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Custo-efetividade dos stents recobertos por rapamicina em procedimentos percutâneos coronarianos no Brasil

Resumos

OBJETIVOS: Comparar as relações de custo-efetividade do stent recoberto (SR) por rapamicina com o stent convencional (SC), sob duas perspectivas: medicina suplementar e sistema público (SUS). MÉTODOS: Modelo de decisão analítico com três estratégias de tratamento de lesão coronariana: intervenção coronária percutânea (icP) com SC; com SR com rapamicina e SC seguido de SR para manejo de reestenose sintomática. Os desfechos foram: sobrevida livre de eventos em um ano e expectativa de vida. As árvores de decisão foram construídas com resultados de registros e ensaios clínicos publicados. RESULTADOS: A sobrevida em um ano livre de reestenose foi de 92,7% com SR e de 78,8% com SC. A expectativa de vida estimada das estratégias foi muito semelhante, entre 18,5 e 19 anos. Sob a perspectiva não-pública, a diferença de custo no primeiro ano entre SC e SR foi de R$ 3.816, com relação de custo-efetividade incremental de R$ 27.403 por evento evitado em um ano. Sob a perspectiva do SUS, o custo por evento evitado em um ano foi de R$ 47.529. Na análise de sensibilidade, foram preditores relevantes a probabilidade de reestenose, a redução de risco esperada com SR, o custo do stent e o custo do manejo da reestenose. Os dados por anos de vida demonstraram relações de custo-efetividade bastante elevadas na simulação de Monte Carlo. CONCLUSÃO: As relações de custo-efetividade do SR por rapamicina foram elevadas em modelo brasileiro. O uso de SR foi mais favorável em pacientes de alto risco de reestenose, com elevado custo do manejo de reestenose e sob a perspectiva não-pública.

Stents; stents farmacológicos; sirolimo; angioplastia transluminal percutânea coronária; SUS - Sistema Único de Saúde - BR


OBJECTIVES: To compare the cost-effectiveness ratios of sirolimus-eluting stents (SES) with bare-metal stents (BMS) under two perspectives: the "supplementary medical system" (health plans and private patients) and the public health (SUS) system. METHODS: A decision-analytic model using three different therapeutic strategies for coronary lesions: percutaneous coronary intervention (PCI) with BMS; with SES; or with BMS followed by SES to treat symptomatic restenosis. Study endpoints were one-year event-free survival and life expectancy. Decision trees were constructed using the results of published registries and clinical trials. RESULTS: One-year restenosis-free survival was 92.7% with SES and 78.8% with BMS. Estimated life expectancy was very similar for all the strategies, ranging from 18.5 to 19 years. Under a nonpublic perspective, the cost difference in the first year between BMS and SES was R$3,816, with an incremental cost-effectiveness ratio of R$27,403 per event avoided in one year. Under the SUS perspective, the cost per event avoided in one year was R$47,529. In the sensitivity analysis, probability of restenosis, risk reduction expected with SES, the price of the stent and cost of treating restenosis were all important predictors. In the Monte Carlo simulation, data per years of life saved showed very high cost-effectiveness ratios. CONCLUSION: In the Brazilian model, the cost-effectiveness ratios for SES were elevated. The use of SES was more favorable for patients with high risk of restenosis, as it is associated with elevated costs in restenosis management of and under a nonpublic perspective.

Stents; pharmacologic stents; sirolimus; angioplasty, transluminal, percutaneous coronary; National Health System (BR)


ARTIGO ORIGINAL

Custo-efetividade dos stents recobertos por rapamicina em procedimentos percutâneos coronarianos no Brasil

Carisi Anne Polanczyk; Marco V. Wainstein; Jorge Pinto Ribeiro

Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Programa de Pós-graduação em Cardiologia da UFRGS e Hospital Moinhos de Vento – Porto Alegre, RS

Correspondência Correspondência: Carisi Anne Polanczyk Rua Gen. Oscar Miranda, 160/1001 90440-160 – Porto Alegre, RS E-mail: carisi@terra.com.br

RESUMO

OBJETIVOS: Comparar as relações de custo-efetividade do stent recoberto (SR) por rapamicina com o stent convencional (SC), sob duas perspectivas: medicina suplementar e sistema público (SUS).

MÉTODOS: Modelo de decisão analítico com três estratégias de tratamento de lesão coronariana: intervenção coronária percutânea (icP) com SC; com SR com rapamicina e SC seguido de SR para manejo de reestenose sintomática. Os desfechos foram: sobrevida livre de eventos em um ano e expectativa de vida. As árvores de decisão foram construídas com resultados de registros e ensaios clínicos publicados.

