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Ablação da fibrilação atrial por cateter com radiofreqüência guiada por mapeamento espectral endocárdico dos "ninhos de FA" em ritmo sinusal

Resumos

FUNDAMENTO: Através de mapeamento espectral-(ME) endocárdico em ritmo sinusal, observam-se dois tipos de miocárdio atrial: o compacto de espectro liso e o fibrilar de espectro segmentado ("Ninho de FA" [NFA]). Durante a FA o compacto tem ativação organizada e baixa freqüência (passivo) enquanto o fibrilar apresenta ativação bastante desorganizada e alta freqüência (ativo/ressonante) sendo ambos ativados por uma taquicardia protegida de alta freqüência, taquicardia de background (TB). OBJETIVO: Descrever o tratamento da FA pela ablação dos NFA e da TB. MÉTODOS: 1) Ablação por cateter-RF [4/8mm-60º/30-40J/30s] dos NFA guiada por ME em ritmo sinusal, fora das veias pulmonares; 2) Estimulação atrial-300ppm; 3) Ablação adicional de NFA se induzida FA; 4) Ablação focal se induzida TB e/ou Flutter; 5) Seguimento clínico+ECG+Holter. RESULTADOS: Foram tratados 50±18 NFA/paciente. Após 11,3±8m 81p (88%) estavam sem FA (28,3% com antiarrítmico). Após a ablação dos NFA: a FA não foi reinduzida em 61p(71%); TB foi induzida e tratada em 24p(26%). Ocorreram 2 sangramentos pericárdicos (1 tratado clinicamente e 1 cirurgicamente) ocasionados por bainhas não mais utilizadas. CONCLUSÃO: O ME em ritmo sinusal ablaciona os NFA. Durante a FA os NFA apresentam um padrão reativo-ressonante e o miocárdio compacto apresenta-se passivo, estimulados pela alta freqüência da TB. Após a ablação dos NFA e da TB não foi possível reinduzir FA sustentada. A ablação dos NFA fora das VP se mostrou segura e altamente eficiente para a cura e/ou o controle clínico da FA.

Ablação por cateter; fibrilação atrial; análise espectral; freqüência cardíaca


BACKGROUND: Two types of myocardia can be observed through the endocardial spectral mapping (SM) in sinus rhythm: the compact type with a smooth spectrum and the fibrillar type with a segmented spectrum (atrial fibrillation nests). During the atrial fibrillation (AF), the compact type has an organized activation and low frequency (passive), whereas the fibrillar type has a rather disorganized activation and high frequency (active/resonant), with both being activated by high-frequency sustained tachycardia - the background tachycardia (BT). OBJECTIVE: To describe the treatment of AF by the ablation of the AF nests and BT. METHODS: 1) Catheter ablation of the AF nests with RF [4/8mm-60º/30-40J/30s] guided by SM in sinus rhythm, outside the pulmonary vein; 2) atrial stimulation -300ppm; 3) Additional ablation of the AF nests if AF is induced; 4) Focal ablation if BT and/or Flutter is induced; 5)Clinical follow-up+ ECG+ Holter. RESULTS: A total of 50±18 AF nests/patient were treated. After 11.3±8m, 81 patients (88%) did not present AF (28.3% with antiarrhythmic drugs). After the ablation of the AF nests, AF was not reinduced in 61 patients (71%) and BT was induced and treated in 24 patients (26%). There were two episodes of pericardial bleeding (1 treated clinically and 1 surgically), caused by sheaths that are no longer used CONCLUSION: The SM in sinus rhythm can be used in the ablation of AF nests. During the AF, the AF nests present a reactive-resonant pattern and the compact myocardium is passive, stimulated by the high frequency of the BT. After the ablation of the AF nests and the BT, it was not possible to reinduce the sustained AF. The Ablation of AF nests outside the pulmonary veins showed to be safe and highly effective in the cure and/or clinical control of the AF.

