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Violência doméstica em professores da rede pública estadual durante a pandemia da COVID-19

Domestic violence in state public school teachers during the COVID-19 pandemics

RESUMO

Objetivo:

Analisar os fatores associados ao aumento da violência doméstica entre professores no período inicial na pandemia.

Métodos:

Estudo transversal e analítico, do tipo websurvey , realizado com professores da educação básica pública de Minas Gerais, Brasil. A coleta de dados ocorreu de agosto a setembro de 2020, via formulário digital. A variável dependente foi o autorrelato da violência doméstica. Utilizou-se a Regressão de Poisson.

Resultados:

Participaram do estudo 539 professores em situação de violência doméstica na pandemia, dos quais 6,3% (n = 34) diminuíram um pouco e muito, 58,3% (n = 314) permaneceram o mesmo e 35,4% (n = 191) aumentaram um pouco e muito. Na análise ajustada, observou-se maior prevalência do aumento da violência doméstica entre os professores que referiram dificuldade com o trabalho docente (RP = 1,38; IC95% 1,01;1,89); com adesão total ao distanciamento social (RP = 1,33; IC95% 1,01;1,76); piora no estado de saúde (RP = 1,70; IC95% 1,23;2,36) e que se sentiram tristes ou deprimidos muitas vezes ou sempre (RP = 1,57; IC95% 1,15;2,16).

Conclusão:

O aumento da violência doméstica da pandemia em professores foi associado a características laborais e condições de saúde mental.

PALAVRAS-CHAVE
Professores escolares; saúde mental; violência doméstica; isolamento social

ABSTRACT

Objective:

To analyze the factors associated with the increase in domestic violence among teachers in the initial period of the pandemic.

Methods:

Cross-sectional and analytical study, of the websurvey type, carried out with teachers of public basic education in Minas Gerais, Brazil. Data collection took place from August to September 2020, via a digital form. The dependent variable was self-reported domestic violence. Poisson regression was used.

Results:

539 teachers participated in the study in situations of domestic violence in the pandemic, of which 6.3% (n = 34) decreased a little and a lot, 58.3% (n = 314) remained the same and 35.4% (n = 191) increased a little and a lot. In the adjusted analysis, a higher prevalence of increased domestic violence was observed among teachers who reported difficulty with teaching work (PR = 1.38; 95%CI 1.01;1.89); with full adherence to social distancing (PR = 1.33; 95%CI 1.01;1.76); worsening of health status (PR = 1.70; 95%CI 1.23;2.36) and in teachers who felt sad or depressed many times or always (PR = 1.57; 95%CI 1.15;2.16).

Conclusion:

The increase in domestic violence of the pandemic in teachers was associated with work characteristics and mental health conditions.

KEYWORDS
School teachers; mental health; domestic violence; social isolation

INTRODUÇÃO

A violência é um problema mundial de saúde pública com consequências como mortes e adoecimentos, cada vez mais presentes em ambientes sociais. A palavra “violência” é entendida como a atitude de ser violento ou usar da força para constrangimento físico ou moral, buscando, assim, coagir o indivíduo. A violência doméstica é caracterizada como qualquer ação ou omissão baseada no indivíduo que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial11 World Health Organization. Global consultation on violence and health. Violence: a public health priority. Geneva: WHO; 1996..

As medidas de distanciamento social na pandemia para reduzir o número de infecções levaram a uma redução da mobilidade das pessoas e a interrupção da atividade econômica global. Essas mudanças na dinâmica social impactaram as esferas emocionais, comportamentais e cotidianas, o que põe em risco indivíduos ou grupos em situação de vulnerabilidade22 Perez-Vincent SM, Carreras E. Domestic violence reporting during the COVID-19 pandemic: evidence from Latin America. Rev Econ Househ. 2022;20(3):799-830., possibilitando um aumento considerável da prevalência e gravidade da violência doméstica durante a pandemia33 Thiel F, Büechl VCS, Rehberg F, Mojahed A, Daniels JK, Schellong J, et al. Changes in Prevalence and Severity of Domestic Violence During the COVID-19 Pandemic: A Systematic Review. Front Psychiatry. 2022;13:874183..