RESULTADOS: A sobrevida em um ano livre de reestenose foi de 92,7% com SR e de 78,8% com SC. A expectativa de vida estimada das estratégias foi muito semelhante, entre 18,5 e 19 anos. Sob a perspectiva não-pública, a diferença de custo no primeiro ano entre SC e SR foi de R$ 3.816, com relação de custo-efetividade incremental de R$ 27.403 por evento evitado em um ano. Sob a perspectiva do SUS, o custo por evento evitado em um ano foi de R$ 47.529. Na análise de sensibilidade, foram preditores relevantes a probabilidade de reestenose, a redução de risco esperada com SR, o custo do stent e o custo do manejo da reestenose. Os dados por anos de vida demonstraram relações de custo-efetividade bastante elevadas na simulação de Monte Carlo.

CONCLUSÃO: As relações de custo-efetividade do SR por rapamicina foram elevadas em modelo brasileiro. O uso de SR foi mais favorável em pacientes de alto risco de reestenose, com elevado custo do manejo de reestenose e sob a perspectiva não-pública.

Palavras-chave:Stents/custo, stents farmacológicos, sirolimo, angioplastia transluminal percutânea coronária, SUS – Sistema Único de Saúde - BR

Introdução

O implante eletivo de stents, comparado com a angioplastia convencional por balão, resulta em taxa significativamente maior de sucesso na redução da reestenose angiográfica e em diminuição da necessidade de revascularização subseqüente da lesão-alvo1-3. O implante de endopróteses coronárias tornou-se a principal modalidade de revascularização miocárdica no mundo, chegando a mais de 90% das intervenções percutâneas por cateter realizadas. O progressivo crescimento do número de stents implantados no Brasil está documentado pelo registro da Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), sendo de 37% apenas no biênio 1999/20004, com aumento de 2,44 vezes de 1996 a 20045. Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) apontam para o uso cada vez maior de stents: aproximadamente 33.040 stents no período de setembro de 2004 a agosto de 2005, com média de 2.294 por mês.

Entretanto, a reestenose intra-stent permanece a principal limitação dessa forma de intervenção percutânea. A reestenose é um processo progressivo, que resulta em morbidade e custos adicionais, especialmente pela necessidade de nova revascularização da lesão-alvo. Diversos ensaios clínicos foram conduzidos nos últimos anos demonstrando redução significativa da resposta hiperplásica após o implante de stents recobertos por medicamentos6-8. O uso de stents recobertos reduz a taxa de revascularização do vaso-alvo de modo significativo em comparação com o stent convencional, sem impacto na mortalidade total ou no infarto do miocárdio9-11.

Essa maior efetividade dos stents recobertos por medicamentos é, porém, acompanhada de maior custo terapêutico dos dispositivos. Análises econômicas realizadas nos Estados Unidos demonstram que o uso de stents recobertos por rapamicina resulta em relação de custo-efetividade adicional de aproximadamente US$ 1.650,00 por evento evitado em um ano e de US$ 27.500,00 por anos de vida ajustados para qualidade de vida (QALY – quality-adjusted life-years)12. Entretanto, estudos de custo-efetividade realizados em outros países encontraram valores muito díspares, variando de 58.721 dólares canadenses/QALYs no Canadá a 73.282 euros/QALYs na Suíça13,14. Na medida em que a estrutura econômica e a prestação de serviços do sistema de saúde no Brasil são muito distintas, esses dados não podem ser extrapolados para nossa realidade, sendo necessários estudos baseados na prática nacional, tanto no setor público como no setor privado. Este estudo, portanto, apresenta uma análise da relação de custo-efetividade do uso de stents recobertos por rapamicina em diferentes cenários clínicos no Brasil.

Métodos

Descrição da avaliação econômica - Um modelo analítico de decisão foi construído para comparar os custos e a efetividade de três estratégias de tratamento para pacientes sintomáticos com lesão arterial coronariana: a) intervenção coronária percutânea com stent convencional; b) intervenção coronária percutânea com stent recoberto por rapamicina; e c) intervenção coronária percutânea inicialmente com stent convencional seguido de stent recoberto para manejo de reestenose sintomática.

Modelo populacional - A população do modelo foi delineada para coortes de pacientes com lesão em vaso único, sintomáticos, que pudessem ser submetidos a qualquer uma das três estratégias. A coorte deveria ser composta por indivíduos com características semelhantes àquelas descritas nos ensaios clínicos, ou seja, lesões de extensão média de 14 mm, vasos entre 2,5 mm e 3,5 mm de diâmetro, com número representativo de diabéticos6,7. O modelo inicial não estratifica a população nesses grupos de risco, embora o impacto da influência dessas variáveis de características demográficas na incidência de reestenose, efetividade e custos globais seja avaliado nas análises de sensibilidade.

