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Índices Lipídicos Tetravalente (LTI) e Pentavalente (LPI) em indivíduos saudáveis

Resumos

FUNDAMENTO: A prevalência das doenças cardiovasculares (DCV) tem aumentado nos últimos anos. A literatura revela que cerca de 35% dos eventos ateroscleróticos ocorrem na ausência dos fatores de risco clássicos, requerendo uma avaliação individual minuciosa para melhor caracterizar o risco. Os índices lipídicos tetravalente (LTI) e pentavalente (LPI) constituem uma nova e eficiente forma de avaliação do perfil lipídico e do risco para DCV. OBJETIVO: O presente estudo avaliou o LTI e o LPI em estudantes de graduação, estabelecendo estes índices em indivíduos saudáveis e correlacionando-os com o perfil lipídico tradicional. MÉTODOS: Participaram do estudo 110 estudantes, 48 (44%) do sexo masculino e 62 (56%) do sexo feminino, com média de idade de 20,9 ± 1,7 anos. Apolipoproteína-AI, apolipoproteína B, colesterol total, lipoproteína (a), triglicérides, HDL e LDL foram analisados usando-se métodos diagnósticos específicos. LTI e LPI foram calculados por meio das equações LTI = [colesterol total x triglicérides x lipoproteína (a) / HDL] e LPI = [colesterol total x triglicérides x lipoproteína (a) x apolipoproteína B / apolipoproteína A-I], respectivamente. RESULTADOS: Os valores de LTI e de LPI foram significativamente maiores nas mulheres quando comparados aos dos homens. Para os outros parâmetros, houve diferenças significativas entre os gêneros apenas para colesterol total, HDL e apolipoproteína A-I. Houve correlações positivas e significativas entre LDL e LTI e entre LDL e LPI. CONCLUSÃO: Os achados indicam que LTI e LPI estavam associados com LDL, um parâmetro não utilizado para calcular os índices lipídicos e amplamente usado na prática clínica para investigação do risco cardiovascular.

Fatores de Risco; Lipídeos; Doenças Cardiovasculares; Estudantes


BACKGROUND: The prevalence of cardiovascular disease (CVD) has increased steadily in recent years. Literature data show that about 35% of atherosclerotic events occur in the absence of classic risk factors, requiring a broader assessment of the individual to better characterize the risk. Lipid Tetrad Index (LTI) and Lipid Pentad Index (LPI) constitute a new and efficient evaluation of the lipid profile and CVD risk. OBJECTIVE: This study assessed LTI and LPI in undergraduate students, seeking to establish the parameters of these indices in healthy subjects and correlate them with the conventional lipid profile. METHODS: The study included 110 students, 48 (44%) males and 62 (56%) females, mean age 20.9 ± 1.7. Apolipoprotein-AI, apolipoprotein B, total cholesterol, lipoprotein(a), triglycerides, high-density lipoprotein (HDL) and low-density lipoprotein (LDL) were assessed, using specific diagnostic methods. LTI and LPI indices were calculated using the equations LTI = [total cholesterol x triglycerides x lipoprotein(a) / HDL] and LPI = [total cholesterol x triglycerides x lipoprotein(a) x apolipoprotein B/apolipoprotein-AI], respectively. RESULTS: LTI and LPI values were significantly higher in females compared to males. As for the other parameters, there were significant differences between males and females only regarding total cholesterol, HDL and apolipoprotein-AI. There were significant and positive correlations between LDL and LTI and between LDL and LPI. CONCLUSIONS: Findings indicate that both LTI and LPI were associated with LDL, a parameter not used to calculate lipid indices and widely used in clinical practice for cardiovascular risk assessment.