Catheter ablation; atrial fibrillation; spectrum analysis; heart rate


ARTIGO ORIGINAL

Ablação da fibrilação atrial por cateter com radiofreqüência guiada por mapeamento espectral endocárdico dos "ninhos de FA" em ritmo sinusal

José Carlos Pachón Mateos; Enrique I. Pachón Mateos; Tasso J. Lobo; Maria Zélia C. Pachón; Juán Carlos Pachón Mateos; Denilda Queiroz V. Pachón; Remy Nelson A. Vargas; Leopoldo S. Piegas; Adib D. Jatene

Hospital do Coração (HCor) e Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - São Paulo, SP - Brasil

Correspondência Correspondência: José Carlos Pachón Mateos Av. Açocê, 515/31 04075-000 São Paulo, SP - Brasil E-mail: jcpachon@hotmail.com

RESUMO

FUNDAMENTO: Através de mapeamento espectral-(ME) endocárdico em ritmo sinusal, observam-se dois tipos de miocárdio atrial: o compacto de espectro liso e o fibrilar de espectro segmentado ("Ninho de FA" [NFA]). Durante a FA o compacto tem ativação organizada e baixa freqüência (passivo) enquanto o fibrilar apresenta ativação bastante desorganizada e alta freqüência (ativo/ressonante) sendo ambos ativados por uma taquicardia protegida de alta freqüência, taquicardia de background (TB).

OBJETIVO: Descrever o tratamento da FA pela ablação dos NFA e da TB.

MÉTODOS: 1) Ablação por cateter-RF [4/8mm-60º/30-40J/30s] dos NFA guiada por ME em ritmo sinusal, fora das veias pulmonares; 2) Estimulação atrial-300ppm; 3) Ablação adicional de NFA se induzida FA; 4) Ablação focal se induzida TB e/ou Flutter; 5) Seguimento clínico+ECG+Holter.

RESULTADOS: Foram tratados 50±18 NFA/paciente. Após 11,3±8m 81p (88%) estavam sem FA (28,3% com antiarrítmico). Após a ablação dos NFA: a FA não foi reinduzida em 61p(71%); TB foi induzida e tratada em 24p(26%). Ocorreram 2 sangramentos pericárdicos (1 tratado clinicamente e 1 cirurgicamente) ocasionados por bainhas não mais utilizadas.

CONCLUSÃO: O ME em ritmo sinusal ablaciona os NFA. Durante a FA os NFA apresentam um padrão reativo-ressonante e o miocárdio compacto apresenta-se passivo, estimulados pela alta freqüência da TB. Após a ablação dos NFA e da TB não foi possível reinduzir FA sustentada. A ablação dos NFA fora das VP se mostrou segura e altamente eficiente para a cura e/ou o controle clínico da FA.

Palavras-chave: Ablação por cateter, fibrilação atrial, análise espectral, freqüência cardíaca.

Introdução

O estudo eletrofisiológico convencional baseia-se na análise das variações de amplitude no tempo (domínio do tempo). Todavia, a análise espectral de uma onda relaciona amplitude e/ou potência com as freqüências intrínsecas do sinal (domínio da freqüência), fornecendo grande número de informações adicionais. A freqüência cardíaca é medida em batimentos por minuto (freqüência extrínseca do sinal), ou seja, domínio do tempo, ao passo que o pico da onda R normal, por exemplo, muda de voltagem de forma brusca pelo fato de ter altas freqüências espectrais intrínsecas (domínio da freqüência), medidas em hertz (Hz, ciclos por segundo). Dessa forma, o termo freqüência poderá estar relacionado a grandezas temporais ou espectrais. Utilizando a análise espectral em tempo real e em ritmo sinusal, verifica-se que as paredes atriais são constituídas por dois tipos distintos de miocárdio, o compacto e o fibrilar (fig. 1). O primeiro apresenta espectro contínuo e organizado, com a maior parte da potência agrupada à esquerda (baixas freqüências), e o segundo tem espectro segmentado, com boa parte de segmentos desviada à direita (altas freqüências, > 80 Hz)1. O miocárdio fibrilar geralmente está agrupado em pequenas áreas mais ou menos extensas. Durante a fibrilação atrial (FA), o miocárdio compacto apresenta comportamento organizado e ativação elétrica de grande amplitude, baixa freqüência e discretamente irregular, sugerindo comportamento passivo. Contrariamente, o miocárdio fibrilar apresenta atividade elétrica de baixa amplitude, altamente desorganizada e de alta freqüência, denotando, do ponto de vista elétrico, comportamento ressonante. Ressonante é o sistema que apresenta ressonância. Ressonância: estado de um sistema que vibra numa freqüência própria, com amplitude geralmente decremental, como resultado de estímulos externos - pode ser: mecânica, como a do diapasão; elétrica, como a de indutores, sintonizadores e osciladores; eletromagnética, como a de forno de microondas e ressonância nuclear magnética; etc.