Medidas de desfechos clínicos - Os desfechos clínicos considerados na avaliação foram: sobrevida livre de eventos em um ano, expressa em porcentual; e expectativa de vida, expressa em anos de vida. Essas medidas foram escolhidas para análise de custo-efetividade por fornecerem um aspecto prontamente quantificável do benefício dos procedimentos percutâneos coronarianos, e por se prestarem à análise detalhada de custo. A inclusão do desfecho "anos de vida ajustados para qualidade de vida" (QALYs) não pôde ser viabilizada, na medida em que não foram encontrados estudos conduzidos na população brasileira que tenham quantificado a qualidade de vida em indivíduos com angina ou sintomas de cardiopatia isquêmica.

Descrição do modelo de decisão clínica - A árvore de decisão clínica foi dividida em dois modelos: versão a curto prazo e modelo Markov. A figura 1 ilustra as decisões terapêuticas iniciais e os desfechos imediatos e a curto prazo (seis meses) para cada uma das estratégias. A figura 2 ilustra a simulação para a coorte que sobreviveu ao procedimento, incluindo aqueles que permaneceram livres de eventos em seis meses ou que tiveram reestenose e foram novamente submetidos a procedimentos de revascularização. Esta segunda parte é um modelo de Markov (estados transicionais) para toda a vida após revascularização percutânea ou cirúrgica. Mortalidade não-cardíaca por faixa etária foi estabelecida de modo idêntico para todas as estratégias e foram estimadas a partir de tábuas de sobrevida da população brasileira no ano de 2001 (www.ibge/diretoria de pesquisas). Essa estrutura de modelo foi descrita em outras análises econômicas, com objetivos semelhantes15.



Pressupostos do modelo - Para preparo do modelo, foram consideradas estratégias que tentam reproduzir a prática vigente. Na estratégia de stent convencional, se ocorresse reestenose, as alternativas eram: angioplastia percutânea com balão ou cirurgia de revascularização. Nesse cenário, o uso de stent na reestenose só foi considerado naqueles casos de dissecção pelo balão ou resultado insatisfatório (estimado em 11%). No caso de reestenose nos indivíduos submetidos a procedimento inicial com stent recoberto, as alternativas foram semelhantes, a não ser pelo fato de, na necessidade de uso de stent, ser utilizado novamente stent recoberto por rapamicina. Na eventualidade de o procedimento percutâneo inicial ou por reestenose falhar (não passar, não dilatar, apresentar oclusão), o paciente era encaminhado para cirurgia de revascularização. Pacientes que apresentassem trombose subaguda do stent poderiam evoluir para infarto do miocárdio fatal ou seriam encaminhados para procedimento percutâneo. A cirurgia só foi considerada nesse cenário após falha na tentativa com intervenção coronária percutânea. Durante os primeiros seis meses, os pacientes poderiam apresentar reestenose (recorrência de estenose > 50% no diâmetro) sintomática ou não. Apenas os casos sintomáticos foram considerados para revascularização de vaso-alvo. Pacientes com sintomas recorrentes de reestenose poderiam ser submetidos, no máximo, a três tentativas de procedimento percutâneo antes de serem encaminhados para revascularização cirúrgica. Pacientes sem sintomas após os seis meses iniciais eram considerados livres de eventos relacionados ao procedimento e entravam no modelo de Markov da história natural de cardiopatia isquêmica após procedimento de revascularização. Foi considerado o período de três a seis meses como tempo médio de uso de clopidogrel. No contexto desta análise, não foi considerada a possibilidade de trombose tardia dos stents recobertos. Pacientes que entravam no modelo de Markov pós-revascularização poderiam considerar quatro estados de saúde ao longo da vida: morte, estável pós-intervenção coronária percutânea, estável pós-cirurgia de revascularização do miocárdio ou apresentar angina. Os casos de angina eram imediatamente encaminhados para intervenção coronária percutânea. No modelo de Markov, todos os custos e benefícios em saúde futuros foram descontados a uma taxa de 3% ao ano.

Análise da efetividade - Os resultados das principais medidas de desfechos clínicos e probabilidades necessárias para inclusão no modelo analítico de decisão estão listados nas tabelas 1 e 2. As estimativas foram obtidas da literatura, por meio de revisão sistemática dos ensaios clínicos randomizados publicados até 2003 e que envolveram stents convencionais e registros internacionais de procedimentos percutâneos (SIRIUS, C-SIRIUS, E-SIRIUS, Cypher-restenose)6-9,11.

