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1. Avaliação da função e estrutura ventricular esquerda

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO E ESTRUTURA VENTRICULAR ESQUERDA

1. Avaliação da função e estrutura ventricular esquerda

1.1 Análise da função sistólica

A indicação do estudo ecocardiográfico com o objetivo de avaliar a função sistólica do ventrículo esquerdo (VE) corresponde a uma das principais aplicações clínicas deste método diagnóstico. A técnica unidimesnional permite medidas precisas e padronizadas1,2 das dimensões da cavidade e da espessura das paredes do VE ao final da sístole e da diástole, a partir das quais são calculados índices de função sistólica da fase de ejeção: 1) percentagem de encurtamento sistólico da dimensão ventricular esquerda (% ΔD), como a diferença entre a dimensão diastólica final (Dfd) e a dimensão sistólica final (Dfs) dividida pela dimensão diastólica final; 2) velocidade média de encurtamento circunferencial corrigida (Vcfc), correspondente à relação entre a percentagem de encurtamento sistólico da dimensão do VE dividida pelo tempo de ejeção corrigido pelo intervalo R-R precedente (tempo de ejeção dividido pela raiz quadrada do intervalo R-R); 3) volumes ventriculares ao final da sístole e da diástole, calculados a partir do método de Teichholz e cols.3; 4) fração de ejeção (FE) do VE, obtida a partir da diferença entre os volumes ventriculares diastólico e sistólico (volume ejetado por sístole) dividida pelo volume diastólico. As medidas unidimensionais do ΔD, da Vcfc e da FE expressam adequadamente a função sistólica global apenas quando não existem alterações segmentares de mobilidade ventricular ou de remodelamento do VE.

Com a técnica bidimensional, que apresenta melhor resolução espacial, é possível caracterizar mais precisamente a FE do VE que apresenta forma anormal. Na prática clínica, a estimativa visual da FE do VE é frequentemente utilizada, de modo semiquantitativo, mas deve-se registrar que esta abordagem, pela sua natureza subjetiva, é menos reprodutível que os métodos quantitativos. O método mais aceito para avaliação do volume do VE é o método biplanar de discos (regra de Simpson modificada), em que o volume total é calculado com base no somatório do volume de pequenos discos cilíndricos, o que minimiza eventuais efeitos de modificação da geometria ventricular4. Ainda que, tradicionalmente, o limite inferior de normalidade para a FE do VE seja considerado em 50%, recentemente a Sociedade Americana de Ecocardiografia definiu este limite em 55%5.

Mais recentemente, várias técnicas ecocardiográficas tridimensionais (3D) tornaram-se disponíveis para quantificação dos volumes ventriculares e da FE, incluindo algumas que permitem a avaliação em tempo real6. Estudos comparando a quantificação de volumes ventriculares pela ecocardiografia 3D com a ressonância magnética demonstram elevado nível de concordância entre os métodos, bem como boa reprodutibilidade e acurácia, além de menores dispersão e variabilidade intra e interobservador em relação à ecocardiografia bidimensional7.

A análise da contratilidade segmentar do VE pela ecocardiografia bidimensional representa uma técnica semiquantitativa de avaliação da função sistólica regional, que tem se mostrado de grande valor na prática clínica, em especial na ecocardiografia sob estresse. Essa técnica depende da análise de espessamento da parede ventricular e da mobilidade endocárdica. Para análise da função regional, um consenso recente uniformizou critérios ecocardiográficos aplicáveis à medicina nuclear e à ressonância magnética cardíaca. Recomenda-se a divisão do VE em 17 segmentos, sendo 6 deles basais, 6 medioventriculares, 4 apicais e o 17º segmento na ponta do VE8. Essa segmentação, a rigor, é mais justificável para análise de perfusão do que de função ventricular. Desse modo, define-se uma gradação semiquantitativa que estabelece diferentes níveis de mobilidade segmentar: 1) normal; 2) hipocinesia; 3) acinesia; 4) discinesia; e 5) aneurisma.

