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Levosimendana em pacientes com insuficiência cardíaca descompensada

CARTA AO EDITOR

Levosimendana em pacientes com insuficiência cardíaca descompensada

Eduardo Maffini da Rosa; Ana Paula Susin Osório; Luciano Scopel

Universidade de Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul, RS

A insuficiência cardíaca é considerada um problema de saúde pública em diversos países e, ao contrário de outras doenças cardiovasculares comuns, está crescendo em prevalência, à medida que a população idosa, em que a prevalência dessa patologia é maior, cresce. Os quadros de insuficiência cardíaca descompensada (ICD) representam, no Brasil, a terceira causa de internação geral e a primeira cardiovascular, apresentando alta mortalidade1. Por isso, torna-se um desafio o desenvolvimento de estratégias terapêuticas capazes de prevenir o óbito por ICD e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. Nesse sentido, o estudo BELIEF propõe a utilização da levosimendana como o agente inotrópico de escolha para tratamento da ICD.

Os sujeitos de pesquisa selecionados para o estudo BELIEF eram portadores de disfunção ventricular sistólica (DVS) importante, que evoluíram com insuficiência cardíaca esquerda (ICE) descompensada sem hipotensão, mesmo após terem utilizado altas doses de diuréticos. A nosso ver, esses sujeitos não representam a maioria dos pacientes com DVS que evoluem com ICE descompensada, uma vez que esse grupo de pacientes costuma apresentar hipotensão arterial e, às vezes, insuficiência renal durante as descompensações cardiológicas2. Queremos salientar que os pacientes que evoluem com ICE e resposta hipertensiva freqüentemente apresentam função sistólica ventricular normal e são tratados com vasodilatadores e diuréticos3. Esse grupo de pacientes, com fração de ejeção normal, representa metade do total de portadores de insuficiência cardíaca, não estando incluído no estudo BELIEF4.

Por fim, seria relevante a identificação dos fatores precipitantes da descompensação cardíaca, como infecções, tromboembolismo pulmonar, insuficiência renal aguda, arritmias, anemia, isquemia, falta de aderência terapêutica, progressão da doença de base, uso de álcool e sobrecarga de sódio, já que, em muitos casos, a correção desse fator é de fundamental importância para que seja instituído um manejo adequado e que se observe uma resposta clínica favorável na insuficiência cardíaca descompensada5.

  • 1. Chatti R, Fradj NB, Trabelsi W, Kechiche H, Tavares M, Mebazaa A. Algorithm for therapeutic management of acute heart failure syndromes. Heart Fail Rev. 2007; 12 (2): 113-7.
  • 2. ACC/AHA 2005 Guideline Update for the Diagnosis and Management of Chronic Heart Failure in the Adult: a Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Writing Committee to Update the 2001 Guidelines for the Evaluation and Management of Heart Failure): Developed in Collaboration With the American College of Chest Physicians and the International Society for Heart and Lung Transplantation: Endorsed by the Heart Rhythm Society. Circulation. 2005; 112: e154-e235.
  • 3. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Latino-Americana para avaliação e conduta na insuficiência cardíaca descompensada. Arq Bras Cardiol. 2005; 85 (supl 3): s1-s48.
  • 4. Gheorghiade M, Abraham WT, Albert NM, Greenberg BH, O'Connor CM, She L, et al. Systolic blood pressure at admission, clinical characteristics, and outcomes in patients hospitalized with acute heart failure. JAMA. 2006; 296: 2217-26.
  • 5. Teerlink JR. Diagnosis and management of acute heart failure. In: Braunwald's heart disease: a textbook of cardiovascular medicine, 8th ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2008. p. 583-610.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Ago 2008
  • Data do Fascículo
    Ago 2008
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