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Preditores independentes de resultados intra-hospitalares pós-implante de stent coronariano

Resumos

OBJETIVO: Identificar preditores clínicos e angiográficos independentes, determinantes de resultados imediatos pós-implante de stent coronário. MÉTODOS: Novecentos e quarenta e seis pacientes com idade média de 61,04 ± 10,98 anos (31 a 91 anos), foram submetidos a implante de stents, sendo 580 do sexo masculino (61,3%). Sucesso do procedimento foi definido quando pelo menos um vaso era dilatado com sucesso, com estenose residual < 20%. Sucesso clínico ocorreu quando se obteve êxito no procedimento na ausência de complicações maiores (IAM, necessidade de RM ou óbito) na fase intra-hospitalar. Características clínicas e angiográficas foram analisadas. Todas as variáveis relacionadas aos resultados imediatos pela análise univariada foram incluídas no modelo de regressão logística. RESULTADOS: Sucesso do procedimento foi obtido em 98,9%, sucesso clínico em 95,7%, insucesso não-complicado em 0,1% e complicações maiores em 4,2%. A análise multivariada evidenciou que lesão restenótica, calcificação e contorno irregular se relacionaram com sucesso do procedimento; diabetes mellitus, choque cardiogênico, síndromes coronárias agudas, idade, disfunção ventricular esquerda, calcificação e oclusão total foram preditores de sucesso clínico. Diabetes mellitus, choque cardiogênico, síndromes coronárias agudas, idade, doença multiarterial, disfunção ventricular esquerda, calcificação, lesões longas e oclusão total foram preditores de complicações maiores; enquanto que choque cardiogênico, síndromes coronárias agudas, idade, hipertensão arterial sistêmica e disfunção ventricular esquerda foram preditores de mortalidade intra-hospitalar. CONCLUSÃO: Nossos resultados sugerem que os resultados imediatos pós-implante de stents foram significativamente relacionados com choque cardiogênico, disfunção ventricular esquerda, idade, calcificação e oclusão total.

Stent; fatores de risco; análise multivariada; arteriosclerose coronária; angina pectoris


OBJECTIVE: To identify the clinical and angiographic predictors of early outcome following coronary stent implantation. METHODS: Nine hundred and forty-six patients (pt) [61.04 ± 10.98 years old, range 31 to 91] underwent stent implantation; 580 male (61.3%). Procedural success was defined when a pt had at least one vessel successfully dilated with a residual stenosis < 20%. Clinical success occured when a pt had at least one vessel successfully dilated without a major complication (MC) [death, myocardial infarction (MI), coronary artery bypass graft] during the hospital stay. Clinical and angiographic determinants of outcome were studied. All variables related to early outcome evaluated by univariate analysis were included in a multiple logistic regression analysis (MLR). RESULTS: Procedural success was achieved in 98.9%; clinical success in 95.7%; an unsuccessful uncomplicated outcome in 0.1% and major complications in 4.2%. By MLR, procedural success was related to restenotic lesion, calcification, and irregular contour. Clinical success was related to diabetes mellitus, cardiogenic shock, acute coronary syndromes, age, left ventricular dysfunction, calcification, and total occlusion. Major complications was predicted by diabetes mellitus, cardiogenic shock, acute coronary syndromes, age, multivessel disease, left ventricular dysfunction, calcification, long lesions, and total occlusions. Mortality was predicted by cardiogenic shock, acute coronary syndromes, age, arterial hypertension, and left ventricular dysfunction. CONCLUSION: These results suggest that early outcome was significantly affected by cardiogenic shock, left ventricular dysfunction, age, calcification, and total occlusion.