O volume ejetado por sístole pode ser estimado a partir da medida da integral velocidade-tempo obtida por Doppler pulsátil registrado na via de saída do VE e multiplicado pela área transversal desta região. Esse valor multiplicado pela frequência cardíaca permite obter o valor do débito cardíaco. A técnica de Doppler tecidual também é promissora na investigação da função sistólica global e segmentar. A velocidade sistólica do miocárdio ventricular, quando medida na região do anel valvar mitral, reflete o encurtamento sistólico miocárdico longitudinal e pode se mostrar reduzida precocemente em pacientes com disfunção diastólica e FE ainda normal9, o que sugere que essa variável possa ser uma medida mais sensível da função sistólica que a FE. Essa metodologia é bastante útil em análise de sincronismo ventricular e como método complementar em ecocardiografia sob estresse, embora não ofereca avaliação adequada da função sistólica nos segmentos apicais do VE.

As técnicas de strain e strain rate derivadas das medidas de velocidade do Doppler tecidual têm sido usadas para avaliar a deformação miocárdica, apresentando grande sensibilidade mesmo na detecção de alterações subclínicas da função sistólica segmentar. Recentemente, foi introduzida a técnica de speckle tracking, que identifica pontos intramiocárdicos brilhantes (speckles) e os acompanha durante o ciclo cardíaco, o que permite quantificar a deformação miocárdica em duas dimensões, medindo velocidade tecidual, torção ventricular, strain e strain rate, sem dependência de ângulo entre feixe de ultrassom e movimento miocárdico ou da orientação do transdutor, com boa acuracidade e sensibilidade para uso clínico10, incluindo os segmentos ventriculares apicais. Em que pese o elevado potencial do Doppler tecidual e do speckle tracking para uso clínico, tais metodologias ainda estão em evolução e sua utilização ainda é bastante limitada.

O índice de desempenho ventricular (índice de Tei) é definido como a razão entre a soma dos tempos de contração e relaxamento isovolumétrico pelo tempo de ejeção, variáveis que podem ser obtidas pela técnica de Doppler. Pelo fato de integrar elementos das funções sistólica e diastólica, é considerado como índice de função sistodiastólica global, independente da frequência cardíaca e da pressão arterial, não se baseando em inferências geométricas e com boa reprodutibilidade11. Entretanto, ele é influenciado por variações da pré e pós-carga ventricular e não apresenta elementos que permitam distinguir o mecanismo de disfunção ventricular. Embora seja uma medida de obtenção relativamente simples, testada em diversas condições clínicas e que, potencialmente, pode expressar a função de ambos os ventrículos, existem questionamentos quanto à sua sensibilidade e valor prognóstico12.

1.2 - Análise da função diastólica

Devido à alta prevalência de insuficiência cardíaca diastólica, a avaliação da função diastólica do VE deve fazer parte da rotina ecocardiográfica, especialmente em pacientes que apresentam dispneia ou insuficiência cardíaca. Além disso, em várias condições clínicas, a disfunção diastólica precede a sistólica.

A diástole é uma parte complexa do ciclo cardíaco, sendo dependente do relaxamento miocárdio ativo, complacência ventricular, sincronismo ventricular, sucção diastólica ventricular, viscoelasticidade do miocárdio, contração atrial, restrição pericárdica, interação ventricular e do efeito erétil das coronárias1.

A elevação das pressões de enchimento do VE é a principal consequência hemodinâmica da disfunção diastólica. Quando a pressão capilar pulmonar excede 12 mmHg ou a pressão diastólica final do VE excede 16 mmHg, as pressões de enchimento são consideradas elevadas2.

A análise da função diastólica não invasiva constitui um importante elemento da ecocardiografia e pode ser feita pela integração de várias técnicas: análise do fluxo mitral (repouso e após manobra de Valsalva), do fluxo de veias pulmonares, do Doppler tecidual, da velocidade de propagação do fluxo pelo modo-M em cores e da medida do volume do átrio esquerdo (AE). O uso integrado dessas modalidades permite a definição de 4 padrões de disfunção diastólica, que são, em ordem crescente de gravidade: relaxamento diastólico anormal (grau I de disfunção diastólica), pseudonormal (grau II) e padrões restritivos reversível e irreversível (grau III e IV). A inversão da relação E/A > 1 do fluxo mitral normal para E/A < 1 com a manobra de Valsava, assim como uma velocidade de reverso pulmonar > 35 cm/s na veia pulmonar, podem diferenciar o padrão normal do padrão pseudonormal. Também uma duração da onda A mitral > 30 ms do que a duração do reverso pulmonar é indicativa de pressão diastólica final elevada de VE.

