Acessibilidade / Reportar erro

Diretriz de Doença Coronária Estável

Grupos de Trabalho

Grupo 1 - Diagnóstico e Estratificação de Risco

Coordenador: João Fernando Monteiro Ferreira. Participantes: Antonio Carlos de Sousa, Antonio de Pádua Mansur, Brivaldo Markman, Bruno Caramelli, Claudio Meneghetti, Eduardo Nagib, Ibraim M. F. Pinto, Iran Castro, Jeane M. Tsutsui, Kerginaldo Torres, Raul Dias dos Santos, Romeu Meneghello.

Grupo 2 - Tratamento Clínico

Coordenador: Luis Henrique Gowdak. Participantes: Andrei Sposito, Caio de Brito Vianna, Cesar Cardoso de Oliveira, Denilson Campos de Albuquerque, Jamil Cherem Schneider, João Fernando Monteiro Ferreira, Luis Henrique W Gowdak, Marcelo Ferraz Sampaio, Otávio Rizzi Coelho, Sergio Tavares Montenegro.

Grupo 3 - Tratamento com Medidas Invasivas

Coordenador: Dikran Armaganijan. Participantes: Áurea J. Chaves, Edson Stefanini, Jamil Abdalla Saad, José Klauber Roger Carneiro, Leopoldo Soares Piegas, Luis Alberto Dallan, Luiz Augusto F. Lisboa, Miguel Antonio Moretti, Neuza Helena Lopes, Pedro Lemos, Roberto Botelho, Rodolfo Staico, Vinicius Daher Vaz.

Declaração de potencial conflito de interesses dos autores/colaboradores da Diretriz de Doença Coronária Estável. Se nos últimos 3 anos o autor/colaborador das Diretrizes: Nomes Integrantes da Diretriz Participou de estudos clínicos e/ou experimentais subvencionados pela indústria farmacêutica ou de equipamentos relacionados à diretriz em questão Foi palestrante em eventos ou atividades patrocinadas pela indústria relacionados à diretriz em questão Foi (é) membro do conselho consultivo ou diretivo da indústria farmacêutica ou de equipamentos Participou de comitês normativos de estudos cientificos patrocinados pela indústria Recebeu auxílio pessoal ou institucional da indústria Elaborou textos cientificos em periódicos patrocinados pela indústria Tem ações da indústria Andrei Sposito Não Não Não Não Não Não Não Antônio Carlos Sobral Sousa Estudo SIGNIFY- Servier Não Não Não Não Não Não Antonio P. Mansur Não Não Não Não Não Não Não Áurea J. Chaves Não Não Não Não Não Não Não Brivaldo Markman Estudo SIGNIFY - Ivabradina Não Não Não Roche Não Não Bruno Caramelli Não Não Não Não Não Não Não Caio de Brito Vianna Não Não Não Não Não Não Não Carlos Eduardo Rochitte Não Não Não Não Não Não Não Cesar Cardoso de Oliveira Não Não Não Não Não Não Não Denilson Campos de Albuquerque Não Não Não Não Não Não Não Dikran Armaganijan AstraZeneca, Parexel Não Não Não Não Não Não Edson Stefanini Não Não Não Não Não Não Não Eduardo Nagib Gaui Não AstraZeneca, Daiichi Sanky Não Não AstraZeneca, Daiichi Sankyo, Bayer Não Não Ibraim Masciarelli Francisco Pinto Não Não Não Não Não Não Não Iran Castro Não Não Não Não Não Não Não Jamil Abdalla Saad Não Não Não Não Não Não Não Jamil Cherem Schneider Não Não Não Não Não Não Não Jeane Mike Tsutsui Não Não Não Não Não Não Não José Claudio Meneghetti Não Não Não Não Não Não Não José Klauber Roger Carneiro Não Não Não Não Não Não Não Kerginaldo Paulo Torres Não Não Não Não Não Não Não Leonardo Sara Não Não Não Não Não Não Não Leopoldo S. Piegas Não Não Não Sanofi Aventis, BMS, Boehringer Ingelheim Não Não Não Luis Alberto Oliveira Dallan Não Não Não Não Não Não Não Luís Henrique Wolff Gowdak Servier Servier Não Servier Não Servier, Eurofarma Não Luiz Antonio Machado Cesar Servier e Astra Zeneca Servier e Astra Zeneca Servier e Astra Zeneca Servier e Astra Zeneca Servier e Astra Zeneca Servier e Astra Zeneca Não Luiz Augusto Ferreira Lisboa Não Não Não Não Não Não Não Marcelo Ferraz Sampaio Não Não Não Não Não Não Não Miguel Antonio Moretti Clarify e Signify - Servier Não Não Não Não Não Não Neuza Helena Moreira Lopes Não Não Não Não Não Não Não Otávio Rizzi Coelho Servier Servier, Bayer, Astra Zeneca, Biolab, Pfizer Não Não Bayer e Biolab Não Não Pedro A. Lemos Scietch, Boston Scientific Biosensors Scietch, Medtronic, Boston Scientific Scietch, Boston Scientific Não Não Não Raul Dias dos Santos Filho Genzyme, Roche, Pfizer e Astra Zeneca Astra Zeneca, Biolab, Pfizer, Aegerion, Amgen, Bristol Myers Squibb, Boehringer Ingelheim, Novartis, Novo Nordisk , MSD, Genzyme Astra Zeneca, Bristol Myers Squibb, Boehringer Ingelheim, Novo Nordisk, Biolab, Unilever, Amgen, Aegerion, Sanofi/Regeneron, Pfizer Pfizer, Genzyme Genzyme, Biolab Novartis, MSD, Bristol Myers Squibb Não Roberto Vieira Botelho Abbott Vascular, Astra Zeneca, Sanofi Aventis,Novartis, Daiichi Sankyo, Elixir, CardioMed, The Medicines Company Não Não Não Não Não Não Rodolfo Staico Não Não Não Não Não Não Não Romeu Sergio Meneghello Não Não Não Não Não Não Não Sergio Tavares Montenegro Servier, Takeda, Boehringer Servier, Astra Zeneca Não Não Não Não Não Vincius Daher Vaz Não Não Não Não Não Não Não

Parte I - Diagnóstico e estratificação de risco

1. Introdução

Esta diretriz foi elaborada visando orientar todos os médicos, especialmente os cardiologistas, para o reconhecimento o mais precoce possível de adultos com risco elevado de doença coronariana, bem como destacar os sintomas mais comuns para sua identificação, principalmente os da doença aterosclerótica coronária (DAC).

A doença cardiovascular, incluindo uma de suas principais formas de apresentação, a doença arterial coronária, permanece com uma das principais doenças do século 21 por sua morbidade e mortalidade1Moran AE, Forouzanfar MH, Roth GA, Mensah GA, Ezzati M, Murray CJ, Naghavi M. Temporal trends in ischemic heart disease mortality in 21 world regions, 1980 to 2010: the global burden of disease 2010 study. Circulation. 2014;129(14):1483-92.. Com base na observação de estudos, estima-se a prevalência de angina em 12 a 14% dos homens, e em 10 a 12% das mulheres com idades entre 65 a 84 anos. Nos Estados Unidos, um a cada três adultos (em torno de 81 milhões de pessoas) tem alguma forma de doença cardiovascular, incluindo mais de 10 milhões de pessoas com angina pectoris2National Institutes of Health NH, Lung, and Blood Institute. 2012 NHLBI Morbidity and Mortality Chart Book on Cardiovascular, Lung, and Blood Diseases. Bethesda; 2012.,3Go AS, Mozaffarian D, Roger VL, Benjamin EJ, Berry JD, Borden WB, et al; American Heart Association Statistics Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Heart disease and stroke statistics--2013 update: a report from the American Heart Association. Circulation. 2013;127(1):e6-245. Erratum in: Circulation. 2013;127(23):e841..

No Brasil, dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) mostram que a causa cardiovascular corresponde a perto de 30% das causas de morte. Para ser ter uma ideia, ocorreram, no Brasil, mais de 80 mil internações apenas no mês de fevereiro de 2014 por doenças do sistema circulatório4Mansur AP, Favarato D. Mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil e na Região Metropolitana de São Paulo: atualização 2011. Arq Bras Cardiol. 2012;99(2):755-61..

Para fins de melhor entendimento, a diretriz está dividida em cinco partes: Diagnóstico, Estratificação de Risco, Tratamento Clínico e com Medidas Invasivas, e Situações Especiais. Os graus e níveis de evidência foram considerados conforme se segue.

Grau de recomendação:

  • Classe I: condições para as quais há evidências conclusivas e, na sua falta, consenso geral de que o procedimento é seguro e útil/eficaz;

  • Classe II: condições para as quais há evidências conflitantes e/ou divergência de opinião sobre segurança e utilidade/eficácia do procedimento;

  • Classe IIa: peso ou evidência/opinião a favor do procedimento. Aprovado pela maioria dos profissionais;

  • Classe IIb: segurança e utilidade/eficácia menos bem estabelecidas, não havendo predomínio de opiniões a favor do procedimento;

  • Classe III: condições para as quais há evidências e/ou consenso de que o procedimento não é útil/eficaz e, em alguns casos, pode ser prejudicial.

Nível de evidência:

  • Nível A: dados obtidos a partir de múltiplos estudos randomizados de bom porte, concordantes e/ou de meta-análise sistematizada robusta de estudos clínicos randomizados;

  • Nível B: dados obtidos a partir de meta-análise menos robusta, a partir de um único estudo randomizado ou de estudos não randomizados (observacionais);

  • Nível C: dados obtidos de opiniões consensuais de especialistas.

2. DIAGNÓSTICO

2.a. Diagnóstico de doença aterosclerótica coronariana subclínica

A identificação de indivíduos assintomáticos portadores de aterosclerose e, dessa forma, sob risco de eventos cardiovasculares agudos, como o infarto e morte, é fundamental para se instituírem medidas de tratamento e prevenção secundária.

A estimativa do risco de doença aterosclerótica pode ser avaliada pelo somatório do risco causado individualmente e pelo sinergismo dos reconhecidos fatores de risco para doença cardiovascular. Diante da complexidade dessas interações, a atribuição intuitiva do risco frequentemente resulta em subestimação ou superestimação dos casos de maior ou menor risco, respectivamente. Para contornar essa dificuldade, diversos algoritmos têm sido criados com base em análises de regressão de estudos populacionais, por meio dos quais a identificação do risco global é substancialmente aprimorada.

2.a.1. Diagnóstico em pacientes com sintomas

Já em pacientes com sintomas e fatores de risco, apesar de parecer prematuro predizer a probabilidade de DAC após a história clínica e o exame físico, alguns autores, como Diamond e Forrester5Diamond GA, Forrester JS. Analysis of probability as an aid the clinical diagnosis of coronary-artery disease. N Engl J Med. 1979;300(24):1350-8., demonstraram ser possível o diagnóstico. Combinando os dados de estudos angiográficos realizados entre as décadas de 1960 a 1970, nota-se que a simples observação clínica e a caracterização da dor, idade e sexo foram importantes preditores para DAC. Esses achados foram posteriormente confirmados em outros estudos, incluindo o CASS, ao ser demonstrado que a abordagem clínica inicial, com história, antecedentes e exame físico, foi preditora para DAC6Pryor DB, Shaw L, McCants CB, Lee KL, Mark DB, Harrell FE Jr, et al. Value of the history and physical in identifying patients at increased risk for coronary artery disease. Ann Intern Med. 1993;118(2):81-90.

Pryor DB, Harrell FE Jr, Lee KL, Califf RM, Rosati RA. Estimating the likelihood of significant coronary artery disease. Am J Med. 1983;75(5):771-80.

Sox HC Jr, Hickam DH, Marton KI, Moses L, Skeff KM, Sox CH, et al. Using the patient's history to estimate the probability of coronary artery disease: a comparison of primary care and referral practices. Am J Med. 1990;89(1):7-14. Erratum in Am J Med. 1990;89(4):550.
-9Chaitman BR, Bourassa MG, Davis K, Rogers WJ, Tyras DH, Berger R, et al. Angiographic prevalence of high-risk coronary artery disease in patient subsets (CASS). Circulation. 1981;64(2):360-7..

Dessa forma, recomenda-se que pacientes apresentando dor torácica sejam observados em sua história clínica, com levantamento detalhado dos sintomas, além do exame físico completo e pesquisa dos fatores de risco relacionados. De posse das informações, torna-se possível estimar a probabilidade de existir DAC significativa, podendo-se presumir um risco baixo, moderado ou alt. Grau de recomendação I, Nível de evidência B.

Baseado nas informações de Forrester e do estudo CASS é possível estimar a probabilidade da presença de DAC, considerando sintomas, sexo e idade, conforme descrito na tabela 15Diamond GA, Forrester JS. Analysis of probability as an aid the clinical diagnosis of coronary-artery disease. N Engl J Med. 1979;300(24):1350-8.,9Chaitman BR, Bourassa MG, Davis K, Rogers WJ, Tyras DH, Berger R, et al. Angiographic prevalence of high-risk coronary artery disease in patient subsets (CASS). Circulation. 1981;64(2):360-7..

Tabela 1
Probabilidade de doença aterosclerótica coronariana pré-teste em pacientes sintomáticos, de acordo com idade e sexo (Diamond/Forrester e CASS Data)

Para a avaliação do risco cardiovascular, adotam-se as diretrizes brasileiras de prevenção de aterosclerose e a V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, que preconizam a avaliação do risco de doença aterosclerótica,1010 Simão AF, Précoma DB, Andrade JP, Correa Filho H, Saraiva JF, Oliveira GM, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz brasileira de prevenção cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013;101(6 supl. 2):1-63.,1111 Xavier HT, Izar MC, Faria Neto JR, Assad MH, Rocha VZ, Sposito AC, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2013;101(4 supl. 1):1-36. dividindo a avaliação do risco em três fases, abaixo definidas e que podem ser consultadas nas diretrizes citadas acima:

  • Fase 1: presença de doença aterosclerótica significativa ou de seus equivalentes;

  • Fase 2: aplicação de escore de risco;

  • Fase 3: identificação de fatores agravantes.

Vale ressaltar que a utilização de testes diagnósticos bioquímicos e/ou de exames de imagem para detecção da aterosclerose subclínica não são preconizados como ferramentas de rotina na estratificação de risco, mas podem ser incorporados de forma individualizada em indivíduos que apresentem história familiar de doença aterosclerótica precoce ou que sejam considerados como de risco intermediário, segundo a estimação do risco (Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B). Quanto ao Espessamento Médio-Intimal das (EMI) carótidas, sua utilização é muito controversa, sendo classe IIb pela nossa diretriz de aterosclerose, pois as evidências não são claras quanto à sua capacidade de prever doença, não sendo mais indicado pelas diretrizes da American College of Cardiology/American Heart Association (ACC/AHA).

2.b. Diagnóstico de doença aterosclerótica coronária manifesta

Para a atualização dos achados de pesquisa relativos à angina, convém retomar alguns aspectos relativos à avaliação clínica dos pacientes com dor torácica, indicando condições associadas, provocadores e fatores de alívio, e enumerando os diferentes testes não invasivos utilizados para diagnóstico e estratificação de risco.

2.b.1. História, exame físico, diagnóstico diferencial

2.b.1.1. Definição de angina

A angina é uma síndrome clínica caracterizada por dor ou desconforto em quaisquer das seguintes regiões: tórax, epigástrio, mandíbula, ombro, dorso ou membros superiores. É tipicamente desencadeada ou agravada com a atividade física ou estresse emocional, e atenuada com uso de nitroglicerina e derivados. A angina usualmente acomete portadores de DAC com comprometimento de, pelo menos, uma artéria epicárdica. Entretanto, pode também ocorrer em casos de doença cardíaca valvar, cardiomiopatia hipertrófica e hipertensão não controlada. Pacientes com coronárias normais e isquemia miocárdica relacionada ao espasmo ou disfunção endotelial também podem apresentar angina. Em relação a esse assunto, alterações da microcirculação, tais como aquelas que ocorrem na hipertrofia ventricular esquerda e na síndrome X, podem também levar à insuficiência coronariana. A observação, principalmente em mulheres que têm angina mas que não apresentam obstruções à angiografia coronária, há anos chama a atenção e é denominada de síndrome X. O fato é que, mesmo sem obstruções nas artérias, estas têm comportamento inadequado para o fluxo, tanto as epicárdicas quanto a microcirculação, o que é suficiente para provocar isquemia miocárdica. Isso pode ser verificado por meio da eletrocardiografia de esforço ou pela Cintigrafia de Perfusão Miocárdica (CPM). Essa síndrome é interpretada como uma doença da microcirculação coronária, devido a uma disfunção endotelial ou a alterações do tônus vascular, resultando em uma redução da oferta de oxigênio no nível celular. Recentemente, foi mostrado que muitas das pessoas com essa síndrome, em verdade, têm placas ateroscleróticas em vários segmentos sem obstrução coronária - na verdade, em até 55 a 60% das vezes, quando avaliadas por Ultrassom Intravascular (USIV) coronário1212 Jones E, Eteiba W, Merz NB. Cardiac syndrome X and microvascular coronary dysfunction. Trends Cardiovasc Med. 2012;22(6):161-8.. Considera-se que há, sem dúvida, modificações na reatividade vascular,1313 Egashira K, Inou T, Hirooka Y, Yamada A, Urabe Y, Takeshita A. Evidence of impaired endothelium-dependent coronary vasodilatation in patients with angina pectoris and normal coronary angiograms. N Engl J Med. 1993;328(23):1659-64.,1414 Camici PG, Crea F. Coronary microvascular dysfunction. N Engl J Med. 2007;356(8):830-40. as quais justificam essas alterações, levando à isquemia miocárdica, especialmente em mulheres, como demonstrado no estudo WISE1515 Pepine CJ, Anderson RD, Sharaf BL, Reis SE, Smith KM, Handberg EM, et al. Coronary microvascular reactivity to adenosine predicts adverse outcome in womenevaluated for suspected ischemia: results from the National Heart, Lung and Blood Institute WISE (Women's Ischemia Syndrome Evaluation) study. J Am Coll Cardiol. 2010;55(25):2825-32.. Além disso, esse mesmo estudo revelou que, mesmo na ausência de obstruções, a alteração da reatividade coronária, nessas mulheres, foi fator de futuro evento coronário, em que pese não ter se afastado a possibilidade de aterosclerose nos vasos epicárdicos na ausência de obstruções. Outra situação similar é a ocorrência do fluxo coronário lento1616 Wang X, Nie SP The coronary slow flow phenomenon: characteristics, mechanisms and implications. Cardiovasc Diagn Ther. 2011;1(1):37-43.. Anomalias anatômicas também podem levar à insuficiência coronariana, como, por exemplo, as origens anômalas das artérias coronárias. A redução do fluxo coronário pode também ocorrer na presença de alterações do tônus vascular, denominado de espasmos na artéria coronária. Essas alterações, no tônus vascular, podem variar o grau de obstrução da luz do vaso e, inclusive, levar (ou precipitar) à oclusão da coronária e, portanto, um quadro clínico de infarto do miocárdio - principalmente porque essas alterações ocorrem em pacientes com lesões ateroscleróticas moderadas ou importantes. Quando ocorrem também alterações eletrocardiográficas, denominamos esse quadro clínico de angina de Prinzmetal. Porém, em um número pequeno de pacientes, observamos coronárias angiograficamente normais. Além dela, há várias situações de dor torácica, ou sintomas manifestados nas regiões habituais de sua manifestação, que possuem outros diagnósticos, como alterações relacionadas ao esôfago, estômago, pulmão, mediastino, pleura e parede torácica. Uma vez excluídas possíveis causas cardíacas, as orientações para a condução desses pacientes estão fora da abrangência desta diretriz.