No Brasil, a condição de confinamento obrigatório repercutiu no aumento significativo de casos de violência doméstica, associado às características de vulnerabilidade econômica e social das vítimas. Esse cenário potencializou as situações de injustiças e exclusões sociais, já postas na invisibilidade mesmo antes da pandemia. Dessa forma, a presente pesquisa se justifica com base no atual cenário de crise sanitária, econômica e social causada pela pandemia, que colaborou para a manutenção e agravamento de violência doméstica44 Marcolino EC, Santos RC, Clementino FS, Leal CQAM, Soares MCS, Miranda FAN, et al. O distanciamento social em tempos de Covid-19: uma análise de seus rebatimentos em torno da violência doméstica. Interface - Comunic Saúde Educ. 2021;25(S1):e200363..

No contexto da pandemia da COVID-19, o ensino foi reestruturado para se exercerem atividades remotas devido à suspensão das atividades presenciais. Os professores passaram a trabalhar em tempo integral em situação de trabalho remoto, home office ou teletrabalho, expostos a condições de trabalho improvisadas e a jornadas extenuantes55 Silva DCI, Leite AG. Análise sobre a percepção de saúde física e psicológica de professores brasileiros durante as aulas remotas na pandemia de Covid-19. EaD em Foco. 2021;11(1):e1546.. A prática docente foi desafiada em diversos aspectos, como a falta de preparo dos professores, de estrutura e de recursos viáveis de meios tecnológicos para a realização do ensino a distância, o aumento na demanda de trabalho e a necessidade de novas estratégias de ensino, somados à vida conjugal, materna e doméstica e a tantas outras atribuições que lhes são conferidas. Esse novo cenário gerou angústia, estresse e insegurança nos professores, com implicações na saúde mental deles55 Silva DCI, Leite AG. Análise sobre a percepção de saúde física e psicológica de professores brasileiros durante as aulas remotas na pandemia de Covid-19. EaD em Foco. 2021;11(1):e1546..

Na pandemia, aproximadamente um terço dos professores do ensino básico do estado de Minas Gerais sentiam-se insatisfeitos e com dificuldades para a prática profissional devido ao cotidiano exaustivo e opressor66 Silva RRV, Barbosa REC, Silva NSS, Pinho L, Ferreira TB, Moreira BB, et al. A pandemia da COVID-19: insatisfação com o trabalho entre professores(as) do estado de Minas Gerais, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2021;26(12):6117-28.. São escassas as referências sobre violência doméstica durante o surto de COVID-19 em professores. Portanto, o presente estudo teve como objetivo analisar os fatores associados ao aumento da violência doméstica entre professores no período inicial da pandemia.

MÉTODOS

Este estudo faz parte do projeto “Condições de saúde e trabalho entre professores da rede estadual de ensino do estado de Minas Gerais na pandemia da COVID-19”. Trata-se de um estudo transversal e analítico, do tipo websurvey , realizado com professores da educação básica das escolas da rede pública estadual do estado de Minas Gerais, Brasil. O estado de Minas Gerais no ano de 2020 era composto por 90.000 professores da educação básica atuantes em 3.441 escolas. Participaram da pesquisa os professores em exercício da função docente no ano de 2020, atuantes no âmbito da educação infantil, ensino fundamental e/ou médio vinculados a alguma escola pública estadual de Minas Gerais e os que aceitaram participar do estudo. Não participaram os professores aposentados e os atuantes em cargo diferente da função docente.