Risk Factors; Lipids; Cardiovascular Diseases; Students


Índices Lipídicos Tetravalente (LTI) e Pentavalente (LPI) em indivíduos saudáveis

Charles Augusto dos Santos MoraisI; Samuel Henrique Vieira OliveiraII; Luciana Moreira LimaII

IDepartamento de Bioquímica e Biologia Molecular - Universidade Federal de Viçosa. MG - Brasil

IIDepartamento de Medicina e Enfermagem - Curso de Medicina - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. MG - Brasil

Correspondência Correspondência: Luciana Moreira Lima Av. PH Rolfs, s/n, Centro CEP 36570-000, Viçosa, MG - Brasil E-mail: lucianamoreiralima@yahoo.com.br, luciana.lima@ufv.br

RESUMO

FUNDAMENTO: A prevalência das doenças cardiovasculares (DCV) tem aumentado nos últimos anos. A literatura revela que cerca de 35% dos eventos ateroscleróticos ocorrem na ausência dos fatores de risco clássicos, requerendo uma avaliação individual minuciosa para melhor caracterizar o risco. Os índices lipídicos tetravalente (LTI) e pentavalente (LPI) constituem uma nova e eficiente forma de avaliação do perfil lipídico e do risco para DCV.

OBJETIVO: O presente estudo avaliou o LTI e o LPI em estudantes de graduação, estabelecendo estes índices em indivíduos saudáveis e correlacionando-os com o perfil lipídico tradicional.

MÉTODOS: Participaram do estudo 110 estudantes, 48 (44%) do sexo masculino e 62 (56%) do sexo feminino, com média de idade de 20,9 ± 1,7 anos. Apolipoproteína-AI, apolipoproteína B, colesterol total, lipoproteína (a), triglicérides, HDL e LDL foram analisados usando-se métodos diagnósticos específicos. LTI e LPI foram calculados por meio das equações LTI = [colesterol total x triglicérides x lipoproteína (a) / HDL] e LPI = [colesterol total x triglicérides x lipoproteína (a) x apolipoproteína B / apolipoproteína A-I], respectivamente.

RESULTADOS: Os valores de LTI e de LPI foram significativamente maiores nas mulheres quando comparados aos dos homens. Para os outros parâmetros, houve diferenças significativas entre os gêneros apenas para colesterol total, HDL e apolipoproteína A-I. Houve correlações positivas e significativas entre LDL e LTI e entre LDL e LPI.

CONCLUSÃO: Os achados indicam que LTI e LPI estavam associados com LDL, um parâmetro não utilizado para calcular os índices lipídicos e amplamente usado na prática clínica para investigação do risco cardiovascular.

Palavras-chave: Fatores de Risco, Lipídeos, Doenças Cardiovasculares, Estudantes.

Introdução

A alta prevalência de doenças cardiovasculares (DCV) no Brasil é decorrente de fatores genéticos e também de eventos ambientais que podem levar ao aparecimento e evolução das placas de ateroma1,2. Dieta desequilibrada, tabagismo, sedentarismo, diabetes e colesterol elevado são fatores que tendem a aumentar sobremaneira o risco de desenvolvimento das DCV2.

Dados da literatura têm consolidado a relação existente entre os níveis plasmáticos de colesterol total, LDL e triglicérides e o surgimento desses eventos3-5, sendo a hipercolesterolemia um fator importante em cerca de metade dos casos6. Entretanto, muitos dos eventos cardiovasculares ocorrem em indivíduos normolipidêmicos7,8. De Backer e cols.9 observaram que um terço do número de casos de infarto agudo do miocárdio (IAM) foi registrado em pacientes com situação de risco intermediário. Novos biomarcadores têm sido avaliados na tentativa de elucidar fatores que levam a esses eventos, dentre estes a lipoproteína (a) [Lp(a)], uma variante genética da LDL que apresenta a apolipoproteína (a) ligada por pontes dissulfeto à apolipoproteína B (apoB)10,11.

Nesse contexto, a necessidade de se buscar novos meios de análise tem conduzido a estudos que descrevam de uma forma mais global a real propensão do paciente ao surgimento de DCV, sobrepujando a análise comumente baseada nas partículas lipídicas individuais. Os índices lipídicos tetravalente (LTI) e pentavalente (LPI) têm sido recentemente descritos como uma nova forma de avaliação do perfil lipídico, os quais já foram analisados em algumas populações12,13. A característica desses novos índices distingue-se pela abordagem ampla de partículas lipídicas aterogênicas e não aterogênicas resultando em um único valor. Baseado no perfil lipídico convencional e nos fatores de risco emergentes como Lp(a), apolipoproteína A-I (apoA-I) e apoB, o LTI e o LPI configuram-se como modelos na avaliação de risco global, considerando o caráter multifatorial das DCV.