Em pacientes com miocardiopatia dilatada e infarto, o Doppler pulsátil do fluxo mitral (ondas E, A, tempo de desaceleração) se correlaciona melhor com as pressões de enchimento do VE, classe funcional e prognóstico do que a FE3,4,5. Pacientes com grau I de disfunção diastólica são os menos sintomáticos, enquanto o padrão restritivo se caracteriza por um pior prognóstico, especialmente se persiste após a redução da pré-carga a partir de tratamento medicamentoso otimizado. Em pacientes com doença coronária e miocardiopatia hipertrófica com FE > 50%, as variáveis do fluxo mitral se correlacionam pobremente com a hemodinâmica, e a associação de outros métodos, como o Doppler tecidual, é imprescindível6,7.

Devido à influência que os índices de função diastólica obtidos do fluxo mitral e mesmo do pulmonar sofrem de vários fatores (pressão atrial esquerda, relaxamento ventricular, pré e pós-carga, frequência cardíaca, idade etc.), outros parâmetros têm sido testados com o objetivo de se estimar as pressões de enchimento do VE.

Inúmeros estudos têm demonstrado a importância das velocidades do anel mitral obtidas com o Doppler tecidual para determinação das ondas "s" (sistólica), "e" (início da diástole) e "a" (contração atrial). O uso de letras minúsculas para designar essas ondas foi preconizado nas Diretrizes da Sociedade Americana de Ecocardiografia8 de 2008. Tais diretrizes também advogam que essas ondas devem ser medidas nas paredes septal e lateral (lateral geralmente maior do que a septal) e o valor médio das duas deve ser usado devido à influência da função miocárdica regional nestas velocidades. Obtendo-se um índice da onda E do fluxo mitral dividida pela "e" do Doppler tecidual, diminui-se a influência das condições de pré e pós-carga sobre a onda E. O índice E/e' tem se mostrado extremamente útil na previsão das pressões de enchimento do VE (E/e' < 8 normalmente associado a pressões de enchimento normais e E/e' > 15 associado a pressões de enchimento elevadas)9. Contudo, E/e' não é um índice acurado de pressões de enchimento em indivíduos normais, pacientes com calcificação do anel mitral, doença valvar mitral e pericardite constritiva.

Também a velocidade de propagação do fluxo mitral avaliado em relação ao modo-M em cores (Vp) pode ajudar na detecção de pressões elevadas. Uma velocidade > 50 cm/s é considerada normal e, na maioria dos pacientes com FE reduzida, o índice E/Vp > 2,5 prediz uma pressão capilar > 15. Pacientes com volume e FE de VE normais, mas com pressões de enchimento elevadas, podem ter valores não confiáveis de Vp8. Além disso, existe variabilidade na obtenção da Vp.

A habilidade do E/e' em predizer as pressões de enchimento na presença de regurgitação mitral > moderada depende da função sistólica do VE. Esse índice, quando elevado em pacientes com regurgitação mitral e FE reduzida, correlaciona-se com as pressões de enchimento e prediz hospitalização e morte, não sendo, porém, útil em pacientes com FE peservada10,11,12.

Enquanto essas velocidades ao Doppler pulsátil e tecidual refletem as pressões de enchimento instantâneas do VE, a medida do volume do AE reflete o efeito cumulativo das pressões de enchimento ao longo do tempo e, portanto, este índice é a expressão crônica da disfunção diastólica. Existem várias técnicas para se medir o volume do AE, incluindo: VAE = 0,85 x A1 x A2; L ( A1 = área no corte apical 4 câmaras; A2 = área no corte apical duas câmaras; L = menor diâmetro), indexado para superfície corpórea13. Estudos observacionais mostram que um volume de AE > 34 ml/m2 é um preditor independente de morte, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e AVC isquêmico14. Contudo, é importante que outras causas de aumento do AE sejam afastadas e este dado levado em consideração junto à clínica do paciente, tamanho das câmaras e índices ao Doppler de função distólica. Estudos recentes analisaram o strain e strain rate atriais e suas associações com a fibrilação atrial15; contudo, estudos futuros são necessários para se definir a aplicabilidade clínica de tais índices.

Muitos pacientes tornam-se sintomáticos com o exercício e por isso é útil se analisar as pressões de enchimento com o estresse físico. Em pacientes normais, as velocidades de E e "e" aumentam proporcionalmente e o índice permanece constante ou diminuído. Nos cardiopatas, a onda "e" aumenta muito menos, resultando, portanto, no aumento da relação E/e'16.

