CARTA AO EDITOR
Qualidade de vida em doenças crônicas
Karine Zortéa
Departamento de Psiquiatria, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS - Brasil
Correspondência Correspondência: Karine Zortéa Avenida dos Prazeres, 512, Vila Jardim 91320-150, Porto Alegre, RS - Brasil E-mail: karine.personaldiet@gmail.com
Palavras-chave: Qualidade de vida, doença crônica.
Key words: Quality of life; chronic disease.
Caro Editor,
Bassanesi e cols.1 relatam a necessidade de recuperar a saúde dos mais pobres investindo na economia nacional e na melhoria das condições sociais, já que quase a metade da mortalidade por doença cardiovascular (DCV) é atribuída à pobreza. Diferenças entre Brasil e Estados Unidos em relação à mortalidade por DCV têm associação com a má qualidade de vida (QV) das populações dos grandes centros urbanos brasileiros, comparada à dos países desenvolvidos1.
Níveis socioeconômicos baixos já têm sido associados com maior mortalidade. Grupos com menor escolaridade apresentam mais fatores de risco para DCV e menor acesso à qualidade de informação2. Necessita-se conscientizar que apenas tratar doenças não basta, é preciso investigar o princípio das causas, e um bom instrumento é a QV.
A QV emergiu nas últimas décadas como um instrumento essencial na avaliação do impacto das doenças crônicas, bem como das intervenções terapêuticas, associando-se a indicadores tradicionais como a mortalidade3.
As doenças crônicas provocam mudanças na rotina e no planejamento de atividades, especialmente nos casos de doenças incapacitantes, em que o doente deixa de exercer suas atividades cotidianas. As crises recorrentes e a sobrecarga física, emocional e financeira levam à convivência com incertezas e ao enfrentamento de dilemas sociais, além de onerosos gastos, gerando outras condições crônicas que passam a afetar toda a família4.
Um amplo conhecimento da QV dos pacientes pode ajudar na compreensão do impacto das doenças sobre seu bem-estar geral, podendo adiar a instalação da condição crônica por meio de ações preventivas.
- 1. Bassanesi SL, Azambuja MI, Achutti A. Mortalidade precoce por doenças cardiovasculares e desigualdades sociais em Porto Alegre: da evidência à ação. Arq Bras Cardiol. 2008; 90 (6): 403-12.
- 2. Ishitani LH, Franco GC, Perpétuo IHO, França E. Desigualdade social e mortalidade precoce por doenças cardiovasculares no Brasil. Rev Saúde Publica. 2006; 40 (4): 684-91.
- 3. Pinikahana J, Happell B, Hope J, Keks N. Quality of life in schizophrenia: a review of the literature from 1995 to 2000. Int J Ment Health Nurs. 2002; 11 (2): 103-11.
- 4. Smeltzer SC, Bare BG. Brunner & Suddarth tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p. 275-80.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
22 Set 2010 -
Data do Fascículo
Maio 2010