Tem-se observado que a eliminação do miocárdio fibrilar torna progressivamente mais difícil a reindução da FA. Além disso, essas áreas apresentam as maiores freqüências durante essa arritmia. Por essa razão, os pontos com alta densidade de miocárdio fibrilar foram denominados "ninhos de FA"1,2. Adicionalmente, após a eliminação dos "ninhos de FA", tem sido possível induzir taquicardia atrial muito rápida e altamente protegida de reversão. Diversas evidências têm demonstrado que essa taquicardia existe em segundo plano durante a FA (taquicardia de background), sendo seu elemento mantenedor. Neste estudo, são descritos o mapeamento e a ablação dos "ninhos de FA", seguidos de indução e ablação da taquicardia de background.

Hipótese - Os "ninhos de FA" podem ser facilmente identificados, por meio do mapeamento espectral durante o ritmo sinusal, e eliminados com ablação por radiofreqüência. Isso poderia enfraquecer um dos mecanismos de manutenção da FA, contribuindo para seu tratamento definitivo. Além disso, permitiria visualizar a taquicardia de background2, possibilitando seu mapeamento e a respectiva ablação.

Objetivos - Propor uma nova alternativa para o tratamento da FA baseada em mapeamento espectral durante o ritmo sinusal e descrever novos achados para melhor entendimento da fisiopatologia dessa arritmia.

Casuística - Foram incluídos 92 pacientes, 76 do sexo masculino, com média de idade de 52,4 ± 11 anos. Todos eram portadores de FA freqüente e refratária a pelo menos duas drogas antiarrítmicas, e 51 (55,4%) relatavam pelo menos uma cardioversão elétrica. Nesse grupo, todos os antiarrítmicos disponíveis em nosso meio, assim como a flecainamida, mostraram-se ineficazes em um ou mais pacientes. Com relação ao tipo de FA, 56 casos (61%) eram da forma paroxística (3,6 ± 1,3, com duas a sete crises por ano), 25 (27%) eram da forma persistente (2,6 ± 1,2, com uma a seis crises por ano), e 11 (12%) eram da forma permanente. Episódios muito freqüentes de FA não-sustentada ou incessante foram observados em nove pacientes. A maioria dos pacientes não apresentava cardiopatia significativa. O diâmetro do átrio esquerdo era normal ou moderadamente aumentado (41,9 ± 5 mm). A média da fração de ejeção era de 0,61 ± 0,8. As etiologias mais relevantes foram: idiopática, 42%; hipertensão, 22%; cardiopatias congênitas, 11%; cardiopatia reumática, 10%; coronariopatia, 9%; e outras, 6%.

Métodos

Os pacientes em uso de anticoagulantes orais foram internados 24 ou 48 horas antes para ajustar o International Normalized Ratio (INR) para < 1,4. Todos os casos, principalmente aqueles com história de tromboembolismo, somente foram tratados após confirmação da ausência de trombos cardíacos por meio de ecocardiografia transesofágica3-5. Utilizou-se monitoração convencional, com eletrocardiografia (ECG) de superfície, placas adesivas radiotransparentes de desfibrilação, entubação orotraqueal com ventilação mecânica e anestesia inalatória, além de passagem de transdutor de ecocardiografia transesofágica. Após assepsia, foram realizadas cinco punções venosas (uma subclávia e quatro femorais). Foi introduzido um cateter decapolar pela veia subclávia para cateterizar o seio coronariano. Pela veia femoral foram introduzidos dois cateteres quadripolares para átrio e ventrículo direitos, um cateter octapolar posicionado no His, sendo realizada punção transeptal (cinco pacientes tinham forame oval patente). Foram utilizados os seguintes equipamentos: equipamento de anestesia Cícero EM (Dräger); monitor multiparamétrico HP/Philips M1026A; ecocardiógrafo HP/Philips modelo Sonos 2500; polígrafo de 32 canais TEB com software modificado para pós-análise espectral (TEB-Pachón); espectrômetro computadorizado (Pachón®) para análise espectral em tempo real (fig. 2); radioscopia Digital Siemens; gerador de radiofreqüência Biotronik Abcontrol MDS; desfibrilador bifásico Philips Heartstart XL com marcapasso transcutâneo; espectrômetro de atividade cerebral-BIS (nos casos de maior risco tromboembólico). As ablações foram realizadas com cateter Blazer EPT 4 mm ou 8 mm ou Medtronic Conductor 4 mm ou 8 mm. Todos os pacientes incluídos foram informados sobre os métodos e as potenciais complicações e concordaram com os procedimentos por meio de consentimento escrito.