Finalmente, a avaliação da função diastólica pelas técnicas de strain e strain rate é promissora, mas necessita de novos estudos para se estabelecer seu valor clínico adicional. Até o momento, parâmetros ao Doppler pulsátil e ao Doppler tecidual são os dados ecocardiográficos mais fidedignos para se analisar a função diastólica.

Referências

1.3 - Cardiomiopatias

Apesar de constituírem um grupo heterogêneo de doenças, são atualmente classificadas, conforme o mecanismo fisiopatológico predominante ou fator etiológico-patogênico, como sendo dos seguintes tipos: dilatadas, hipertróficas, restritivas e cardiomiopatia (ou displasia) arritmogênica do ventrículo direito (VD). A não compactação do miocárdio ventricular é outra forma de cardiomiopatia, mas ainda não classificada como uma entidade distinta pela World Health Organization1.

1.3.1 - Cardiomiopatia dilatada (CMD)

Caracteriza-se pela dilatação do VE associada à disfunção sistólica global, podendo haver anormalidades segmentares superimpostas. Com a dilatação gradual maior no eixo curto, a cavidade do VE torna-se mais esférica, com o índice de esfericidade (dimensão ao eixo longo/eixo curto) próximo de 1,0 (VN > 1,5). A espessura parietal geralmente está normal, porém a massa miocárdica está aumentada.

Características secundárias da CMD incluem dilatação do VD, regurgitação mitral funcional, aumento dos átrios, trombos intracavitários, graus variáveis de disfunção diastólica e evidências de baixo débito cardíaco. Portadores de CMD apresentam ampla variação na apresentação clínica e hemodinâmica, dependendo do padrão de função diastólica. Algumas variáveis de função diastólica, como o tempo de desaceleração da onda E e a relação E/e', apresentam boa correlação com a pressão capilar pulmonar e têm valor prognóstico adicional à FE do VE.

Recomenda-se a realização do ecocardiograma nos parentes de 1º grau de pacientes com CMD em virtude da elevada incidência (20%-50%) de cardiomiopatia dilatada familiar.

O bloqueio de ramo esquerdo é comum em pacientes com CMD, causando dissincronia intraventricular. Doppler tecidual e outras técnicas, incluindo tissue tracking, tissue synchronization imaging e strain permitem quantificar o grau de dissincronia2,3. Entretanto, existe grande variabilidade de medidas e ainda não está definido quais variáveis ecocardiográficas identificam melhor os pacientes que responderão à ressincronização. O ecocardiograma é também empregado após implante de marca-passo biventricular para otimizar o intervalo PR, por meio da análise empírica do fluxo mitral ou do método de Ritter4.

1.3.2 - Cardiomiopatia dilatada chagásica (CMD)

A CMC apresenta características semelhantes à CMD idiopática, com dilatação e disfunção ventricular. A análise da mobilidade segmentar das paredes do VE evidencia um conjunto de alterações bastante varíavel em cardiopatas chagásicos crônicos. A discinesia apical (aneurisma apical) pode ocorrer em 50%-65% dos cardiopatas com insuficiência cardíaca e hipo ou acinesia da parede póstero-inferior em 15%-20% dos pacientes5. Disfunção do VD associada apresenta valor prognóstico6. Recentemente, demonstrou-se que o volume do AE e a relação E/e' foram preditores de morte na CMC, independente da classe funcional, FE do VE e da função ventricular direita7.

1.3.3 - Avaliação pós-transplante cardíaco

O ecocardiograma tem sido utilizado no acompanhamento de pacientes submetidos a transplante cardíaco em diferentes contextos. Algumas variáveis ecocardiográficas convencionais, como massado VE, tempo de relaxamento isovolumétrico e índices de função sistólica apresentam um valor limitado na identificação da rejeição em pacientes transplantados. Embora a disfunção diastólica seja frequentemente empregada como um marcador de rejeição, não há dados atuais na literatura que apóiem o uso dos índices de função diastólica como testes de screening na predição de rejeição8. O Doppler tecidual, o strain e o strain rate parecem ser técnicas promissoras na monitorizarão da rejeição pós-transplante9.

A doença coronariana do coração transplantado é a causa mais comum de complicação tardia, podendo determinar a morte ou um novo transplante. A ecocardiografia sob estresse10 tem se mostrado um método seguro e acurado para identificar os pacientes de alto risco para eventos cardíacos.