A coleta de dados ocorreu de 20 de agosto a 11 de setembro de 2020. O instrumento da coleta foi efetuado por meio de formulário on-line , disponibilizado aos professores via plataforma Google Forms®. O link do formulário foi enviado pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (SEE-MG) para o e-mail institucional dos professores do estado. Para evitar o preenchimento do formulário por sistemas robóticos, foi utilizado um reCAPTCHA, que apresentava testes com imagens, evitando que o formulário fosse enviado com sucesso por qualquer robô. Todas as perguntas do formulário eram obrigatórias, minimizando a perda de informações. O estudo também garantiu o anonimato dos professores, e o preenchimento do formulário de coleta de dados levou aproximadamente 25 minutos.

No presente estudo, a variável desfecho foi estimada por meio da questão: “A violência doméstica em meu domicílio surgiu ou aumentou? a) não há violência doméstica em meu domicílio; b) diminuiu um pouco; c) diminuiu muito; d) permaneceu o mesmo; e) aumentou um pouco e f) aumentou muito”. Para analisar a violência doméstica no domicílio durante a pandemia, foram considerados os professores que marcaram as alternativas “b”, “c”, “d”, “e” e “f”. Considerou-se a variável desfecho aumento da violência doméstica na pandemia categorizada “sim” a partir das respostas “e” e “f”, e não para as respostas “b”, “c” e “d”.

As variáveis independentes investigadas neste estudo foram as características sociodemográficas: sexo (feminino; masculino), idade (<40; >40) e diminuição da renda (sim; não); características ocupacionais – horas de trabalho docente semanal (menos de 40 horas; 40 horas ou mais), insatisfação com o trabalho docente durante a pandemia (não; sim) e sentiu-se esgotado com o trabalho docente durante a pandemia (não; sim) –; e características de saúde e hábitos de vida – adesão ao distanciamento social (totalmente; parcialmente/não), piora no estado de saúde (não; sim), piora da qualidade de sono (não; sim), aumento do consumo de álcool (não; sim), triste ou deprimido (não; sim) e medo da COVID-19 (não; sim).

Os dados foram analisados com o auxílio do programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS®) versão 22.0. Foi conduzida estatística descritiva dos dados (frequência simples e relativa). Para a análise dos fatores associados ao aumento da violência durante a pandemia, foram realizadas análises bivariadas por meio da Regressão de Poisson, apresentando razão de prevalência (RP) bruta, intervalo de confiança de 95% (IC95%) e p-valor. Apenas as variáveis que apresentaram p-valor ≤ 0,20 foram selecionadas para compor o modelo múltiplo por meio da Regressão de Poisson múltipla, com variância robusta77 Petersen MR, Deddens JA. A comparison of two methods for estimating prevalence ratios. BMC Med Res Methodol. 2008;8:9.. A magnitude das associações do modelo múltiplo foi estimada pela RP ajustada, IC95% e nível de significância de 5% (α ≤ 0,05). Para avaliar a qualidade do modelo, utilizou-se o teste Deviance, um indicador que avalia se os valores preditos pelo modelo desviam dos valores observados. Se o p-valor do teste de qualidade do ajuste for inferior ao nível de significância adotado (α ≤ 0,05), pode-se rejeitar a hipótese nula de que a distribuição de Poisson fornece um bom ajuste.

O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética, com parecer consubstanciado nº 4.200.389, aprovado em agosto de 2020. Todos os professores receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa cumpriu com a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional da Saúde/Ministério da Saúde, que trata de pesquisa com seres humanos.

RESULTADOS

Participaram do estudo 539 professores do estado de Minas Gerais em situação de violência doméstica na pandemia. Para o total de professores que referiram violência doméstica no domicílio (n = 539), 6,3% (34) relataram que diminuíram um pouco e muito, 58,3% (314) permaneceram o mesmo e 35,4% (191) aumentaram um pouco e muito ( Figura 1 ).

Figura 1
Violência doméstica na pandemia em professores. Projeto ProfSMoc – Etapa Minas Covid, 2020 (n = 539).