Stent; risk factors; multivariate analisys; coronary arterioclerosis; angina pectoris


ARTIGO ORIGINAL

Preditores independentes de resultados intra-hospitalares pós-implante de stent coronariano

Antônio José Neri-Souza; Bruno Machado Aguiar; André Borges Coelho; Anderson Jorge Lima Nascimento; Waldemar Souza Oliveira Júnior; Antonio Gilson Lapa Godinho; Nilson Borges Ramos; Álvaro Rabelo Júnior

Fundação Bahiana de Cardiologia, Universidade Federal da Bahia - Salvador, BA

Correspondência Correspondência: Antônio José Néri-Souza Rua Tenente Fernando Tuy, 318/1701 41810-780 – Salvador, BA E-mail: nerisouza@cardiol.br

RESUMO

OBJETIVO: Identificar preditores clínicos e angiográficos independentes, determinantes de resultados imediatos pós-implante de stent coronário.

MÉTODOS: Novecentos e quarenta e seis pacientes com idade média de 61,04 ± 10,98 anos (31 a 91 anos), foram submetidos a implante de stents, sendo 580 do sexo masculino (61,3%). Sucesso do procedimento foi definido quando pelo menos um vaso era dilatado com sucesso, com estenose residual < 20%. Sucesso clínico ocorreu quando se obteve êxito no procedimento na ausência de complicações maiores (IAM, necessidade de RM ou óbito) na fase intra-hospitalar. Características clínicas e angiográficas foram analisadas. Todas as variáveis relacionadas aos resultados imediatos pela análise univariada foram incluídas no modelo de regressão logística.

RESULTADOS: Sucesso do procedimento foi obtido em 98,9%, sucesso clínico em 95,7%, insucesso não-complicado em 0,1% e complicações maiores em 4,2%. A análise multivariada evidenciou que lesão restenótica, calcificação e contorno irregular se relacionaram com sucesso do procedimento; diabetes mellitus, choque cardiogênico, síndromes coronárias agudas, idade, disfunção ventricular esquerda, calcificação e oclusão total foram preditores de sucesso clínico. Diabetes mellitus, choque cardiogênico, síndromes coronárias agudas, idade, doença multiarterial, disfunção ventricular esquerda, calcificação, lesões longas e oclusão total foram preditores de complicações maiores; enquanto que choque cardiogênico, síndromes coronárias agudas, idade, hipertensão arterial sistêmica e disfunção ventricular esquerda foram preditores de mortalidade intra-hospitalar.

CONCLUSÃO: Nossos resultados sugerem que os resultados imediatos pós-implante de stents foram significativamente relacionados com choque cardiogênico, disfunção ventricular esquerda, idade, calcificação e oclusão total.

Palavras-chave:Stent, fatores de risco, análise multivariada, arteriosclerose coronária, angina pectoris.

A introdução da angioplastia transluminal coronária percutânea por Grüntzig1 em 1977, representou um marco no tratamento da doença arterial coronária (DAC), tendo suas indicações, desde então, expandido de forma extraordinária. Vários fatores contribuíram para aumentar os índices de sucesso e reduzir o número de complicações, além de aumentar as indicações do procedimento, tais como, maior experiência do operador e evolução tecnológica representada pelo uso de stents e de inibidores de glicoproteína plaquetária IIb/IIIa2-4.

Ao mesmo tempo, características clínicas, angiográficas e relacionadas ao procedimento têm sido identificadas como determinantes de resultados imediatos. Com base nessas observações, a American College of Cardiology e a American Heart Association idealizaram uma classificação de acordo com critérios angiográficos, para estimar a probabilidade de sucesso imediato e ocorrência de complicações5-6.

Vários estudos têm buscado identificar preditores de resultados intra-hospitalares pós-implante de stent, sendo que alguns autores desenvolveram modelos de predição de eventos intra-hospitalares7-21. Estimativas de risco são importantes para avaliação dos resultados, além de auxiliar o paciente e seus familiares no processo de consentimento para a realização do procedimento. É importante também para ajudar o médico a selecionar ou evitar determinada estratégia ou medicamento durante o procedimento.

Nosso objetivo é analisar os resultados intra-hospitalares de pacientes tratados com implante de stent, identificando preditores independentes, clínicos e angiográficos, relacionados a sucesso e complicações maiores.

