ECOCARDIOGRAMA INTRAOPERATÓRIO EM CIRURGIAS CARDÍACAS E NÃO CARDÍACAS
11. Ecocardiograma intraoperatório em cirurgias cardíacas e não cardíacas
Essa técnica de monitoramento das cirurgias cardíacas permite ao cirurgião avaliar em tempo real detalhes anatômicos e funcionais, proporcionando informações imediatas sobre os resultados cirúrgicos e auxiliando nas manobras para retirada de ar das cavidades.
A forma atual de se utilizar o ecocardiograma nas cirurgias cardíacas é por via transesofágica, pois esta apresenta grandes vantagens sobre a via epicárdica. Na grande maioria dos casos, a ETE é o método utilizado, pois apresenta a vantagem de não interromper o procedimento cirúrgico e de não entrar em campo estéril. A sonda pediátrica deve ser utilizada, em geral, em crianças com peso entre 6,0-20 Kg. A técnica epicárdica, em que o transdutor transtorácico é aplicado diretamente sobre o coração, fica reservada para os casos de impossibilidade absoluta ou relativa do uso do esôfago devido a patologias (câncer de esôfago, divertículo, estenose etc) ou em casos de discrasia sanguínea. Nesses casos, a consulta a um endoscopista pode ser necessária. Para consulta mais detalhada, a Sociedade Americana de Ecocardiografia disponibiliza um guia da técnica epicárdica intraoperatória1.
O eco epiaórtico pode ser ferramenta importantíssima nos pacientes com doença ateromatosa avançada. Pode-se utilizar o transdutor próprio para esse fim (miniaturizado e existente no mercado) ou um transdutor linear. A imagem ultrassonográfica da aorta permite a escolha de um local adequado para canulação e pinçamento na aorta, reduzindo a incidência de acidentes vasculares cerebrais e outras complicações da aorta1.
Idealmente, o serviço de ecocardiografia deve disponibilizar um aparelho para a realização do ecocardiograma intraoperatório. As complicações da passagem e permanência da sonda no esôfago são raras e mais frequentemente a queixa principal é de dor à deglutição.
Alguns serviços utilizam o eco intraoperatório em todas as cirurgias cardíacas com e sem a utilização de circulação extracorpórea. Nas cirurgias não cardíacas, tal método também pode ser empregado. Por ser capaz de fornecer dados hemodinâmicos e estruturais de imediato, os pacientes cardiopatas em cirurgias não cardíacas podem vir a ser candidatos. Nas cirurgias de grande porte, como as cirurgias vasculares e transplantes hepáticos, o eco intraoperatório pode ser de grande valor, permitindo a detecção precoce da isquemia, a partir da detecção de alterações da contratilidade segmentar que antecedem as alterações do ECG na cascata isquêmica. Na atualidade, com o advento das técnicas cirúrgicas por meio de acesso cirúrgico minimamente invasivo para implante de próteses valvares, a ETE tem tido papel relevante na seleção e monitoramento do procedimento.
Tabela 34 - clique para ampliar
- 1. Glas KE, Swaminathan M, Reeves ST, Shanewise JS, Rubenson D, Smith PK, et al. Guidelines for the performance of a comprehensive intraoperative epiaortic ultrasonographic examination: recommendations of the America Society of Echocardiography and the Society of Cardiovascular Anesthesiologists; endorsed by Society of Thoracic Surgeons. J Am Soc Echocardiogr. 2007; 20: 427-37.
- 2. Shanewise JS, Cheung AT, Aronson S, Stewart WJ, Weiss RL, Mark JB, et al. ASE/SCA guidelines for performing a comprehensive intraoperative multiplane echocardiography examination: recommendations of the American Society of Echocardiography Council for Intraoperative Echocardiography and the Society of Echocardiography and the Society of Cardiovascular Anesthesiologists Task Force for Cetification in Perioperative Transesophageal Echocardiography. J Am Soc Echocardiogr. 1999; 12: 884-900.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
16 Jul 2010 -
Data do Fascículo
Dez 2009