Do total de professores, 77,9% eram do sexo feminino, 60,3% tinham mais que 40 anos. Quanto ao perfil ocupacional, 81,1% relataram trabalhar menos de 40 horas por semana e 74,0% tiveram dificuldade com o trabalho docente nesse período. Durante a pandemia, 67,7% observaram piora no estado de saúde, 59,4%, problemas com o sono e 85,3%, muito medo da COVID-19. Os resultados da Tabela 1 apresentam as análises bivariadas das variáveis independentes em relação ao aumento da violência doméstica durante a pandemia e a RP bruta dos dados. As variáveis que apresentaram nível de significância até 20% entraram no modelo múltiplo.

Tabela 1
Aumento da violência doméstica durante a pandemia / ProfSMoc – Etapa Minas Covid, 2020 (n = 539)

Na análise ajustada, observou-se que houve maior prevalência do aumento da violência doméstica durante a pandemia entre os professores que referiram dificuldade com o trabalho docente (RP = 1,38; IC95% 1,01;1,89); aqueles com adesão total ao distanciamento social (RP = 1,33; IC95% 1,01;1,76); com piora no estado de saúde (RP = 1,70; IC95% 1,23;2,36) e entre professores que se sentiram tristes ou deprimidos muitas vezes ou sempre (RP = 1,57; IC95% 1,15;2,16) ( Tabela 2 ). A estatística do teste de Deviance obtido no modelo múltiplo final foi igual a 0,098 (p-valor = 0,636), indicando que o modelo apresentou ajuste adequado.

Tabela 2
Razão de prevalência ajustada do aumento da violência doméstica dos professores na pandemia / Projeto ProfSMoc – Etapa Minas Covid, 2020 (n = 539)

DISCUSSÃO

Neste estudo, identificou-se aumento da violência doméstica em professores da rede estadual de educação básica de Minas Gerais no período inicial da pandemia, associado a características laborais e condições de saúde.

A violência doméstica é um problema de saúde pública, pois seus efeitos têm consequências psicológicas, físicas, econômicas e familiares, o que leva ao questionamento dos fatores que influenciam a ocorrência e como políticas públicas podem atenuá-la88 Soares LSA, Teixeira EC. Dependência econômica e violência doméstica conjugal no Brasil. Planejamento de Políticas Públicas. 2022;61:263-83.. Ela pode impactar na capacidade para o trabalho, com prejuízos na prestação de serviço e para aqueles que o utilizam99 Wathen CN, MacGregor JC, MacQuarrie BJ. The Impact of Domestic Violence in the Workplace: Results From a Pan-Canadian Survey. J Occup Environ Med. 2015;57(7):e65-71..

Durante a pandemia, os professores encontraram dificuldades e desafios ao atuar como docentes, o que causou adoecimento com comprometimento da sua saúde emocional e física88 Soares LSA, Teixeira EC. Dependência econômica e violência doméstica conjugal no Brasil. Planejamento de Políticas Públicas. 2022;61:263-83. com presença de aspectos subjetivos e objetivos. Os aspectos subjetivos foram o medo de ser demitido, o medo de não dar conta das tarefas e a sensação de se sentirem frustrados e sobrecarregados por achar que não conseguiriam ter domínio nas tecnologias do ensino remoto. Os aspectos objetivos foram o aumento do tempo de trabalho na forma de ensino remoto que dobraram nessa forma de sistema1010 Cortés-Álvarez NY, Garduño AS, Sánchez-Vidaña DI, Marmolejo-Murillo LG, Vuelvas-Olmos CR. A longitudinal study of the psychological state of teachers before and during the COVID-19 outbreak in Mexico. Psychol Rep. 2022;14:332941221100458.. Em relação à saúde física, os professores observaram dores nas mãos, edemas nos pés, dores lombares e visão cansada1111 Lizana PA, Vega-Fernadez G. Teacher teleworking during the COVID-19 pandemic: association between work hours, work-family balance and quality of life. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(14):7566.. Quanto à saúde emocional, os professores perderam noites de sono e tiveram preocupação com o aprendizado dos alunos, cobrança excessiva e falta de recursos para lecionar1212 Kwon KA, Ford TG, Tsotsoros J, Randall K, Malek-Lasater A, Kim SG. Challenges in Working Conditions and Well-Being of Early Childhood Teachers by Teaching Modality during the COVID-19 Pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2022;19(8):4919..