2.b.1.2. Avaliação clínica dos pacientes com dor torácica

a) História clínica: O exame clínico é um dos mais importantes passos para a avaliação do paciente com dor torácica, pois orienta o médico, com um alto grau de acurácia, a estimar a probabilidade de DAC significativa9Chaitman BR, Bourassa MG, Davis K, Rogers WJ, Tyras DH, Berger R, et al. Angiographic prevalence of high-risk coronary artery disease in patient subsets (CASS). Circulation. 1981;64(2):360-7., que é definida angiograficamente pela presença de estenose ≥ 70% do diâmetro, pelo menos um segmento de uma das artérias epicárdicas maiores, ou estenose ≥ 50% do diâmetro do Tronco da Coronária Esquerda (TCE). Apesar de lesões com menor grau de estenose causarem angina, estas têm um significado prognóstico menor8Sox HC Jr, Hickam DH, Marton KI, Moses L, Skeff KM, Sox CH, et al. Using the patient's history to estimate the probability of coronary artery disease: a comparison of primary care and referral practices. Am J Med. 1990;89(1):7-14. Erratum in Am J Med. 1990;89(4):550.. Uma história clínica, com detalhada descrição dos sintomas, possibilita aos médicos uma caracterização adequada da dor torácica. Algumas características dos sintomas devem ser cuidadosamente indagadas, com a finalidade de orientar a probabilidade da presença de angina:

  • qualidade: constritiva, aperto, peso, opressão, desconforto, queimação e pontada;

  • localização: precordial, retroesternal, ombro, epigástrio, cervical, hemitórax e dorso;

  • irradiação: membros superiores (direito, esquerdo ou ambos), ombro, mandíbula, pescoço, dorso e região epigástrica;

  • duração: segundos, minutos, horas e dias;

  • fatores desencadeantes: esforço físico, atividade sexual, posição, alimentação, respiração, componente emocional e espontânea;

  • fatores de alívio: repouso, nitrato sublingual, analgésico, alimentação, antiácido, posição e apneia;

  • sintomas associados: sudorese, náusea, vômito, palidez, dispneia, hemoptise, tosse, pré-síncope e síncope.

Vários são os adjetivos utilizados pelos pacientes na descrição da angina: "sufocamento", "queimação", "opressão", "peso" são alguns deles. Não é raro eles referirem apenas o sintoma de "desconforto" e não de "dor" pré-cordial. Quase nunca a angina é referida como empontada e, usualmente, não tem relação com a respiração e nem com o decúbito. Tipicamente o episódio de angina dura alguns minutos; normalmente, é precipitada por exercício físico ou estresse emocional, com frequente melhora ou alívio ao repouso. O uso de compostos de nitroglicerina, como o nitrato sublingual, alivia a angina em aproximadamente 1 minuto. Um desconforto repentino, fugaz, ou então contínuo, com duração de várias horas, raramente se trata de angina. A angina usualmente incide sobre a região retroesternal, tendo irradiação para o pescoço, mandíbula, epigástrio ou membros superiores. Dor localizada nas regiões das articulações condroesternais dificilmente tem origem cardíaca.

Diversas classificações já foram propostas e a mais utilizada é a que divide a dor torácica em três grupos: típica, atípica e não cardíaca1717 Diamond GA. A clinically relevant classification of chest discomfort. J Am Coll Cardiol. 1983;1(2 Pt 1):574-5. (Quadro 1). Pode ser classificada conforme sua severidade (Quadro 2). A angina é também classificada como estável e instável. É importante identificar a angina instável, pois está muito relacionada com o evento coronariano agudo. A angina instável pode ser divida em três grupos, conforme certas características clínicas: em repouso, de aparecimento recente e em crescendo (Quadro 3).

Quadro 1
Classificação clinica da dor torácica
Quadro 2
Graduação da angina de peito, segundo a Sociedade Canadense Cardiovascular
Quadro 3
Angina instável: três principais apresentações

b) Exame físico: O exame físico é usualmente normal nos pacientes com angina estável1818 Gibbons RJ, Abrams J, Chatterjee K, Daley J, Deedwania PC, Douglas JS, et al; American College of Cardiology; American Heart Association Task Force on practice guidelines (Committee on the Management of Patients With Chronic Stable Angina). ACC/AHA 2002 guideline update for the management of patients with chronic stable angina-summary article: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on practice guidelines (Committee on the Management of Patients With Chronic Stable Angina). J Am Coll Cardiol. 2003;41(1):159-68.. Entretanto, durante o episódio anginoso, pode fornecer indícios valiosos a respeito da existência ou não de DAC. Quando é possível realizar o exame físico do paciente na vigência de dor, Terceira Bulha (B3), Quarta Bulha (B4) ou galope, sopro de regurgitação mitral, desdobramento paradoxal de Segunda Bulha (B2) e estertoração pulmonar bibasal indicam achados sugestivos e preditores de DAC1919 Levine HJ. Difficult problems in the diagnosis of chest pain. Am Heart J. 1980;100(1):108-18.,2020 Chatterjee K. Recognition and management of patients with stable angina pectoris. In: Goldman L, Braunwald E. (editors). Primary cardiology. Philadelphia: WB Saunders; 1998. p. 234-56.. Achados de aterosclerose em outros territórios, como pulsos de membros inferiores diminuídos, endurecimento arterial e aneurisma abdominal, aumentam a probabilidade de DAC. Outros achados, como pressão arterial elevada, xantomas e exsudatos retinianos, apontam para a presença de fatores de risco da DAC. Hipofonese das bulhas cardíacas, assim como rubor facial, pode indicar doenças do pericárdio e/ou pleura contígua ao coração. Mesmo que o exame físico não contribua para evidenciar sinais diretos e indiretos de DAC, a propedêutica completa, em particular a do sistema cardiovascular, deve ser realizada cuidadosamente, pois pode fornecer informações importantes sobre outras condições associadas, como doenças valvares, cardiomiopatia hipertrófica e outras. A palpação da parede torácica frequentemente revela os locais da dor nos pacientes com síndromes músculo-esqueléticas, mas pode também estar presente naqueles pacientes com angina típica.

2.b.1.3. Diagnóstico diferencial da dor torácica: condições associadas, provocadores e fatores de alívio da angina

Em todos os pacientes, especialmente naqueles com angina típica, devem ser consideradas as doenças associadas (simultâneas) que possam precipitar angina "funcional", isto é, isquemia miocárdica na ausência de obstrução coronariana anatômica significante. Geralmente, são doenças que causam isquemia miocárdica, por aumentarem o consumo ou por diminuírem a oferta de oxigênio para o miocárdio (Quadro 4)1818 Gibbons RJ, Abrams J, Chatterjee K, Daley J, Deedwania PC, Douglas JS, et al; American College of Cardiology; American Heart Association Task Force on practice guidelines (Committee on the Management of Patients With Chronic Stable Angina). ACC/AHA 2002 guideline update for the management of patients with chronic stable angina-summary article: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on practice guidelines (Committee on the Management of Patients With Chronic Stable Angina). J Am Coll Cardiol. 2003;41(1):159-68.,2121 Mehta S, Granton J, Gordon AC, Cook DJ, Lapinsky S, Newton G, et al; Vasopressin and Septic Shock Trial (VASST) Investigators. Cardiac ischemia in patients with septic shock randomized to vasopressin or norepinephrine. Crit Care. 2013;17(3):R117.. Um aumento no consumo de oxigênio pode ser produzido por hipertermia, hipertireoidismo e uso de cocaína. Hipertermia, particularmente se acompanhada de redução de volemia, devido à sudorese ou a outras perdas de fluidos, pode precipitar angina, mesmo na ausência de DAC significante. Hipertireoidismo, com sua taquicardia associada e índice metabólico elevado, aumenta o consumo de oxigênio e pode também reduzir a sua oferta. É importante citar que pacientes idosos podem não apresentar um quadro clínico típico de tireotoxicose. Assim, essa possibilidade deve sempre ser considerada, particularmente em idosos. Toxidade simpatomimética, da qual a cocaína é protótipo, não apenas aumenta o consumo de oxigênio, mas, ao provocar espasmos coronarianos, simultaneamente, reduz a oferta, levando, por vezes, a infarto do miocárdio em pacientes jovens. Uso de cocaína por longo prazo pode levar ao desenvolvimento de angina, por causar DAC prematura2222 McCord J, Jneid H, Hollander JE, de Lemos JA, Cercek B, Hsue P, et al; American Heart Association Acute Cardiac Care Committee of the Council on Clinical Cardiology. Management of cocaine-associated chest pain and myocardial infarction: a scientific statement from the American Heart Association Acute Cardiac Care Committee of the Council on Clinical Cardiology. Circulation. 2008;117(14):1897-907.. Angina pode ocorrer em pacientes com hipertensão não controlada, devido a: aumento da tensão da parede ventricular esquerda, redução da reserva coronariana (capacidade de elevação de fluxo coronário, considerando-se estresses fisiológicos ou farmacológicos) e elevação da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo - Essa última reduz a perfusão subendocárdica do miocárdio. Esses mesmos mecanismos contribuem para os sintomas anginosos nos pacientes com estenose valvar aórtica e na cardiomiopatia hipertrófica. Taquicardia sustentada, tanto ventricular quanto supraventricular, pode também aumentar o consumo de oxigênio. Taquicardias paroxísticas estão entre as condições que mais frequentemente contribuem para angina. Geralmente são difíceis de diagnosticar. Condições que reduzem a oferta de oxigênio devem também ser consideradas no diagnóstico diferencial ou de doenças agravantes em pacientes com angina. A anemia reduz a capacidade de transporte de oxigênio do sangue, além de aumentar a sobrecarga cardíaca. Débito cardíaco aumentado geralmente ocorre em anemias com níveis < 9 g/dL de hemoglobina, e alterações de ST-T (depressão ou inversão) podem ocorrer quando a hemoglobina < 7 g/dL. Hipoxemia resultante de doença pulmonar com pneumonia, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, hipertensão pulmonar, fibrose intersticial ou apneia do sono obstrutiva, pode também precipitar angina. Apneia do sono obstrutiva deve ser seriamente considerada em pacientes que apresentam sintomas noturnos expressivos.

Quadro 4
Condições que podem provocar ou exacerbar isquemia por consumo aumentado ou oferta diminuida de oxigênio

Condições associadas à elevada viscosidade sanguínea podem aumentar a resistência coronariana e, assim, reduzir o fluxo sanguíneo arterial coronariano, precipitando angina em pacientes com estenoses coronarianas importantes. Viscosidade aumentada é vista em condições como policitemia, leucemia, trombocitose e hipergamaglobulinemia. Além desses diagnósticos, existem outros, que devem estar em mente, no momento em que se realiza a história, pois podem ser a causa dos sintomas referidos pelo paciente. Para diferenciá-los, é necessário conhecer todas essas possibilidades (Quadro 5) e saber quais dessas circunstâncias pode diferir da angina.

Quadro 5
Diagnósticos diferenciais em pacientes com dor torácica

2.b.2. Testes não invasivos

A avaliação inicial dos pacientes com dor torácica ou angina inclui história clínica detalhada, exame físico para descartar causas não cardíacas para a dor torácica, realização de testes e procedimentos úteis para o diagnóstico e avaliação da gravidade da DAC.

Os testes adicionais na angina estável são baseados na probabilidade de DAC significativa, sendo tal probabilidade decorrente do tipo de dor, do sexo, da comorbidade e da idade do paciente6Pryor DB, Shaw L, McCants CB, Lee KL, Mark DB, Harrell FE Jr, et al. Value of the history and physical in identifying patients at increased risk for coronary artery disease. Ann Intern Med. 1993;118(2):81-90.

Pryor DB, Harrell FE Jr, Lee KL, Califf RM, Rosati RA. Estimating the likelihood of significant coronary artery disease. Am J Med. 1983;75(5):771-80.

Sox HC Jr, Hickam DH, Marton KI, Moses L, Skeff KM, Sox CH, et al. Using the patient's history to estimate the probability of coronary artery disease: a comparison of primary care and referral practices. Am J Med. 1990;89(1):7-14. Erratum in Am J Med. 1990;89(4):550.
-9Chaitman BR, Bourassa MG, Davis K, Rogers WJ, Tyras DH, Berger R, et al. Angiographic prevalence of high-risk coronary artery disease in patient subsets (CASS). Circulation. 1981;64(2):360-7.. Fatores como tabagismo (mínimo de meio maço ao dia por 5 anos ou 25 maços ao ano), colesterol total (> 250 mg/dL) e glicemia de jejum (> 140 mg/dL) aumentam também a chance de DAC. Outros fatores, como história familiar e hipertensão, não são fortemente preditivos. Após a probabilidade ter sido estimada, ela é categorizada como baixa, intermediária e alta, de acordo com valores estabelecidos: 10 a 90% nos casos intermediários, < 10% nos casos de baixa probabilidade e > 90% nos casos de alta probabilidade1010 Simão AF, Précoma DB, Andrade JP, Correa Filho H, Saraiva JF, Oliveira GM, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz brasileira de prevenção cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013;101(6 supl. 2):1-63.,1111 Xavier HT, Izar MC, Faria Neto JR, Assad MH, Rocha VZ, Sposito AC, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2013;101(4 supl. 1):1-36.. Nos pacientes com baixa probabilidade de DAC, testes adicionais baseiam-se na pesquisa de causas não cardíacas para a dor torácica. Nos casos de alta probabilidade, deve-se seguir com a investigação diagnóstica, para determinar o risco individual de o paciente ter um evento cardíaco, como o infarto do miocárdio fatal ou não fatal, ou seja, a estratificação do risco cardíaco. Por fim, nos casos de probabilidade intermediária, fazem-se necessários os métodos subsequentes, tanto para o diagnóstico da DAC quanto para a estratificação do risco.

Dentre os testes adicionais, encontra-se uma variedade de métodos hoje disponíveis, como Eletrocardiograma (ECG) de esforço, ecocardiograma com estresse, cintilografia miocárdica com estresse, tomografia e Ressonância Magnética Cardiovascular (RMC) e Cineangiocoronariografia (CATE). A escolha de cada um desses métodos deve se basear em dados do paciente, como, por exemplo, o condicionamento físico e a tolerabilidade ao esforço; achados no ECG de repouso, como o bloqueio de ramo, marca-passo definitivo, alterações de repolarização, entre outros; história prévia de doença coronariana, como infarto do miocárdio ou revascularização; preferência e ocupação do paciente, como profissões em que há necessidade do diagnóstico preciso pelo risco a outras pessoas ou ausência de socorro médico, caso haja um eventual Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Como a mortalidade geral de pacientes com angina estável está entre 1,2 a 2,4% ao ano2323 Clayton TC, Lubsen J, Pocock SJ, Vokó Z, Kirwan BA, Fox KA, et al. Risk score for predicting death, myocardial infarction, and stroke in patients with stable angina, based on a large randomised trial cohort of patients. BMJ. 2005;331(7521):869.

24 Poole-Wilson PA, Voko Z, Kirwan BA, de Brouwer S, Dunselman PH, Lubsen J; ACTION investigators. Clinical course of isolated stable angina due to coronary heart disease. Eur Heart J. 2007;28(16):1928-35.
-2525 Steg PG, Greenlaw N, Tardif JC, Tendera M, Ford I, Kaab S, et al. Women and men with stable coronary artery disease have similar clinical outcomes: insights from the international prospective CLARIFY registry. Eur Heart J. 2012;33(22):2831-40., seria inadequado um método diagnóstico que oferecesse uma incidência maior de complicações e morte.

2.b.2.1. Eletrocardiograma

O ECG tem utilidade limitada na DAC crônica, já que alterações da repolarização não implicam obrigatoriamente em DAC, além de poderem estar relacionadas a outras causas (sobrecarga ventricular esquerda, distúrbios eletrolíticos, Bloqueio do Ramo Esquerdo (BRE), onda T cerebral, entre outras). Por isso, associado a essa limitação, o ECG normal não exclui a presença de obstrução coronariana. Entretanto, o ECG apresenta importância diagnóstica: (1) as alterações indicativas da presença de área sinativas prévias (ondas QS ou Qr, acompanhadas de ondas T negativas nas derivações que exploram a necrose) permitem o diagnóstico de DAC; (2) as alterações da repolarização ventricular são sugestivas de isquemia subepicárdica (onda T negativa, pontiaguda e simétrica), em determinada área (conforme a derivação exploradora/parede miocárdica): anterosseptal (VI,V2, V3, V4), anterolateral (V4, V5, V6, DI e A VL), lateral alta (DI e A VL), anterior extensa (VI a V6 em DI e A VL), inferior (D2, D3 e A VF) e dorsal (V7 e V8 com imagem recíproca em VI, V2 e V3); (3) as alterações da repolarização ventricular são sugestivas de isquemia subendocárdica (onda T positiva, pontiaguda e simétrica) em determinada área (anterosseptal, anterolateral, lateral alta, anterior extensa, inferior e dorsal); (4) as alterações da repolarização ventricular são sugestivas de lesão subendocárdica (infradesnivelamento do ponto J e do segmento ST, com concavidade superior desse segmento nas derivações que exploram a lesão) em determinada área (antero-septal, anterolateral, lateral alta, anterior extensa, inferior e dorsal).

Assim, o ECG é indicado nos pacientes com suspeita de causa cardíaca para dor torácica (Grau de recomendação I, Nível de evidência B); durante um episódio de dor torácica (Grau de recomendação I, Nível de evidência B).

2.b.2.2. Radiografia de tórax

A radiografia de tórax normalmente representa a primeira modalidade de imagem realizada nos pacientes com dor torácica, com a principal finalidade do diagnóstico diferencial com a angina, e pode ser diagnosticada nos pacientes com pneumotórax, pneumomediastino, fraturas de costela e infecções agudas. Outras condições que produzem dor torácica aguda com etiologia não cardiogênica, como o aneurisma de aorta, as dissecções da aorta e o tromboembolismo pulmonar, podem ser suspeitados pela telerradiografia de Tórax (Rx), entretanto a sensibilidade do método para diagnóstico dessas situações é muito baixa. Dessa forma, o Rx é indicado nas seguintes situações: pacientes com DAC e sinais ou sintomas de insuficiência cardíaca congestiva (Grau de recomendação I, Nível de evidência B); pacientes com sinais e sintomas de doença pulmonar (Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B); outros pacientes (Grau de recomendação IIb, nível de evidência B).

2.b.2.3. Teste ergométrico

O Teste Ergométrico (TE) é o método não invasivo utilizado com maior frequência na angina estável, visando especialmente à confirmação diagnóstica, à determinação prognóstica e à definição de conduta terapêutica. Para interpretação do TE, devem ser consideradas as respostas clínicas relacionadas aos sintomas e à capacidade funcional, as eletrocardiográficas e as hemodinâmicas. As variáveis mais preditivas relacionadas ao diagnóstico de obstrução coronariana são depressão do segmento ST ≥ 1 mm (medido a 0,80 segundo do ponto J), com configuração horizontal ou descendente, e a presença da dor anginosa. Para o diagnóstico de isquemia miocárdica, os resultados dos testes devem ser relacionados com a probabilidade pré-teste de DAC. Em pacientes já revascularizados, especialmente aqueles que apresentam ECG com alterações basais do segmento ST, devem-se levar em consideração, durante o teste, as respostas hemodinâmicas, clínicas e a capacidade funcional. É recomendável, nesses pacientes preferir testes de imagem (cintilografia, eco ou ressonância cardíaca de estresse), para detectar a presença e o local da isquemia residual. Recentemente, têm sido utilizados novos critérios de análise, como a dispersão do QT, para diagnóstico de isquemia residual após revascularizações, com grande melhora da sensibilidade e especificidade do TE nesse grupo especial2626 Meneghello RS, Araujo CG, Stein R, Mastrocolla LE, Albuquerque PF, Serra SM, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre teste ergométrico. Arq Bras Cardiol. 2010;95(5 supl 1):1-26..

Utilização do teste ergométrico para diagnóstico de obstrução coronariana

Grau de recomendação I, Nível de evidência B

Pacientes com probabilidade intermediária pré-teste de ter obstrução coronariana com base em idade, sexo e sintomas, incluindo aqueles com bloqueio do ramo direito ou depressão < 1 mm do segmento ST no ECG.

Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B

  1. Pacientes com suspeita de angina vasoespática.

  2. Pacientes após realização de coronariografia para tomada de decisão em lesões intermediárias.

  3. Avaliação de indivíduos assintomáticos com mais de dois fatores de risco.

Grau de recomendação IIb, Nível de evidência B

  1. Pacientes com alta ou baixa probabilidade pré-teste de ter obstrução da coronária, com base em idade, sexo e sintomas.

  2. Avaliação de risco em cirurgia não cardíaca em pacienets de baixo risco cardiovascular.

Grau de recomendação III

Pacientes com anormalidades do ECG basal: síndrome de pré-excitação ou de Wolff-Parkinson-White (WPW), ritmo de marca-passo, depressão do segmento ST > 1 mm no repouso e bloqueio completo de ramo esquerdo.