Por meio de punção transeptal foram introduzidos um cateter espiral (Supreme St. Jude ou Biotronik Lexx) e o cateter de ablação. Foi utilizada heparina por via endovenosa para manter o tempo de coagulação ativado entre 300 s e 400 s. Os endocárdios atriais foram escaneados com análise espectral em tempo real. Foram eliminados todos os "ninhos de FA" encontrados com aplicação de radiofreqüência (30-40 W/30 s/60ºC) até o desaparecimento do padrão fibrilar (fig. 3). Não foi realizado isolamento completo intencional das veias pulmonares ou das linhas de bloqueio conforme as técnicas convencionais existentes6. O cateter espiral foi utilizado para identificar com segurança os limites atriais e para detectar "ninhos de FA" que são menos evidentes com cateter de 8 mm.


Reestudo pós-ablação - Após ablação dos "ninhos de FA", foi realizada estimulação atrial tanto programada (até três extra-estímulos) como progressiva (até 300 ppm). Se fosse induzida FA, novos "ninhos de FA" eram procurados e tratados. Caso fosse induzida taquicardia residual (taquicardia de background2), esta era mapeada e tratada em seu foco de origem. Os autores deste estudo optaram pela denominação taquicardia de background em detrimento de taquicardia de segundo plano, pelo fato de a palavra background já ter sido incorporada à língua portuguesa, conforme versão 5.11 do Novo Dicionário Aurélio. Caso houvesse história ou indução de flutter era realizada ablação específica. Os critérios para encerrar a ablação foram: 1) impossibilidade de reinduzir FA ou taquicardias; 2) indução somente de taquicardia/FA não-sustentada inferior a 10 segundos; e 3) impossibilidade de eliminar taquicardia residual ou procedimento prolongado (mais de cinco horas), caso em que era feita cardioversão torácica externa.

Medicação pós-ablação - Mesmo sendo ineficaz ou pouco eficaz na fase pré-ablação, a medicação antiarrítmica foi utilizada durante dois meses para reduzir a excitabilidade atrial em decorrência do processo de resolução cicatricial. Anticoagulantes warfarínicos foram administrados durante três meses pós-ablação, mantendo-se o tempo de protrombina entre 2 e 3 INR. Após esse período, foram utilizados antiagregantes nos casos com risco de tromboembolismo (idade, insuficiência cardíaca, disfunção mitral, átrio esquedo dilatado, etc.), inclusive naqueles com recidiva sustentada ou não-sustentada da FA e resposta farmacológica adequada. Os antiarrítmicos foram retirados, exceto em 23 casos nos quais se mostraram necessários para manter o ritmo sinusal.

Seguimento pós-ablação - Foi constituído de controle clínico e ECG (alta hospitalar, um mês, três e seis meses, e um ano) e Holter (um mês, seis meses e um ano) ou sempre que ocorressem sintomas. Adicionalmente, foi realizado controle constante por contato telefônico.

Resultados

Em média, foram tratados 50 ± 18 "ninhos de FA" por paciente. Após a ablação, não foi possível induzir FA sustentada em 65 (71%) casos. Em 27 (29%) pacientes foi possível induzir episódio não-sustentado de taquicardia atrial ou FA (< 10 s). Em 24 pacientes (26%) foi possível induzir taquicardia atrial com características peculiares (induzida por estimulação atrial programada ou progressiva, alta freqüência, altamente protegida por bloqueio de entrada, difícil de induzir e muito difícil de reverter por estimulação atrial), a qual foi denominada taquicardia de background2. Em 18 pacientes (19%), havia antecedente de flutter comum ou o mesmo foi induzido, sendo tratado com bloqueio bidirecional do istmo cavotricúspide. Após seguimento médio de 11,3 ± 8 meses, 81 pacientes (88%) estavam em ritmo sinusal, 23 casos (28%) utilizando antiarrítmicos previamente ineficazes em doses reduzidas (amiodarona, 100 mg/dia a 300 mg/dia; sotalol, 60 mg/dia a 160 mg/dia; propafenona, 150 mg/dia a 600 mg/dia; quinidina, 200 mg/dia a 400 mg/dia). Em nove pacientes (9,8%) foram realizadas reablações, em decorrência de dificuldade de controle clínico da FA ou de taquicardias atriais na fase tardia pós-ablação (mais de seis meses de evolução).