1.3.4 - Avaliação durante quimioterapia

Os antracíclicos são altamente efetivos no tratamento de alguns tumores, porém têm o uso limitado pelo potencial cardiotóxico. Estudos relatam uma ampla variação na incidência da cardiotoxicidade, dependendo das definições empregadas, regimes de quimioterapia e população de pacientes. A ocorrência de insuficiência cardíaca varia de 1%-5% e a redução da função sistólica do VE assintomática de 5%-20%11.

Tradicionalmente, a cardiotoxicidade induzida pela quimioterapia é detectada pela monitorização da função do VE antes e durante o período de tratamento, medindo-se a FE do VE. Esse parâmetro, entretanto, apresenta sensibilidade limitada para detectar alterações precoces e novos métodos estão sendo investigados12. Parâmetros derivados do Doppler tecidual, como strain e strain rate podem detectar disfunção incipiente do VE, quando o ecocardiograma convencional é ainda normal. Além disso, esses marcadores foram preditores de desenvolvimento tardio de disfunção ventricular e mortalidade após tratamento com a doxorubicina12.

1.4 - Cardiomiopatia hipertrófica (CMH)

O ecocardiograma bidimensional é o método de escolha para se estabelecer o diagnóstico da CMH, identificando o grau da hipertrofia ventricular, sua distribuição e classificando os diversos tipos: septal assimétrica, apical, concêntrica ou mesoventricular13.

O Doppler é utilizado para localizar e quantificar a obstrução intraventricular. A avaliação do gradiente por meio do ecocardiograma sob esforço deve fazer parte da avaliação dos pacientes com CMH com obstrução < 50 mmHg em repouso. Em mais de 70% dos casos, detecta-se obstrução quando se complementa o ecocardiograma em repouso com o exame sob esforço. A manobra de Valsalva isolada subestima a presença e a magnitude da obstrução14.

O padrão de função diastólica predominante é o relaxamento diastólico anormal (grau I). Entretanto, porque o DT está muito prolongado, a elevação das pressões de enchimento não altera o fluxo mitral. Assim, diferente da CMD, o DT não apresenta significante correlação com as pressões de enchimento na CMH. A onda e' encontra-se reduzida e a relação E/e' pode ser mais confiável para se estimar as pressões de enchimento do VE. Classicamente, o padrão do fluxo mitral é compatível com grau I de disfunção diastólica (E/A < 1 e DT > 240 ms) com relação E/e' > 15, caracterizando o grau IA de disfunção diastólica. Da mesma forma, a velocidade de propagação do modo-M em cores pode também estar falsamente elevada, a despeito da disfunção diastólica.

O ecocardiograma com injeção seletiva de contraste em ramos coronários septais está indicado antes de se fazer a alcoolização septal para se identificar a área do septo que deverá ser infartada. O ecocardiograma 3D é útil para melhor delineamento da área da via de saída do VE. A ecocardiografia transesofágica (ETE) está indicada no transoperatório de miectomia e para avaliar a valva mitral na suspeita de ruptura de cordoalha.

Dado o caráter hereditário da CMH, justificam-se estudos de screening com eco que demonstram alta prevalência da doença em parentes de 1º grau de portadores da CMH.

1.5 - Cardiomiopatias restritivas (CMR)

As CMR constituem um grupo de entidades caracterizadas por apresentar alteração no padrão de enchimento ventricular com paredes espessadas e rígidas e função sistólica geralmente preservada. Várias causas de CMR têm sido descritas, podendo ser idiopática, familiar ou associada a várias doenças sistêmicas15.

O diagnóstico pelo ecocardiograma baseia-se nas alterações anatômicas e funcionais comuns: cavidades ventriculares de dimensão normal ou reduzida, geralmente com disfunção diastólica do tipo restritivo ao Doppler, função sistólica global, em geral preservada, e átrios dilatados. A onda e' obtida no anel mitral septal está usualmente inferior a 7,0 cm/s.

Na CMR idiopática, o diagnóstico é feito por exclusão, e o diagnóstico diferencial principal é a pericardite constritiva (nesta, a onda e' no anel septal está normal ou até elevada e nas restritivas está diminuída). Na amiloidose, há espessamento das valvas AV, das paredes miocárdicas e, eventualmente, do septo atrial, com reflexão mais intensa e aspecto granuloso do miocárdio. Medidas do strain e strain rate ao eco bidimensional encontram-se significativamente reduzidas, permitindo o diagnóstico diferencial com outras doenças16.

