraram que um processo neuroinflamatório foi encontrado no hipocampo de sete pacientes em fase de recuperação de um surto psicótico, utilizando para essa determinação a técnica de PET scan. Esse dado sugere que a neuroinflamação tem um papel importante na esquizofrenia, principalmente durante a psicose.

Existem fortes indícios de que a esquizofrenia pode ser uma doença autoimune. Ganzinelli et al.32 evidenciaram que anticorpos circulantes de pacientes esquizofrênicos interagem com receptores colinérgicos muscarínicos M1, induzindo a produção de óxido nítrico, prostaglandina E2 e metaloproteinase de matriz-3, agindo como indutores da expressão de RNAm para ciclo-oxigenase 1 e óxido nítrico sintase induzível no córtex frontal de ratos. A hipótese de autoimunidade é fortalecida pelo fato de parentes de esquizofrênicos apresentarem mais casos de doenças autoimunes33 e por uma relação inversa entre esquizofrenia e artrite reumatoide34; embora essa última relação pareça contraintuitiva, foi hipotetizado que a esquizofrenia e a artrite reumatoide compartilham uma etiologia imune comum e que, uma vez que o indivíduo é afetado por uma das doenças, ele se torna relativamente imune à outra35.

Sendo assim, apesar do conflito de informações, é fato que certas alterações no sistema imunológico fazem parte da fisiopatologia da esquizofrenia e que estudos mais específicos tornam-se necessários no sentido de fundamentar uma possível imunoterapia para pacientes esquizofrênicos.

Infecção: fator de risco pré-natal para o desenvolvimento da esquizofrenia

Vários estudos tentam demonstrar a relação existente entre quadros infecciosos no período gestacional e o desenvolvimento da esquizofrenia, visto que muitas evidências sugerem que essa desordem mental é de origem neurodesenvolvimental. Até o presente momento, em torno de 375 trabalhos foram publicados a esse respeito nos últimos 10 anos. Uma doença neurodesenvolvimental é caracterizada por alterações durante o desenvolvimento fetal do cérebro que possam desencadear manifestações clínicas da doença apenas tardiamente, como no caso da esquizofrenia, em que os primeiros sintomas ocorrem na adolescência36.

De acordo com Vallada Filho e Samaia37, a primeira investigação a relatar essa associação foi conduzida na Finlândia38. Esses pesquisadores observaram que fetos expostos durante o segundo trimestre de gestação ao vírus da influenza A2, na epidemia de 1957, apresentaram risco mais elevado para esquizofrenia na vida adulta do que os não expostos.

Além do já reconhecido componente hereditário da esquizofrenia (estima-se que ele represente de 70% a 80% da suscetibilidade total para desenvolver a doença), muitos fatores ambientais contribuem como fatores de risco para o surgimento da doença. Um desses fatores são as infecções maternas durante a gestação, que podem aumentar significativamente o risco de esquizofrenia39-42.

Evidências epidemiológicas mostram o aumento do risco da esquizofrenia depois da exposição pré-natal a infecções por vários patógenos, que incluem: influenza38,43, rubéola44, Toxoplasma gondii45 e herpes simples46. Essa variedade de agentes infecciosos envolvidos sugere que um fator comum da resposta imune a esses patógenos pode ser um mediador crítico da associação entre infecção pré-natal e aumento do risco da esquizofrenia47,48.

Zhu49 defende em seu trabalho a hipótese de que a infecção por Toxoplasma gondii pode ser um agente etiológico de psicoses em alguns pacientes. Segundo esse autor, o SNC é o tecido mais comumente afetado pelo estado latente da toxoplasmose, podendo exercer, em certo grau, alterações no desenvolvimento das faculdades mentais. Ainda de acordo com o referido estudo, pacientes com toxoplasmose latente apresentam alterações específicas no desempenho psicomotor; sua capacidade de aprendizado e memória diminui; e o tempo de reações simples é significativamente prolongado. Os resultados deste estudo mostraram, ainda, que a prevalência de anticorpos contra T. gondii em pacientes com psicose era significativamente maior do que em pessoas normais, que a soropositividade a esse patógeno em crianças está associada com retardamento mental e déficit de atenção e que a incidência de infecção por T. gondii em pacientes psiquiátricos internados era três a cinco vezes maior que em pessoas normais, sugerindo que alguns sintomas psiquiátricos podem ser causados por essa infecção.