A proposta do presente estudo foi estabelecer parâmetros desses novos índices em indivíduos saudáveis da população brasileira, dado que, até o presente momento, nenhum estudo fora realizado nessa população composta de diferentes etnias14. Propôs-se também avaliar a correlação entre os valores desses novos índices com os tradicionalmente utilizados, além de se verificar outros fatores de risco nessa população.

Métodos

Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade, foi realizado o estudo, entre os meses de maio a novembro de 2011, em indivíduos supostamente saudáveis, todos estudantes de graduação com idade entre 18 e 25 anos. Os voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido concordando na participação, sendo especificados os propósitos e objetivos da pesquisa. Foi aplicado um questionário que contemplava dados como idade, curso de graduação, período cursado, histórico familiar para DCV, tabagismo e estilo de vida. Adicionalmente, aferiu-se o peso, a altura, medida da cintura e a pressão arterial. As atribuições seguiram as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia2.

Após 12 horas de jejum, foram obtidas dos voluntários as amostras de sangue com a utilização de tubos do sistema Vacuttainer® (Becton & Dickson) sem anticoagulante. Essas amostras foram centrifugadas a 2.500 rpm durante 15 minutos, sendo o soro aliquotado, identificado e estocado a -70ºC até o momento de realização dos testes.

Para a mensuração do colesterol total e dos triglicérides, realizaram-se os métodos enzimáticos colorimétricos Colesterol Monoreagente K082 Bioclin® e Triglicérides Monoreagente K117 Bioclin®, respectivamente. O HDL e o LDL foram determinados pelo método enzimático de eliminação da Bioclin® Colesterol HDL Direto K071 e Colesterol LDL Direto K088, respectivamente. As dosagens de Apo A-I e Apo B foram realizadas pelo método de imunoturbidimetria da Biotécnica®Apolipoproteína A-I Turbidimetria e Apolipoproteína B Turbidimetria, respectivamente. A Lp(a) foi obtida também pelo método de imunoturbidimetria, utilizando o conjunto diagnóstico In Vitro Lipoproteína (a) Turbidimétrico. Os testes foram realizados no equipamento Cobas Mira Plus, com o uso de soros controles comerciais para verificar o desempenho dos ensaios. Para a dosagem de Lp(a) foi utilizado o control liquid (Spin React). O LTI foi obtido pela equação LTI = Colesterol total x Triglicérides x Lp(a)/HDL e o LPI = Colesterol Total x Triglicérides x Lp(a) x apoB/apoA-I12,13.

O tamanho mínimo da amostra foi definido usando-se o coeficiente de variação obtido para a dosagem de Lp(a) (103%), considerando dez por cento de variação em torno da média, chegando a um número mínimo de dezesseis indivíduos em cada grupo para que fossem demonstradas as possíveis diferenças estatísticas com um nível de significância de 5%. Para a análise estatística foram realizados: os testes t-Student para variáveis com distribuição normal; e Mann-Whitney para variáveis não paramétricas. Na avaliação da correlação, utilizou-se o teste de correlação de Pearson. O nível de significância adotado para o estudo foi de 5%. Os programas Sigma Stat® versão 1.0 e Prism® versão 3.0 foram utilizados para realizar as análises e plotar os gráficos, respectivamente.

Resultados

A Tabela 1 apresenta a população envolvida no estudo, caracterizada de forma geral e de acordo com o sexo. Participaram do estudo 110 estudantes, 48 do sexo masculino (44%) e 62 do sexo feminino (56%).

Seguindo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia2 para valores de colesterol total (CT), LDL, triglicérides (TG) e HDL, não foram observados valores médios fora dos recomendados na população analisada de forma geral. O mesmo pode ser observado para os valores referentes a cada sexo. Entretanto, houve diferença significativa entre os sexos para os valores de colesterol total, HDL, Lp(a) e apoA-I ao nível de significância adotado, sendo estes maiores no sexo feminino. Sem registro de diferença significativa ficaram outros parâmetros como LDL e apoB, que apresentaram valores p próximos do limiar. Das estudantes, um número expressivo apresentou algum tipo de dislipidemia, sendo esta prevalência estatisticamente comprovada em relação aos estudantes. Dentre os fatores de risco analisados os mais preponderantes foram sedentarismo, presente em 68,1% dos estudantes, seguido de histórico familiar, em 59,1%. Outros dados não tiveram diferenças significativas e/ou não constituíram relevância.