Métodos

Pacientes - Entre outubro de 1995 e dezembro de 2002, 946 pacientes foram consecutivamente submetidos a implante de stents em 1.045 lesões. Quinhentos e oitenta pacientes eram do sexo masculino (61,3%) e 366 do sexo feminino (38,7%), com idade média de 61,04 ± 10,98 (31 a 91) anos. Diabetes mellitus estava presente em 243 pacientes (25,7%), hipertensão arterial sistêmica, em 677 pacientes (71,6%), dislipidemia em 694 pacientes (73,4%) e 291 pacientes eram tabagistas (25,5%). Duzentos e cinqüenta e nove pacientes tinham história prévia de infarto (27,4%), 86 de cirurgia de revascularização do miocárdio (9,1%) e 47 de intervenção coronária percutânea prévia no vaso tratado, sendo, portanto, uma lesão restenótica (5,0%). Quatrocentos e sessenta e seis pacientes eram multiarteriais (49,3%) e 273 apresentavam disfunção ventricular esquerda moderada a severa (28,9%). Antes da intervenção, 420 pacientes apresentavam angina estável (44,4%), 344 angina instável (36,4%) e, 182, infarto agudo do miocárdio (19,2%), sendo que 22 dos pacientes com IAM se encontravam em choque cardiogênico (2,2%). As características clínicas estão sumarizadas na tabela 1.

Lesão - Foram tratadas 1045 lesões (1,11 lesão/paciente), sendo 536 na descendente anterior (51,2%), 313 na coronária direita (30,0%), 157 na circunflexa (15,0%), 8 em tronco da coronária esquerda (0,8%), 25 em enxertos de pontes de veia safena (2,4%) e 6 em anastomose da artéria mamária interna esquerda para descendente anterior (0,6%). Trinta e cinco lesões (3,4%) envolviam angulação maior ou igual a 45º, 145 lesões em bifurcação (13,9%), 130 lesões calcificadas (12,4%), 402 com contorno irregular (38,5%), 286 lesões com extensão maior ou igual a 10 mm (27,4%), 127 oclusões totais (12,2%), 33 lesões ostiais (3,2%), 32 lesões com tortuosidade moderada a severa no segmento proximal (3,1%) e 223 lesões com trombo (21,3%). Setecentas e cinqüenta e sete lesões eram do tipo B2 e C, consideradas lesões complexas (72,4%). As características angiográficas estão sumarizadas na tabela 2.

Procedimento - A técnica de implante de stent já foi descrita previamente, sendo utilizada a técnica femoral em 95% dos casos22. Heparina intravenosa foi administrada em bolus (5.000 a 10.000 UI) após a punção da artéria femoral. Diferentes tipos de stents foram implantados sob controle fluoroscópico. A extensão e o diâmetro dos stents utilizados foram decididos pelos operadores. O resultado final foi baseado no controle angiográfico. Todos os pacientes receberam aspirina (100 a 200 mg por via oral, uma vez ao dia) e ticlopidina (250 mg por via oral, duas vezes ao dia) ou clopidogrel (300 mg por via oral, dose inicial, seguido por 75 mg por via oral, uma vez ao dia), iniciados 48 horas antes do procedimento, quando clinicamente possível.

Definições - Diabetes Mellitus - Foram considerados diabéticos os pacientes com diagnóstico prévio, em uso de medicações (hipoglicemiantes orais ou insulina), ou diagnosticado na internação atual. O critério utilizado para diagnóstico de diabetes mellitus foi de duas dosagens de glicemia em jejum maior ou igual a 140 mg/dl23 na fase inicial do estudo e maior ou igual a 126 mg/dl a partir de julho de 1997, de acordo com a definição da American Diabetes Association24.

Angina estável foi graduada de acordo com a classificação da Canadian Cardiovascular Society (CCS)25. Angina instável foi definida como angina de recente começo, progressiva, em repouso e pós infarto. Infarto agudo do miocárdio foi definido de acordo com a Organização Mundial de Saúde26,27. Foram considerados portadores de síndromes coronarianas agudas aqueles com angina instável ou infarto agudo do miocárdio.