Custo do procedimento índice - O custo do procedimento índice foi calculado considerando duas diferentes perspectivas para o estudo. Para a perspectiva do pagador não-público, foram coletadas informações sobre o custo médio hospitalar para intervenção coronária percutânea com colocação de stent convencional e de stent recoberto por rapamicina em oito diferentes hospitais do Brasil (tab. 2). Os valores obtidos foram gerais e baseados em informações fornecidas por instituições de referência. A estimativa basal utilizada no modelo foi a obtida da conta analítico-financeira de casos semelhantes em um hospital particular, ou seja, o valor efetivamente cobrado pelo prestador de serviço ao plano de saúde/paciente (tab. 3). As variações dos custos das outras instituições foram utilizadas nas análises de sensibilidade. Na perspectiva do pagador público, foram obtidos custos médios para as intervenções, considerando o sistema de saúde pública em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, utilizando como referências valores reembolsados por internações semelhantes. Para procedimentos percutâneos foi feita a análise de 436 casos realizados no ano de 2002, sendo 159 cirurgias de revascularização, 58 infartos agudos do miocárdio e 262 internações por insuficiência coronariana aguda. Para estratégia do uso de stent recoberto por rapamicina, foi adicionado o valor de mercado do stent ao valor pago pelo procedimento, pelo fato de o mesmo não ser contemplado na tabela do SUS (tab. 3).

Os honorários médicos não foram considerados nas análises basais, levando-se em conta o pressuposto de que estes seriam semelhantes entre as diferentes estratégias, independentemente do stent empregado. Entretanto, como para os procedimentos de reestenose também não estava contemplado esse dado, poderia haver um desequilíbrio na comparação. Nesse sentido, foram conduzidas análises de sensibilidade paralelas, adicionando um valor fixo (R$ 400,00 a R$ 1.200,00) por procedimento referente a honorários médicos previstos na tabela da Associação Médica Brasileira (AMB). Na perspectiva do SUS, estes estão contemplados no valor total do procedimento. Da mesma forma, o custo adicional do antiagregante plaquetário clopidogrel por três a seis meses após o procedimento não foi considerado custo direto pela perspectiva do pagador, mas foi incluído nas análises de sensibilidade.

Custo do manejo da cardiopatia isquêmica estável - Os custos do manejo da cardiopatia isquêmica estável foram estimados em coorte de pacientes com cardiopatia isquêmica em acompanhamento clínico há quatro anos em ambulatório especializado de cardiologia. Essa coorte permitiu computar o custo médio com consultas médicas, testes diagnósticos invasivos e não-invasivos, outros exames laboratoriais e medicações atualmente prescritas para prevenção secundária e manejo de casos sintomáticos22. Na estimativa do custo anual para o manejo da cardiopatia isquêmica também foram considerados dois cenários: valores da tabela do SUS e valores de acordo com a tabela da AMB (análises de sensibilidade). Todos os custos incluídos consideraram valores médios no ano de 2003, em reais (R$).

Análise dos dados - Para cada estratégia foram calculados o custo esperado e os desfechos clínicos descritos (sobrevida livre de eventos em um ano, expectativa de vida em anos de vida). As estratégias foram listadas em ordem crescente de custo, sendo aquelas com benefício menor, mas com custo maior, excluídas por dominância. Para as estratégias com custo e benefício maiores, foi calculada a relação de custo-efetividade adicional em comparação com aquela imediatamente de menor valor. Para todas as variáveis consideradas no modelo, foram realizadas análises de sensibilidade de uma e duas entradas, dentro de variações disponíveis na literatura ou plausíveis clinicamente. Para estimar com mais precisão o impacto na expectativa de vida das diferentes estratégias, foi conduzida uma simulação de Monte Carlo com dez mil tentativas aleatórias. O modelo e as análises foram conduzidos no programa para árvore de decisão DATA (Treeage Software Inc., versão 4.8, 2003).

Resultados

Efetividade das estratégias - A sobrevida em um ano livre de reestenose foi de 92,7% com o uso de stent recoberto por rapamicina, de 78,8% com o uso de stent convencional e de 78,8% com o uso de stent recoberto por rapamicina somente para os casos de reestenose com stent convencional (tab. 4). A diferença absoluta entre as duas primeiras estratégias foi de 14%, semelhante aos resultados do ensaio clínico SIRIUS e análises agregadas11. Não houve diferença significativa entre as duas últimas estratégias, pois o benefício do stent recoberto por rapamicina somente é oferecido após a ocorrência do desfecho reestenose.

Usando esses pressupostos descritos, o modelo analítico previu que, para indivíduos com 50 anos de idade, sintomáticos, com lesão coronariana e indicação de procedimento de revascularização, a expectativa de vida é muito semelhante entre todas as estratégias avaliadas (18,5 a 19 anos de vida), certamente inferior aos 25 anos esperados para a população brasileira em geral no ano de 2001 (www.ibge.com.br).