Os índices lipídicos tetravalente e pentavalente são apresentados na Tabela 1 e nos Gráficos 1 e 2, respectivamente, sendo fornecidos também em valores logaritmos. O LTI se mostrou superior na população feminina, fato comprovado estatisticamente (p = 0,024). O Gráfico 1 ilustra essa diferença visualmente observada pela linha horizontal que representa a média desses valores para os sexos. O mesmo foi observado para o LPI (p = 0,007), também demonstrando níveis superiores nas mulheres e evidenciado pelo Gráfico 2.



Outra análise realizada consistiu em verificar possíveis relações entre os índices LTI e LPI e outras parâmetros que não constituem o cálculo daqueles. Dessa forma, Foram observadas correlações positivas e significativas entre LTI e LDL (r = 0,49; p < 0,001) e entre LPI e LDL (r = 0,56; p < 0,001).

Discussão

A não observância de alterações nos níveis lipídicos tradicionais pode ser atribuída ao fato da população estudada ser constituída exclusivamente por estudantes de graduação, indivíduos jovens e supostamente saudáveis. Alguns voluntários apresentaram dislipidemias, 28,2% do total, fato que pode ser explicado pela predisposição genética individual. No entanto, indivíduos normolipidêmicos predominam na população estudada, tanto no sexo masculino quanto no feminino, confirmando estudo semelhante realizado por Coelho e colegas (2005) com indivíduos universitários15.

Na análise com relação ao gênero, o colesterol total, HDL, Lp(a) e apoA-I tiveram níveis mais elevados nas mulheres em relação aos homens. Há divergências na literatura quanto à diferença ou não no perfil lipídico de homens e mulheres, haja vista a existência de flutuações dos níveis lipídicos nos diferentes estádios do ciclo menstrual feminino, decorrente das constantes mudanças metabólicas ocasionadas pelo hormônio estrogênio16-18. Chama a atenção o fato de que tanto o HDL e a apoA-I, considerados antiaterogênicos e protetores para DCV, quanto o CT e a Lp(a), considerados aterogênicos e que podem predispor a eventos cardiovasculares, apresentaram-se elevados nas mulheres em relação aos homens (Tabela 1). Estes achados permitem inferir que a avaliação dos parâmetros individuais muitas vezes pode tornar-se complicada na clínica médica e a avaliação global proposta pelo LTI e LPI pode constituir uma ferramenta de auxílio neste sentido.

Apesar da SBC2 não recomendar a dosagem rotineira das apolipoproteínas A-I e B e da Lp(a), o perfil lipídico convencional (CT e frações) pode não traduzir o risco coronariano, já que não foram observadas diferenças significativas nos níveis de LDL entre homens e mulheres, e as mulheres apresentaram níveis médios de HDL significativamente maiores que os dos homens. Por outro lado, os resultados obtidos para o LTI e LPI também foram significativamente mais elevados nas mulheres (Tabela 1). Tais achados fortalecem a ideia de que o perfil lipídico convencional, em muitos casos, pode não oferecer subsídio a real estimativa do risco coronariano. Portanto, quando esse perfil se apresenta normal, não necessariamente exime o paciente de risco devido às dislipidemias. Desta forma, a introdução de testes laboratoriais relativos ao perfil lipídico não convencional seria extremamente desejável na busca de uma real estimativa do risco coronariano, como adição a todos os outros fatores de risco tradicionalmente investigados.

O maior número de casos de dislipidemias no sexo feminino alerta para o possível desenvolvimento de placas de ateroma e todas as suas consequências neste grupo de indivíduos futuramente. Alguns estudos apontam o sedentarismo em estudantes como um possível fator agravante no aumento dos níveis lipídicos, percebido principalmente nas mulheres15,19. Um fator de risco não modificável presente em 59,1% (Tabela 1) dos estudantes foi o histórico familiar para DCV, também revelado em outros estudos15,19,20. Analisados de forma conjunta, estes dados permitem inferir que essa grande proporção de estudantes com antecedentes familiares não implicou num maior cuidado com a saúde, já que um fator modificável como o sedentarismo esteve fortemente presente nessa população (68,1%).