Os professores das escolas públicas foram drasticamente afetados por iniciativas de ensino remoto. O aumento no número de atividades acadêmicas realizadas e a ausência de limites entre trabalho doméstico e trabalho acadêmico são as expressões de maior intensificação do trabalho docente1313 Santos KDA, Caldas CMP, Silva JP. COVID-19 pandemy, mental health, social support and sense of life in teachers. In SciELO Preprints. 2022.. Adicionalmente, o aumento exponencial da convivência familiar e as múltiplas jornadas de trabalho geraram possibilidades de tensionar as relações interpessoais e intensificar o estresse familiar, fatores que podem desencadear os eventos de agressões físicas e psicológicas1414 Santana CQ, Santana NBQ. “Minha mãe e Eu”: Mulheres, professoras e trocas educacionais em tempos de distanciamento social. SCIAS. 2021;2(2):270-86..

No presente estudo, observou-se que a adesão total ao isolamento social foi associada ao aumento da violência doméstica em professores que aderiram completamente a essa medida. Com o trabalho sendo realizado em casa, as relações com a rede de apoio social, como família, comunidade e trabalho, diminuíram as possibilidades de identificar a violência e, por conseguinte, contribuíram para a início, a continuidade e o agravamento da violência doméstica durante a pandemia22 Perez-Vincent SM, Carreras E. Domestic violence reporting during the COVID-19 pandemic: evidence from Latin America. Rev Econ Househ. 2022;20(3):799-830. , 1515 Fornari LF, Lourenço RG, Oliveira RNG, Santos DLA, Menegatti MS, Fonseca RMGS. Domestic violence against women amidst the pandemic: coping strategies disseminated by digital media. Rev Bras Enferm. 2021;74(1):e20200631. .

Houve aumento de 25% a 30% dos casos de violência doméstica desde o lockdown de março na França e em países como Canadá, Estados Unidos, Espanha, Inglaterra e Alemanha. Além do aumento da violência, houve também aumento na demanda de abrigos de emergência1616 Kumar A. COVID-19 and Domestic Violence: A Possible Public Health Crisis. J Health Manag. 2020;22(2):192-6.. Esse fato pode ser justificado pelo maior contato da vítima com o agressor e pelo ambiente aflitivo gerado pelo contexto da pandemia, aumentando, assim, a quantidade e a intensidade dos conflitos e agressões1717 Kraemer MUG, Yang CH, Gutierrez B, Wu CH, Klein B, Pigott DM, et al. The effect of human mobility and control measures on the COVID-19 epidemic in China. Science. 2020;368:493-7.. Um estudo realizado na Argentina observou que os riscos de violência e conflitos eram menores durante as fases de isolamento domiciliar entre mulheres cujos parceiros não precisavam cumprir a ordem de permanência em casa1818 Ebert C, Steinert JI. Prevalence and risk factors of violence against women and children during COVID-19, Germany. Bull World Health Organ. 2021;99(6):429-38.. Com relação ao estresse financeiro, considerado um dos principais fatores preditores de violência, durante o período de pandemia, a probabilidade foi de 1,8 vez maior1919 Morgan A, Boxall H. Social isolation, time spent at home, financial stress and domestic violence during the COVID-19 pandemic. Trends Issues Crime Crim Justice. 2020;609:1-18.. No Brasil, um estudo documental evidenciou o agravamento da violência doméstica na conjuntura de distanciamento social e reclusão de vítimas no âmbito doméstico, sobretudo em grupos vulneráveis. O espaço doméstico como local de distanciamento social tornou-se um ambiente propício para o aumento dos casos de violência doméstica no país. A fragilidade de acesso à rede de proteção e suporte social nesse período intensificou a exposição das vítimas e minorias a situações de violência2020 Marcolino EC, Santos RC, Clementino FS, Leal CQAM, Soares MCS, Miranda FAN, et al. O distanciamento social em tempos de Covid-19: uma análise de seus rebatimentos em torno da violência doméstica. Interface. 2021;25(Suppl 1). Disponível em: https://doi.org/10.1590/Interface.200363 . Acesso em: 28 set. 2022.
https://doi.org/10.1590/Interface.200363...
. Uma investigação com 1.222 cardiologistas no Brasil revelou que o aumento de conflitos familiares foi relatado por 12% dos entrevistados, incluindo quatro profissionais que sofreram violência doméstica no período da pandemia2121 Almeida ALC, Melo M, Rodrigues REF, Botelho LF, Almeida PAA, Barberato SH. Impacto da COVID-19 na Vida do Cardiologista e Cirurgião Cardiovascular Brasileiros. Arq Bras Cardiol. 2021;117(5):1048-55..

