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Introdução

Introdução

Citânia L. Tedoldi; João Paulo Zouvi

A importância dos estudos no âmbito da cardiopatia e gravidez fundamenta-se em dois aspectos:

1) No Brasil, a incidência de cardiopatia na gravidez é, em centros de referência, de até 4,2%1, ou seja, oito vezes maior quando comparada a estatísticas internacionais.

2) Universalmente, a cardiopatia é considerada a maior causa de morte materna indireta no ciclo gravídico-puerperal (CGP)2.

Morte materna é definida como o óbito que ocorreu entre a gestação e o 42º dia de pós-parto, e cuja causa se deve a uma complicação da gestação, do parto ou do puerpério. Razão de mortalidade materna (RMM) é a relação do número de óbitos maternos por cem mil nascidos vivos3. Nos Estados Unidos, no período de 1986 a 1996, a mortalidade materna anual variou de 7 a 8 óbitos por cem mil nascidos vivos4. No Brasil, a RMM no ano de 1998 foi de 64,8 óbitos/100.000 nascidos vivos, apresentando variações nas diferentes regiões do país. Morte materna obstétrica direta é a que ocorre por complicações obstétricas durante a gravidez, o parto ou o puerpério. Morte materna indireta é aquela resultante de doenças pré-existentes à gestação ou que se desenvolveram durante este período e que não foram provocadas por causas obstétricas diretas. Nesse mesmo ano, as mortes obstétricas diretas corresponderam a 62,6% (com destaque para doenças hipertensivas, síndromes hemorrágicas, infecções puerperais e aborto), enquanto as indiretas contabilizaram 34,3% do total3. As mortes por cardiopatia são classificadas como indiretas. Em nosso país, os dados disponíveis são os divulgados pelos centros de referência das principais capitais e em estados onde a coleta de informações é mais fidedigna. Em um grupo de mil gestantes cardiopatas, acompanhadas em um centro de referência de São Paulo, 25% apresentaram complicações durante o CGP e a mortalidade materna foi de 2,7%5. Em outro centro de referência, também de São Paulo, a mortalidade foi de 1,7%, sendo as causas mais frequentes a insuficiência cardíaca e o tromboembolismo6. Ainda não dispomos de informações precisas sobre a real prevalência das cardiopatias em gestantes nas diferentes regiões do nosso país, nem sobre os resultados maternos e perinatais.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Ago 2010
  • Data do Fascículo
    Dez 2009
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