Doença multiarterial foi definida como presença de estenose >50% para o tronco da coronária esquerda ou >70% ocorrendo em pelo menos duas das coronárias de distribuição (coronária direita, descendente anterior ou circunflexa).

Disfunção ventricular esquerda foi definida, por avaliação visual, semiquantitativamente, como discreta, moderada e severa.

Sucesso do procedimento: definido quando o local tratado apresentava uma lesão residual menor que 20% ao final do procedimento. Sucesso clínico: ocorria quando sucesso do procedimento era obtido na ausência de complicações maiores (IAM, RM ou óbito) na fase intra-hospitalar. Complicações maiores: ocorrência de IAM, necessidade de cirurgia de revascularização do miocárdio ou óbito, sempre considerando a complicação mais importante. Insucesso não complicado: ocorria quando a lesão não era dilatada com sucesso, sendo a evolução intra-hospitalar sem complicações.

Análise estatística - Análise estatística foi realizada utilizando o pacote estatístico SPSS versão 9.0 para Windows. Variáveis contínuas foram expressas em valor médio ± desvio padrão. Variáveis categóricas foram expressas em proporções. Utilizou-se o teste do qui quadrado ou o teste exato de Fisher para testar as diferenças entre proporções. Utilizaram-se os odds ratio (OR) e seus respectivos intervalos de confiança para 95% (IC 95%), como estimativas das razões de prevalência dos riscos de associação entre as variáveis. Modelos de regressão logística progressiva foram construídos incluindo variáveis clínicas (idade, diabetes mellitus, sexo, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, tabagismo, quadro clínico, infarto prévio, intervenção coronária percutânea prévia, cirurgia de revascularização do miocárdio prévia, doença multiarterial, disfunção ventricular esquerda e choque cardiogênico) e angiográficas (angulação, bifurcacão, calcificação, contorno irregular, excentricidade, extensão, lesão ostial, tortuosidade, presença de trombo, oclusão total). Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significantes.

Resultados

O sucesso do procedimento foi observado em 98,9%. Sucesso clínico foi observado em 95,7%, insucesso não complicado em 0,1% e complicações maiores em 4,2%. A complicação mais freqüente foi morte em 22 pacientes (2,3%), seguida de infarto do miocárdio em 15 (1,6%) e revascularização do miocárdio em 3 pacientes (0,3%). Excluindo pacientes em choque cardiogênico, ocorreram 11 óbitos (1,2%), 14 infartos do miocárdio (1,5%) e 3 revascularizações do miocárdio (0,3%).

Características clínicas - Os resultados intra-hospitalares da análise univariada, de acordo com as características clínicas, estão sumarizados na tabela 3. Menor sucesso do procedimento foi observado em pacientes com história prévia de cirurgia de revascularização do miocárdio (96,5% vs. 99,2%; p=0,054). As variáveis relacionadas com menor sucesso clínico foram: quadro clínico (97,4% para angina estável; 96,2% para angina instável e 90,7% para infarto agudo do miocárdio; p=0,001); choque cardiogênico (45,5% vs. 96,9%; p=0,0001); diabetes mellitus (92,6% vs. 96,7%; p=0,006), doença multiarterial (94,2% vs. 97.1%; p=0,04); hipertensão arterial sistêmica (94,8% vs. 97,8%; p=0,051) e disfunção ventricular esquerda moderada a severa (92,3% vs. 97.0%; p=0,002). Complicações maiores estiveram relacionadas com quadro clínico (2,6% para angina estável; 3,5% para angina instável e 9,3% para infarto agudo do miocárdio; p=0,001); choque cardiogênico (54,5% vs. 3,1%; p=0,0001); diabetes mellitus (7,0% vs. 3,3%; p=0,013); doença multiarterial (5,8% vs. 2,7%; p=0,02) e disfunção ventricular esquerda moderada a severa (7,7% vs. 2,8%; p=0,0008). Entre as complicações maiores, nenhuma variável foi preditora de infarto do miocárdio. Lesão restenótica foi preditora de revascularização do miocárdio (4,3% vs. 0,1%; p=0,007). Morte intra-hospitalar esteve relacionada com sexo feminino (3,6% vs. 1,6%; p=0,05), idade >65 anos (3,8% vs. 1,4%; p<0,02), choque cardiogênico (50% vs. 1,2%; p<0,0001), hipertensão arterial sistêmica (3,1% vs. 0,4%; p<0,01), revascularização miocárdica prévia (5,8% vs. 2,0%; p<0,05), doença multiarterial (3,4% vs. 1,3%; p<0,03), disfunção ventricular esquerda moderada a severa (5,9% vs. 0,7%; p<0,0001) e síndromes coronarianas agudas (0,5% para angina estável, 1,7% para angina instável e 7,7% para infarto do miocárdio; p<0,0001).