Houve também uma piora no estado de saúde geral durante a pandemia, associada ao aumento da violência doméstica. Existem evidências de que a exposição à violência, assim como os efeitos do isolamento social pela pandemia, se associa a depressão, ansiedade, maior uso de serviços de saúde mental, uso de álcool e drogas, menor satisfação com a vida e pior avaliação do estado de saúde55 Silva DCI, Leite AG. Análise sobre a percepção de saúde física e psicológica de professores brasileiros durante as aulas remotas na pandemia de Covid-19. EaD em Foco. 2021;11(1):e1546. , 2222 Szwarcwald CL, Damacena GN, Barros MBA, Malta DC, Souza Júnior PRB, Azevedo LO, et al. Factors affecting Brazilians’ self-rated health during the COVID-19 pandemic. Cad Saude Publica. 2021;37(3):e00182720. .

Almeida et al. 2323 Almeida WS, Szwarcwald CL, Malta DC, Barros MBA, Souza Júnior PRB, Azevedo LO, et al. Mudanças nas condições socioeconômicas e de saúde dos brasileiros durante a pandemia de COVID-19. Rev Bras Epidemiol. 2020;23:e200105., em uma investigação na população brasileira, observaram que os indivíduos expostos à violência familiar apresentaram maior percepção negativa sobre o seu estado de saúde, além de outros desfechos negativos à saúde física e mental. Mudanças no estado físico e emocional durante a pandemia foram relatadas por professores brasileiros55 Silva DCI, Leite AG. Análise sobre a percepção de saúde física e psicológica de professores brasileiros durante as aulas remotas na pandemia de Covid-19. EaD em Foco. 2021;11(1):e1546.. Szwarcwald et al. 2222 Szwarcwald CL, Damacena GN, Barros MBA, Malta DC, Souza Júnior PRB, Azevedo LO, et al. Factors affecting Brazilians’ self-rated health during the COVID-19 pandemic. Cad Saude Publica. 2021;37(3):e00182720. identificaram que a busca por atendimento para problemas de saúde mental e sintomas de COVID-19, além de problemas psicológicos autorrelatados, são os preditores mais importantes de piora do estado de saúde durante a pandemia.

Na pandemia, o estado emocional comprometido pode influenciar diretamente o surgimento de novas doenças e agravar os problemas de saúde prévios. O foco na COVID-19, o medo de ir aos sistemas de saúde devido à transmissão do vírus e a dificuldade de acesso a esses sistemas colaboraram para que fossem deixados de lado as doenças de base como hipertensão, diabetes e outras, fazendo com que outros sistemas do corpo já debilitados descompensassem2323 Almeida WS, Szwarcwald CL, Malta DC, Barros MBA, Souza Júnior PRB, Azevedo LO, et al. Mudanças nas condições socioeconômicas e de saúde dos brasileiros durante a pandemia de COVID-19. Rev Bras Epidemiol. 2020;23:e200105..

