CORRELAÇÃO CLÍNICO-RADIOGRÁFICA
Caso 1/2008 Criança de 3 anos, do sexo feminino, com estenose subvalvar, valvar e supravalvar pulmonar
Edmar Atik
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas - FMUSP - São Paulo, SP - Brasil
Correspondência Correspondência: Edmar Atik InCor Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 44 05403-000 - São Paulo, SP - Brasil E-mail: conatik@incor.usp.br
Palavras-chave: Estenose pulmonar, cardiopatia congênita, cirurgia.
Dados clínicos
Paciente do sexo feminino, com sopro cardíaco auscultado de rotina aos 12 meses de idade, mantendo-se sem sintomas desde o nascimento e sem intercorrências clínicas.
Ao exame físico, a paciente apresentou-se eupnéica, corada, e com pulsos normalmente palpados nos quatro membros. Seu peso era de 15 kg; altura, 100 cm; pressão arterial, 95/60 mmHg; e freqüência cardíaca, 86 bpm. A aorta não era palpada na fúrcula.
O precórdio apresentava-se sem deformidades e impulsões, e o ictus cordis não era palpado. A paciente apresentava frêmito sistólico discreto na fúrcula e borda esternal alta, com sopro sistólico +/++, em ejeção, rude, nos mesmos locais. As bulhas cardíacas eram normofonéticas, estando a segunda bulha constantemente desdobrada, com o componente pulmonar menor que o aórtico. Pulmões e abdome sem anormalidades. O eletrocardiograma demonstrou ritmo sinusal e sinais de sobrecarga das cavidades direitas. ÂP: +60º; ÂQRS: indeterminado; ÂT: +30º.
Imagem radiográfica
Salienta área cardíaca de dimensões normais, morfologia arredondada e trama vascular pulmonar diminuída (fig. 1).
Impressão diagnóstica
Essa imagem é compatível com o diagnóstico de cardiopatia acianogênica obstrutiva à direita, sendo a estenose pulmonar infundíbulo-valvar a mais provável.
Diagnóstico diferencial
A ausência de dilatação do arco médio pulmonar conduz ao diagnóstico de estenose pulmonar com componente infundibular preponderante, assim como à possibilidade de estenose supravalvar pulmonar ou, ainda, de estenose da via de entrada do ventrículo direito.
Confirmação diagnóstica
Os elementos clínicos conduziram ao diagnóstico de estenose pulmonar infundíbulo-valvar, confirmados pelo ecocardiograma com fusão comissural trivalvular, gradiente de pressão de 70 mmHg e anel pulmonar de 10 mm de diâmetro. O cateterismo cardíaco, indicado inicialmente para a execução de valvuloplastia pulmonar, evidenciou estenose supravalvar pulmonar com gradiente de 41 mmHg, com nítida reação infundibular. A pressão do ventrículo direito era de 55/7 mmHg e do tronco pulmonar, de 14/7 mmHg. A valva pulmonar foi rotulada como normal dada a ampla mobilidade valvar (fig. 2).
Conduta
À cirurgia, foram encontrados componentes obstrutivos infundibulares, valvares e supravalvares pulmonares. Foram realizadas ressecção de músculo na via de saída do ventrículo direito, comissurotomia valvar e ampliação do tronco pulmonar com placa de pericárdio bovino. Ecocardiografia realizada no pós-operatório revelou gradiente de pressão residual entre o ventrículo direito e o tronco pulmonar de 25 mmHg.
Correspondência:
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
28 Abr 2008 -
Data do Fascículo
Fev 2008