A utilização de modelos experimentais in vivo de ativação imune pré-natal são ferramentas indispensáveis para confirmar a hipótese de associação entre exposição à infecção e aumento do risco à esquizofrenia. Nesse contexto, Borrell et al.50 mostraram que a ativação crônica do sistema imune de ratas durante a gestação por exposição a lipopolissacarídeos bacterianos (LPS) aumenta a atividade da enzima tirosina hidroxilase (TH) no núcleo accumbens da prole adulta. A TH é a enzima limitante da síntese in vivo de dopamina (DA) (e noradrenalina) e pode ser usada como um marcador présináptico dopaminérgico. O aumento da atividade da TH no núcleo accumbens de ratos adultos pré-natalmente expostos ao LPS é acompanhado pelo aumento dos níveis basais de DA nessa área cerebral, bem como pelo aumento dos níveis do metabólito ácido diidroxifenilacético (DOPAC) nas áreas mais dorsais do corpo estriado51,52. Esses experimentos dão consideráveis evidências de que a ativação imune pré-natal por infecção pode afetar negativamente o desenvolvimento do sistema dopaminérgico mesocorticolímbico.

Também foi descrita uma associação entre níveis maternos de interleucina-8 (IL-8) durante o segundo trimestre de gravidez e risco de esquizofrenia no neonato53. Juntos, esses achados dão suporte ao substantivo papel das infecções intraútero ou inflamação na etiologia da esquizofrenia.

Ação antioxidante e anti-inflamatória dos antipsicóticos

Os efeitos imunológicos das medicações antipsicóticas têm sido reportados desde 196054. A partir dessa data, então, vem sendo proposto que agentes antipsicóticos podem modular a imunidade mediada por células55. Conforme descrito anteriormente neste artigo, a esquizofrenia ocorre, em parte, por causa de um desequilíbrio entre os processos pró-oxidantes e antioxidantes. Com base nessa abordagem imunológica/ pró-oxidante da esquizofrenia, foi demonstrado56 que os níveis plasmáticos de SOD, IL-2 e IL-6 encontram-se elevados em pacientes com esquizofrenia crônica e que essa elevação na SOD e IL-2 pode ser relevante para a resposta ao tratamento medicamentoso, pois está correlacionada à severidade dos sintomas. Os autores concluíram com o estudo que a melhora dos sintomas dos pacientes após tratamento com risperidona e haloperidol foi associada a reduções na atividade da SOD e níveis de IL-2, mas não IL-6.

Sugino et al.57 determinaram que os antipsicóticos atípicos, como a clozapina, olanzapina e risperidona suprimem o TNF-α e IL-6, enquanto aumentam IL-10, uma citocina anti-inflamatória, contudo o haloperidol, um antipsicótico típico, não produziu esses efeitos. Hou et al.58 mostraram que a olanzapina inibe a liberação de óxido nítrico regulada por LPS, enquanto o haloperidol e a clozapina não. Outros autores59 reportaram que a clozapina e o haloperidol em doses terapêuticas in vitro teriam ação imunossupressora pela produção aumentada de um antagonista do receptor de IL-1. Já a risperidona parece inibir significativamente a liberação de óxido nítrico e citocinas pró-inflamatórias pela micróglia ativada60. Dessa forma, esses estudos mostram que os antipsicóticos são capazes de modular a função imune.

Com base nessa abordagem inflamatória da esquizofrenia, uma nova droga tem ganho destaque, a minociclina. A minociclina é um antibiótico da família das tetraciclinas que tem mostrado atividade neuroprotetora em doenças neurodegenerativas como doença de Huntington e Parkinson, particularmente por causa de seus efeitos de retardo nas alterações motoras, inflamação e apoptose. Essa substância está se mostrando segura e eficaz como terapia adjuvante da esquizofrenia, melhorando a eficácia dos antipsicóticos e retardando os efeitos colaterais desses fármacos61.

CONCLUSÃO

A inflamação apresenta papel importante na psicopatologia da esquizofrenia. Estudos futuros devem avaliar mais profundamente o papel das citocinas pró-inflamatórias e da autoimunidade na fisiopatologia dessa doença mental, o que poderá conduzir a estratégias de intervenções farmacológicas mais específicas e eficazes para o tratamento desse transtorno mental que provoca grande comprometimento na qualidade de vida do paciente e de sua família.

Recebido em 13/11/2009

Aprovado em 4/2/2010

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  • Endereço para correspondência:

    Danielle Silveira Macedo
    Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Laboratório de Neurofarmacologia, UFC
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Maio 2010
    • Data do Fascículo
      2010

    Histórico

    • Recebido
      13 Nov 2009
    • Aceito
      04 Fev 2010
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