Na fase inicial desse método, ocorreram dois sangramentos pericárdicos (sendo um de resolução clínica e outro drenado cirurgicamente), provavelmente relacionados à manipulação simultânea de múltiplas bainhas dentro do átrio esquerdo, já que a ponta dos eletrodos envolvidos (EPT 4 mm large), ao contrário das bainhas, é bastante macia, sendo improvável que tivesse ocasionado a lesão. Além do mais, essa complicação não mais ocorreu depois que as bainhas passaram a ser retiradas do átrio esquerdo durante a ablação, mesmo quando foram utilizados eletrodos mais rígidos de 8 mm. Nenhuma outra complicação foi observada.

As localizações mais freqüentes dos "ninhos de FA" estão demonstradas na tabela 1.

Em 11 pacientes (46%) dos 24 casos nos quais foi induzida taquicardia de background, o local de origem foi bem definido pelo mapeamento, sendo obtida reversão da taquicardia com aplicação de radiofreqüência no local de melhor mapeamento (tab. 2). Nos outros 13 casos (54%) foi realizada cardioversão torácica externa (10) ou reversão por overdrive (3), em decorrência de mapeamentos inconsistentes, freqüência muito alta da taquicardia, mais de um foco de origem ou duração prolongada dos procedimentos.

Os tempos médios de procedimento e de radioscopia foram, respectivamente, de 4,3 ± 1,2 horas e de 53,8 ± 19 minutos.

Discussão

Este estudo demonstra a aplicação do mapeamento espectral em tempo real, em ritmo sinusal, na identificação e na ablação dos "ninhos de FA". Foi possível observar que quanto mais extensa a ablação dos "ninhos de FA" menor a possibilidade de indução dessa arritmia por meio de estimulação. Além do mais, elevada proporção desses pacientes (88%) permaneceu sem FA ou com FA controlada durante o seguimento, apesar dos 39% de casos de FA persistente e permanente, tipos normalmente relacionados a piores resultados7. Esses dados sugerem que, aparentemente, quanto menor o número de "ninhos de FA" mais estáveis se tornam as paredes atriais, do ponto de vista elétrico. Além disso, sua eliminação permitiu identificar taquicardia com propriedades muito específicas, constituindo, provavelmente, um elo fundamental na fisiopatologia da FA.

Substrato da FA - Grandes contribuições foram feitas na identificação de deflagradores da FA8-10 assim como no tratamento dessa arritmia pela ablação ou pelo isolamento desses deflagradores11,12. Entretanto, pouco tem avançado a identificação do substrato. É relativamente fácil entender uma arritmia como a FA em átrio dilatado com fibrose e degeneração significativas; entretanto, como explicar essa arritmia em corações aparentemente normais? As observações iniciais deste estudo apontam para os "ninhos de FA" e para as taquicardias de background. Comparando pacientes normais com e sem FA paroxística, verificou-se que o número de "ninhos de FA" é significativamente maior nos casos com FA espontânea ou induzida em laboratório1,13.

Miocárdio fibrilar e "ninhos de FA": Os diferentes espectros dos miocárdios compacto e fibrilar sugerem que a grande diferença entre os dois tipos reside no grau de conexão entre as células, o que lhes confere freqüências de ressonância elétrica muito distintas. O miocárdio compacto é muito bem conectado e funciona como uma "grande célula", ao passo que o fibrilar se comporta como um conjunto de feixes com velocidades de condução e refratariedades diversas. Do ponto de vista espectral, os miocárdios fibrilar e compacto têm alta e baixa freqüências de ressonância, respectivamente. Dessa forma, ao se estimular as paredes atriais com freqüência progressiva, verifica-se que o miocárdio fibrilar apresenta respostas repetitivas autolimitadas em freqüência muito menor que o miocárdio compacto (234 ± 28 x > 300 ppm; p = 0,018), ou seja, o miocárdio compacto é muito mais resistente à estimulação atrial rápida. Por causa dessa propriedade, durante a FA o miocárdio fibrilar se mantém constantemente com freqüência muito alta, irregular e desorganizada (elemento multiplicador), justificando a denominação "ninho de FA", ao passo que o compacto mantém despolarização organizada, freqüência muito mais baixa e sem respostas repetitivas (elemento passivo) (fig. 4).