Custos das estratégias - Sob a perspectiva de instituições conveniadas e particulares, o custo no primeiro ano de manejo da lesão coronariana índice foi de R$ 14.024,00 com o uso de stent convencional, de R$ 15.128,00 com o uso de stent convencional seguido de stent recoberto nos casos de reestenose, e de R$ 17.840,00 com stent recoberto por rapamicina. A diferença de custo entre o uso de stent convencional e de stent com rapamicina foi de R$ 3.816,00 (fig. 3). O custo ao longo da vida estimado para o uso de stent convencional foi de R$ 86.218,00 ou R$ 4.668,00 por ano; para o uso de stent com rapamicina, o custo total foi de R$ 85.803,00 ou R$ 4.617,00 por ano; e o uso inicial de stent convencional seguido de stent com rapamicina para os casos de reestenose foi de R$ 80.913,00 ou R$ 4.377,00 por ano.


Sob a perspectiva de instituições públicas do SUS, o custo no primeiro ano de manejo da lesão coronariana índice foi de R$ 5.788,00 com o uso de stent convencional, de R$ 7.102,00 com o uso de stent convencional seguido de stent recoberto nos casos de reestenose, e de R$ 12.708,00 com o uso de stent recoberto por rapamicina. A diferença de custo entre usar stent convencional e stent com rapamicina foi de R$ 6.619,00. O custo ao longo da vida estimado para o uso de stent convencional foi de R$ 47.643,00 ou R$ 2.570,00 por ano; para o uso de stent com rapamicina, esse custo total foi de R$ 53.565,00 ou R$ 2.877,00 por ano; e para o uso inicial de stent convencional seguido de stent com rapamicina para os casos de reestenose foi de R$ 47.604,00 ou R$ 2.566,00 por ano.

Custo-efetividade das estratégias - Sob a perspectiva de instituições conveniadas e particulares, a sobrevida livre de eventos em um ano foi superior com o stent recoberto por rapamicina, mas a um custo total também maior, resultando em relação de custo-efetividade adicional de R$ 27.403,00 por evento evitado em um ano (tab. 4). A estratégia de utilizar stent recoberto somente para os casos que tiveram reestenose após implante de stent convencional teve custo cumulativo maior quando comparado ao do uso de stent convencional, mas com o mesmo benefício clínico, tendo sido a relação de custo-efetividade considerada dominada do ponto de vista econômico neste desfecho em curto prazo.

Sob a perspectiva de instituições públicas, a sobrevida livre de eventos em um ano foi superior com o stent recoberto por rapamicina, mas a um custo total também maior, resultando em relação de custo-efetividade adicional de R$ 47.529,00 por evento evitado em um ano. A relação de custo-efetividade na estratégia de usar stent recoberto somente para os casos de reestenose após implante de stent convencional também foi considerada dominada nesse cenário.

Análise de sensibilidade - Algumas variáveis tiveram impacto significativo nos resultados. Do ponto de vista clínico, a probabilidade de sintomas na presença de reestenose angiográfica, a probabilidade estimada de reestenose basal com o stent convencional e a redução de risco esperada com stent recoberto tiveram impacto nas estimativas. Quanto maior a probabilidade de sintomas mais favorável o uso de stent recoberto por rapamicina. Por exemplo, aumentando esse índice de probabilidade de sintomas por reestenose angiográfica de 60% para 88%, a sobrevida livre de eventos com stent convencional cairia de 78% para 71% e com stent recoberto, de 93% para 90%, resultando em relação de custo-efetividade adicional do stent recoberto de R$ 6.744,00 por evento evitado, sob a perspectiva de instituições conveniadas e particulares. A inclusão dos custos dos honorários médicos não alterou os achados. A relação de custo-efetividade do stent recoberto em comparação com o stent convencional passou de R$ 27.403,00 para R$ 26.860,00, considerando-se o valor de R$ 400,00 para essa variável sob a perspectiva dos convênios.

Sob a perspectiva do SUS, o modelo também se mostrou robusto na maioria das variáveis e pressupostos considerados. As variáveis que mais influenciaram os resultados foram: probabilidade de sintomas na presença de reestenose angiográfica, probabilidade estimada de reestenose basal com o stent convencional, e redução de risco esperada com stent recoberto. Em relação ao custo, novamente, o custo do stent com rapamicina e o custo do manejo da reestenose foram determinantes dos achados.

Sob a perspectiva de instituições particulares e conveniadas, a probabilidade basal de reestenose com stent convencional é um determinante da efetividade e do custo de ambas as estratégias. Considerando-se a reestenose clínica esperada inferior a 20%, a relação de custo-efetividade para o stent recoberto fica muito mais desfavorável, superior a R$ 50.000,00 por sobrevida em um ano livre de eventos. Por outro lado, em situações com reestenose esperada superior a 40%, a relação de custo-efetividade é inferior a R$ 15.000,00 por sobrevida em um ano livre de eventos (fig. 4). Essa tendência repetiu-se na análise sob a perspectiva de instituições públicas do SUS (fig. 4).