Características angiográficas, tipo de lesão e artéria tratada - Os resultados intra-hospitalares da análise univariada, de acordo com as características angiográficas e tipo de lesão, estão sumarizados na tabela 4 e de acordo com a artéria tratada na tabela 5. Menor sucesso do procedimento foi observado em lesões calcificadas (95,4% vs. 99,5%; p=0,001); em lesões com contorno irregular (97,8% vs. 99,7%; p=0,004) e em lesões longas (97,3% em lesões > 20 mm; 97,6% em lesões > 10 mm e 99,5% em lesões < 10 mm; p=0,03). Menor sucesso clínico (91,5% vs. 96,3%; p=0,014) e maior percentual de complicações (8,5% vs. 3,6%; p=0,01) foram observados em lesões calcificadas. Lesões com extensão maior ou igual a 10 mm apresentaram menor sucesso do procedimento (97,6% vs. 99,5%; p=0,012), menor sucesso clínico (93,7% vs. 96,4%; p=0,052) e maior percentual de complicações (6,3% vs. 3,4%; p=0,04). Oclusões totais apresentaram menor sucesso clínico (92,1% vs. 96,2%; p=0,04) e maior percentual de complicações (7,9% vs. 3,7%; p=0,03). Menor sucesso clínico (94,7% vs. 98,3%; p=0,01) e maior percentual de complicações (5,3% vs. 1,4%; p=0,003) foram observados em lesões complexas (lesões tipo B2 e C). Da mesma forma, lesões em tronco da coronária esquerda apresentaram menor sucesso clínico e maior percentual de complicações, quando comparados com lesões tratadas em descendente anterior (p<0,006), coronária direita (p<0,003), circunflexa (p<0,004) e pontes de veias safena (p<0,04).

Análise multivariada – características clínicas - Os resultados da análise multivariada, de acordo com as características clínicas, estão sumarizados na tabela 6. Intervenção coronária prévia (lesão restenótica) foi o único preditor clínico independente de menor sucesso do procedimento (OR = 0,18; IC 95% = 0,04 – 0,88; p=0,04). As variáveis clínicas identificadas como preditoras independentes de menor sucesso clínico foram: diabetes mellitus (OR = 0,47; IC 95% = 0,24 – 0,90; p=0,02); choque cardiogênico (OR = 0,03; IC 95% = 0,01 – 0,65; p=0,00001); síndromes coronarianas agudas (OR = 0,48; IC 95% = 0,23 – 0,98; p=0,04); idade (OR = 1,03; IC 95% = 1,00 – 1,06; p=0,03) e disfunção ventricular esquerda moderada a severa (OR = 0,44; IC 95% = 0,23 – 0,84; p=0,01). As variáveis clínicas identificadas como preditoras independentes de complicações maiores foram: diabetes mellitus (OR = 2,00; IC 95% = 1,03 – 3,88; p=0,04); choque cardiogênico (OR = 40,20; IC 95% = 15,72 – 102,79; p=0,00001); síndromes coronarianas agudas (OR = 0,47; IC 95% = 0,30 – 0,71; p=0,0004); idade (OR = 0,97; IC 95% = 0,94 – 0,99; p=0,03); doença multiarterial (OR = 2,15; IC 95% = 1,08 – 4,30; p=0,03) e disfunção ventricular esquerda moderada a severa (OR = 2,55; IC 95% = 1,33 – 4,89; p=0,005). Idade (OR = 0,0015; IC 95% = 0,87 – 0,97; p<0,002), choque cardiogênico (OR = 104,80; IC 95% = 32,68 – 336,07; p=0,00001), hipertensão arterial sistêmica (OR = 7,68; IC 95% = 1,09 – 58,67; p=0,05), disfunção ventricular esquerda moderada a severa (OR = 6,82; IC 95% = 2,42 – 19,20; p=0,0003) e síndromes coronarianas agudas (OR = 6,98; IC 95% = 1,58 – 30,74; p=0,01) foram preditores independentes de mortalidade intra-hospitalar.