Ressonância dos "ninhos de FA" - Durante a FA, freqüentemente, os "ninhos de FA" alternam períodos de baixa amplitude e alta-freqüência-desorganizada com grande amplitude e baixa-freqüência-organizada (fig. 4). Isso acontece por causa de uma instabilidade elétrica periódica que promove alternância de altas e baixas freqüências. Nesse caso, "ninhos de FA" próximos e em fases diferentes podem se realimentar, favorecendo a manutenção da FA (fig. 5). Essa periodicidade de organização/desorganização elétrica é denominada ressonância elétrica (propriedade biológica conhecida observada em algumas células do sistema nervoso de mamíferos e anfíbios), já que seu comportamento é comparável ao de um ressonador eletrônico14, capaz de multiplicar o estímulo inicial. A microrreentrada e/ou a reflexão entre feixes celulares próximos, assim como períodos de atividade deflagrada autolimitada decorrente de fenômeno transiente de cálcio, podem explicar essa propriedade dos "ninhos de FA"15,16.


Provável origem dos "ninhos de FA" - No grupo de pacientes avaliado neste estudo foi possível relacionar os "ninhos de FA" com as seguintes condições:

1. Congênita: entrada da inervação (interpolação de fibras)20.

2. Constitucional: redução de conexinas, com predomínio de conexões término-terminais (crista terminalis)21.

3. Transição atriovenosa (interpolação de tecidos na inserção das veias pulmonares).

4. Estiramento mecânico do miocárdio atrial (separação das células por condições patológicas, tais como aneurisma do septo interatrial, etc.).

5. Redução da expressão das conexinas (insuficiência cardíaca congestiva, envelhecimento, condições congênitas).

6. Patológica: degeneração, isquemia, inflamação ou doença infiltrativa com remodelação e redução das conexinas.

Recentemente foi observado que a eliminação dos "ninhos de FA" torna negativa a resposta à atropina em pacientes que antes apresentavam resposta normal, denotando estreita relação entre "ninhos de FA" e inervação vagal20 (fig. 6).


Tratando a fibrilação atrial em ritmo sinusal por meio de ablação com radiofreqüência dos "ninhos de FA" - A vantagem do conceito dos "ninhos de FA" foi permitir a ablação por cateter durante o ritmo sinusal1 (fig. 4) sem realizar as clássicas linhas de bloqueio. Tem sido observado que quanto maior o número de "ninhos de FA" mais freqüente e mais prolongada é a FA espontânea ou induzida. Pacientes que apresentam número muito reduzido de "ninhos de FA" são tipicamente resistentes à indução da arritmia pela estimulação atrial. Além disso, se induzida, a FA tende a ter duração curta e reversão espontânea. Neste estudo, observou-se que à medida que o número de "ninhos de FA" foi reduzido por meio de ablação com radiofreqüência, tornou-se mais difícil reinduzir a arritmia.

Taquicardia de background - Um fenômeno extremamente interessante observado durante a ablação espectral dos "ninhos de FA" foi a taquicardia de background"2. Trata-se de uma taquicardia atrial somente vista após a ablação dos "ninhos de FA" e obtida nas seguintes condições: durante FA, pela ablação progressiva de "ninhos de FA" ou durante ritmo sinusal, por meio de estimulação atrial programada e/ou progressiva (até 300 ppm), após a maioria dos "ninhos de FA" ter sido submetida a ablação.

Principais características da taquicardia de background:

1. Taquicardia atrial regular ou ligeiramente irregular.

2. Freqüência muito alta (256 ± 34 bpm).

3. Originada por reentrada (geralmente microrreentrada induzida por estimulação atrial rápida e/ou programada e revertida por overdrive).

4. Foco de origem altamente protegido (muito difícil de ser revertida por overdrive) (fig. 7).


5. Pode ser identificada por meio de subtração digital do QRS no ECG de superfície e análise espectral do traçado da FA pura (FFT), antes da ablação.

