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Caso 10/2004 - Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP

CORRELAÇÃO CLÍNICO RADIOGRÁFICA

Caso 10/2004 – Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP

Edmar Atik

São Paulo, SP

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Edmar Atik InCor Av. Dr. Eneas de Carvalho Aguiar, 44 Cep 05403-000 - São Paulo, SP E-mail: conatik@incor.usp.br

Dados clínicos - Em lactente com 41 dias do sexo masculino e de cor branca, cianose ao choro era notada desde o nascimento, mas sem cansaço, tendo apresentado neste período bom ganho ponderal. Ao exame físico estava com taquipnéia discreta, acianótico e com pulsos normais. A pressão arterial era de 85/68 mmHg, a freqüência cardíaca de 160 bpm e o peso de 4.295 g. A aorta não foi palpada na fúrcula. No precórdio havia impulsões discretas na borda esternal esquerda e o ictus cordis não foi palpado. A 2ª bulha era hipofonética na área pulmonar e a 1ª bulha hiperfonética, esta mais intensa na área tricúspide. Sopros sistólicos na borda esternal esquerda eram ouvidos, um rude na parte alta e outro suave na parte baixa, ambos de discreta intensidade. O fígado não foi palpado.

O eletrocardiograma mostrou ritmo sinusal e sinais de sobrecarga de cavidades direitas. A onda P era apiculada, com 2,5 mm de amplitude em D2. A onda R tinha 14 mm em V1 e inexistiam potenciais de ventrículo esquerdo. SÂP: +50º, SÂQRS: +110º, SÂT: 0º.

Imagem radiográfica - Mostra aumento da área cardíaca às custas das cavidades direitas. O arco médio é escavado e a trama vascular pulmonar diminuída (fig.1).


Impressão diagnóstica - Esta imagem sugere o diagnóstico de cardiopatia congênita com hipofluxo pulmonar com estenose pulmonar acentuada, ocasionando aumento da área cardíaca em decorrência da presença evolutiva da insuficiência tricúspide. A ausência da dilatação pulmonar pós-estenótica decorre da limitação exagerada do fluxo pulmonar, em face do grau mais acentuado do defeito.

Diagnóstico diferencial - São lembradas outras cardiopatias com hipofluxo pulmonar e com área cardíaca aumentada como na atresia pulmonar com septo ventricular íntegro e na anomalia de Ebstein, ambas também ocasionando a insuficiência tricúspide, e que por isso podem se exteriorizar da mesma maneira.

Confirmação diagnóstica - Os elementos clínicos sugeriram o diagnóstico da estenose pulmonar valvar acentuada dada a presença do sopro sistólico discreto, alto na borda esternal esquerda, ao lado da segunda bulha hipofonética e da trama vascular pulmonar diminuída e com sobrecarga ventricular direita no eletrocardiograma. O sopro sistólico suave, ouvido na parte mais baixa da borda esternal, decorre da conseqüente insuficiência valvar tricúspide. O ecocardiograma confirmou o diagnóstico com gradiente transvalvar pulmonar estimado em 109 mmHg. A valva pulmonar era trivalvular, espessada e pouco móvel. A insuficiência valvar tricúspide era moderada. O cateterismo cardíaco mostrou a estenose pulmonar valvar acentuada, a insuficiência tricúspide também acentuada e acentuada hipertrofia ventricular direita. As pressões encontradas foram: AD: 4, VD: 135/4, TP: média de 5 mmHg, AE: 4, VE: 140/4 mmHg.

Conduta - Após a valvoplastia pulmonar com cateter-balão 8x20 a pressão sistólica de ventrículo direito diminuiu para 36 mmHg e a pressão média da artéria pulmonar para 14 mmHg, sendo que as pressões de ventrículo esquerdo eram de 90/6 mmHg. A evolução clínica foi boa com desaparecimento da cianose e diminuição dos sopros sistólicos.

Editor da Seção: Edmar Atik

  • Endereço para correspondência

    Edmar Atik
    InCor
    Av. Dr. Eneas de Carvalho Aguiar, 44
    Cep 05403-000 - São Paulo, SP
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Jan 2005
    • Data do Fascículo
      Dez 2004
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