Análise multivariada – características angiográficas - Os resultados da análise multivariada, de acordo com as características angiográficas, estão sumarizados na tabela 6. Entre as variáveis angiográficas, calcificação (OR = 0,13; IC 95% = 0,04 – 0,43; p=0,0009) e contorno irregular (OR = 0,15; IC 95% = 0,03 – 0,72; p=0,02) foram preditoras de menor sucesso do procedimento. Calcificação (OR = 0,40; IC 95% = 0,20 – 0,81; p=0,01) e oclusão total (OR = 0,44; IC 95% = 0,21 – 0,91; p=0,03) foram preditoras de menor sucesso clínico. Calcificação (OR = 2,98; IC 95% = 1,48 – 6,00; p=0,002); lesões com extensão maior ou igual a 10 mm (OR = 1,91; IC 95%= 1,02 – 3,55; p=0,04) e oclusão total (OR = 2,43; IC 95% = 1,16 – 5,10; p=0,02) foram preditoras de maior ocorrência de complicações.

Discussão

Desde a introdução da angioplastia transluminal coronária percutânea em 19771, a utilização das intervenções coronárias percutâneas tem expandido rapidamente. Devido ao grande número de procedimentos realizados, associados ao risco de morbidade e mortalidade, numerosos estudos têm identificado fatores determinantes de resultados imediatos e a longo prazo7-21.

Verificamos que nossos resultados estão de acordo com diversos estudos publicados previamente. Entre as várias séries publicadas, o sucesso do procedimento ocorre entre 95 a 99%, o sucesso clínico entre 86 a 96% e complicações maiores entre 3,5 a 13,2% (morte entre 0,4 a 3,5%; revascularização do miocárdio entre 2,1 a 6,0% e infarto do miocárdio entre 0,9 e 6,8%)7,9-11,28-30. A variação observada entre sucesso clínico e complicações maiores decorreu, principalmente, de maior prevalência de pacientes com idade avançada, disfunção ventricular esquerda e, principalmente, choque cardiogênico, além do período do estudo e do uso de outras técnicas de intervenção coronária percutânea associadas aos stents. Choque cardiogênico é a principal causa de mortalidade em pacientes internados por infarto agudo do miocárdio, variando de 26 a 72%31,32. Sutton e cols.33 analisaram, retrospectivamente, 113 pacientes em choque cardiogênico tratados por intervenções coronárias percutâneas. Semelhante aos nossos resultados, a mortalidade foi de 51%. Os autores identificaram que idade >70 anos, infarto do miocárdio prévio e falência do tratamento trombolítico foram variáveis independentes relacionadas a mortalidade intra-hospitalar.