O LTI foi descrito por Enas e cols.12 como um novo meio de avaliação do risco cardiovascular. Caracterizado pela multiplicação de três partículas aterogênicas, sendo estas o colesterol total, triglicérides e Lp(a), e divisão deste produto pela partícula não aterogênica HDL, o índice descreve o perfil lipídico do paciente de forma global. Esse índice tem sido comparado entre indivíduos controle saudáveis e acometidos de doença arterial coronariana, demonstrando níveis bem inferiores nos indivíduos saudáveis12,21.

O LPI compreende o produto de quatro partículas aterogênicas, sendo colesterol total, triglicérides e Lp(a) e Apo B, dividido pela Apo A-1, não aterogênica. Inicialmente descrito por Das e cols.13 como uma melhor maneira de discriminar casos de DAC em relação ao LTI em crianças e adolescentes pesquisadas, o LPI engloba tanto alterações no perfil lipídico tradicional quanto fatores emergentes, como Lp(a), Apo A-1 e Apo B.

Tanto o LTI quanto o LPI tiveram níveis superiores nas mulheres. A existência de poucos registros na literatura sobre esses novos índices coloca o presente trabalho como piloto na descrição da possível diferença entre os gêneros. Fazem-se necessárias investigações adicionais para esclarecer com fidedignidade esse preceito, observando as alterações existentes no metabolismo feminino em decorrência do ciclo menstrual18. Entretanto, mesmo nessas observações, a ocorrência de níveis mais elevados nas estudantes não descarta sobremaneira uma maior propensão destas ao risco futuro de desenvolvimento de DVC, devendo-se abordar ações que venham a minimizar essa predisposição.

Na tentativa de se avaliar a relação entre níveis comumente descritos na literatura com o LTI e o LPI, testes de correlação foram realizados. Como os índices são compostos por alguns dessas partículas tradicionais, correlações entre eles e suas partículas componentes existiriam, porém não seriam creditadas. A correlação observada entre o LTI e LDL (49%) e entre o LPI e LDL (56%) configura um vínculo que pode ser o caminho para a validação desses novos índices. É importante ressaltar que o LDL não faz parte de nenhuma das duas equações utilizadas para o cálculo do LTI e do LPI. Embora o grau das correlações não tenha sido elevado do ponto de vista matemático, estas não podem ser clinicamente desprezadas, haja vista as grandes diferenças que podem existir nos níveis lipídicos entre indivíduos, e até mesmo com relação ao gênero, como mencionado. Além disso, o caráter multiparamétrico na constituição do LTI e do LPI corrobora esse grau de correlação.

Os valores de LTI e LPI encontrados na população estudada podem contribuir para o estabelecimento dos valores de referência desses índices na população brasileira, dado que existem poucos estudos na literatura e nenhum, até o presente momento, com essa finalidade. A população jovem apresenta-se como um modelo na aquisição desses dados por configurar indivíduos supostamente saudáveis. No entanto, os valores desses índices não podem ainda ser utilizados como parâmetros indicativos de dislipidemias uma vez que, até o momento, não existem referências descritas na literatura, um dos motivos pelos quais este trabalho torna-se oportuno. Estudos adicionais envolvendo um maior número de pessoas são necessários para uma melhor descrição desses parâmetros, bem como a ocorrência de uma possível diferença entre gêneros.

Potencial Conflito de Interesses

Declaro não haver conflito de interesses pertinentes.

Fontes de Financiamento

O presente estudo foi financiado pela FUNARBE e CNPq.

Vinculação Acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Artigo recebido em 01/06/12, revisado em 21/11/12, aceito em 14/01/13

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  • Correspondência:

    Luciana Moreira Lima
    Av. PH Rolfs, s/n, Centro
    CEP 36570-000, Viçosa, MG - Brasil
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      22 Mar 2013
    • Data do Fascículo
      Abr 2013

    Histórico

    • Recebido
      01 Jun 2012
    • Aceito
      14 Jan 2012
    • Revisado
      21 Nov 2012
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