2.b.2.4. Ecocardiografia

A ecocardiografia constitui importante subsídio, tanto para a elucidação diagnóstica como para a avaliação do prognóstico, em pacientes com doença arterial coronária crônica2727 Armstrong WF, Pellikka PA, Ryan T, Crouse L, Zogbi WA. Stress echocardiography: recommendations for performance and interpretation of stress echocardiography. Stress Echocardiography Task Force of the Nomenclature and Standards Committee of the American Society of Echocardiography. J Am Soc Echocardiogr. 1998;11(1):97-104.,2828 Barbosa MM, Nunes MC, Campos Filho O, Camarozano A, Rabischoffsky A, Maciel BC, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes das indicações da ecocardiografia. Arq Bras Cardiol. 2009;93(6 supl. 3):e265-302.. O ecocardiograma pode fornecer auxílio diagnóstico importante, especialmente quando a história clínica e o ECG não são conclusivos, ao demonstrar anormalidades, reversíveis ou não, da motilidade segmentar em pacientes com quadro clínico de DAC. Como a ecocardiografia possibilita a avaliação em tempo real da motilidade ventricular esquerda, técnicas que utilizam estresse pelo esforço físico ou farmacológico, seja ele inotrópico ou vasodilatador, permitem a documentação da extensão e da gravidade das alterações transitórias da motilidade ventricular esquerda. A ecocardiografia com contraste ultrassônico à base de microbolhas representa um avanço no diagnóstico desses pacientes. Essas microbolhas medem aproximadamente de 3µ e se comportam no sangue como hemácias, sendo capazes de mapear toda a perfusão tecidual por meio de ultrassonografia. Elas preenchem a cavidade ventricular esquerda, permitindo precisa avaliação de alterações da motilidade segmentar e, após preencherem a microcirculação coronariana, permitem a avaliação do fluxo sanguíneo intramiocárdico, ou seja, da perfusão miocárdica2929 McCully RB, Roger VL, Mahoney DW, Karon BL, Oh JK, Miller FA, et al. Outcome after normal exercise echocardiography and predictors of subsequent cardiac events: follow-up of 1. 325 patients. J Am Coll Cardiol. 1998;31(1):144-9.

30 La Canna G, Alfieri O, Giubbini R, Gargano M, Ferrari R, Visioli O. Echocardiography during infusion of dobutamine for identification of reversible dysfunction in patients with chronic coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1994;23(3):617-26.
-3131 Mathias W Jr, Arruda AL, Andrade JL, Campos O, Porter TR. Endocardial border delineation during dobutamine infusion through use of contrast echocardiography. Echocardiography. 2002;19(2):109-14..

a) Papel da ecocardiografia transtorácica no diagnóstico de doença aterosclerótica coronariana e suas complicações: a ecocardiografia transtorácica é um excelente método de triagem em pacientes com DAC durante eventos agudos, pois as alterações da motilidade segmentar ocorrem segundos após a oclusão coronariana e são marcadores fidedignos de infarto antigo do miocárdio. Apesar de as alterações da motilidade segmentar poderem significar isquemia ou infarto antigo, ao invés de agudo, elas auxiliam a afastar outras causas de dor precordial, como dissecção de aorta, pericardite e embolia pulmonar maciça (Quadro 6). No paciente estável, a informação anatômica é útil, mas não necessária, na rotina de todos os casos. A ecocardiografia em repouso fornece uma série de informações sobre a função ventricular esquerda, como a viabilidade miocárdica, com importantes implicações terapêuticas e prognósticas após o IAM. O escore de motilidade parietal é obtido a partir da divisão ecocardiográfica do ventrículo esquerdo em 16 segmentos, aos quais são atribuídos valores de 1 a 4, de acordo com seu grau de motilidade. Esse dado é de grande auxílio para o estabelecimento do grau de disfunção ventricular esquerda, especialmente porque tem mais relação com a massa total envolvida no processo de injúria isquêmica do que a própria Fração de Ejeção (FE), a qual pode estar superestimada. Assim, o valor "1" identifica movimento contrátil normal. Subsequentemente, hipocinesia, acinesia e discinesia recebem outros valores. O Índice do Escore de Motilidadeventricular Esquerda (IEMVE) é criado pela soma dos escores dados aos 16 segmentos divididos por 16. Um escore entre 1 a 1,6 demonstra função ventricular normal ou com discreto comprometimento; de 1,61 a 2,0 indica comprometimento moderado; e se maior que 2,0 corresponde a comprometimento importante. O estudo ecocardiográfico completo, ou seja, com Doppler e com mapeamento de fluxo em cores, é fundamental na determinação de complicações como disfunção diastólica e presença de regurgitação mitral, comunicação interventricular, pericardites, aneurismas, e pseudoaneurismas. É metodologia de escolha no diagnóstico diferencial de doenças, como estenose aórtica, cardiomiopatia hipertrófica e prolapso de valva mitral2727 Armstrong WF, Pellikka PA, Ryan T, Crouse L, Zogbi WA. Stress echocardiography: recommendations for performance and interpretation of stress echocardiography. Stress Echocardiography Task Force of the Nomenclature and Standards Committee of the American Society of Echocardiography. J Am Soc Echocardiogr. 1998;11(1):97-104.

28 Barbosa MM, Nunes MC, Campos Filho O, Camarozano A, Rabischoffsky A, Maciel BC, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes das indicações da ecocardiografia. Arq Bras Cardiol. 2009;93(6 supl. 3):e265-302.

29 McCully RB, Roger VL, Mahoney DW, Karon BL, Oh JK, Miller FA, et al. Outcome after normal exercise echocardiography and predictors of subsequent cardiac events: follow-up of 1. 325 patients. J Am Coll Cardiol. 1998;31(1):144-9.
-3030 La Canna G, Alfieri O, Giubbini R, Gargano M, Ferrari R, Visioli O. Echocardiography during infusion of dobutamine for identification of reversible dysfunction in patients with chronic coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1994;23(3):617-26..

Quadro 6
Recomendações da utilização do ecocardiograma transtorácico para o diagnóstico de DAC

b) Uso da ecocardiografia sob estresse na doença aterosclerótica coronariana crônica: a ecocardiografia sob estresse é um método não invasivo, estabelecido para a avaliação de pacientes com DAC obstrutiva suspeita ou conhecida, para a determinação do diagnóstico e prognóstico, na avaliação do impacto de terapias de revascularização, na detecção de viabilidade miocárdica e no auxílio às decisões terapêuticas. O estresse cardiovascular causa isquemia miocárdica em regiões supridas por uma artéria com grau significativo de estenose, e esse fenômeno é manifestado por alteração transitória da contração segmentar. A ecocardiografia bidimensional permite a avaliação de todos os segmentos miocárdicos do ventrículo esquerdo com grande resolução espacial e temporal, tornando-se a ferramenta ideal para a avaliação não invasiva da isquemia miocárdica. Os métodos disponíveis para a indução do estresse são o esforço físico (esteira ou bicicleta ergométrica), a estimulação atrial transesofágica, e o uso de drogas vasodilatadoras (dipiridamol eadenosina) ou de estimulantes adrenérgicos (dobutamina). A ecocardiografia sob estresse apresenta boa acurácia para detecção de isquemia miocárdica induzida em pacientes com probabilidade pré-teste intermediária ou alta. Quando ser comparada ao TE, a ecocardiografia sob estresse tem maior sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de DAC. Enquanto a ecocardiografia pela dobutamina e pelo exercício apresentam acurácia diagnóstica semelhantes (83 e 85%, respectivamente), a ecocardiografia sob estresse pelo dipiridamol parece apresentar uma acurácia diagnóstica um pouco menor, e essa diferença pode ser atribuída a uma menor sensibilidade do dipiridamol na identificação de pacientes com doença uniarterial (38% para dipiridamol, 70% para exercício e 61% para dobutamina). A adição de atropina à ecocardiografia pela dobutamina aumenta a acurácia e diminui a porcentagem de testes ineficazes, especialmente em pacientes sob uso de betabloqueadores3131 Mathias W Jr, Arruda AL, Andrade JL, Campos O, Porter TR. Endocardial border delineation during dobutamine infusion through use of contrast echocardiography. Echocardiography. 2002;19(2):109-14.

32 Camarozano AC, Resende P, Siqueira-Filho AG, Weitzel LH, Noe R. The effects of beta-blockers on dubutamine-atropine stress echocardiography: early protocol versus standard protocol. Cardiovasc Ultrasound. 2006;4:30.

33 Dolan MS, Kamal R, El-Shafei A, Puri S, Tamirisa K, Bierig M, et al. Effect of intravenous contrast for left ventricular opacification and border definition on sensitivity and specificity of dobutamine stress echocardiography compared with coronary angiopraphy in technically difficult patients. Am Heart J. 2001;142(5):908-15.
-3434 Plana JC, Mikati IA, Dokainish H, Lakkis N, Abukhalil RT, Davis R, et al. A randomized cross-over study for evaluation of the effect of image optimization with contrast on the diagnostic accuracy of dobutamine echocardiography in coronary artery disease: the OPTIMIZE trial. JACC Cardiovasc Imaging. 2008;1(2):145-52..

c) Indicações gerais da ecocardiografia sob estresse: a escolha do tipo de estresse a que o paciente será submetido deve se basear no objetivo do exame e nas condições clínicas associadas, considerando-se as contraindicações específicas para cada modalidade3131 Mathias W Jr, Arruda AL, Andrade JL, Campos O, Porter TR. Endocardial border delineation during dobutamine infusion through use of contrast echocardiography. Echocardiography. 2002;19(2):109-14.

32 Camarozano AC, Resende P, Siqueira-Filho AG, Weitzel LH, Noe R. The effects of beta-blockers on dubutamine-atropine stress echocardiography: early protocol versus standard protocol. Cardiovasc Ultrasound. 2006;4:30.
-3333 Dolan MS, Kamal R, El-Shafei A, Puri S, Tamirisa K, Bierig M, et al. Effect of intravenous contrast for left ventricular opacification and border definition on sensitivity and specificity of dobutamine stress echocardiography compared with coronary angiopraphy in technically difficult patients. Am Heart J. 2001;142(5):908-15.. A ecocardiografia sob estresse é uma opção de indicação para avaliar isquemia miocárdica em indivíduos sintomáticos, quando o TE não é diagnóstico, e para pesquisar isquemia em pacientes com quadro clínico não sugestivo de insuficiência coronariana e TE positivo ou duvidoso. Naqueles pacientes com alta suspeição clínica de DAC, a ecocardiografia sob estresse é útil nas situações concomitantes, que podem gerar falhas no diagnóstico pelo TE, tais como: alterações em repouso do segmento ST e onda T, BRE, hipertrofia ventricular esquerda, ritmos ventriculares de marca-passo ou tratamento com digitálicos. Da mesma forma, a ecocardiografia sob estresse não é recomendada para avaliação inicial de pacientes assintomáticos sem DAC estabelecida. A ecocardiografia sob estresse pode ser de grande utilidade no manuseio clínico do paciente, mas não está indicada para avaliação periódica de rotina de pacientes estáveis que não apresentam mudança no quadro clínico.

d) Avaliação pré-operatória: de acordo com as recomendações da ACC/AHA e da European Association of Echocardiography (EACVI), a ecocardiografia sob estresse pela dobutamina tem se tornado um método de grande valia na estratificação de risco pré-operatória de pacientes com DAC3535 Sicari R, Nihoyannopoulos P, Evangelista A, Kasprzak J, Lancellotti P, Poldermans D, et al; European Association of Echocardiography. Stress echocardiography expert consensus statement. European Association of Echocardiography (EAE). Eur J Echocardiogr. 2008;9(4):415-37.,3636 Douglas PS, Khandheria B, Stainback RF, Weissman NJ, Peterson ED, Hendel RC, et al; American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force; American Society of Echocardiography; American College of Emergency Physicians; American Heart Association; American Society of Nuclear Cardiology; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Cardiovascular Computed Tomography; Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. ACCF/ASE/ACEP/AHA/ASNC/SCAI/SCCT/SCMR 2008 appropriateness criteria for stress echocardiography: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force, American Society of Echocardiography, American College of Emergency Physicians, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Cardiovascular Computed Tomography, and Society for Cardiovascular Magnetic Resonance: endorsed by the Heart Rhythm Society and the Society of Critical Care Medicine. Circulation. 2008;117(11):1478-97. (Quadro 7). A ecocardiografia sob estresse pela dobutamina é recomendada para avaliação de pacientes com um ou mais fatores clínicos de risco cardíaco e limitada capacidade física para se exercitar. Vários estudos demonstraram o valor da ecocardiografia pela dobutamina na estratificação de risco pré-operatória em pacientes submetidos à cirurgia vascular. Um exame normal apresenta alto Valor Preditivo Negativo (VPN - 93 a 100%) para eventos cardiovasculares, e os pacientes com teste negativo podem ser submetidos à cirurgias em outras investigações. A detecção de anormalidades de contração segmentar tem Valor Preditivo Positivo (VPP) que varia de 7 a 30%, que se assemelha àquele encontrado na cintilografia deperfusão com tálio3737 Poldermans D, Fioretti PM, Forster T, Thomson IR, Boersma E, el-Said EM, et al. Dobutamine stress echocardiography for the assessment of perioperative cardiac risk in patients undergoing major non-cardiac vascular surgery. Circulation. 1993;87(5):1506-12..

Quadro 7
Recomendações da utilização do ecocardiograma sob estresse na DAC crônica

2.b.2.5. Radioisótopos

A cardiologia nuclear avalia o coração enfocando os aspectos de perfusão miocárdica, integridade celular, metabolismo miocárdico, contratilidade miocárdica e função ventricular global ou segmentar. A dificuldade da disponibilização de equipamentos e radiotraçadores (tálio-201, tecnécio-99m, isonitrila e tetrofosmin, por exemplo) pode restringir a utilização em larga escala dos métodos nucleares.

Estudos de perfusão miocárdica têm importante espaço no diagnóstico da doença isquêmica, por usarem método não invasivo, virtualmente isentos de reações adversas ao radiotraçador, e de fácil aplicação aos pacientes. Com a técnica tomográfica - SPECT, sigla do inglês Single Photon Emission Computed Tomography - pode-se confirmar ou excluir doença arterial coronária com altos valores de sensibilidade e especificidade. Técnicas atuais de sincronização eletrocardiográfica e de quantificação regional, associadas ao estudo tomográfico, permitem objetivar informações concomitantes da perfusão miocárdica e da motilidade parietal e função global do Ventrículo Esquerdo (VE), aumentando, de forma significativa, o poder diagnóstico do método. Isto ocorre principalmente quando o estudo plano apresenta limitações, como nos casos de doença obstrutiva isolada de artéria Circunflexa (Cx) e em pacientes com lesões multiarteriais, de forma a elevar-se a sensibilidade acima de 90%3838 Ritchie JL, Bateman TM, Bonow RO, Crawford MH, Gibbons RJ, Hall RJ, et al. Guidelines for clinical use of cardiac radionuclide imaging. Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Assessment of Diagnostic and Therapeutic Cardiovascular Procedures (Committee on Radionuclide Imaging), developed in collaboration with the American Society of Nuclear Cardiology. J Am Coll Cardiol. 1995;25(2):521-47.,3939 Marcassa C, Bax JJ, Bengel F, Hesse B, Petersen CL, Reyes E, et al. Clinical value, cost effectiveness, and safety of myocardial perfusion scintigraphy: a position statement. Eur Heart J. 2008;29(4):557-63.. É preciso ressaltar que a análise da especificidade do método - usualmente relatada nos estudos entre 80 e 90%4040 Fleischmann K, Hunink M, Kuntz KM, Douglas PS. Exercise echocardiography or exercise SPECT imaging? A meta-analysis of diagnostic test performance. JAMA. 1998;280(10):913-20. - é afetada por subestimação decorrente de viés, pois a maioria dos pacientes com cintilografia de perfusão normal acaba não sendo referido para o exame padrão-ouro da coronariografia. Outro aspecto importante sobre a E, destacado em publicações recentes, relaciona-se a resultados falso-positivos da cintilografia: são defeitos reversíveis moderados, detectados em pacientes que não apresentam lesões obstrutivas acima de 70% na CATE. Em muitas dessas ocasiões, exames ultrassonográficos intracoronarianos documentam que mesmo lesões angiograficamente "não significativas" causam importantes alterações na capacidade de vasodilatação da circulação coronariana, sendo capazes de provocar isquemia e miocárdio em risco. Finalmente, especial atenção deve ser voltada para detecção de artefatos, principalmente com a técnica tomográfica, visando minimizar problemas com atenuações, movimentações4141 Verna E, Ceriani L, Giovanella L, Binaghi G, Garancini S. "False-positive" myocardial perfusion scintigraphy findings in patients with angiographically normal coronary arteries: insights from intravascular sonography studies. J Nucl Med. 2000;41(12):1935-40. e interferência de alças intestinais. Os índices numéricos de sensibilidade e especificidade são equivalentes para estudos cintilográficos, empregando traçadores marcados com 99mTc ou 201Tl. Pela menor dose, melhor qualidade das imagens e maior facilidade de manuseio, os estudos com agentes marcados por 99mTc estão indicados como primeira escolha para pesquisa de isquemia4242 Underwood SR, Shaw LJ, Anagnostopoulos C, Cerqueira M, Ell PJ, Flint J, et al. Myocardial perfusion scintigraphy and cost effectiveness of diagnosis and management of coronary heart disease. Heart. 2004;90 Suppl 5:v34-6.

43 Bateman TM, Heller GV, McGhie AI, Friedman JD, Case JA, Bryngelson JR, et al. Diagnostic accuracy of rest/ stress ECG-gated Rb-82 myocardial perfusion PET: comparison with ECG-gated Tc-99m sestamibi SPECT. J Nucl Cardiol. 2006;13(1):24-33.
-4444 Kajander S, Joutsiniemi E, Saraste M, Pietila M, Ukkonen H, Saraste A, et al. Cardiac positron emission tomography/ computed tomography imaging accurately detects anatomically and functionally significant coronary artery disease. Circulation. 2010;122(6):603-13.. O estudo com 201Tl, por estar associado a maior radiação, é menos utilizado, sendo indicado na pesquisa de isquemia concomitante a miocárdio viável. Novas câmaras SPECT reduziram significativamente radiação e o tempo de aquisição das imagens4545 Imbert L, Poussier S, Franken PR, Songy B, Verger A, Morel O, et al. Compared performance of high-sensitivity cameras dedicated to myocardial perfusion SPECT: a comprehensive analysis of phantom and human images. J Nucl Med. 2012;53(12):1897-903.. As indicações do us da cintigrafia estão indicadas no quadro 8 4646 Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American College of Cardiology Foundation; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; American College of Physicians; American Association for Thoracic Surgery; Preventive Cardiovascular Nurses Association; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Thoracic Surgeons. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2012;60(24):e44-164..

Quadro 8
Recomendações do uso da CPM para o diagnóstico de doença aterosclerótica coronariana DAC

2.b.2.6. Angiografia coronariana

As lesões coronarianas são significativas quando há obstrução de uma ou mais artérias epicárdicas, com, no mínimo, 70% de estenose e/ou TCE com, no mínimo, 50%, sendo tais obstruções avaliadas e mensuradas pela CATE, exame diagnóstico com baixas taxas de complicações4747 Wyman RM, Safian RD, Portway V, Skillman JJ, McKay RG, Baim DS. Current complications of diagnostic and therapeutic cardiac catheterization. J Am Coll Cardiol. 1988;12(6):1400-6..

Alguns pacientes devem ser submetidos ao estudo invasivo, por ser o método mais acurado para diagnóstico de lesões coronarianas obstrutivas e também, em casos incomuns, causas não ateroscleróticas para angina, como espasmo coronariano, anomalia coronariana, doença de Kawasaki e dissecção primária da coronária.

Porém, na maioria dos casos, os testes não invasivos são realizados primeiramente, como já foi exposto. A indicação, como método inicial para diagnóstico, pode ter um papel em casos especiais, como na dor torácica sugestiva de isquemia em que os testes não invasivos estão contraindicados ou há um improvável benefício, devido a doenças graves, inabilidade física para o método não invasivo ou características do paciente. Testes invasivos também têm uma razoável indicação em pacientes de alto risco para doença arterial coronária e com resultados dos testes não invasivos conflitantes ou não claramente diagnosticados, ou, ainda, naqueles pacientes com profissões de risco populacional, como, por exemplo, pilotos de aviões, bombeiros e atletas profissionais. Outros grupos necessitam de considerações especiais. Estudos recentes sugerem que mulheres com testes positivos, tanto no de esforço quanto no tálio, são menos referidas em outros testes não invasivos adicionais (4% vs. 20% para homens) e testes invasivos (34% vs. 45% para homens)4848 Ambrose JA, Tannenbaum MA, Alexopoulos D, Hjemdahl-Monsen CE, Leavy J, Weiss M, et al. Angiographic progression of coronary artery disease and the development of myocardial infarction. J Am Coll Cardiol. 1988;12(1):56-62.