Efeito das variáveis clínicas - Neste estudo, pacientes com idade avançada, diabetes mellitus, síndromes coronarianas agudas, choque cardiogênico e disfunção ventricular esquerda moderada a severa apresentaram menor sucesso clínico e maior percentual de complicações intra-hospitalares. Pacientes multiarteriais apresentaram maior percentual de complicações. Lesão restenótica foi variável preditora de menor sucesso do procedimento e de ocorrência de revascularização do miocárdio intra-hospitalar. Idade, choque cardiogênico, hipertensão arterial sistêmica, disfunção ventricular esquerda moderada a severa e síndromes coronarianas agudas foram preditores independentes de mortalidade intra-hospitalar. O'Connor e cols.34 identificaram idade, choque cardiogênico, procedimentos de urgência/emergência, disfunção ventricular esquerda, uso de balão intra-aórtico e lesões tipo C como preditores independentes de mortalidade. Disfunção renal e insuficiência cardíaca também foram preditores de morte. Estas duas últimas variáveis e uso de balão intra-aórtico não foram incluídas em nossa análise porque os dados não estavam disponíveis em todos os pacientes. Resnic e cols.13 identificaram fatores preditores de mortalidade semelhantes, incluindo choque cardiogênico, insuficiência cardíaca, taquicardia, insuficiência renal, idade > 75 anos, infarto agudo do miocárdio e angina instável. Block e cols.30 analisaram os dados de 8 diferentes estudos e identificaram um número de variáveis preditoras de eventos adversos pós-intervenções coronárias percutâneas. As variáveis identificadas como preditoras de morte foram: idade em 8 bancos de dados, diabetes em 6, choque cardiogênico em 4, disfunção ventricular esquerda em 7, doença multiarterial em 5 e síndromes coronárias agudas em 3. Idade foi preditora de infarto do miocárdio em 2 bancos de dados, doença multiarterial em 2, síndromes isquêmicas agudas em 2, choque cardiogênico em 1 e lesão restenótica em 2. Disfunção ventricular esquerda foi preditora de revascularização do miocárdio em 2 bancos de dados, síndromes isquêmicas agudas em 1, choque cardiogênico em 3 e lesão restenótica em 1.

Efeito das variáveis angiográficas, artéria tratada e tipo de lesão - De todas as características angiográficas incluídas na classificação da American College of Cardiology/American Heart Association, calcificação, extensão da lesão, oclusão total e contorno irregular foram identificadas como preditoras de resultados imediatos. Outros estudos têm buscado identificar quais características angiográficas, tipo de lesão e artéria tratada estão relacionados aos resultados7,18.

Em nosso estudo, calcificação foi preditora de menor sucesso do procedimento, menor sucesso clínico e maior ocorrência de complicações. Lesões calcificadas levam a redução da distensão do vaso ocorrendo expansão inadequada do stent, o que acarreta menor sucesso e maior possibilidade de complicações35,36. Ellis e cols.7 estudaram 10.907 lesões e identificaram calcificação com preditora independente de complicações isquêmicas.

Lesões com contorno irregular foram preditoras de menor sucesso do procedimento, enquanto que no estudo de Ellis e cols.7 contorno irregular foi preditor independente de complicações isquêmicas.

Na nossa análise, oclusão total foi variável preditora independente de menor sucesso clínico e de maior ocorrência de complicações. Oclusões totais compreendem um amplo espectro que vai desde oclusões recentes, secundárias à ruptura da placa aterosclerótica e oclusão do vaso (97,6% da nossa casuística); até oclusões crônicas, quando o trombo está organizado (2,4% do total de oclusões)37,38. Na análise de Ellis e cols.7 oclusão total com duração < 3 meses foi a variável angiográfica mais fortemente relacionada com ocorrência de complicações isquêmicas intra-hospitalares. No nosso estudo, diferente dos resultados de Ellis e cols.7, calcificação foi a variável mais fortemente relacionada com sucesso e complicações.

Estudos prévios têm demonstrado que extensão da lesão está diretamente relacionada com percentual de complicações7,39,40, o que está de acordo com os nossos achados. Kornowski e cols.39 demonstraram que complicações maiores foram mais freqüentes em lesões longas (3,4% vs. 1,0%; p=0,04). No estudo de Ellis e cols.7, extensão da lesão entre 10 e 20 mm foi preditora independente de complicações isquêmicas.