Relação entre taquicardia de background e fibrilação atrial - Neste estudo foi possível visualizar a taquicardia de background após a limpeza dos "ninhos de FA". Observou-se que a FA vai se organizando e se transforma em taquicardia de background com a progressiva eliminação dos "ninhos de FA". Esses dados sugerem ser essa taquicardia peça fundamental na fisiopatologia da FA. Trata-se de uma taquicardia regular (originada por reentrada), que, aparentemente, existe num segundo plano (background) durante a FA. Sua freqüência muito alta estimula os "ninhos de FA", promovendo sua desorganização, sua ressonância e sua realimentação. A presença de bloqueio de entrada protege o foco da taquicardia de background de forma que ela não é revertida pelos estímulos vindos da ativação dos "ninhos de FA". Quanto maior o bloqueio de entrada (mais difícil de reverter com estimulação atrial) mais prolongada a FA. A fusão da taquicardia de background com a freqüência muito alta e desorganizada dos "ninhos de FA" constitui a atividade elétrica aparentemente caótica que caracteriza a morfologia clássica das ondas f no ECG da FA franca. Muitas vezes, ocorre alternância periódica da ressonância dos "ninhos de FA", fazendo com que uma taquicardia de background pareça ciclicamente mais ou menos organizada, constituindo a condição freqüentemente conhecida como "fibrilo-flutter". Do ponto de vista elétrico, essa taquicardia é o oscilador mestre da FA2.

Ablação da taquicardia de background - Após a ablação dos "ninhos de FA", procurou-se localizar e realizar a ablação do foco da taquicardia de background induzida por estimulação atrial (fig. 8). Eventualmente, o foco dessa taquicardia pode ter sido eliminado de forma indireta durante a ablação dos "ninhos de FA". Neste estudo, a evolução dos pacientes que tiveram a taquicardia de background tratada ou daqueles nos quais foi impossível induzi-la comparativamente à do grupo no qual essa taquicardia não foi tratada foi muito diferente. No primeiro grupo, o sucesso foi de 88,9%; no segundo grupo, porém, a FA foi eliminada em apenas 73% (p = 0,008). Entretanto, em decorrência de mecanismos de proteção, muitas vezes a taquicardia de background pode não ser induzida. Adicionalmente, seu mapeamento é dificultado pela alta freqüência.


Fisiopatologia da fibrilação atrial baseada nos "ninhos de FA" - Este estudo sugere que a FA resulta da fusão de arritmias constituídas essencialmente por uma taquicardia atrial protegida (taquicardia de background), que excita os ninhos e os mantém em constante estado de respostas repetitivas (fig. 8). A observação desse grupo de pacientes, das respectivas ablações e da história clínica de cada caso permite estabelecer uma fisiopatologia específica para a FA baseada nos seguintes componentes:

1. Modulador: sistema nervoso autônomo (extensamente modificado pela ablação dos "ninhos de FA"20).

2. Deflagrador: extra-sístoles e taquicardias não-sustentadas das veias pulmonares9,22-24.

3. Substrato (elemento multiplicador): "ninhos de FA" que respondem com alta freqüência à estimulação atrial rápida, por causa das propriedades ressonantes (microrreentrada e/ou atividade deflagrada). A capacidade de multiplicar os estímulos é um dos fatores que sustentam a FA.

4. Mantenedor: taquicardia de background que funciona como um marcapasso atrial assincrônico, com freqüência muito alta, capaz de acionar os "ninhos de FA", mantendo-os na faixa de respostas repetitivas. É o análogo do marcapasso artificial utilizado por Wijffels e cols.25 e Moreira e cols.26 para produzir FA, estimulando com freqüências muito altas.

Essa fisiopatologia explica os diversos quadros clínicos classicamente conhecidos (tab. 3).

Comparação com outros métodos de ablação de fibrilação atrial - A cura da FA é um grande desafio para todas as técnicas disponíveis27. Apesar de publicada em 20041, a ablação dos "ninhos de FA" foi desenvolvida no final da década de 1990, sem nenhum embasamento em técnicas anteriores. A proposta inicial dos autores deste estudo foi utilizar o mapeamento espectral para buscar o substrato da FA mesmo no coração aparentemente normal, inclusive em pacientes que ainda não tinham história de FA e, certamente, sem fibrose atrial. Os "ninhos de FA" são freqüentes no antro das veias pulmonares. Durante sua eliminação, pode ocorrer o isolamento elétrico dessas estruturas. Contudo, como o isolamento orientado pelo espectro busca as freqüências > 80 Hz, na maioria das vezes as veias pulmonares não são totalmente isoladas pela ablação dos "ninhos de FA", havendo condução elétrica de potenciais < 80 Hz. Isso diferencia essa técnica dos métodos desenvolvidos por Haissaguerre e cols.11, Natale e cols.28, Pappone e cols.19,29 e Oral e cols.30,31, entre outros, caracterizados pelo isolamento completo das veias pulmonares com a utilização de extensas ablações e grandes quantidades de energia. A eliminação exclusiva das altas freqüências do espectro permite preservar o miocárdio mais compacto da parede atrial, evitando lesões profundas e reduzindo o risco de perfuração, de fístulas atrioesofágicas29,32 e de estenose de veias pulmonares33,34, fato que também diferencia a técnica de outros métodos baseados em extensas e profundas linhas de bloqueio19.