Diante do contexto do distanciamento social em torno da COVID-19, houve aumento significativo das patologias psiquiátricas em geral2424 Barros MBA, Lima MG, Malta DC, Szwarcwald CL, Azevedo RCS, Romero D, et al. Relato de tristeza/depressão, nervosismo/ansiedade e problemas de sono na população adulta brasileira durante a pandemia de COVID-19. Epidemiol Serv Saude. 2020;29(4):e2020427.. O trabalho remoto repercutiu nas tensões familiares e ocupacionais, com consequências psíquicas para a ocorrência de violência intrafamiliar2525 Araújo TM de, Lua I. O trabalho mudou-se para casa: trabalho remoto no contexto da pandemia de COVID-19. Rev Bras Saúde Ocup. 2021;46. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2317-6369000030720 . Acesso em: 19 mai. 2022.
https://doi.org/10.1590/2317-63690000307...
. Em todo o mundo, a quarentena teve relação direta com a piora do estado de saúde emocional e psicológico das pessoas, principalmente tristeza e humor deprimido. O estresse, depressão, distúrbios emocionais e sintomas psicológicos foram comprovadamente acrescidos e/ou agravados no período da pandemia. Os sentimentos de tristeza ou depressão foram associados ao aumento da violência doméstica durante a pandemia, entre os professores participantes. Ebert e Steinert1818 Ebert C, Steinert JI. Prevalence and risk factors of violence against women and children during COVID-19, Germany. Bull World Health Organ. 2021;99(6):429-38. corroboram este estudo, mostrando que mulheres com depressão e ansiedade foram mais propensas a relatar a ocorrência de conflito verbal e físico com seu companheiro, resultando em maior risco de violência doméstica. A violência durante o confinamento também foi associada a escores mais altos de depressão, ansiedade e estresse em estudo realizado na Tunísia2626 Sediri S, Zgueb Y, Ouanes S, Ouali U, Bourgou S, Jomli R, et al. Women’s mental health: acute impact of COVID-19 pandemic on domestic violence. Arch Womens Ment Health. 2020;23(6):749-56..

No Brasil, uma pesquisa realizada nesse mesmo período registrou que as pessoas se sentiram desanimadas, tristes e com humor deprimido2424 Barros MBA, Lima MG, Malta DC, Szwarcwald CL, Azevedo RCS, Romero D, et al. Relato de tristeza/depressão, nervosismo/ansiedade e problemas de sono na população adulta brasileira durante a pandemia de COVID-19. Epidemiol Serv Saude. 2020;29(4):e2020427.. Os sintomas depressivos podem ter como causa a dificuldade em retornar à rotina habitual de vida, o medo devido à contagiosidade da doença e a falta de informações sobre o vírus2727 Chew QH, Wei KC, Vasoo S, Chua HC, Sim K. Narrative synthesis of psychological and coping responses towards emerging infectious disease outbreaks in the general population: practical considerations for the COVID-19 pandemic. Singapore Med J. 2020;61(7):350-6.. Ademais, sentimentos de solidão, isolamento de familiares e amigos, mudanças no contexto socioeconômico, falta de controle sobre a própria vida e risco de adoecer contribuem para o sentimento de tristeza e humor depressivo2323 Almeida WS, Szwarcwald CL, Malta DC, Barros MBA, Souza Júnior PRB, Azevedo LO, et al. Mudanças nas condições socioeconômicas e de saúde dos brasileiros durante a pandemia de COVID-19. Rev Bras Epidemiol. 2020;23:e200105..