Lesões em tronco da coronária esquerda e na descendente anterior têm sido descritas como preditoras de complicações imediatas15,16. Block e cols.30 verificaram que lesões em tronco da coronária esquerda foram preditoras de mortalidade hospitalar em 2 estudos. No nosso estudo, lesões em tronco da coronária esquerda foram preditoras de complicações maiores, não sendo observado significância estatística ao analisarmos as outras artérias.

Vários estudos têm demonstrado o valor preditivo da classificação da ACC/AHA ao analisar os resultados imediatos pós-intervenções coronárias percutâneas15,30. No entanto, o valor preditivo do tipo de lesão tem sido menor que o observado previamente, devido ao refinamento técnico, incluindo percentual elevado de implante de stents e utilização de inibidores de glicoproteínas plaquetárias IIb/IIIa. Krone e cols.18 verificaram que a classificação da ACC/AHA apresentou menor poder de discriminação de resultados imediatos pós-intervenções coronárias percutâneas do que a classificação da Society for Angiography and Interventions (SCAI), não utilizada em nosso estudo. No nosso estudo, apesar de lesões complexas apresentarem menor sucesso clínico e maior percentual de complicações, resolvemos não incluir tipo de lesão no modelo multivariável. Esta opção deveu-se ao fato de que todas as características angiográficas da classificação ACC/AHA foram incluídas no nosso modelo e, portanto, a inclusão da variável tipo de lesão seria inadequada.

Limitações - O nosso estudo é observacional, não randomizado, de pacientes consecutivamente tratados com implante de stents coronários. Não podemos generalizar os achados; por se tratar de centro de referência, os pacientes podem ter particularidades que modificaram os resultados e que não conseguimos controlar. Algumas variáveis não foram analisadas, como por exemplo, função renal e índice de massa corpórea. Além disso, não avaliamos o controle glicêmico em diabéticos, fator relacionado com menor ocorrência de revascularização da lesão-alvo, re-hospitalização e recorrência de angina41. Contudo, nossa experiência representa o mundo real e não de estudos clínicos randomizados. Determinadas características foram observadas em pequeno número; sendo assim, podem não ter alcançado significância estatística devido ao pequeno tamanho amostral (erro tipo II). Outra limitação diz respeito à análise das lesões, realizadas apenas por um observador. Não avaliamos o grau de estenose através de angiografia coronária quantitativa (ACQ), método mais preciso que a avaliação visual42,43, apesar de já termos demonstrado boa correlação entre a ACQ e a estimativa visual44. Da mesma forma, a função ventricular esquerda foi estimada por avaliação visual, não sendo utilizado nenhum dos métodos de imagem que estimam a função ventricular esquerda de forma mais acurada, além de identificar a região do ventrículo com disfunção45.

Conclusão

Fatores clínicos e angiográficos influenciaram de maneira significativa os resultados intra-hospitalares pós-implante de stent. Calcificação, contorno irregular e lesões restenóticas foram identificados como preditores independentes de sucesso do procedimento. Nossa análise identificou 4 fatores clínicos (choque cardiogênico, síndromes coronárias agudas, disfunção ventricular esquerda e idade >65 anos) como preditores independentes de sucesso clínico, complicações maiores e mortalidade intra-hospitalar. Diabetes mellitus foi preditor independente de sucesso clínico e complicações maiores. Oclusão total e calcificação foram identificados como preditores independentes de sucesso clínico e complicações maiores. Estes fatores podem ser utilizados para verificar a possibilidade de sucesso e complicações maiores na fase intra-hospitalar, pós-implante de stent coronário.

Potencial Conflito de Interesses

Declaro não haver conflitos de interesses pertinentes.

Recebido em 27/03/05

Aceito em 11/11/05

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  • Correspondência:

    Antônio José Néri-Souza
    Rua Tenente Fernando Tuy, 318/1701
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      21 Nov 2006
    • Data do Fascículo
      Out 2006

    Histórico

    • Recebido
      27 Mar 2005
    • Aceito
      11 Nov 2005
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