Na endomiocardiofibrose (EMF), observam-se obliteração do ápice pela fibrose, sinais de restrição ventricular, envolvimento das valvas atrioventriculares (AV) e sinais subsequentes. Diferencia-se a fibrose de trombos apicais porque não há acinesia ou discinesia na EMF esquerda. Outro diagnóstico diferencial é a cardiomiopatia hipertrófica apical, que não apresenta espessamento endocárdico ou padrão restritivo e tem alterações eletrocardiográficas específicas.

A ETE está indicada quando existem dificuldades técnicas ao exame transtorácico e na monitorização transoperatória da ressecção da fibrose e correção dos defeitos valvares por via apical.

1.6 - Displasia (cardiomiopatia) arritmogênica do ventrículo direito (DAVD)

A DAVD é uma cardiomiopatia caracterizada pela infiltração fibrogordurosa das paredes do VD, causando arritmia ventricular, dilatação e disfunção ventricular direita. Representa uma significante causa de morte súbita em jovens. A doença parece ter transmissão autossômica dominante, justificando o screening de parentes de 1º grau17.

O ecocardiograma constitui um dos métodos frequentemente empregados para o diagnóstico, apesar da falta de critérios ecocardiográficos padronizados para identificar esta patologia. Os critérios maiores ao ecocardiograma descritos são dilatação importante com disfunção sistólica do VD, associada a leve ou ausente comprometimento do VE. Aneurismas localizados e grave dilatação segmentar do VD também são critérios maiores. Os critérios menores incluem hiper-refringência da banda moderadora e trabeculações grosseiras do VD. A pressão sistólica da artéria pulmonar é tipicamente normal.

1.7 - Cardiomiopatia não compactada (não compactação isolada do VE)

A não compactação isolada do miocárdio ventricular (NCMV) é uma cardiomiopatia não classificada. Ocorre devido à interrupção embrionária da compactação miocárdica. Caracteriza-se por espessamento segmentar das paredes do VE, consistindo de duas camadas: uma camada epicárdica compactada e uma camada endocárdica com marcadas trabeculações e recessos intratrabeculares profundos. Os espaços são preenchidos pelo fluxo sanguíneo, visibilizados a partir do Doppler em cores. A cavidade ventricular esquerda está usualmente aumentada com FE diminuída. A relação miocárdio não compactado/compactado ao final da sístole > 2 sugere NCMV. O ecocardiograma com contraste pode diferenciar melhor as camadas de miocárdio não compactado e compactado4.

Tabela 4 - clique para ampliar

Referências

1.8 - Hipertrofia miocárdica, hipertensão arterial e atletas

A hipertrofia miocárdica é considerada como uma resposta adaptativa do coração à prática de exercícios físicos, ou em situações de doença, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes e obesidade.

A maior aplicação da ecocardiografia em estudos epidemiológicos e estudos de tratamento tem sido o cálculo da massa miocárdica do VE e sua modificação com o tratamento anti-hipertensivo1.

1.8.1 - Cálculo da massa miocárdica do VE

As fórmulas empregadas para o cálculo da massa miocárdica do VE são variações do mesmo princípio e, mesmo utilizando qualquer modalidade, como eco unidimensional, bi ou 3D, o cálculo é baseado na subtração do volume da cavidade do VE do volume contido no epicárdio ventricular a fim de se obter o volume do músculo. Tal volume resultante é então convertido em massa miocárdica, multiplicando-o pela densidade do miocárdio. A estimativa da massa do VE é muito mais acurada em ventrículos com forma normal, assumindo-se que as dimensões do eixo curto serão medidas em região livre de alterações da contratilidade das paredes. A grande aceitação das medidas obtidas com o modo-M se deve ao fato de que este método é relativamente simples e foi o primeiro validado, embora os erros de mensuração possam ser elevados ao cubo.

A Sociedade Americana de Ecocardiografia propôs (Convenção da ASE) que as bordas endocárdicas sejam incluídas nas medidas (borda a borda). Essa convenção utiliza as medidas no início do complexo QRS e vem sendo a mais aceita e empregada.