49 Nakagomi A, Celermajer DS, Lumley T, Freedman SB. Angiographic severity of coronary narrowing is a surrogate marker for the extent of coronary atherosclerosis. Am J Cardiol. 1996;78(5):516-9.
-5050 Canto JG, Goldberg RJ, Hand MM, Bonow RO, Sopko G, Pepine CJ, et al. Symptom presentation of women with acute coronary syndromes. myth vs reality. Arch Intern Med. 2007;167(22):2405-13.. São incertas as causas dessas diferenças e como elas afetam o diagnóstico5151 Shaw LJ, Miller DD, Romeis JC, Kargl D, Younis LT, Chaitman BR. Gender differences in the noninvasive evaluation and management oh patients with suspected coronary artery disease. Ann Intern Med. 1994;120(7):559-66.,5252 Mark DB, Shaw LK, DeLong ER, Califf RM, Pryor DB. Absence of sex bias in thereferral of patients for cardiac catheterization. N Engl J Med. 1994;330(16):1101-6.. Adicionalmente, a avaliação da dor torácica, em pacientes idosos, pode ser difícil4848 Ambrose JA, Tannenbaum MA, Alexopoulos D, Hjemdahl-Monsen CE, Leavy J, Weiss M, et al. Angiographic progression of coronary artery disease and the development of myocardial infarction. J Am Coll Cardiol. 1988;12(1):56-62.,4949 Nakagomi A, Celermajer DS, Lumley T, Freedman SB. Angiographic severity of coronary narrowing is a surrogate marker for the extent of coronary atherosclerosis. Am J Cardiol. 1996;78(5):516-9.,5252 Mark DB, Shaw LK, DeLong ER, Califf RM, Pryor DB. Absence of sex bias in thereferral of patients for cardiac catheterization. N Engl J Med. 1994;330(16):1101-6.,5353 LaCroix AZ, Guralnik JM, Curb JD, Wallace RB, Osfeld AM, Hennekens CH. Chest pain and coronary heart disease mortality among older men and women in three communities. Circulation. 1990;81(2):437-46., porque relatos de dor torácica, cansaço e dispneia são comuns, bem como condições mórbidas que simulam angina, com menor valorização dos sintomas isquêmicos com a idade avançada. Uma frequência avançada de ECG de repouso anormal e a dificuldade de realização do esforço também complicam os resultados de testes não invasivos. Além disso, a alta prevalência da doença, nessa população, reduz o valor do resultado negativo em testes não invasivos. A CATE diagnóstica acrescenta pouco risco a idosos, quando comparado aos pacientes jovens. Nessas condições, existem autores5454 Williams SV, Fihn SD, Gibbons RJ; American College of Cardiology; American Heart Association; American College of Physicians-American Society of Internal Medicine. Guidelines for the management of patients with chronic stable angina: diagnosis and risk stratification. Ann Intern Med. 2001;135(7):530-47. Erratum in Ann Intern Med. 2992;136(2):175. que utilizam testes invasivos preferencialmente nessa faixa da população. Outros pacientes necessitam da CATE com ventriculografia para avaliar o prognóstico e a extensão da DAC, além do grau de disfunção ventricular esquerdo, pois estes são os principais determinantes para os resultados em longo prazo5555 Pryor DB, Shaw L, Harrell FE, Lee KL, Hlatky MA, Mark DB, et al. Estimating the likelihood of severe artery disease. Am J Med. 1991;90(5):553-62.

56 Califf RM, Armstrong PW, Carver JR, D'Agostino RB, Strauss WE. 27th Bethesda Conference: matching the intensity of risk factor management with the hazard for coronary disease events. Task Force 5. Stratification of patients into high, medium and low risk subgroups for purposes of risk factor management. J Am Coll Cardiol. 1996;27(5):1007-19.

57 Ringqvist I, Fisher LD, Mock M, Davis KB, Wedel H, Chaitman BR, et al. Prognostic value of angiographic indices of coronary artery disease from the Coronary Artery Surgery Study (CASS). J Clin Invest. 1983;71(6):1854-66.
-5858 Eleven-year survival in the Veteran Administration randomized trial of coronary bypass surgery for stable angina. The Veterans Administration Coronary Artery Bypass Surgery Cooperative Study Group. N Engl J Med. 1984;311(21):1333-9.. O mais simples e mais usado método para descrever a extensão da DAC separa os pacientes em uniarterial, biarterial, triarterial ou lesão em TCE5959 Harris PJ, Harrell FE, Lee KL, Behar VS, Rosati RA. Survival in medically treatedcoronary artery disease. Circulation. 1979;60(6):1259-69. 141.

60 Gersh BJ, Califf RM, Loop FD, Akins CW, Pryor DB, Takaro TC. Coronary bypass surgery in chronic stable angina. Circulation. 1989;79(6 Pt 2):I46-59.
-6161 Mark DB, Nelson CL, Califf RM, Harrell FE, Lee KL, Jones RH, et al. Continuing evolution of therapy for coronary artery disease. Initial results from the era of coronary angioplasty. Circulation. 1994;89(5):201-25.. O tempo de sobrevida diminui com o envolvimento de vasos adicionais, com o comprometimento da descendente anterior e com disfunção ventricular esquerda5656 Califf RM, Armstrong PW, Carver JR, D'Agostino RB, Strauss WE. 27th Bethesda Conference: matching the intensity of risk factor management with the hazard for coronary disease events. Task Force 5. Stratification of patients into high, medium and low risk subgroups for purposes of risk factor management. J Am Coll Cardiol. 1996;27(5):1007-19.,6262 Emond M, Mock MB, Davis KB, Fisher LD, Holmes DR, Chaitman BR, et al. Long-term survival of medically treated patients in the Coronary Artery Surgery Study (CASS) Registry. Circulation. 1994;90(6):2645-57.,6363 Leape LL, Park RE, Bashore TM, Harrison JK, Davidson CJ, Brook RH, et al. Effect of variability in the interpretation of coronary angiograms on the appropriateness of use of coronary revascularization procedures. Am Heart J. 2000;139(1 Pt 1):106-13. (Tabela 2).

Tabela 2
Complicações em cateterismo cardíaco

Pacientes requerem CATE também porque são candidatos para revascularização, tanto por angioplastia quanto por cirurgia. Desse modo, necessitam, inicialmente, da definição da anatomia coronariana para saber se há indicação para esse tipo de procedimento. Entre esses pacientes, estão incluídos os com angina, aqueles com evidência clínica de insuficiência cardíaca, e os que tenham experimentado uma morte cardíaca ou arritmia ventricular grave. Nesses casos, a realização da CATE, como primeira opção, é uma escolha razoável. A maioria dos casos apresenta sintomas anginosos crônicos, não incluídos nas categorias acima. Para estes, a questão é decidir se devem ser submetidos à revascularização, ou se devem iniciar o tratamento clínico e permitir a revascularização nos casos de falência clínica. Por isso, é importante referir à CATE com ventriculografia esquerda, quando a revascularização é proposta, visando melhorar a sobrevida. A CATE é efetiva quando o prognóstico do paciente frente ao tratamento clínico é ruim, com melhora após o tratamento de revascularização, seja porangioplastia ou cirurgia. O quadro 9 apresenta as recomendações para angiografia coronariana em pacientes com DAC.

Quadro 9
Recomendações para angiografia coronariana em pacientes com DAC

2.b.2.7. Tomografia Coronária

A Tomografia Computadorizada (TC) cardíaca oferece duas principais modalidades de exame, as quais empregam técnicas diferentes e fornecem informações distintas: o Escore de Cálcio (EC) e a angiotomografia coronariana.

a) Escore de cálcio

A quantificação da calcificação nas artérias coronárias, pelo EC, se correlaciona com a total de carga de aterosclerose6464 Erbel R, Schmermund A. Clinical significance of coronary calcification. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2004;24(10):e172.

65 Elkeles R. Computed tomography imaging, coronary calcium and atherosclerosis. Expert Rev Cardiovasc Ther. 2008;6(8):1083-93.
-6666 Wexler L, Brundage B, Crouse J, Detrano R, Fuster V, Maddahi J, et al. Coronary artery calcification: pathophysiology, epidemiology, imaging methods, and clinical implications. A statement for health professionals from the American Heart Association. Writing Group. Circulation. 1996;94(5):1175-92.. Os primeiros trabalhos sobre o tema procuraram correlacionar esse escore e a presença de redução luminal coronária, demonstrando que quanto maior a quantidade de cálcio, maior a chance de estenoses significativas. Entretanto, apesar da alta sensibilidade e do VPN encontrados, a especificidade e o VPP foram muito baixos6767 O'Rourke RA, Brundage BH, Froelicher VF, Greenland P, Grundy SM, Hachamovitch R, et al. American College of Cardiology/American Heart Association Expert Consensus document on electron-beam computed tomography for the diagnosis and prognosis of coronary artery disease. Circulation. 2000;102(1):126-40.,6868 Rumberger JA, Brundage BH, Rader DJ, Kondos G. Electron beam computed tomographic coronary calcium scanning: a review and guidelines for use in asymptomatic persons. Mayo Clin Proc. 1999;74(3):243-52.. Isso significa que, apesar de a ausência de calcificação coronária se traduzir numa baixa probabilidade de estenose coronária evidenciada pela angiografia convencional, especialmente em pacientes assintomáticos, a presença de calcificação não significa necessariamente a existência de estenose luminal6969 Greenland P, Bonow RO, Brundage BH, Budoff MJ, Eisenberg MJ, Grundy SM, et al; American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Documenton Electron Beam Computed Tomography); Society of Atherosclerosis Imaging and Prevention; Society of Cardiovascular Computed Tomography. ACCF/AHA 2007 clinical expert consensus document on coronary artery calcium scoring by computed tomography in global cardiovascular risk assessment and in evaluation of patients with chest pain: a report of the American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography). Circulation. 2007;115(3):402-26.. Posteriormente, vários trabalhos com grande número de pacientes demonstraram que o EC tem forte associação com risco de eventos cardiovasculares futuros de maneira independente dos fatores de risco tradicionais e da presença de isquemia miocárdica6969 Greenland P, Bonow RO, Brundage BH, Budoff MJ, Eisenberg MJ, Grundy SM, et al; American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Documenton Electron Beam Computed Tomography); Society of Atherosclerosis Imaging and Prevention; Society of Cardiovascular Computed Tomography. ACCF/AHA 2007 clinical expert consensus document on coronary artery calcium scoring by computed tomography in global cardiovascular risk assessment and in evaluation of patients with chest pain: a report of the American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography). Circulation. 2007;115(3):402-26.

70 Detrano R, Guerci AD, Carr JJ, Bild DE, Burke G, Folsom AR, et al. Coronary calcium as a predictor of coronary events in four racial or ethnic groups. N Engl J Med. 2008;358(13):1336-45.
-7171 Budoff MJ, Shaw LJ, Liu ST, Weinstein SR, Mosler TP, Tseng PH, et al. Long-term prognosis associated with coronary calcification: observations from a registry of 25,253 patients. J Am Coll Cardiol. 2007;49(18):1860-70.. Em meta-análise publicada pela AHA e o ACC com 27.622 pacientes sem manifestação prévia de doença cardiovascular6969 Greenland P, Bonow RO, Brundage BH, Budoff MJ, Eisenberg MJ, Grundy SM, et al; American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Documenton Electron Beam Computed Tomography); Society of Atherosclerosis Imaging and Prevention; Society of Cardiovascular Computed Tomography. ACCF/AHA 2007 clinical expert consensus document on coronary artery calcium scoring by computed tomography in global cardiovascular risk assessment and in evaluation of patients with chest pain: a report of the American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography). Circulation. 2007;115(3):402-26., a presença de qualquer EC coronário indicou um risco relativo de 4,3 de eventos coronários maiores (Intervalo de Confiança de 95% - IC95% = 3,5 - 5,2). Já os pacientes com EC zero tiveram risco de morte ou infarto de 0,4% num seguimento de 3 a 5 anos (49 eventos/11.815 indivíduos). Para escores de cálcio de 400 a 1.000 e >1.000, os riscos absolutos de morte coronária e IAM foram de 4,6% e 7,1%, respectivamente, o que significou um risco relativo de 7,2 (IC95% = 5,2 - 9,9; p < 0,0001) e 10,8 (IC95% = 4,2 - 27,7; p < 0,0001) quando comparado a EC igual a zero. Indivíduos considerados como de risco intermediário pela presença de dois ou mais fatores de risco ou com escore de risco de Framingham (ERF) > 10% em 10 anos, mas com EC > 400, apresentaram risco anual de morte por DAC ou IAM de 2,4%, ou seja, passaram para categoria de alto risco6969 Greenland P, Bonow RO, Brundage BH, Budoff MJ, Eisenberg MJ, Grundy SM, et al; American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Documenton Electron Beam Computed Tomography); Society of Atherosclerosis Imaging and Prevention; Society of Cardiovascular Computed Tomography. ACCF/AHA 2007 clinical expert consensus document on coronary artery calcium scoring by computed tomography in global cardiovascular risk assessment and in evaluation of patients with chest pain: a report of the American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography). Circulation. 2007;115(3):402-26.. Quando associado à estratificação de risco convencional pelo ERF, o EC pode alterar a classificação de pacientes em todas as faixas de risco, destacando-se aqueles de risco intermediário e aquelas de baixo risco com história familiar de DAC precoce (parentes de primeiro grau, homens com idade < 55 anos e mulheres com idade < 65 anos), podendo alterar a conduta clínica7272 Greenland P, Alpert JS, Beller GA, Benjamin EJ, Budoff MJ, Fayad ZA, et al; American College of Cardiology Foundation/American Heart AssociationTask Force on Practice Guidelines. 2010 ACCF/AHA Guideline for Assessment of Cardiovascular Risk in Asymptomatic Adults: a Report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation. 2010;122(25):e584-636.

73 Perrone-Filardi P, Achenbach S, Mohlenkamp S, Reiner Z, Sambuceti G, Schuijf JD, et al. Cardiac computed tomography and myocardial perfusion scintigraphy for risk stratification in asymptomatic individuals without known cardiovascular disease: a position statement of the Working Group on Nuclear Cardiology and Cardiac CT of the European Society of Cardiology. Eur Heart J. 2011;32(16):1986-93.
-7474 National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panelon Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). Third Report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III) final report. Circulation. 2002;106(25):3143-421.. Estudos mais recentes sugerem ainda que o EC é preditor de eventos cardiovasculares superior a outras ferramentas de estratificação de risco, como a proteína C-reativa e o EMI7575 Yeboah J, McClelland RL, Polonsky TS, Burke GL, Sibley CT, O'Leary D, et al. Comparison of novel risk markers for improvement in cardiovascular risk assessment in intermediate-risk individuals. JAMA. 2012;308(8):788-95..

Apesar da baixa correlação do EC com obstrução coronária, sua utilização em pacientes sintomáticos de baixo risco encontra defensores, como algumas diretrizes como a do National Institute of Health and Clinical Excellence (NICE)7676 Cooper A, Timmis A, Skinner J; Guideline Development Group. Assessment of recent onset chest pain or discomfort of suspected cardiac origin: summary of NICE guidance. BMJ. 2010;340:c1118.,7777 Yerramasu A, Lahiri A, Venuraju S, Dumo A, Lipkin D, Underwood SR, et al. Diagnostic role of coronary calcium scoring in the rapid access chest pain clinic: prospective evaluation of NICE guidance. Eur Heart J Cardiovasc Imaging. 2014 Feb 9. [Epub ahead of print].. Essas recomendações se baseiam na alta sensibilidade e no VPP do método7878 Budoff MJ, Achenbach S, Blumenthal RS, Carr JJ, Goldin JG, Greenland P, et al; American Heart Association Committeeon Cardiovascular Imagingand Intervention; American Heart Association Councilon Cardiovascular Radiology and Intervention; American Heart Association Committee on Cardiac Imaging, Councilon Clinical Cardiology. Assessment of coronary artery disease by cardiac computed tomography: a scientific statement from the American Heart Association Committee on Cardiovascular Imaging and Intervention, Council on Cardiovascular Radiology and Intervention, and Committee on Cardiac Imaging, Council on Clinical Cardiology. Circulation. 2006;114(16):1761-91.. Em contraste, estudos mais recentes demonstraram que, particularmente em pacientes mais jovens ou em populações com alta prevalência de DAC significativa, além do VPP inadequado, o EC também apresenta VPN insuficiente para excluir com segurança a presença de doença obstrutiva significativa. Um subestudo do CorE647979 Gottlieb I, Miller JM, Arbab-Zadeh A, Dewey M, Clouse ME, Sara L, et al. The absence of coronary calcification does not exclude obstructive coronary artery disease or the need for revascularization in patients referred for conventional coronary angiography. J Am Coll Cardiol. 2010;55(7):627-34.,8080 Miller JM, Rochitte CE, Dewey M, Arbab-Zadeh A, Niinuma H, Gottlieb I, et al. Diagnostic performance of coronary angiography by 64-row CT. NEnglJ Med. 2008;359(22):2324-36., que analisou pacientes com indicação clínica de CATE (em sua maioria sintomáticos), demonstrou que 19% dos pacientes com EC igual a zero possuíam pelo menos uma lesão com redução luminal ≥ 50%; 15% apresentavam pelo menos uma lesão ≥ 70%; e 13% desses pacientes livres de calcificação foram revascularizados por indicação clínica. Vale mencionar ainda o fato de que, nesse estudo, 20% dos vasos completamente ocluídos não apresentaram nenhum vestígio de calcificação. Outros estudos também demonstraram que a ausência de calcificação coronária não é capaz de excluir com segurança a presença de redução luminal significativa em pacientes sintomáticos8181 Becker A, Leber A, White CW, Becker C, Reiser MF, Knez A. Multislice computed tomography for determination of coronary artery disease in a symptomatic patient population. Int J Cardiovasc Imaging. 2007;23(3):361-7.

82 Haberl R, Tittus J, Böhme E, Czernik A, Richartz BM, Buck J, et al. Multislice spiral computed tomographic angiography of coronary arteries in patients with suspected coronary artery disease: aneffective filter before catheter angiography? Am Heart J. 2005;149(6):1112-9.
-8383 Drosch T, Brodoefel H, Reimann A, Thomas C, Tsiflikas I, Heuschmid M, et al. Prevalence and clinical characteristics of symptomatic patients with obstructive coronary artery disease in the absence of coronary calcifications. AcadRadiol. 2010;17(10):1245-8.. Dentre eles, um subestudo do registro CONFIRM8484 Villines TC, Hulten EA, Shaw LJ, Goyal M, Dunning A, Achenbach S, et al; CONFIRM Registry Investigators. Prevalence and severity of coronary artery disease and adverse events among symptomatic patients with coronary artery calcification scores of zero undergoing coronary computed tomography angiography: results from the CONFIRM (Coronary CT Angiography Evaluation for Clinical Outcomes: An International Multicenter) registry. J Am Coll Cardiol. 2011;58(24):2533-40., que incluiu 10.037 pacientes sintomáticos, demonstrou que 3,5% e 1,4 % dos pacientes com EC igual a zero apresentavam estenoses coronárias ≥ 50% e ≥ 70%, respectivamente. A sensibilidade e o VPN de um EC maior que zero para detecção de estenose coronária ≥ 50% foram de 89% e 96%, respectivamente, porém a especificidade e o VPP foram bastante baixos (59% e 29%, respectivamente). Ainda mais importante, nesse grande estudo, mesmo em pacientes com EC igual a zero, a presença de DAC obstrutiva ≥ 50% esteve associada a pior prognóstico cardiovascular. Dessa forma, assim como nas recentes diretrizes de síndromes coronária isquêmica estável da Sociedade Europeia de Cardiologia8585 Montalescot G, Sechtem U, Achenbach S, Andreotti F, Arden C, Budaj A, et al; Task Force Members. 2013 ESC guidelines on the management of stable coronary artery disease: the Task Force on the management of stable coronary artery disease of the European Society of Cardiology. Eur Heart J. 2013;34(38):2949-3003. e da AHA/ACC8686 Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American CollegeofCardiology Foundation/American Heart AssociationTask Force. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association task force on practice guidelines, and the American College of Physicians, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. Circulation. 2012;126(25):e354-471., essa diretriz não recomenda, de forma geral, a utilização do EC para avaliação de DAC obstrutiva significativa em pacientes sintomáticos.