Alguns determinantes econômicos também influenciaram os resultados, mudando a proporção entre as estratégias. Entre eles, o custo do procedimento índice, basicamente o custo do stent recoberto por rapamicina e do stent convencional, bem como sua proporção e o custo do tratamento da reestenose tiveram efeito nos dados obtidos. Sob a perspectiva de instituições particulares ou conveniadas, se o valor do stent com rapamicina fosse inferior a R$ 6.600,00, seu uso seria estratégia dominante sob os pontos de vista clínico e econômico em relação ao stent convencional. Na faixa entre R$ 6.600,00 e R$ 8.000,00, resultaria custo adicional inferior a R$ 10.000,00 por evento evitado; entre R$ 8.000,00 e R$ 9.400,00, o custo adicional ficaria entre R$ 10.000,00 e R$ 20.000,00 (fig. 4). Modificando-se outro parâmetro concomitantemente (probabilidade de reestenose basal quando superior a 40%), esses valores para o stent com rapamicina seriam de R$ 7.500,00, R$ 9.300,00 e R$ 11.100,00 para as faixas de preços acima, respectivamente. A figura 4 demonstra que as mesmas tendências foram encontradas sob a perspectiva de instituições públicas do SUS, mas com valores mais elevados.

O custo da reestenose também influenciou as relações obtidas. Com o aumento desse custo, semelhante para ambas as estratégias, a estratégia mais atraente é a do stent recoberto. Sob a perspectiva de particulares e convênios, se o custo da reestenose for inferior a R$ 10.000,00, o uso do stent com rapamicina terá custo adicional superior a R$ 20.000,00 por reestenose evitada; se o custo do manejo da reestenose for entre R$ 10.000,00 e R$ 19.000,00, a relação de custo-efetividade adicional para o stent recoberto será de R$10.000,00 a R$ 20.000,00 por evento evitado; e se o custo da reestenose for superior a R$ 19.000,00, o custo por evento evitado é inferior a R$ 10.000,00.

Custo-efetividade das estratégias por ano de vida salvo - Sob a perspectiva de convênios e particulares, a expectativa de vida foi menor com a intervenção coronária percutânea com stent convencional, seguida do stent convencional mais rapamicina em caso de reestenose, e maior com o stent recoberto por rapamicina. O custo total foi maior para esta última estratégia e menor para o uso do stent recoberto somente em casos de reestenose. A comparação entre stent recoberto nos casos de reestenose e stent com rapamicina resultou em relação de custo-efetividade adicional de R$ 49.464,00 por ano de vida salvo.

Sob a perspectiva do SUS, os resultados foram semelhantes, com valores superiores na relação de custo-efetividade, resultando em relação de custo-efetividade adicional de R$ 356.354,00 por ano de vida salvo.

É importante ressaltar que, embora as estimativas demonstrem relação de custo-efetividade adicional elevada com stent recoberto e dominada para o stent convencional, a análise de Monte Carlo com dez mil simulações sugere que as estratégias são muito semelhantes, próximas a valores entre R$ 0,00 e R$ 10.000,00 por ano de vida salvo. Em mais de 75% das simulações, as relações de custo-efetividade foram inferiores a esses valores, para ambos os cenários.

Discussão

As técnicas na área de saúde estão evoluindo rapidamente, a uma velocidade sem precedentes. Associado a isso, em algumas áreas, como a cardiologia, ensaios clínicos randomizados estão sendo conduzidos, praticamente, em paralelo à comercialização dos produtos. Isso foi observado em meados da década de 1990 com os stents convencionais e agora com os stent recobertos por medicamentos. Uma pesquisa realizada pela Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, prévia à liberação de registro dos stents recobertos, sinalizava que, após um ano, o porcentual de uso de stents desse tipo alcançaria 77% do total de dispositivos utilizados em intervenções percutâneas. Esses dados, embora interessantes, pois reforçam a adesão dos médicos cardiologistas aos avanços na área, são percebidos com preocupação no que se refere à saúde financeira das instituições. Por esse motivo, é imprescindível a quantificação dos benefícios clínicos de novas técnicas bem como de seus custos, e, em havendo incremento de ambos, se os custos estão em uma proporção razoável em relação ao ganho em saúde que oferecem.

Neste trabalho, foi avaliada a relação de custo-efetividade de três estratégias, comparando o emprego de stent convencionais e de stents recobertos por rapamicina por meio de um modelo analítico de decisão aplicável à prática da cardiologia intervencionista brasileira. Observou-se que o maior custo inicial do stent recoberto é parcialmente compensado ao longo do primeiro ano. Comparativamente, a diferença de custos em um ano entre o stent convencional e o stent recoberto por rapamicina foi de R$ 3.816,00 sob a perspectiva de convênios e de R$ 6.619,00 sob a perspectiva do SUS, com relação de custo-efetividade em um ano por evento evitado de R$ 27.403,00 para os convênios e de R$ 47.643,00 para o SUS. Em nosso meio, não estão estabelecidos quais custos adicionais são considerados aceitáveis para determinado benefício clínico de uma intervenção. Os sistemas de saúde norte-americano e canadense usam o referencial de US$ 50.000,00 por QALY e, mais recentemente, de US$ 10.000,00 por evento maior evitado12,15 como um emprego razoável dos recursos em saúde. Com base nessas referências internacionais, as relações de custo-efetividade do stent recoberto por rapamicina poderiam ser consideradas economicamente atrativas para convênios e particulares.