Assim como as técnicas que eliminam diretamente os gânglios paracardíacos35,36, a ablação dos "ninhos de FA", de forma mais simplificada, promove importante denervação parassimpática pela eliminação direta dos neurônios intramurais e pela eliminação indireta dos gânglios paracardíacos. Dessa forma, além de atuar diretamente no sistema nervoso autônomo, elimina grande parte da interface neuromiocárdica, que tem propriedades ressonantes (decorrentes de sua microestrutura) e características espectrais específicas20 (interpolação de fibras). A eliminação do neurônio intramural e da fibrose da junção neuromiocárdica reduz sensivelmente a extensão da reinervação.

O método desenvolvido por Nademanee e cols.37, também publicado em 2004, descreve a ablação durante a FA orientada por potenciais complexos (complex fractionated electrograms – CFAEs), que são áreas de atividade elétrica altamente fracionada e identificadas diretamente pelo domínio do tempo. Sabe-se, entretanto, que durante a FA, pela grande quantidade de colisões entre frentes de ondas, formam-se muitas áreas virtuais de potenciais complexos, problema que não existe durante o ritmo sinusal e, portanto, na ablação dos "ninhos de FA". Provavelmente por causa desse fato, sabe-se que é difícil reverter uma FA persistente ou crônica com a ablação de CFAEs. Somente a FA paroxística pode ser revertida mais facilmente, e a reversão, nesse caso, pode ser ocasional e não necessariamente eletrofisiológica.

Na realidade, a maioria dos métodos tem evoluído no sentido de provocar lesões transmurais cada vez mais extensas na parede atrial. Obviamente, quanto maior a área destruída maior o número de "ninhos de FA" eliminados, o que poderá influenciar os resultados38, independentemente do método. Além disso, tem-se observado que a origem da taquicardia de background pode ser inadvertidamente eliminada nessas ablações extensas, favorecendo o resultado de longo prazo. Esse aspecto é altamente desejável; contudo, tomando como base o mapeamento espectral, entende-se que é preferível dirigir as ablações racionalmente para o substrato, eliminar somente as freqüências ressonantes (miocárdio fibrilar), preservando o músculo compacto, aplicar a menor quantidade de energia possível para prevenir complicações, e tentar induzir a taquicardia de background com subseqüente ablação de seu foco de origem.

Conclusões

Os "ninhos de FA" foram facilmente encontrados em ritmo sinusal por meio do mapeamento espectral, permitindo que fossem tratados por ablação com radiofreqüência convencional, independentemente do isolamento das veias pulmonares. Durante a FA, esse tipo de miocárdio (fibrilar) apresenta padrão reativo-ressonante de alta freqüência, que realimenta a arritmia. Ao contrário, o miocárdio compacto responde de forma organizada e com baixa freqüência. Após a ablação dos "ninhos de FA", tornou-se progressivamente mais difícil a reindução da FA, demonstrando que estão diretamente relacionados com a fisiopatologia da arritmia. Além disso, a retirada dos "ninhos de FA" permitiu visualizar uma taquicardia residual com bloqueio de entrada e freqüência alta, a taquicardia de background. O tratamento dessa taquicardia foi acompanhado de melhora significativa dos resultados. Essas observações, além de contribuírem para o melhor entendimento da fisiopatologia da FA, permitem concluir que a ablação dos "ninhos de FA" seguida do tratamento da taquicardia de background é um método seguro, possível e altamente eficiente para curar ou para controlar clinicamente a FA.

Potencial Conflito de Interesses

Declaro não haver conflitos de interesses pertinentes.

Fontes de Financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Vinculação Acadêmica

Esse artigo é parte de tese de livre-docência de José Carlos Pachón Mateos, pela Universidade de São Paulo.

Referências

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Artigo recebido em 25/02/07; revisado recebido em 01/03/07; aceito em 07/03/07.

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  • Correspondência:
    José Carlos Pachón Mateos
    Av. Açocê, 515/31
    04075-000
    São Paulo, SP - Brasil
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      25 Set 2007
    • Data do Fascículo
      Set 2007

    Histórico

    • Revisado
      01 Mar 2007
    • Recebido
      25 Fev 2007
    • Aceito
      07 Mar 2007
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