Atualmente, a principal utilização do EC é como ferramenta para estratificação de risco cardiovascular por meio da detecção de aterosclerose subclínica, especialmente em pacientes assintomáticos de risco intermediário7272 Greenland P, Alpert JS, Beller GA, Benjamin EJ, Budoff MJ, Fayad ZA, et al; American College of Cardiology Foundation/American Heart AssociationTask Force on Practice Guidelines. 2010 ACCF/AHA Guideline for Assessment of Cardiovascular Risk in Asymptomatic Adults: a Report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation. 2010;122(25):e584-636.,8787 Greenland P, Bonow RO, Brundage BH, Budoff MJ, Eisenberg MJ, Grundy SM, et al; American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography); Society of Atherosclerosis Imaging and Prevention; Society of Cardiovascular Computed Tomography. ACCF/AHA 2007 clinical expert consensus document on coronary artery calcium scoring by computed tomography in global cardiovascular risk assessment and in evaluation of patients with chest pain: a report of the American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography) developed in collaboration with the Society of Atherosclerosis Imaging and Prevention and the Society of Cardiovascular Computed Tomography. J Am Coll Cardiol. 2007;49(3):378-402.. Segundo as atuais diretrizes de dislipidemias da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o EC é considerado um fator agravante que, quando presente, reclassifica o indivíduo para um risco cardiovascular mais alto1111 Xavier HT, Izar MC, Faria Neto JR, Assad MH, Rocha VZ, Sposito AC, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2013;101(4 supl. 1):1-36..

Grau de recomendação I, Nível de evidência A

Pacientes assintomáticos de risco intermediário pelo ERF (10 a 20% em 10 anos) ou pelo esscore de risco global (homens: 5 a 20%; mulheres: 5 a 10% em 10 anos).

Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B

Pacientes assintomáticos de baixo risco pelo ERF (< 10% em 10 anos) ou pelo ER global (homens ou mulheres: < 5% em 10 anos) e com antecedente familiar de DAC precoce.

Grau de recomendação IIB, Nível de evidência B

Pacientes com suspeita de SCA de baixo risco.

Grau de recomendação III, Nível de evidência B

  1. Pacientes assintomáticos de alto risco pelo ERF (> 20% em 10 anos) ou pelo ER global (homens: > 20%; mulheres: > 10% em 10 anos) ou DAC já conhecida.

  2. Seguimento da evolução da calcificação coronária.

  3. Pacientes sintomáticos.

b) Angiotomografia coronariana

A Angiotomografia Computadorizada das Artérias Coronárias (angio-TC) permite a avaliação da luz das artérias coronárias de maneira não invasiva. Os equipamentos com 64 colunas de detectores, hoje amplamente difundidos, são capazes de adquirir tais imagens com alta qualidade, permitindo a visualização detalhada da luz das artérias coronárias com alta acurácia diagnóstica quando comparada ao cateterismo cardíaco (o padrão-ouro), porém de maneira não invasiva, rápida e segura8888 Miller JM, Dewey M, Vavere AL, Rochitte CE, Niinuma H, Arbab-Zadeh A, et al. Coronary CT angiography using 64 detector rows: methods and design of the multi-centre trial CORE-64. Eur Radiol. 2009;19(4):816-28.

89 Budoff MJ, Dowe D, Jollis JG, Gitter M, Sutherland J, Halamert E, et al. Diagnostic performance of 64-multidetector row coronary computed tomographic angiography for evaluation of coronary artery stenosis in individuals without known coronary artery disease: results from the prospective multicenter ACCURACY (Assessment by Coronary Computed Tomographic Angiography of Individuals Undergoing Invasive Coronary Angiography) trial. J Am Coll Cardiol. 2008;52(21):1724-32.
-9090 Meijboom WB, van Mieghem CA, Mollet NR, Pugliese F, Weustink AC, van Pelt N, et al. 64-slice computed tomography coronary angiography in patients with high, intermediate, or low pretest probability of significant coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2007;50(15):1469-75.. Os avanços tecnológicos vêm permitindo a melhora da qualidade de imagem associada à redução do volume do meio de contraste infundido e à queda drástica na dose de radiação utilizada, aumentando ainda mais a segurança do método9191 Min JK, Shaw LJ, Berman DS. The present state of coronary computed tomography angiography a process in evolution. J Am Coll Cardiol. 2010;55(10):957-65..

Até o momento, dezenas de estudos avaliaram a acurácia diagnóstica da angio-TC com ≥ 64 colunas de detectores em comparação ao cateterismo cardíaco9292 Mowatt G, Cummins E, Waugh N, Walker S, Cook J, Jia X, et al. Systematic review of the clinical effectiveness and cost-effectiveness of 64-slice or higher computed tomography angiography as an alternative to invasive coronary angiography in the investigation of coronary artery disease. Health Technol Assess. 2008;12(17):iii-iv, ix-143.,9393 Mark DB, Berman DS, Budoff MJ, Carr JJ, Gerber TC, Hecht HS, et al; American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. ACCF/ACR/AHA/NASCI/SAIP/SCAI/SCCT 2010 Expert Consensus Document on Coronary Computed Tomographic Angiography: a Report of the American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. Circulation. 2010;121(22):2509-43.. Os resultados desses estudos reforçam o conceito de que a angio-TC de coronárias, sob várias circunstâncias, é capaz de identificar corretamente pacientes com e sem estenose coronária significativa com acurácia adequada. Esses trabalhos apontam que, nas populações testadas (prevalência média de DAC de 61%), o VPN foi de 96% e VPP de 93% (64 a 100%). Já os trials multicêntricos demonstraram acurácia diagnóstica acima dos 90%, com porcentagem de pacientes com estudos não analisáveis muito baixas8080 Miller JM, Rochitte CE, Dewey M, Arbab-Zadeh A, Niinuma H, Gottlieb I, et al. Diagnostic performance of coronary angiography by 64-row CT. NEnglJ Med. 2008;359(22):2324-36.,8989 Budoff MJ, Dowe D, Jollis JG, Gitter M, Sutherland J, Halamert E, et al. Diagnostic performance of 64-multidetector row coronary computed tomographic angiography for evaluation of coronary artery stenosis in individuals without known coronary artery disease: results from the prospective multicenter ACCURACY (Assessment by Coronary Computed Tomographic Angiography of Individuals Undergoing Invasive Coronary Angiography) trial. J Am Coll Cardiol. 2008;52(21):1724-32.,9494 Meijboom WB, Meijs MF, Schuijf JD, Cramer MJ, Mollet NR, van Mieghem CA, et al. Diagnostic accuracy of 64-slice computed tomography coronary angiography: a prospective, multicenter, multivendor study. J Am Coll Cardiol. 2008;52(25):2135-44.. Além disso, o exame apresenta desempenho adequado na avaliação de indivíduos em diversas situações clínicas, com revascularização miocárdica cirúrgica e com stents > 3 mm9595 Taylor AJ, Cerqueira M, Hodgson JM, Mark D, Min J, O'Gara P, et al; American CollegeofCardiology Foundation Appropriate Use CriteriaTask Force; Societyof Cardiovascular ComputedTomography; American CollegeofRadiology; American Heart Association; American SocietyofEchocardiography; American Societyof Nuclear Cardiology; North American Society for Cardiovascular Imaging; Society for Cardiovascular AngiographyandInterventions; Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. ACCF/SCCT/ACR/AHA/ASE/ASNC/SCAI/SCMR 2010 Appropriate Use Criteria for Cardiac Computed Tomography. A Report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, the Society of Cardiovascular Computed Tomography, the American College of Radiology, the American Heart Association, the American Society of Echocardiography, the American Society of Nuclear Cardiology, the Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and the Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. Circulation. 2010;122(21):e525-55..

Pesquisas que avaliaram o valor prognóstico da angio-TC em pacientes estáveis com suspeita de DAC demonstram que não apenas a presença e a extensão de estenoses coronárias significativas (≥ 50% de redução luminal), mas também a presença e a extensão da aterosclerose não obstrutiva (redução luminal < 50%) foram fatores preditores independentes de maior mortalidade geral e cardiovascular9696 Min JK, Dunning A, Lin FY, Achenbach S, Al-Mallah M, Budoff MJ, et al; CONFIRM Investigators. Age- and sex-related differences in all-cause mortality risk based on coronary computed tomography angiography findings results from the International Multicenter CONFIRM (Coronary CT Angiography Evaluation for Clinical Outcomes: an International Multicenter Registry) of 23,854 patients without known coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2011;58(8):849-60.,9797 Hulten EA, Carbonaro S, Petrillo SP, Mitchell JD, Villines TC. Prognostic value of cardiac computed tomography angiography: a systematic review and meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2011;57(10):1237-47.. A dissociação encontrada entre os testes de isquemia e a informação anatômica fornecida pela angio-TC sugere que esses métodos avaliam diferentes parâmetros na doença coronariana e oferecem informações prognósticas complementares9898 van Werkhoven JM, Schuijf JD, Gaemperli O, Jukema JW, Boersma E, Wijns W, et al. Prognostic value of multislice computed tomography and gated single-photon emission computed tomography in patients with suspected coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2009;53(7):623-32..

Os recentes estudos multicêntricos e prospectivos que avaliam o uso da angiotomografia de coronárias em pacientes com dor torácica aguda demonstraram sua grande utilidade na avaliação de pacientes com suspeita de síndrome coronária aguda com probabilidade pré-teste baixa a intermediária, ECG não diagnóstico e marcadores de necrose miocárdica negativos9797 Hulten EA, Carbonaro S, Petrillo SP, Mitchell JD, Villines TC. Prognostic value of cardiac computed tomography angiography: a systematic review and meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2011;57(10):1237-47.,9999 Goldstein JA, Chinnaiyan KM, Abidov A, Achenbach S, Berman DS, Hayes SW, et al. The CT-STAT (Coronary Computed Tomographic Angiography for Systematic Triage of Acute Chest Pain Patients to Treatment) trial. J Am Coll Cardiol. 58(14):1414-22.

100 Litt HI, Gatsonis C, Snyder B, Singh H, Miller CD, Entrikin DW, et al. CT angiography for safe discharge of patients with possible acute coronary syndromes. N Engl J Med. 2012;366(15):1393-403.
-101101 Hoffmann U, Truong QA, Schoenfeld DA, Chou ET, Woodard PK, Nagurney JT, et al; ROMICAT-II Investigators. Coronary CT angiography versus standard evaluation in acute chest pain. N Engl J Med. 2012;367(4):299-308.. Tais estudos fundamentam sua indicação nas principais diretrizes internacionais e na aplicação cada vez maior do método nas unidades de dor torácica102102 Anderson JL, Adams CD, Antman EM, Bridges CR, Califf RM, Casey DE Jr, et al; American CollegeofCardiology; American Heart AssociationTask Force onPracticeGuidelines (WritingCommitteeto Revise the 2002 Guidelines for the Management ofPatientsWithUnstable Angina/Non ST-ElevationMyocardialInfarction); American CollegeofEmergencyPhysicians; Society for Cardiovascular AngiographyandInterventions; SocietyofThoracicSurgeons; American Associationof Cardiovascular andPulmonaryRehabilitation; Society for AcademicEmergency Medicine. ACC/AHA 2007 guidelines for the management of patients with unstable angina/non ST-elevation myocardial infarction: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Writing Committee to Revise the 2002 Guidelines for the Management of Patients With Unstable Angina/Non ST-Elevation Myocardial Infarction): developed in collaboration with the American College of Emergency Physicians, the Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and the Society of Thoracic Surgeons: endorsed by the American Association of Cardiovascular and Pulmonary Rehabilitation and the Society for Academic Emergency Medicine. Circulation. 2007;116(7):e148-304. Erratum in: Circulation. 2008;117(9):e180..

As principais indicações clínicas do método na avaliação da doença coronária crônica são para pacientes sintomáticos de risco intermediário, podendo ser utilizado como exame inicial ou quando há testes de isquemia prévios conflitantes ou inconclusivos; sintomas contínuos e testes de isquemia prévios normais ou inconclusivos; ou outro tipo de discordância entre a clínica e os resultados de testes de isquemia prévios.

A aplicação cada vez maior desse método vem trazendo mudanças na abordagem da doença cardiovascular, uma vez que informação da anatomia coronária, antes possível apenas de maneira invasiva, agora pode ser obtida de maneira não invasiva.

Grau de recomendação IIa, Nível de evidência A

Pacientes com suspeita de DAC crônica com:

  1. testes de isquemia prévios conflitantes ou inconclusivos;

  2. sintomas contínuos e testes de isquemia prévios normais ou inconclusivos;

  3. discordância entre a clínica e os resultados de testes de isquemia prévios.

Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B

  1. Avaliação da patência de enxertos de revascularização miocárdica em indivíduos sintomáticos com probabilidade pré-teste intermediária calculada pelos critérios de Diamond-Forrester.

  2. Opção à angiografia invasiva na diferenciação entre cardiopatias isquêmicas e não isquêmicas.

Grau de recomendação IIb, Nível de evidência B

  1. Pacientes sintomáticos com probabilidade intermediária de DAC e com testes de isquemia positivos.

  2. Pacientes sintomáticos com probabilidade baixa de DAC (< 10% calculada pelos critérios de Diamond-Forrester) com testes de isquemia negativos.

  3. Avaliação de reestenose intra-stent em indivíduos sintomáticos com probabilidade pré-teste intermediária (10 a 50%) calculada pelos critérios de Diamond-Forrester.

Grau de recomendação III, Nível de evidência B

  1. Pacientes sintomáticos com probabilidade alta de DAC (> 50% calculada pelos critérios de Diamond-Forrester).

  2. Avaliação inicial de DAC em indivíduos assintomáticos com capacidade de realizar exercício físico e com ECG interpretável.

  3. Seguimento de lesões ateroscleróticas coronárias em indivíduos assintomáticos.

2.b.2.8. Ressonância magnética cardiovascular

A RMC tornou-se, nos últimos anos, um importante modalidade diagnóstica na avaliação de uma grande variedade de doenças cardiovasculares. A ressonância é um excelente método diagnóstico, pois permite a avaliação da anatomia cardíaca e vascular, da função ventricular, da perfusão miocárdica e a caracterização tecidual de forma acurada, reprodutível, sendo capaz de fornecer todas essas informações juntas, em um único exame4242 Underwood SR, Shaw LJ, Anagnostopoulos C, Cerqueira M, Ell PJ, Flint J, et al. Myocardial perfusion scintigraphy and cost effectiveness of diagnosis and management of coronary heart disease. Heart. 2004;90 Suppl 5:v34-6.. Além disso, apresenta como grandes vantagens a não utilização de radiação ionizante e nem de meio de contraste, com maior potencial de nefrotoxicidade. Sua versatilidade e sua acurácia diagnósticas a tornam um método altamente atraente para a avaliação de várias cardiopatias, porém a cardiopatia isquêmica se apresenta como principal indicação do método na rotina clínica.

A técnica da RM se baseia na captura da energia liberada por prótons (núcleos de hidrogênio), submetidos à ação de um forte campo magnético externo e estimulados por ondas de Radiofrequência repetidas. De acordo com a maneira com que esses pulsos de RF são organizados (sequências de pulsos), é possível se explorar diferentes propriedades das moléculas, permitindo a aquisição de imagens com alto detalhamento anatômico e resolução de contraste.

A RM é, hoje, considerada o exame padrão-ouro para a quantificação de volumes ventriculares, FE e massa miocárdica103103 Hundley WG, Bluemke DA, Finn JP, Flamm SD, Fogel MA, Friedrich MG, et al; American CollegeofCardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. ACCF/ACR/AHA/NASCI/SCMR 2010 expert consensus document on cardiovascular magnetic resonance: a report of the American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. Circulation. 2010;121(22):2462-508.. Isso se deve principalmente à sua capacidade de visualização de toda anatomia cardíaca com alta resolução espacial, temporal e com grande detalhamento das bordas endocárdicas e epicárdicas, tanto do ventrículo esquerdo quanto do direito. Isso possibilita a aplicação da fórmula de Simpson sem grandes empecilhos técnicos, tornando a técnica extremamente acurada para a avaliação das funções global e segmentar biventriculares. No que se refere especificamente à cardiopatia isquêmica, a RM pode ser aplicada para a pesquisa de isquemia miocárdica, detecção de fibrose/infarto/viabilidade miocárdica, e para a avaliação não invasiva das artérias coronárias103103 Hundley WG, Bluemke DA, Finn JP, Flamm SD, Fogel MA, Friedrich MG, et al; American CollegeofCardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. ACCF/ACR/AHA/NASCI/SCMR 2010 expert consensus document on cardiovascular magnetic resonance: a report of the American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. Circulation. 2010;121(22):2462-508..

a) Isquemia miocárdica

As técnicas mais frequentemente utilizadas para a pesquisa da DAC envolvem a visualização direta dos efeitos da isquemia induzida por estresse farmacológico sobre a contratilidade segmentar e sobre a perfusão miocárdica, a primeira apresentando maior especificidade e a segunda, maior sensibilidade nessa avaliação104104 Pennell DJ. Cardiovascular magnetic resonance and the role of adenosine pharmacologic stress. Am J Cardiol. 2004;94(2A):26D-31D.

105 Botvinick EH. Current methods of pharmacologic stress testing and the potential advantages of new agents. J Nucl Med Technol. 2009;37(1):14-25.
-106106 Paetsch I, Jahnke C, Wahl A, Gebker R, Neuss M, Fleck E, et al. Comparison of dobutamine stress magnetic resonance, adenosine stress magnetic resonance, and adenosine stress magnetic resonance perfusion. Circulation. 2004;110(7):835-42.. Para a análise da contratilidade segmentar/reserva contrátil miocárdica, geralmente se usa o inotrópico positivo dobutamina, utilizando o mesmo protocolo de infusão da droga do ecocardiograma de estresse107107 Nagel E, Lorenz C, Baer F, Hundley WG, Wilke N, Neubauer S, et al. Stress cardiovascular magnetic resonance: consensus panel report. J Cardiovasc Magn Reson. 2001;3(3):267-81.