A estratégia de usar stent recoberto por rapamicina foi ainda mais favorável em certos subgrupos de pacientes, como aqueles de alto risco de reestenose e aqueles com elevado custo no manejo de reestenose. Além disso, dependendo do valor do stent recoberto por rapamicina, a estratégia do uso rotineiro dessa intervenção pode ser dominante ou mais atrativa do ponto de vista de custo-efetividade na perspectiva dos convênios. Embora a mesma tendência tenha sido observada sob a perspectiva do SUS, os valores foram sempre mais elevados.

Até o momento, diversos autores já avaliaram a relação de custo-efetividade dos stents recobertos por medicamentos em relação ao stent convencional em outros países. Cohen e cols.13 demonstraram, em modelo analítico, custo por evento evitado de US$ 1.650,00 por procedimento de revascularização evitado e de US$ 27.500,00 por QALY12. Outro estudo americano avaliando o stent recoberto por paclitaxel apresentou resultados semelhantes, US$ 4.678,00 e US$ 47.798,00, respectivamente27. Por outro lado, análises econômicas canadenses demonstraram que, de modo geral, os stents recobertos não são uma técnica com boa relação de custo-efetividade, exceto talvez quando empregados em pacientes de alto risco. Os resultados apresentados, segundo as perspectivas de diferentes províncias, foram bastante díspares, variando de 12.000 a 20.000 dólares canadenses por revascularização evitada a 438.415 a 2.221.692 dólares canadenses por QALY13, 28-30. Não muito diferentes dos resultados apresentados por outros países, como Austrália e Itália31.

Até o momento, não há registro de análises econômicas formais de custo-efetividade no Brasil. Em um estudo observacional, Quadros e cols.32 estimaram a custo-efetividade da substituição do stent convencional por stent recoberto em uma coorte de pacientes submetidos a intervenção coronária percutânea em instituição pública no Brasil. Calculou-se que se fosse empregado stent recoberto, haveria incremento nos custos de R$ 9.524,00 por paciente, com custo por evento evitado superior a R$ 190.000,00. Esses valores foram muito mais elevados que os descritos em outros estudos, provavelmente pelo porcentual observado de revascularização em vaso-alvo de apenas 5,8% na coorte avaliada com vasos de grande calibre32.

Ao contrário dessas avaliações econômicas baseadas em modelos analíticos, Kaiser e cols.15 conduziram ensaio clínico randomizado pragmático sob a perspectiva do sistema de saúde suíço, encontrando resultados clínicos semelhantes aos dos estudos SIRIUS e TAXUS. Sob a perspectiva do sistema suíço, o uso de stent recoberto teve incremento de 905 euros nos custos acumulados em seis meses, resultando em custo por procedimento evitado de 18.311 euros e de 72.283 euros por QALY ganha. Na interpretação dos autores, os resultados não foram favoráveis à incorporação dessa técnica.

Grande parte da variação dos resultados econômicos pode ser explicada por peculiaridades de cada sistema e, principalmente, pela diferença de custo com o stent recoberto. Além disso, a estimativa inicial dos ensaios clínicos sobre o benefício dos stents recobertos varia com a interpretação dos autores sobre o efeito em sua prática clínica.

A relação de custo-efetividade insatisfatória dos stents recobertos descrita pode ser aprimorada de três modos: 1) com o aumento da efetividade clínica dos mesmos, considerando os resultados em médio prazo dos ensaios clínicos, em que maior benefício poderia ocorrer em termos de sistema de saúde após os primeiros dois anos; 2) reduzindo os custos dos stents recobertos, já que todas as análises de sensibilidade apontam para a necessidade de redução de preço; e 3) assegurando o uso dos stents recobertos em subgrupos de pacientes de alto risco, nos quais a incidência de reestenose estimada seria superior a três vezes o valor referencial. Segundo achados deste estudo, seria razoável considerar mais custo-efetivo seu emprego em pacientes com diabetes, em pacientes com vasos pequenos ou naqueles candidatos a cirurgia de revascularização em caso de desenvolvimento de reestenose.