Diferentes fórmulas são utilizadas para o cálculo da massa miocárdica: a Convenção de Penn utilizou fórmula com fator corretor para a gravidade específica do músculo cardíaco de 1,04, subtraindo-se 13,6 g (fórmula 1)2:

Fórmula 1:

Massa VE (g) 1,04 {[(Dd + Pp + SIV)3] - [(Dd)3]} - 13,6 g

Dd - diâmetro diastólico do VE; g - gramas; Pp - espessura da parede posterior em diástole do VE; SIV - espessura diastólica do septo interventricular.

A fórmula proposta pela Sociedade Americana de Ecocardiografia, descrita abaixo, considera a gravidade específica do músculo cardíaco como 1,04 e não subtrai o valor de 13,6 (fórmula 2):

Fórmula 2:

Massa VE (g) 1,04 {[(Dd + Pp + SIV)3] - [(Dd)3]}

Dd - diâmetro diastólico do VE; g - gramas; Pp - espessura da parede posterior em diástole do VE; SIV - espessura diastólica do septo interventricular.

A fórmula 3, também chamada anatômica ou de Devereux3, passou a ser a recomendada para o cálculo da massa miocárdica e a validação com achados de necrópsia atingiu boa correlação (r = 0,90). Atualmente, vem sendo recomendada pela Sociedade Americana de Ecocardiografia como a fórmula mais adequada.

Fórmula 3:

Massa VE (g) 0,8 {1,04 {[(Dd + Pp + SIV)3] - [(Dd)3] }+0,6 g

Dd - diâmetro diastólico do VE; g - gramas; Pp - espessura da parede posterior em diástole do VE; SIV - espessura diastólica do septo interventricular.

Os métodos mais utilizados para a medida da massa miocárdica a partir do exame bidimensional são baseados na fórmula área-comprimento e no modelo do elipsoide truncado4.

1.8.2 - Avaliação dos padrões geométricos estruturais do VE

A geometria e o tipo de hipertrofia do VE podem dar informações diretas a respeito da fisiopatologia da doença hipertensiva e conferir informação prognóstica aparentemente independente da medida absoluta da massa miocárdica. A Figura 1 apresenta os índices utilizados para essa determinação.

O índice de espessura relativa da parede (ERP) é o mais utilizado e diferentes pesquisadores demonstraram que no VE normal ou compensado a ERP aumenta em proporção direta à elevação da pressão arterial sistólica, constituindo o que se chama hipertrofia apropriada ou adaptada. A ERP pode ser medida pela seguinte fórmula: duas vezes a espessura da parede posterior do VE, dividido pelo diâmetro diastólico do VE. A relação é relativamente independente do tamanho absoluto da câmara.

O ponto de corte para considerar que a ERP está aumentada é 0,44, de forma independente da fórmula empregada para o seu cálculo5.

Recentemente, os comitês da ASE e da Sociedade Europeia de Ecocardiografia sugeriram 0,42 como ponto de corte4.

1.8.3 - Atletas

O treinamento físico prolongado e intenso está frequentemente associado com alterações morfológicas do coração, como os aumentos da cavidade do VE, da espessura de suas paredes e de sua massa miocárdica. O aumento da massa miocárdica do VE resultante do treinamento físico é chamado de "coração de atleta"6. Duas formas morfológicas do coração de atleta podem ser distinguidas: resistência ou isotônica e de força ou isométrica. Muitos autores preferem focar nas formas básicas do exercício praticado, distinguindo dinâmico, estático ou misto.

Atletas praticantes de exercício dinâmico demonstram hipertrofia excêntrica do VE, sem modificação da ERP. Atletas praticantes de exercício estático ou isométrico apresentam hipertrofia concêntrica do VE, caracterizada pelo aumento da ERP.

Muitos atletas praticam exercíco misto, que combina padrões estáticos e dinâmicos. A função sistólica convencional, obtida pela FE e fração de encurtamento sistólico da fibra, não difere os atletas dos indivíduos normais. O estudo da função subendocárdica permite distinguir a hipertrofia dos atletas e hipertensos. A velocidade sistólica do movimento do anel mitral (onda S), obtida pelo Doppler tecidual, com valor < 9,0 cm/s, indica que a hipertrofia não é fisiológica. Os índices de deformação miocárdica (strain/strain rate) parecem ser a técnica ideal para essa análise, já que não estão sujeitos ao efeito de tracionamento dos tecidos adjacentes. Alguns trabalhos demonstram que a redução do strain e strain rate no segmento basal da parede septal apresenta correlação direta com a pressão arterial média7.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jul 2010
  • Data do Fascículo
    Dez 2009
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