108 Wahl A, Paetsch I, Gollesch A, Roethemeyer S, Foell D, Gebker R, et al. Safety and feasibility of high-dose dobutamine-atropine stress cardiovascular magnetic resonance for diagnosis of myocardial ischaemia: experience in 1000 consecutive cases. Eur Heart J. 2004;25(14):1230-6.
-109109 Nagel E, Lehmkuhl HB, Bocksch W, Klein C, Vogel U, Frantz E, et al. Noninvasive diagnosis of ischemia-induced wall motion abnormalities with the use of high-dose dobutamine stress MRI: comparison with dobutamine stress echocardiography. Circulation. 1999;99(6):763-70.. Nesse cenário, a isquemia miocárdica, durante o exame de estresse, pode ser definida como uma alteração segmentar nova decorrente da infusão de dobutamina ou uma ocorrência de resposta bifásica, isto é, o aumento da contratilidade miocárdica em baixas doses e disfunção segmentar em altas doses de dobutamina109109 Nagel E, Lehmkuhl HB, Bocksch W, Klein C, Vogel U, Frantz E, et al. Noninvasive diagnosis of ischemia-induced wall motion abnormalities with the use of high-dose dobutamine stress MRI: comparison with dobutamine stress echocardiography. Circulation. 1999;99(6):763-70.. A RMC de estresse com dobutamina é uma técnica estabelecida, caracterizada principalmente pela boa qualidade de imagem em comparação com os outros métodos de imagem, além da alta reprodutibilidade dos resultados110110 Charoenpanichkit C, Hundley WG. The 20 year evolution of dobutamine stress cardiovascular magnetic resonance. J Cardiovasc Magn Reson. 2010;12:59.. A RMC de estresse com dobutamina se mostrou muito efetiva para o diagnóstico de DAC no grupo de pacientes inadequados para a avaliação pela ecocardiografia, devido à janela acústica subótima111111 Hundley WG, Hamilton CA, Thomas MS, Herrington DM, Salido TB, Kitzman DW, et al. Utility of fast cine magnetic resonance imaging and display for the detection of myocardial ischemia in patients not well suited for second harmonic stress echocardiography. Circulation. 1999;100(16):1697-702.. A avaliação quantitativa da função regional pela RMC tem o potencial de melhorar ainda mais a acurácia diagnóstica do método, especialmente nos casos de DAC uniarterial112112 Kuijpers D, Ho KY, van Dijkman PR, Vliegenthart R, Oudkerk M. Dobutamine cardiovascular magnetic resonance for the detection of myocardial ischemia with the use of myocardial tagging. Circulation. 2003;107(12):1592-7.,113113 van Rugge FP, van der Wall EE, Spanjersberg SJ, de Roos A, Matheijssen NA, Zwinderman AH, et al. Magnetic resonance imaging during dobutamine stress for detection and localization of coronary artery disease. Quantitative wall motion analysis using a modification of the centerline method. Circulation. 1994;90(1):127-38.. Meta-análise de Nadalur e cols.114114 Nandalur KR, Dwamena BA, Choudhri AF, Nandalur MR, Carlos RC. Diagnostic performance of stress cardiac magnetic resonance imaging in the detection of coronary artery disease: a meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2007;50(14):1343-53. demonstraram sensibilidade de 83% e especificidade de 86% para diagnóstico de lesões coronárias significativas em pacientes de alto risco para DAC. Sua utilização também já foi testada em populações específicas, como pacientes com disfunção segmentar já estabelecida115115 Wahl A, Paetsch I, Roethemeyer S, Klein C, Fleck E, Nagel E. High-dose dobutamine-atropine stress cardiovascular MR imaging after coronary revascularization in patients with wall motion abnormalities at rest. Radiology. 2004;233(1):210-6., e indivíduos com antecendente de intervenção percutânea e implante de stent. Além de valor diagnóstico, a avaliação da isquemia miocárdica pela RMC também tem importante valor prognóstico. Quando a RMC de estresse com dobutamina é normal, os pacientes apresentam baixa taxa de eventos, enquanto na presença de isquemia, a taxa de eventos é alta116116 Hundley WG, Morgan TM, Neagle CM, Hamilton CA, Rerkpattanapipat P, Link KM. Magnetic resonance imaging determination of cardiac prognosis. Circulation. 2002;106(18):2328-33.,117117 Korosoglou G, Elhmidi Y, Steen H, Schellberg D, Riedle N, Ahrens J, et al. Prognostic value of high-dose dobutamine stress magnetic resonance imaging in 1,493 consecutive patients: assessment of myocardial wall motion and perfusion. J Am Coll Cardiol. 2010;56(15):1225-34.. A presença de disfunção segmentar identifica pacientes de risco para IAM e morte de causa cardíaca117117 Korosoglou G, Elhmidi Y, Steen H, Schellberg D, Riedle N, Ahrens J, et al. Prognostic value of high-dose dobutamine stress magnetic resonance imaging in 1,493 consecutive patients: assessment of myocardial wall motion and perfusion. J Am Coll Cardiol. 2010;56(15):1225-34.. O diagnóstico de isquemia determinado pela alteração de motilidade na RMC de estresse com dobutamina é preditora independente de eventos cardíacos (Hazard Ratio - HR de 5,42 em 3 anos; p < 0,001)118118 Jahnke C, Nagel E, Gebker R, Kokocinski T, Kelle S, Manka R, et al. Prognostic value of cardiac magnetic resonance stress tests: adenosine stress perfusion and dobutamine stress wall motion imaging. Circulation. 2007;115(13):1769-76.,119119 Wallace EL, Morgan TM, Walsh TF, Dall'Armellina E, Ntim W, Hamilton CA, et al. Dobutamine cardiac magnetic resonance results predict cardiac prognosis in women with known or suspected ischemic heart disease. JACC Cardiovasc Imaging. 2009;2(3):299-307.. As principais limitações dessa técnica são a dificuldade na monitorização contínua do ECG e os dados vitais do paciente durante o exame, além das contraindicações próprias da infusão da dobutamina.

Outra forma avaliação de isquemia pela ressonância se faz por meio da análise da perfusão miocárdica (primeira passagem do gadolínio pelo coração, em condições de estresse e/ou repouso). Os protocolos para o estudo de isquemia com perfusão miocárdica pela ressonância são similares aos utilizados em cintilografia. Os agentes vasodilatadores mais utilizados são a adenosina (estimula diretamente os receptores A2, causando vasodilatação arterial) e o dipiridamol (inibe a reabsorção e a inativação da adenosina), sendo esse último o fármaco mais utilizado no Brasil107107 Nagel E, Lorenz C, Baer F, Hundley WG, Wilke N, Neubauer S, et al. Stress cardiovascular magnetic resonance: consensus panel report. J Cardiovasc Magn Reson. 2001;3(3):267-81.. As contraindicações ao uso de dipiridamol e adenosina são pacientes pneumopatas graves e estenose aórtica importante. Em geral, emprega-se estresse farmacológico com dipiridamol (0,56 mg/kg peso corporal) em 4 minutos. No pico de ação do dipiridamol, cerca de 3 minutos após o término de sua infusão, injeta-se o gadolínio (0,05 mmol/kg peso corporal), sendo então adquiridas imagens de primeira passagem do meio de contraste pelo miocárdio. Os defeitos perfusionais presentes apenas no estresse, e não no repouso, em área sem infarto, correspondem a áreas de heterogeneidade de fluxo, que são relacionadas, com boa acurácia, a áreas miocárdicas com irrigação por coronárias com obstruções significativas. Em outras palavras, os defeitos perfusionais correlacionam-se com áreas de isquemia miocárdica.

A acurácia diagnóstica da RMC de perfusão foi validada extensivamente diante de outros métodos de imagem já consagrados na avaliação de DAC. Estudos unicêntricos demonstraram alta acurácia diagnóstica em relação à angiografia invasiva120120 Nagel E, Klein C, Paetsch I, Hettwer S, Schnackenburg B, Wegscheider K, et al. Magnetic resonance perfusion measurements for the noninvasive detection of coronary artery disease. Circulation. 2003;108(4):432-7. e à RFF (sigla do inglês Fractional Flow Reserve, Reserva de Fluxo Fracionada)121121 Watkins S, McGeoch R, Lyne J, Steedman T, Good R, McLaughlin MJ, et al. Validation of magnetic resonance myocardial perfusion imaging with fractional flow reserve for the detection of significant coronary heart disease. Circulation. 2009;120(22):2207-13., superioridade ou não inferioridade em relação ao SPECT (sigla do inglês Single Photon Emission Computed Tomography)122122 Ishida N, Sakuma H, Motoyasu M, Okinaka T, Isaka N, Nakano T, et al. Noninfarcted myocardium: correlation between dynamic first-pass contrast-enhanced myocardial MR imaging and quantitative coronary angiography. Radiology. 2003;229(1):209-16.,123123 Schwitter J, Wacker CM, van Rossum AC, Lombardi M, Al-Saadi N, Ahlstrom H, et al. MR-IMPACT: comparison of perfusion-cardiac magnetic resonance with single-photon emission computed tomography for the detection of coronary artery disease in a multicentre, multivendor, randomized trial. Eur Heart J. 2008;29(4):480-9., e similaridade em relação ao PET-CT (sigla do inglês Positron Emission Tomography - Computed Tomography) 124124 Schwitter J, Nanz D, Kneifel S, Bertschinger K, Buchi M, Knusel PR, et al. Assessment of myocardial perfusion in coronary artery disease by magnetic resonance: a comparison with positron emission tomography and coronary angiography. Circulation. 2001;103(18):2230-5.. Duas meta-análises foram publicadas avaliando acurácia da RMC com perfusão. Em 2007, Nandalur e cols.114114 Nandalur KR, Dwamena BA, Choudhri AF, Nandalur MR, Carlos RC. Diagnostic performance of stress cardiac magnetic resonance imaging in the detection of coronary artery disease: a meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2007;50(14):1343-53. publicaram análise de 1.183 pacientes com prevalência de DAC de 57,4%. A sensibilidade e a especificidade média da RMC de perfusão foi 91% e de 81%, respectivamente. Já em 2010, Hamon e cols.125125 Hamon M, Fau G, Née G, Ehtisham J, Morello R, Hamon M. Meta-analysis of the diagnostic performance of stress perfusion cardiovascular magnetic resonance for detection of coronary artery disease. J Cardiovasc Magn Reson. 2010;12(1):29. (n = 2.125) demonstraram sensibilidade (89%) e especificidade (80%) da RMC com perfusão na identificação de estenoses coronárias ≥ 70%.

Recentemente, foi publicado o estudo CE-MARC. Trata-se de um trabalho prospectivo que avalia a acurácia da RM para o diagnóstico de estenose coronária significativa detectada pelo cateterismo cardíaco e sua comparação com o SPECT126126 Greenwood JP, Maredia N, Younger JF, Brown JM, Nixon J, Everett CC, et al. Cardiovascular magnetic resonance and single-photon emission computed tomography for diagnosis of coronary heart disease (CE-MARC): a prospective trial. Lancet. 2012;379(9814):453-60.. É o maior estudo prospectivo envolvendo esses dois métodos diagnósticos numa população de risco intermediário. Os autores verificaram maior acurácia diagnóstica da RMC em relação ao SPECT para detecção de estenose ≥ 70% pelo cateterismo, com área sob a curva ROC (do inglês Receiver Operator Characteristic Curve) de 0,89 (IC95% = 0,86 - 0,91) vs. 0,74 (IC95% = 0,70 - 0,78), com p < 0,001. Resultado semelhante foi obtido para o diagnóstico de estenoses ≥ 50%: a área sob a curva ROC foi de 0,84 (IC95% = 0,81 - 0,87) para a ressonância vs. 0,65 (IC95% = 0,65 - 0,73) para o SPECT, com p < 0,001. Tal diferença na acurácia se deveu especialmente à maior sensibilidade da ressonância (86,5% para a RM vs. 66,5% para o SPECT), muito em virtude de sua maior resolução espacial.

A capacidade prognóstica da avaliação de isquemia miocárdica pela ressonância também tem sido amplamente demonstrada nos últimos anos118118 Jahnke C, Nagel E, Gebker R, Kokocinski T, Kelle S, Manka R, et al. Prognostic value of cardiac magnetic resonance stress tests: adenosine stress perfusion and dobutamine stress wall motion imaging. Circulation. 2007;115(13):1769-76.,127127 Pilz G, Jeske A, Klos M, Ali E, Hoefling B, Scheck R, et al. Prognostic value of normal adenosine-stress cardiac magnetic resonance imaging. Am J Cardiol. 2008;101(10):1408-12.,128128 Hartlage G, Janik M, Anadiotis A, Veledar E, Oshinski J, Kremastinos D, et al. Prognostic value of adenosine stress cardiovascular magnetic resonance and dobutamine stress echocardiography in patients with low-risk chest pain. Int J Cardiovasc Imaging. 2012;28(4):803-12.. Bodi e cols.129129 Bodi V, Husser O, Sanchis J, Nunez J, Monmeneu JV, Lopez-Lereu MP, et al. Prognostic implications of dipyridamole cardiac MR imaging: a prospective multicenter registry. Radiology. 2012;262(1):91-100., em um grande estudo prospectivo e multicêntrico, ressaltaram a importância da RMC de perfusão com dipiridamol na avaliação prognóstica de pacientes com suspeita de angina. Tanto a avaliação de perfusão como a indução de disfunção segmentar durante infusão de dipiridamol foram fatores independentes na determinação de eventos adversos cardíacos ao longo de 308 dias. Pacientes com disfunção segmentar induzida por dipiridamol apresentam alto risco para eventos adversos maiores e parecem ter maior benefício ao serem revascularizados.

A utilização da RM para a pesquisa de isquemia miocárdica já encontra respaldo em diversas diretrizes clínicas e de métodos de imagem, sendo uma ferramenta importante para o estabelecimento diagnóstico e o prognóstico de pacientes com suspeita ou diagnóstico de doença miocárdica isquêmica estável8686 Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American CollegeofCardiology Foundation/American Heart AssociationTask Force. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association task force on practice guidelines, and the American College of Physicians, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. Circulation. 2012;126(25):e354-471.,130130 Hundley WG, Bluemke DA, Finn JP, Flamm SD, Fogel MA, Friedrich MG, et al. American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. ACCF/ACR/AHA/NASCI/SCMR 2010 expert consensus document on cardiovascular magnetic resonance: a report of the American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. J Am Coll Cardiol. 2010;55(23):2614-62.,131131 Wolk MJ, Bailey SR, Doherty JU, Douglas PS, Hendel RC, Kramer CM, et al; American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force. ACCF/AHA/ASE/ASNC/HFSA/HRS/SCAI/SCCT/SCMR/STS 2013 Multimodality Appropriate Use Criteria for the Detection and Risk Assessment of Stable Ischemic Heart Disease: A Report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, American Heart Association, American Society of Echocardiography, American Society of Nuclear Cardiology, Heart Failure Society of America, Heart Rhythm Society, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Cardiovascular Computed Tomography, Society for Cardiovascular Magnetic Resonance, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2014;63(4):380-406..

b) Realce tardio

O diagnóstico e a caracterização das regiões de infarto/necrose/fibrose do miocárdio pela RMC baseia-se na técnica do realce tardio132132 Kim RJ, Fieno DS, Parrish TB, Harris K, Chen EL, Simonetti O, et al. Relationship of MRI delayed contrast enhancement to irreversible injury, infarct age, and contractile function. Circulation. 1999;100(19):1992-2002.

133 Simonetti OP, Kim RJ, Fieno DS, Hillenbrand HB, Wu E, Bundy JM, et al. An improved MR imaging technique for the visualization of myocardial infarction. Radiology. 2001;218(1):215-23.

134 Lima JA, Judd RM, Bazille A, Schulman SP, Atalar E, Zerhouni EA. Regional heterogeneity of human myocardial infarcts demonstrated by contrast-enhanced MRI. Potential mechanisms. Circulation. 1995;92(5):1117-25.

135 Azevedo Filho CF, Hadlich M, Petriz JL, Mendonça LA, Moll Filho JN, Rochitte CE. Quantification of left ventricular infarcted mass on cardiac magnetic resonance imaging: comparison between planimetry and the semiquantitative visual scoring method. Arq Bras Cardiol. 2004;83(2):118-24; 111-7.

136 Kim RJ, Albert TS, Wible JH, Elliott MD, Allen JC, Lee JC, et al; Gadoversetamide Myocardial Infarction Imaging Investigators. Performance of delayed-enhancement magnetic resonance imaging with gadoversetamide contrast for the detection and assessment of myocardial infarction: an international, multicenter, double-blinded, randomized trial. Circulation. 2008;117(5):629-37.

137 Amado LC, Gerber BL, Gupta SN, Rettmann DW, Szarf G, Schock R, et al. Accurate and objective infarct sizing by contrast-enhanced magnetic resonance imaging in a canine myocardial infarction model. J Am Coll Cardiol. 2004;44(12):2383-9.

138 Schelbert EB, Hsu LY, Anderson SA, Mohanty BD, Karim SM, Kellman P, et al. Late gadolinium-enhancement cardiac magnetic resonance identifies postinfarction myocardial fibrosis and the border zone at the near cellular level in ex vivo rat heart. Circ Cardiovasc Imaging. 2010;3(6):743-52.
-139139 Azevedo CF, Amado LC, Kraitchman DL, Gerber BL, Osman NF, Rochitte CE, et al. Persistent diastolic dysfunction despite complete systolic functional recovery after reperfused acute myocardial infarction demonstrated by tagged magnetic resonance imaging. Eur Heart J. 2004;25(16):1419-27.. Por meio dessa técnica, a RMC permite avaliar não apenas os pacientes com infarto do miocárdio na fase aguda, mas também aqueles nas fases subaguda e crônica, sendo hoje uma ferramenta indispensável na avaliação da viabilidade miocárdica - sendo considerada o padrão-ouro nesta avaliação.

A técnica de realce tardio se baseia numa sequência de pulsos do tipo gradiente-eco rápida ponderada em T1, com um pré-pulso de inversão-recuperação e um Tempo de Inversão (TI) ajustado para anular o sinal do miocárdio normal, após a infusão do contraste baseado em gadolínio (0,02 a 0,04 mmol/kg). O gadolínio não penetra membranas celulares íntegras e, desse modo, tem distribuição extracelular. Nas regiões de infarto, ocorre ruptura das membranas dos miócitos necróticos e, assim, o gadolínio pode se distribuir livremente (há maior volume de distribuição)140140 Saeed M, Wendland MF, Masui T, Higgins CB. Reperfused myocardial infarctions on T1- and susceptibility-enhanced MRI: evidence for loss of compartmentalization of contrast media. Magn Reson Med. 1994;31(1):31-9.,141141 Diesbourg LD, Prato FS, Wisenberg G, Drost DJ, Marshall TP, Carroll SE, et al. Quantification of myocardial blood flow and extracellular volumes using a bolus injection of Gd-DTPA: kinetic modeling in canine ischemic disease. Magn Reson Med. 1992;23(2):239-53.. Além disso, a necrose dos miócitos também causa uma alteração da cinética de distribuição do contraste, de modo que a saída do gadolínio das áreas de infarto ocorre mais lentamente (delayed washout)142142 Kim RJ, Chen EL, Lima JA, Judd RM. Myocardial Gd-DTPA kinetics determine MRI contrast enhancement and reflect the extent and severity of myocardial injury after acute reperfused infarction. Circulation. 1996;94(12):3318-26.. Esses dois fatores fazem com que a concentração do contraste, cerca de 10 a 20 minutos após a injeção, seja muito maior nas regiões necróticas do que no tecido miocárdico normal143143 Rehwald WG, Fieno DS, Chen EL, Kim RJ, Judd RM. Myocardial magnetic resonance imaging contrast agent concentrations after reversible and irreversible ischemic injury. Circulation. 2002;105(2):224-9., tornando as áreas de infarto brancas (sinal intenso) nas imagens de realce tardio. No caso dos infartos antigos, a fibrose, e não a necrose, é o fenômeno patológico subjacente. Nesses casos, o maior espaço extracelular verificado no tecido fibrótico, quando comparado ao miocárdio normal, é a causa do maior volume de distribuição e da alteração da cinética dogadolínio143143 Rehwald WG, Fieno DS, Chen EL, Kim RJ, Judd RM. Myocardial magnetic resonance imaging contrast agent concentrations after reversible and irreversible ischemic injury. Circulation. 2002;105(2):224-9..

Vários estudos demonstraram que a RMC apresenta excelente acurácia na avaliação dos pacientes com infarto prévio132132 Kim RJ, Fieno DS, Parrish TB, Harris K, Chen EL, Simonetti O, et al. Relationship of MRI delayed contrast enhancement to irreversible injury, infarct age, and contractile function. Circulation. 1999;100(19):1992-2002.,134134 Lima JA, Judd RM, Bazille A, Schulman SP, Atalar E, Zerhouni EA. Regional heterogeneity of human myocardial infarcts demonstrated by contrast-enhanced MRI. Potential mechanisms. Circulation. 1995;92(5):1117-25.,137137 Amado LC, Gerber BL, Gupta SN, Rettmann DW, Szarf G, Schock R, et al. Accurate and objective infarct sizing by contrast-enhanced magnetic resonance imaging in a canine myocardial infarction model. J Am Coll Cardiol. 2004;44(12):2383-9.,144144 Rochitte CE, Lima JA, Bluemke DA, Reeder SB, McVeigh ER, Furuta T, et al. Magnitude and time course of microvascular obstruction and tissue injury after acute myocardial infarction. Circulation. 1998;98(10):1006-14.

145 Wagner A, Mahrholdt H, Holly TA, Elliott MD, Regenfus M, Parker M, et al. Contrast-enhanced MRI and routine single photon emission computed tomography (SPECT) perfusion imaging for detection of subendocardial myocardial infarcts: an imaging study. Lancet. 2003;361(9355):374-9.

146 Wu E, Judd RM, Vargas JD, Klocke FJ, Bonow RO, Kim RJ. Visualisation of presence, location, and transmural extent of healed Q-wave and non-Q-wave myocardial infarction. Lancet. 2001;357(9249):21-8.