Igualmente relevante, embora fuja ao escopo deste estudo, é a estimativa do impacto financeiro da adoção de stents recobertos nos setores tanto público como privado, caso se opte por sua inclusão. Por exemplo, na análise do impacto econômico da substituição total ou parcial dos stents recobertos por drogas utilizando dados de 2005 de procedimentos no SUS, excluindo-se casos de angioplastia sem implante de stent e angioplastia primária, foram realizados aproximadamente 27.500 procedimentos. Considerando-se o uso de 1,2 stent por procedimento, teriam sido implantados aproximadamente 33.040 stents (média de 2.294 por mês). A substituição de stent convencional por stent recoberto por medicamentos em 20% dos casos (alto risco), a um custo adicional de R$ 4.020,00, poderia ter impacto superior a R$ 26.000.000,00 no período de um ano, mesmo com o preço do stent recoberto reduzido à metade do atualmente praticado no mercado brasileiro (R$ 6.600,00 para o recoberto e R$ 2.580,00 para o convencional). Alguns autores argumentam que esse incremento inicial seria parcialmente compensado pela redução de novos procedimentos em futuro próximo e maior eficiência do sistema33. Entretanto, não é possível estabelecer se ocorrerá redução real de custos, na medida em que pode haver aumento do número efetivo de pacientes atendidos com doença arterial coronária.

Algumas considerações são importantes quando da interpretação dos achados deste estudo. Em primeiro lugar, a estimativa incorporada do benefício clínico do stent recoberto foi aquela descrita nos ensaios clínicos randomizados, em que foi empregada angiografia de controle definida por protocolo. É conhecido que esses ensaios tendem a superestimar a indicação de procedimentos percutâneos31, fato confirmado na publicação de registros de pacientes submetidos a implante de stent recoberto em que a redução absoluta das taxas de reestenose tem sido inferior à dos ensaios clínicos33,34. Em segundo lugar, trata-se de um modelo analítico hipotético, em que se buscou reconstruir a prática para a maioria das situações clínicas, embora reconhecidamente exista muita heterogeneidade nessa área. Em terceiro lugar, tanto o sistema público como o de medicina suplementar no Brasil apresentam peculiaridades em algumas regiões e Estados, que podem não ter sido representadas nos pressupostos do modelo. De qualquer forma, foi buscada, como referencial, a prática clínica reconhecida e preconizada em diretrizes, com o emprego de um modelo válido em estudos semelhantes.

Recentemente, evidências têm emergido indicando a possibilidade de que stents recobertos possam apresentar trombose tardia, evento que poderia ser associado à suspensão da dupla terapia antiagregante plaquetária35. Estudos de necropsias de pacientes que morreram após implante de stent sugerem que o risco de trombose tardia teria como mecanismo fundamental a endotelização inapropriada no local de implante de stents recobertos36. Por essa razão, alguns autores têm recomendado que a dupla proteção antiplaquetária seja mantida por pelo menos um ano ou mais37. Adicionalmente, uma meta-análise recente38-40 sugeriu que o uso de stents recobertos poderia ser associada a aumento de mortalidade não-cardíaca a partir de dois anos de acompanhamento. Como esses dados ainda não foram confirmados por ensaios clínicos específicos, o presente estudo avaliou as relações de custo-efetividade considerando a utilização de dupla proteção antiplaquetária por três meses para os stents recobertos por rapamicina. Entretanto, se houver indicação de uso prolongado de dois antiagregantes plaquetários, os custos calculados para o stent recoberto devem ser ainda maiores.

Apesar de os resultados apresentados sugerirem relação custo-efetividade desfavorável para o uso de rotina dos stents recobertos, espera-se que no futuro essa técnica continue a evoluir, que os custos sejam reduzidos e que os benefícios sejam otimizados, a exemplo do ocorrido com stents convencionais há uma década. De qualquer forma, é o momento para a comunidade cardiológica se mobilizar na coleta prospectiva, validada e representativa de dados sobre a prática clínica, desfechos e custos em longo prazo dos procedimentos e das intervenções realizadas na cardiologia. Seguindo modelos adotados por outros países39, um sistema atuante poderá fornecer informações concretas sobre o benefício, o custo e o desempenho das técnicas em uso e daquelas emergentes, permitindo o uso seguro e racional baseado na realidade brasileira.

Potencial Conflito de interesses

O presente estudo foi patrocinado pela Cordis do Brasil, empresa que produz stent recoberto com rapamicina. Os autores tiveram plena autonomia na análise, interpretação e redação dos resultados.

Artigo recebido em 14/12/06; artigo revisado recebido em 28/12/06; aceito em 11/01/07.

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  • Correspondência:

    Carisi Anne Polanczyk
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      24 Maio 2007
    • Data do Fascículo
      Abr 2007

    Histórico

    • Recebido
      14 Dez 2006
    • Revisado
      28 Dez 2006
    • Aceito
      11 Jan 2007
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