A violência doméstica pode afetar negativamente a saúde mental e trazer prejuízos no trabalho, uma vez que as alterações emocionais e comportamentais associadas às vivências de violência afetam a qualidade de vida de diferentes maneiras e com intensidade2828 Brito JCS, Eulalio MC, Junior EGS. A Presença de Transtorno Mental Comum em Mulheres em Situação de Violência Doméstica. Contextos Clínic. 2020;13(1):198-220.. Ema uma pesquisa realizada no estado da Bahia na pandemia da COVID-19, os professores relataram modificações na sua rotina de trabalho e na sua saúde, ocasionando adoecimento psíquico. É importante refletir sobre a saúde dos professores de forma integral, ou seja, cuidando de sua saúde física e mental2929 Pinho PS, Freitas AMC, Cardoso MCB, Silva JS, Reis LF, Muniz CFD, et al. Trabalho remoto docente e saúde: repercussões das novas exigências em razão da pandemia da Covid-19. Trab Educ Saúde. 2021;19..

O presente estudo tem como limitação a coleta de dados via internet, gerando a possibilidade de viés de seleção, visto que dependia do acesso on-line do formulário e da disposição para responder. As informações obtidas basearam-se no autorrelato e podem estar propensas a viés. Não há indicativo de qual tipo de violência doméstica, se o professor em questão era vítima ou testemunha da violência. A vitimização primária ou secundária pode ter efeitos diferentes sobre a saúde mental e, por isso, pode ser objetivo de investigações futuras. Além disso, outras variáveis relacionadas à saúde mental podem ser exploradas nesse grupo e incluídas na análise

A pesquisa apresenta caráter pioneiro na avaliação da violência doméstica em professores; com isso, destaca-se a necessidade de mais investigações que analisem a violência doméstica em professores em períodos pandêmicos e não pandêmicos, além de intervenções para estender serviços de apoio a esse grupo populacional. O aumento da violência doméstica em professores durante a pandemia elucida a necessidade de fomentar estratégias para o ambiente doméstico e contextos laborais. Este estudo revela que existem outros grupos vulneráveis em períodos pandêmicos e não pandêmicos, além de mulheres, crianças e idosos em situação de violência doméstica. Os resultados indicam a exposição dos professores à situação de violência doméstica intensificada durante a pandemia, exigindo respostas políticas e sociais intersetoriais.

O conhecimento que este estudo proporcionou sobre os fatores de risco associados ao aumento da violência doméstica pode colaborar para que as vítimas tenham consciência da importância de denunciar os agressores e buscar apoio psicológico, bem como subsidiar o desenvolvimento de intervenções oportunas e baseadas nas necessidades destinadas a prevenir a violência doméstica, aliviar fatores de risco e estender serviços de apoio para esse público. Destaca-se o papel da Atenção Primária à Saúde na atenção a vítimas de violência doméstica como o principal serviço de identificação, acolhimento e redução de danos dessas vítimas. A escola tem um papel potencial na atuação como rede de apoio e de proteção aos professores vítimas de violência doméstica. A participação da sociedade como rede de apoio é essencial para o enfrentamento à violência doméstica e deve exercer papel ativo e mediador com identificação dos casos e denúncias. Os resultados obtidos no presente estudo podem fornecer informações para orientar medidas e ações de proteção à saúde dos trabalhadores professores.

CONCLUSÃO

O aumento da violência doméstica em professores da rede estadual de educação básica de Minas Gerais na pandemia foi associado à dificuldade com o trabalho docente, adesão total ao distanciamento social, piora no estado de saúde e sentimento de tristeza. Portanto, é importante a implementação de estratégias, como treinamento e apoio psicológico, na identificação precoce e apoio a professores vítimas de violência doméstica no estado. Políticas públicas são necessárias e podem subsidiar melhorias no contexto de trabalho desses profissionais e a qualidade do processo ensino-aprendizagem.

  • Financiamento Financiamento da Fapemig (referente ao processo APQ-00901-22, aprovado pelo EDITAL 001/2022 - DEMANDA UNIVERSAL).

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos professores do estado de Minas Gerais, por participarem do Projeto ProfSMoc – Etapa Minas Covid, à Unimontes e à SEE-MG, pelo apoio, e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela concessão de bolsas.

REFERÊNCIAS

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  • 3
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2023

Histórico

  • Recebido
    30 Set 2022
  • Aceito
    16 Fev 2023
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