147 Wu KC, Zerhouni EA, Judd RM, Lugo-Olivieri CH, Barouch LA, Schulman SP, et al. Prognostic significance of microvascular obstruction by magnetic resonance imaging in patients with acute myocardial infarction. Circulation. 1998;97(8):765-72.
-148148 Kim RJ, Wu E, Rafael A, Chen EL, Parker MA, Simonetti O, et al. The use of contrast-enhanced magnetic resonance imaging to identify reversible myocardial dysfunction. N Engl J Med. 2000;343(20):1445-53.. Em especial, Kim e cols.132132 Kim RJ, Fieno DS, Parrish TB, Harris K, Chen EL, Simonetti O, et al. Relationship of MRI delayed contrast enhancement to irreversible injury, infarct age, and contractile function. Circulation. 1999;100(19):1992-2002. demonstraram correlação quase exata entre os valores de massa infartada obtidos pela RMC e pela anatomia patológica, tanto nos infartos agudos (R = 0,99; p < 0,001) e subagudos (R = 0,99; p < ,001) quanto nos crônicos (R = 0,97; p < 0,001). Devido à sua excelente resolução espacial, a RMC permite a caracterização detalhada não apenas dos grandes infartos transmurais, mas também dos pequenos infartos subendocárdicos145145 Wagner A, Mahrholdt H, Holly TA, Elliott MD, Regenfus M, Parker M, et al. Contrast-enhanced MRI and routine single photon emission computed tomography (SPECT) perfusion imaging for detection of subendocardial myocardial infarcts: an imaging study. Lancet. 2003;361(9355):374-9.,146146 Wu E, Judd RM, Vargas JD, Klocke FJ, Bonow RO, Kim RJ. Visualisation of presence, location, and transmural extent of healed Q-wave and non-Q-wave myocardial infarction. Lancet. 2001;357(9249):21-8.. Isso é extremamente importante, pois a correta identificação dos infartos, assim como a demonstração da área infartada (expressa como um percentual da massa do ventrículo esquerdo), têm importante valor prognóstico147147 Wu KC, Zerhouni EA, Judd RM, Lugo-Olivieri CH, Barouch LA, Schulman SP, et al. Prognostic significance of microvascular obstruction by magnetic resonance imaging in patients with acute myocardial infarction. Circulation. 1998;97(8):765-72.,149149 Kwong RY, Sattar H, Wu H, Vorobiof G, Gandla V, Steel K, et al. Incidence and prognostic implication of unrecognized myocardial scar characterized by cardiac magnetic resonance in diabetic patients without clinical evidence of myocardial infarction. Circulation. 2008;118(10):1011-20.. Kelle e cols.150150 Kelle S, Roes SD, Klein C, Kokocinski T, de Roos A, Fleck E, et al. Prognostic value of myocardial infarct size and contractile reserve using magnetic resonance imaging. J Am Coll Cardiol. 2009;54(19):1770-7. demonstraram que a o tamanho da área de infarto tardio pela ressonância (acometendo ao menos seis segmentos do VE) foi um preditor de eventos mais forte do que a própria fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) em pacientes com miocardiopatia isquêmica150150 Kelle S, Roes SD, Klein C, Kokocinski T, de Roos A, Fleck E, et al. Prognostic value of myocardial infarct size and contractile reserve using magnetic resonance imaging. J Am Coll Cardiol. 2009;54(19):1770-7.. Adicionalmente, a RMC permite identificar regiões de obstrução microvascular (fenômeno de no-reflow)144144 Rochitte CE, Lima JA, Bluemke DA, Reeder SB, McVeigh ER, Furuta T, et al. Magnitude and time course of microvascular obstruction and tissue injury after acute myocardial infarction. Circulation. 1998;98(10):1006-14.,147147 Wu KC, Zerhouni EA, Judd RM, Lugo-Olivieri CH, Barouch LA, Schulman SP, et al. Prognostic significance of microvascular obstruction by magnetic resonance imaging in patients with acute myocardial infarction. Circulation. 1998;97(8):765-72.,151151 Gerber BL, Rochitte CE, Melin JA, McVeigh ER, Bluemke DA, Wu KC, et al. Microvascular obstruction and left ventricular remodeling early after acute myocardial infarction. Circulation. 2000;101(23):2734-41., um marcador de lesão miocárdica grave, que também está associado a pior prognóstico pós-IAM147147 Wu KC, Zerhouni EA, Judd RM, Lugo-Olivieri CH, Barouch LA, Schulman SP, et al. Prognostic significance of microvascular obstruction by magnetic resonance imaging in patients with acute myocardial infarction. Circulation. 1998;97(8):765-72.,151151 Gerber BL, Rochitte CE, Melin JA, McVeigh ER, Bluemke DA, Wu KC, et al. Microvascular obstruction and left ventricular remodeling early after acute myocardial infarction. Circulation. 2000;101(23):2734-41.. Estudos recentes demonstraram ainda que a caracterização das regiões de borda, na interface entre o miocárdio íntegro e o tecido infartado (área cinzenta), permite a estratificação do risco de arritmia ventricular pós-infarto e proporciona informações prognósticas importantes em pacientes com infarto prévio152152 Schmidt A, Azevedo CF, Cheng A, Gupta SN, Bluemke DA, Foo TK, et al. Infarct tissue heterogeneity by magnetic resonance imaging identifies enhanced cardiac arrhythmia susceptibility in patients with left ventricular dysfunction. Circulation. 2007;115(15):2006-14.,153153 Yan AT, Shayne AJ, Brown KA, Gupta SN, Chan CW, Luu TM, et al. Characterization of the peri-infarct zone by contrast-enhanced cardiac magnetic resonance imaging is a powerful predictor of post-myocardial infarction mortality. Circulation. 2006;114(1):32-9..

Pela técnica do realce tardio, é possível a identificação não apenas da área de infarto crônico, mas também da área não infartada, sendo a relação entre a extensão dessas duas áreas na parede ventricular fundamental para se determinar uma possível recuperação funcional ou não do miocárdio154154 Kim RJ, Shah DJ. Fundamental concepts in myocardial viability assessment revisited: when knowing how much is "alive" is not enough. Heart. 2004;90(2):137-40.. A avaliação da extensão transmural ("transmuralidade") das regiões de necrose e/ou fibrose do miocárdio permite predizer com excelente acurácia a probabilidade de recuperação da função regional após a revascularização, seja ela cirúrgica ou percutânea. Kim e cols.148148 Kim RJ, Wu E, Rafael A, Chen EL, Parker MA, Simonetti O, et al. The use of contrast-enhanced magnetic resonance imaging to identify reversible myocardial dysfunction. N Engl J Med. 2000;343(20):1445-53. demonstraram que segmentos disfuncionais que apresentassem área de realce tardio com extensão < 50% do mesmo segmento apresentavam grande probabilidade de recuperação funcional após a revascularização e, portanto, foram considerados viáveis. Por outro lado, apenas uma pequena proporção dos segmentos com realce tardio com ≥ 50% (considerado como acometimento transmural) apresentavam recuperação funcional após o procedimento de revascularização e foram, desse modo, considerados não viáveis148148 Kim RJ, Wu E, Rafael A, Chen EL, Parker MA, Simonetti O, et al. The use of contrast-enhanced magnetic resonance imaging to identify reversible myocardial dysfunction. N Engl J Med. 2000;343(20):1445-53.. Graças a essa capacidade única de permitir a visualização de extensão de ambos os tecidos infartados e normais, a RMC tem alta sensibilidade e especificidade, com acurácia de 72 a 77%, e valores preditivos positivos e negativos de 66 a 85% e de 82 a 92%, respectivamente, para determinação da recuperação funcional de segmentos do miocárdio pós-revascularização148148 Kim RJ, Wu E, Rafael A, Chen EL, Parker MA, Simonetti O, et al. The use of contrast-enhanced magnetic resonance imaging to identify reversible myocardial dysfunction. N Engl J Med. 2000;343(20):1445-53.,155155 Knuesel PR, Nanz D, Wyss C, Buechi M, Kaufmann PA, von Schulthess GK, et al. Characterization of dysfunctional myocardium by positron emission tomography and magnetic resonance: relation to functional outcome after revascularization. Circulation. 2003;108(9):1095-100.,156156 Bodi V, Sanchis J, Lopez-Lereu MP, Losada A, Nunez J, Pellicer M, et al. Usefulness of a comprehensive cardiovascular magnetic resonance imaging assessment for predicting recovery of left ventricular wall motion in the setting of myocardial stunning. J Am Coll Cardiol. 2005;46(9):1747-52.. Segmentos do miocárdio com menos de 50% de extensão da parede, com presença de realce tardio, têm alta probabilidade de melhora funcional, enquanto segmentos com mais de 50% de extensão do infarto têm baixa probabilidade de recuperação. Esses resultados são ainda superiores quando aplicados apenas em pacientes com disfunção ventricular grave157157 Schvartzman PR, Srichai MB, Grimm RA, Obuchowski NA, Hammer DF, McCarthy PM, et al. Nonstress delayed-enhancement magnetic resonance imaging of the myocardium predicts improvement of function after revascularization for chronic ischemic heart disease with left ventricular dysfunction. Am Heart J. 2003;146(3):535-41. ou analisando-se segmentos que já apresentam hipocinesia importante ou acinesia148148 Kim RJ, Wu E, Rafael A, Chen EL, Parker MA, Simonetti O, et al. The use of contrast-enhanced magnetic resonance imaging to identify reversible myocardial dysfunction. N Engl J Med. 2000;343(20):1445-53..

A capacidade única de identificação da presença e da extensão das regiões de infarto138138 Schelbert EB, Hsu LY, Anderson SA, Mohanty BD, Karim SM, Kellman P, et al. Late gadolinium-enhancement cardiac magnetic resonance identifies postinfarction myocardial fibrosis and the border zone at the near cellular level in ex vivo rat heart. Circ Cardiovasc Imaging. 2010;3(6):743-52., da presença ou não de obstrução microvascular147147 Wu KC, Zerhouni EA, Judd RM, Lugo-Olivieri CH, Barouch LA, Schulman SP, et al. Prognostic significance of microvascular obstruction by magnetic resonance imaging in patients with acute myocardial infarction. Circulation. 1998;97(8):765-72., da área peri-infarto152152 Schmidt A, Azevedo CF, Cheng A, Gupta SN, Bluemke DA, Foo TK, et al. Infarct tissue heterogeneity by magnetic resonance imaging identifies enhanced cardiac arrhythmia susceptibility in patients with left ventricular dysfunction. Circulation. 2007;115(15):2006-14.,153153 Yan AT, Shayne AJ, Brown KA, Gupta SN, Chan CW, Luu TM, et al. Characterization of the peri-infarct zone by contrast-enhanced cardiac magnetic resonance imaging is a powerful predictor of post-myocardial infarction mortality. Circulation. 2006;114(1):32-9. e da contratilidade regional151151 Gerber BL, Rochitte CE, Melin JA, McVeigh ER, Bluemke DA, Wu KC, et al. Microvascular obstruction and left ventricular remodeling early after acute myocardial infarction. Circulation. 2000;101(23):2734-41.,158158 Azevedo CF, Amado LC, Kraitchman DL, Gerber BL, Edvardsen T, Osman NF, et al. The effect of intra-aortic balloon counterpulsation on left ventricular functional recovery early after acute myocardial infarction: a randomized experimental magnetic resonance imaging study. Eur Heart J. 2005;26(12):1235-41.,159159 Gerber BL, Garot J, Bluemke DA, Wu KC, Lima JA. Accuracy of contrast-enhanced magnetic resonance imaging in predicting improvement of regional myocardial function in patients after acute myocardial infarction. Circulation. 2002;106(9):1083-9. fazem com que a RMC se torne uma ferramenta cada vez mais importante não apenas na avaliação diagnóstica, mas também na avaliação prognóstica dos pacientes150150 Kelle S, Roes SD, Klein C, Kokocinski T, de Roos A, Fleck E, et al. Prognostic value of myocardial infarct size and contractile reserve using magnetic resonance imaging. J Am Coll Cardiol. 2009;54(19):1770-7.,160160 Bingham SE, Hachamovitch R. Incremental prognostic significance of combined cardiac magnetic resonance imaging, adenosine stress perfusion, delayed enhancement, and left ventricular function over preimaging information for the prediction of adverse events. Circulation. 2011;123(14):1509-18.,161161 Gerber BL, Rousseau MF, Ahn SA, le Polain de Waroux JB, Pouleur AC, Phlips T, et al. Prognostic value of myocardial viability by delayed-enhanced magnetic resonance in patients with coronary artery disease and low ejection fraction: impact of revascularization therapy. J Am Coll Cardiol. 2012;59(9):825-35..

c) Angiorresonância das artérias coronárias

A visualização adequada das artérias coronárias pela RMC é um grande desafio, em virtude de vários fatores que prejudicam a qualidade das imagens, como a movimentação cardíaca e respiratória, o fino calibre e a complexidade anatômica coronariana. Diversas técnicas têm sido desenvolvidas para superar essas dificuldades162162 Manning WJ, Li W, Edelman RR. A preliminary report comparing magnetic resonance coronary angiography with conventional angiography. N Engl J Med. 1993;328(12):828-32. Erratum in N Engl J Med. 1993;330(2):152.

163 Post JC, van Rossum AC, Hofman MB, de Cock CC, Valk J, Visser CA. Clinical utility of two-dimensional magnetic resonance angiography in detecting coronary artery disease. Eur Heart J. 1997;18(3):426-33.

164 Kim WY, Danias PG, Stuber M, Flamm SD, Plein S, Nagel E, et al. Coronary magnetic resonance angiography for the detection of coronary stenoses. N Engl J Med. 2001;345(26):1863-9.

165 Post JC, van Rossum AC, Hofman MB, Valk J, Visser CA. Three-dimensional respiratory-gated MR angiography of coronary arteries: comparison with conventional coronary angiography. AJR Am J Roentgenol. 1996;166(6):1399-404.

166 van Geuns RJ, Wielopolski PA, de Bruin HG, Rensing BJ, Hulshoff M, van Ooijen PM, et al. MR coronary angiography with breath-hold targeted volumes: preliminary clinical results. Radiology. 2000;217(1):270-7.
-167167 Li D, Dolan RP, Walovitch RC, Lauffer RB. Three-dimensional MRI of coronary arteries using an intravascular contrast agent. Magn Reson Med. 1998;39(6):1014-8.. Apesar de alguns estudos promissores168168 Jahnke C, Paetsch I, Nehrke K, Schnackenburg B, Gebker R, Fleck E, et al. Rapid and complete coronary arterial tree visualization with magnetic resonance imaging: feasibility and diagnostic performance. Eur Heart J. 2005;26(21):2313-9.

169 Sakuma H, Ichikawa Y, Suzawa N, Hirano T, Makino K, Koyama N, et al. Assessment of coronary arteries with total study time of less than 30 minutes by using whole-heart coronary MR angiography. Radiology. 2005;237(1):316-21.
-170170 Sakuma H, Ichikawa Y, Chino S, Hirano T, Makino K, Takeda K. Detection of coronary artery stenosis with whole-heart coronary magnetic resonance angiography. J Am Coll Cardiol. 2006;48(10):1946-50., seu uso clínico atualmente se concentra na avaliação de anomalias congênitas de origem e trajeto das artérias coronárias171171 Bunce NH, Lorenz CH, Keegan J, Lesser J, Reyes EM, Firmin DN, et al. Coronary artery anomalies: assessment with free-breathing three-dimensional coronary MR angiography. Radiology. 2003;227(1):201-8.,172172 McConnell MV, Ganz P, Selwyn AP, Li W, Edelman RR, Manning WJ. Identification of anomalous coronary arteries and their anatomic course by magnetic resonance coronary angiography. Circulation. 1995;92(11):3158-62..

Recomendações da ressonância magnética

Grau de recomendação I, Nível de evidência A

Avaliação da função ventricular global, volumes e massa (esquerda e direita)

Detecção de isquemia.

  • Avaliação da perfusão miocárdica sob estresse com vasodilatadores.

  • Avaliação da contratilidade ventricular sob estresse com dobutamina.

  • Infarto do miocárdio (agudo e crônico).

  • Detecção e quantificação de fibrose miocárdica e massa infartada.

  • Avaliação da viabilidade miocárdica.

Grau de recomendação I, Nível de evidência B

Diferenciação de cardiopatias isquêmicas e não isquêmicas.

Angio-RMC de artérias coronárias.

  • Avaliação de anomalias congênitas.

Recomendações da ressonância magnética

Grau de recomendação IIb, Nível de evidência B

Angio-RMC de artérias coronárias.

  • Detecção de estenose luminal coronária.

    Avaliação de patência de enxertos.

3. Estratificação do risco cardiovascular na DAC

As mesmas estratégias e métodos utilizados no diagnóstico da DAC também provêm informações sobre a gravidade da doença, com implicações na estratégia da realização dos métodos complementares invasivos, como coronariografia, e decisão terapêutica.

A história clínica com angina de início recente, angina progressiva ou limitante, e insuficiência cardíaca de provável causa isquêmica e identificam pacientes de alto risco para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares.

O ECG, quando apresenta alterações indicativas de infarto prévio ou isquemia, já descritas anteriormente, também mostra pacientes que estão sob risco maior do que aqueles que apresentarem ECG normal.

Quanto ao RX de tórax, os casos que apresentarem achados radiológicos de cardiomegalia, aneurisma de ventrículo esquerdo e congestão venosa pulmonar estarão comumente associados a um pior prognóstico em relação aos que não apresentarem alteração radiológica.

Os demais testes funcionais também são utilizados para avaliar o risco do paciente com DAC, conforme se segue.

Teste ergométrico para avaliação do prognóstico da doença aterosclerótica coronariana

Grau de recomendação I, Nível de evidência B

Pacientes com probabilidade intermediária ou alta de DAC, após avaliação inicial; pacientes que apresentem modificações de sintomas.

Grau de recomendação IIb, Nível de evidência B

Pacientes portadores de pré-excitação, depressão do segmento ST > 1 mm no ECG de repouso, ritmo de marca-passo e bloqueio completo de ramo esquerdo.

Grau de recomendação IIa, Nível de evidência C

Pacientes revascularizados com sintomas sugerindo isquemia.

Grau de recomendação III, Nível de evidência C

Pacientes portadores de graves comorbidades (artrites, amputações, doença arterial periférica, doença pulmonar obstrutiva crônica e reduzida capacidade funcional).

Nos pacientes com DAC capazes de ultrapassar o terceiro estágio do protocolo de Bruce, a taxa de mortalidade anual é ao redor de 1%, em contraste com aqueles incapazes de ultrapassar os 5 mets, cuja mortalidade anual gira em torno de 5%3636 Douglas PS, Khandheria B, Stainback RF, Weissman NJ, Peterson ED, Hendel RC, et al; American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force; American Society of Echocardiography; American College of Emergency Physicians; American Heart Association; American Society of Nuclear Cardiology; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Cardiovascular Computed Tomography; Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. ACCF/ASE/ACEP/AHA/ASNC/SCAI/SCCT/SCMR 2008 appropriateness criteria for stress echocardiography: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force, American Society of Echocardiography, American College of Emergency Physicians, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Cardiovascular Computed Tomography, and Society for Cardiovascular Magnetic Resonance: endorsed by the Heart Rhythm Society and the Society of Critical Care Medicine. Circulation. 2008;117(11):1478-97.,173173 Weiner DA, Ryan TJ, McCabe CH, Chaitman BR, Sheffield LT, Ferguson JC, et al. Prognostic importance of a clinical profile and exercise test in medically treated patients with coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1984;3(3):772-9..

Outras variáveis de alto risco são: depressão do segmento ST em múltiplas derivações; depressão persistente do segmento ST na recuperação > 5 minutos; inadequada resposta cronotrópica; queda da pressão arterial sistólica durante o esforço ou curva achatada; e arritmia ventricular grave em nível baixo de esforço, na presença de depressão do segmento ST ou de dor anginosa. Outra forma de estratificar o risco de portadores de angina estável é a utilização de equações matemáticas (escores prognósticos) desenvolvidas por meio de variáveis clínicas e ergométricas174174 Lauer MS, Okin PM, Larson MG, Evans JC, Levy D. Impaired heart rate response to graded exercise: prognostic implications of chronotropic incompetence in the Framingham Heart Study. Circulation. 1996;93(8):1520-6.

175 Lauer MS, Francis GS, Okin PM, Pashkow FJ, Snader CE, Marwick TH. Impaired chronotropic response to exercise stress testing as a predictor of mortality. JAMA. 1999;281(6):524-9.
-176176 Stone PH, Turi ZG, Muller JE, Parker C, Hartwell T, Rutherford JD, et al. Prognostic significance of the treadmill exercise performance 6 months after myocardial infarction. J Am Coll Cardiol. 1986;8(5):1007-17.. Pode-se utilizar o escore de Duke177177 Mark DB, Hlatky MA, Harrel FE Jr, Lee KL, Calliff RM, Pryor DB. Exercise treadmill score for predicting prognosis in coronary artery disease. Ann Intern Med. 1987;106(6):793-800., que resulta da equação: tempo do exercício (em minutos) - 5 x depressão do ST (em milímetros) - 4 x índice anginoso (1 para ausência de angina, 2 para presença de angina e 3 para angina como causa de interrupção do exercício). Valor ≥ 5 representa baixo risco, com mortalidade anual ≤ 1%. Valor compreendido entre 4 e -10 representa risco intermediário, com mortalidade anual estimada entre 1 a 3%. Valor < -10 representa risco elevado de futuros eventos.

O ecocardiograma para avaliação do prognóstico da DAC leva em conta principalmente a função ventricular esquerda, e a presença ou ausência de isquemia miocárdica induzida sob estresse físico ou farmacológico, avaliados pela ecocardiografia. Esse dois aspectos têm influência importante no prognóstico em longo prazo, com maior mortalidade associada à diminuição da FE ventricular. Já a presença de resultado negativo para isquemia está associada ao baixo risco de eventos cardiovasculares durante o acompanhamento. Em pacientes com infarto miocárdico prévio, a ecocardiografia sob estresse pode ser útil na avaliação da presença, distribuição e gravidade da isquemiamiocárdica, com importantes implicações prognósticas2727 Armstrong WF, Pellikka PA, Ryan T, Crouse L, Zogbi WA. Stress echocardiography: recommendations for performance and interpretation of stress echocardiography. Stress Echocardiography Task Force of the Nomenclature and Standards Committee of the American Society of Echocardiography. J Am Soc Echocardiogr. 1998;11(1):97-104.

28 Barbosa MM, Nunes MC, Campos Filho O, Camarozano A, Rabischoffsky A, Maciel BC, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes das indicações da ecocardiografia. Arq Bras Cardiol. 2009;93(6 supl. 3):e265-302.

29 McCully RB, Roger VL, Mahoney DW, Karon BL, Oh JK, Miller FA, et al. Outcome after normal exercise echocardiography and predictors of subsequent cardiac events: follow-up of 1. 325 patients. J Am Coll Cardiol. 1998;31(1):144-9.

30 La Canna G, Alfieri O, Giubbini R, Gargano M, Ferrari R, Visioli O. Echocardiography during infusion of dobutamine for identification of reversible dysfunction in patients with chronic coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1994;23(3):617-26.

31 Mathias W Jr, Arruda AL, Andrade JL, Campos O, Porter TR. Endocardial border delineation during dobutamine infusion through use of contrast echocardiography. Echocardiography. 2002;19(2):109-14.

32 Camarozano AC, Resende P, Siqueira-Filho AG, Weitzel LH, Noe R. The effects of beta-blockers on dubutamine-atropine stress echocardiography: early protocol versus standard protocol. Cardiovasc Ultrasound. 2006;4:30.

33 Dolan MS, Kamal R, El-Shafei A, Puri S, Tamirisa K, Bierig M, et al. Effect of intravenous contrast for left ventricular opacification and border definition on sensitivity and specificity of dobutamine stress echocardiography compared with coronary angiopraphy in technically difficult patients. Am Heart J. 2001;142(5):908-15.

34 Plana JC, Mikati IA, Dokainish H, Lakkis N, Abukhalil RT, Davis R, et al. A randomized cross-over study for evaluation of the effect of image optimization with contrast on the diagnostic accuracy of dobutamine echocardiography in coronary artery disease: the OPTIMIZE trial. JACC Cardiovasc Imaging. 2008;1(2):145-52.

35 Sicari R, Nihoyannopoulos P, Evangelista A, Kasprzak J, Lancellotti P, Poldermans D, et al; European Association of Echocardiography. Stress echocardiography expert consensus statement. European Association of Echocardiography (EAE). Eur J Echocardiogr. 2008;9(4):415-37.
-3636 Douglas PS, Khandheria B, Stainback RF, Weissman NJ, Peterson ED, Hendel RC, et al; American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force; American Society of Echocardiography; American College of Emergency Physicians; American Heart Association; American Society of Nuclear Cardiology; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Cardiovascular Computed Tomography; Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. ACCF/ASE/ACEP/AHA/ASNC/SCAI/SCCT/SCMR 2008 appropriateness criteria for stress echocardiography: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force, American Society of Echocardiography, American College of Emergency Physicians, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Cardiovascular Computed Tomography, and Society for Cardiovascular Magnetic Resonance: endorsed by the Heart Rhythm Society and the Society of Critical Care Medicine. Circulation. 2008;117(11):1478-97.. A ecocardiografia também pode servir na avaliação da presença de viabilidade miocárdica, já que, em pacientes com DAC, a função contrátil miocárdica pode estar deprimida, devido à necrose miocárdica ou como resultado do miocárdio hibernado. Assim, em pacientes com doença multiarterial e função ventricular esquerda deprimida, a melhora da contração miocárdica segmentar durante baixas doses de dobutamina é considerada indicativa de reserva contrátil, sendo preditora de melhora da função ventricular após Cirurgia de Revascularização Miocárdica (CRM). Em pacientes assintomáticos submetidos à CRM com sucesso, a avaliação rotineira pela ecocardiografia sob estresse não é necessária nem indicada. A identificação de isquemia residual em pacientes assintomáticos não melhora sua evolução. Entretanto, quando os sintomas persistem ou recorrem após CRM, a ecocardiografia sob estresse pode ser útil na identificação de obstrução do enxerto, desenvolvimento de novas lesões obstrutivas ou mesmo na localização e na avaliação da gravidade da isquemia residual, em casos de revascularização incompleta2727 Armstrong WF, Pellikka PA, Ryan T, Crouse L, Zogbi WA. Stress echocardiography: recommendations for performance and interpretation of stress echocardiography. Stress Echocardiography Task Force of the Nomenclature and Standards Committee of the American Society of Echocardiography. J Am Soc Echocardiogr. 1998;11(1):97-104.

28 Barbosa MM, Nunes MC, Campos Filho O, Camarozano A, Rabischoffsky A, Maciel BC, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes das indicações da ecocardiografia. Arq Bras Cardiol. 2009;93(6 supl. 3):e265-302.

29 McCully RB, Roger VL, Mahoney DW, Karon BL, Oh JK, Miller FA, et al. Outcome after normal exercise echocardiography and predictors of subsequent cardiac events: follow-up of 1. 325 patients. J Am Coll Cardiol. 1998;31(1):144-9.

30 La Canna G, Alfieri O, Giubbini R, Gargano M, Ferrari R, Visioli O. Echocardiography during infusion of dobutamine for identification of reversible dysfunction in patients with chronic coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1994;23(3):617-26.

31 Mathias W Jr, Arruda AL, Andrade JL, Campos O, Porter TR. Endocardial border delineation during dobutamine infusion through use of contrast echocardiography. Echocardiography. 2002;19(2):109-14.

32 Camarozano AC, Resende P, Siqueira-Filho AG, Weitzel LH, Noe R. The effects of beta-blockers on dubutamine-atropine stress echocardiography: early protocol versus standard protocol. Cardiovasc Ultrasound. 2006;4:30.

33 Dolan MS, Kamal R, El-Shafei A, Puri S, Tamirisa K, Bierig M, et al. Effect of intravenous contrast for left ventricular opacification and border definition on sensitivity and specificity of dobutamine stress echocardiography compared with coronary angiopraphy in technically difficult patients. Am Heart J. 2001;142(5):908-15.

34 Plana JC, Mikati IA, Dokainish H, Lakkis N, Abukhalil RT, Davis R, et al. A randomized cross-over study for evaluation of the effect of image optimization with contrast on the diagnostic accuracy of dobutamine echocardiography in coronary artery disease: the OPTIMIZE trial. JACC Cardiovasc Imaging. 2008;1(2):145-52.

35 Sicari R, Nihoyannopoulos P, Evangelista A, Kasprzak J, Lancellotti P, Poldermans D, et al; European Association of Echocardiography. Stress echocardiography expert consensus statement. European Association of Echocardiography (EAE). Eur J Echocardiogr. 2008;9(4):415-37.
-3636 Douglas PS, Khandheria B, Stainback RF, Weissman NJ, Peterson ED, Hendel RC, et al; American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force; American Society of Echocardiography; American College of Emergency Physicians; American Heart Association; American Society of Nuclear Cardiology; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Cardiovascular Computed Tomography; Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. ACCF/ASE/ACEP/AHA/ASNC/SCAI/SCCT/SCMR 2008 appropriateness criteria for stress echocardiography: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force, American Society of Echocardiography, American College of Emergency Physicians, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Cardiovascular Computed Tomography, and Society for Cardiovascular Magnetic Resonance: endorsed by the Heart Rhythm Society and the Society of Critical Care Medicine. Circulation. 2008;117(11):1478-97.,178178 Afridi I, Kleiman NS, Raizner AE, Zoghbi WA. Dobutamine echocardiography in myocardial hibernation: optimal dose and accuracy in predicting recovery of ventricular function after coronary angioplasty. Circulation. 1995;91(3):663-70..

A CMP para a avaliação de gravidade, estratificação de risco e prognóstico visa identificar pacientes com risco de morte e com de infarto não fatal. O grupo de risco intermediário de DAC é o que melhor se beneficia da CMP, havendo uma excelente relação custo-benefício, estratificando adequadamente o paciente, e direcionando-o para o tratamento clínico ou invasivo. Os aspectos cintilográficos ou pela RMC mais importantes na análise da estratificação de risco e prognóstico da DAC são a extensão da lesão e a FE. Associados a esses dois fatores, muitas situações clínicas interferem na estratificação de risco de maneira relevante, tais como: idade, diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, hipertrofia ventricular esquerda, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio e outros. Vários estudos demonstraram que as principais variáveis cintilográficas ou de RMC, que influenciam na decisão do manejo, são a detecção da isquemia induzida; a localização da isquemia, correlacionando-a com a coronária acometida; a análise da extensão e a concomitância com outras paredes comprometidas; e a identificação da associação de isquemia e necrose. Outras variáveis importantes na estratificaçãode risco são a presença de captação pulmonar na CMP com tálio e o aumento transitório do ventrículo esquerdo4141 Verna E, Ceriani L, Giovanella L, Binaghi G, Garancini S. "False-positive" myocardial perfusion scintigraphy findings in patients with angiographically normal coronary arteries: insights from intravascular sonography studies. J Nucl Med. 2000;41(12):1935-40.

42 Underwood SR, Shaw LJ, Anagnostopoulos C, Cerqueira M, Ell PJ, Flint J, et al. Myocardial perfusion scintigraphy and cost effectiveness of diagnosis and management of coronary heart disease. Heart. 2004;90 Suppl 5:v34-6.

43 Bateman TM, Heller GV, McGhie AI, Friedman JD, Case JA, Bryngelson JR, et al. Diagnostic accuracy of rest/ stress ECG-gated Rb-82 myocardial perfusion PET: comparison with ECG-gated Tc-99m sestamibi SPECT. J Nucl Cardiol. 2006;13(1):24-33.

44 Kajander S, Joutsiniemi E, Saraste M, Pietila M, Ukkonen H, Saraste A, et al. Cardiac positron emission tomography/ computed tomography imaging accurately detects anatomically and functionally significant coronary artery disease. Circulation. 2010;122(6):603-13.
-4545 Imbert L, Poussier S, Franken PR, Songy B, Verger A, Morel O, et al. Compared performance of high-sensitivity cameras dedicated to myocardial perfusion SPECT: a comprehensive analysis of phantom and human images. J Nucl Med. 2012;53(12):1897-903..

Resultados de testes não invasivos e risco anual de morte

Alto risco (> 3% morte/ano)

  • Disfunção do ventrículo esquerdo em repouso grave (FE < 0,35).

  • Escore de risco elevado ao TE (escore de Duke < - 11).

  • Disfunção ventricular esquerda grave ao teste de imagem com estresse (< 0,35).

  • Grandes defeitos de perfusão durante teste de imagem com estresse.

  • Múltiplos defeitos de perfusão de tamanho moderado durante teste de imagem com estresse.

  • Grandes defeitos fixos de perfusão com dilatação do ventrículo esquerdo ou aumento na captação pulmonar, usando a angiografia com radionuclídeos com tálio.

  • Moderados defeitos com dilatação do ventrículo esquerdo ou aumento na captação pulmonar durante teste de imagem com estresse, utilizando o tálio.

  • Defeitos em mais de dois segmentos com baixa frequência cardíaca(< 120 bpm) ou com baixa dose de dobutamina (= 10 µg/kg/minuto) durante teste do ecocardiograma com estresse.

  • Evidência de isquemia extensa durante ecocardiograma com estresse.

Moderado risco (1 a 3% morte/ano)

  • Leve a moderada disfunção ventricular esquerda em repouso (FE 0,49 a 0,35).

  • Risco intermediário no TE (escore de Duke entre 4 e -10).

  • Moderados defeitos de perfusão sem dilatação ventricular esquerda ou captação pulmonar durante teste de imagem com estresse.

  • Defeitos de perfusão limitados, envolvendo dois segmentos e com doses de dobutamina > 10 µg/kg/min durante teste de ecocardiogramacom estresse.

Baixo risco (< 1% morte/ano)

  • Escore baixo ao TE (escore de Duke >5).

  • Teste normal ou pequenos defeitos de perfusão em repouso ou em teste de imagem com estresse.

  • Contração miocárdica normal ou nenhuma mudança em limitada porção do miocárdio durante teste do ecocardiograma com estresse.

3.a. Estratégias para o diagnóstico e estratificação da doença aterosclerótica coronariana

Conforme já apresentado, tanto o diagnóstico de pacientes com suspeita de doença isquêmica do coração, como a estratificação do risco da DAC podem ser feitos de diversas maneiras. Dentre elas, uma estratégia é baseada na visualização direta e anatômica da lesão coronariana pela cinecoronariografia; outra baseia-se na detecção dos efeitos funcionais da obstrução coronariana, por meio de estudos não invasivos. Um estudo funcional normal, realizado com protocolo adequado de estresse, carreia o mesmo prognóstico que um estudo cineangiocoronariográfico normal. Em grupos assim estudados, constata-se a evolução livre de eventos em cerca de 99% deles, no decorrer de 1 ano, mesmo quando os indivíduos têm teste de esforço positivo ou doença coronariana detectável pela coronariografia. A utilização desses métodos está indicada conforme a apresentação clínica e a estimativa da probabilidade pré-teste de doença, conforme apresentado na figura 1.

Figura 1
Algoritmo de diagnóstico e estratificação da DAC. *Teste opcional. DAC: doença aterosclerótica coronariana.

PARTE II - TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

1. Linhas gerais

Os objetivos fundamentais do tratamento da DAC incluem: (1) prevenir o infarto do miocárdio e reduzir a mortalidade; (2) reduzir os sintomas e a ocorrência da isquemia miocárdica, propiciando melhor qualidade de vida.

Para se conseguirem esses objetivos, há diversos meios, sempre começando por orientação dietética e de atividade física, ambas abordadas na I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular1010 Simão AF, Précoma DB, Andrade JP, Correa Filho H, Saraiva JF, Oliveira GM, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz brasileira de prevenção cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013;101(6 supl. 2):1-63.; terapêutica medicamentos, que será agora abordada, exclusivamente os medicamentos comercializados em nosso país; e terapêutica cirúrgica e a intervencionista - além das novas opções de tratamento em desenvolvimento.

Quanto à terapêutica medicamentosa, antiagregantes plaquetários, hipolipemiantes, em especial as estatinas, bloqueadores beta-adrenérgicos após IAM e Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina I (iECA) reduzem a incidência de infarto e aumentam a sobrevida, enquanto os nitratos, antagonistas dos canais de cálcio e trimetazidina reduzem os sintomas e os episódios de isquemia miocárdica, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. A ivabradina, o mais recente dos antianginosos, mostrou-se especialmente benéfica nos pacientes com disfunção ventricular e frequência cardíaca > 70 bpm, a despeito do uso de betabloqueadores. Dessa forma, é prioritário e fundamental iniciar o tratamento com medicamentos que reduzem a morbimortalidade e associar, quando necessário, medicamentos que controlem a angina e reduzem a isquemia miocárdica.

2. Tratamento para reduzir risco de infarto do miocárdio e mortalidade

2.a. Antiagregantes plaquetários

a) Ácido Acetilsalicílico (AAS): os efeitos antitrombóticos advêm da inibição irreversível da ciclo-oxigenase-1, com consequente bloqueio da síntese do tromboxano A2. Na última meta-análise sobre o uso da aspirina, feita pelo Antithrombotic Trialists' Collaboration 179179 Antithrombotic Trialists' Collaboration. Collaborative meta-analysis of randomized trials of antiplatelet therapy for prevention of death, myocardial infarction, and stroke in high risk patients. BMJ. 2002;324(7329):71-86., dentre um total de mais de 350 mil indivíduos randomizados em mais de 280 estudos comparando aspirina vs. placebo ou outro antiagregante, aproximadamente 3.000 pacientes eram portadores de angina estável e, nestes, a aspirina reduziu, em média, em 33% o risco de eventos cardiovasculares (morte, infarto e Acidente Vascular Cerebral - AVC). No Physicians' Health Study 180180 Steering Committee of the Physicians' Health Study Research Group. Final report on the aspirin component of the ongoing Physicians' Health Study. N Engl J Med. 1989;321(3):129-35., a aspirina, na dose de 325 mg em dias alternados, reduziu a incidência de infarto do miocárdio numa população assintomática e sem doença conhecida. No estudo SAPAT (Swedish Angina Pectori sAspirin Trial),181181 Juul-Möller S, Edvardsson N, Jahnmatz B, Rosén A, Sørensen S, Omblus R. Double blind trial of aspirin in primary prevention of myocardial infarction in patients with stable chronic angina pectoris. The Swedish Angina Pectoris Aspirin Trial (SAPAT) Group. Lancet. 1992;340(8833):1421-5. a adição de aspirina ao sotalol, na dose de 75 mg/dia, em portadores de doença coronariana crônica, reduziu em 34% a incidência dos eventos primários de infarto do miocárdio e morte súbita, e em 32% a incidência de eventos secundários. Assim, a aspirina continua sendo o antiagregante plaquetário de excelência, devendo ser sempre prescrito - exceção a raros casos de contraindicação (alergia ou intolerância, sangramento ativo, hemofilia e úlcera péptica ativa) ou alta probabilidade de sangramento gastrintestinal ou geniturinário. A aspirina está indicada para todos os pacientes. Grau de recomendação I, Nível de evidência A.

b) Derivados tienopiridínicos: a ticlopidina e o clopidogrel são antagonistas da ativação plaquetária mediada pela Adenosina Difosfato (ADP), importante via para agregação plaquetária. Também reduzem ao nível de fibrinogênio circulante e bloqueiam parcialmente os receptores de glicoproteína IIb/IIIa, impedindo sua ligação ao fibrinogênio e ao fator von Willebrand. A ticlopidina teve efeitos melhores do que os da aspirina para prevenção de episódios isquêmicos cerebrais, nos estudos comparativos em indivíduos com AVC pregresso, embora as reações hematológicas adversas, como a neutropenia e plaquetopenia, sejam mais comuns e geralmente regridam com a suspensão do medicamento. A púrpura trombocitopênica é uma complicação séria, sendo algumas vezes fatal, porém, ocorre em apenas 0,029% dos pacientes. Os estudos que avaliaram os efeitos da ticlopidina incluíram apenas pacientes submetidos à angioplastia transluminal coronariana com colocação de stents182182 Schomig A, Neumann FJ, Kastrati A, Schühlen H, Blasini R, Hadamitzky M, et al. A randomized comparison of antiplatelet and anticoagulant therapy after the placement of coronary-artery stents. N Engl J Med. 1996;334(17):1084-9.. Não existem estudos que tenham comparado os efeitos da aspirina aos da ticlopidina na sobrevida de pacientes com doença coronariana crônica. Os efeitos do clopidogrel são semelhantes aos da ticlopidina, contudo, a ligação entre o ADP e os receptores plaquetários da glicoproteína IIb/IIIa é inibida de forma seletiva e irreversível por esse último. Estudos que compararam os efeitos antiagregantes desse medicamento aos da aspirina incluíram somente pacientes com IAM, AVC e/ou doença arterial periférica183183 Bertrand ME, Rupprech HJ, Urban P, Gershilick AH;CLASSICS Investigator. Double-blind study of the safety of clopidogrel with and without a loading dose in combination with aspirin after coronary stenting the Clopidogrel Aspirin Stent International Cooperative Study (CLASSICS). Circulation. 2000;102(6):624-9.,184184 CAPRIE Steering Committee. A randomized blinded trial of clopidogrel versus aspirin in patients of risk of ischemic event. Caprie Steering Committee. Lancet. 1996;348(9038):1329-39. porém não avaliaram especificamente os portadores de doença coronariana crônica. Todavia, especificamente no estudo CAPRIE7, embora os pacientes tivessem tido infarto há menos de 1 ano, eles foram seguidos por mais de 2 anos e passaram a se comportar como aqueles com doença crônica, mas com evento pregresso. Estudo que comparou os efeitos benéficos do clopidogrel e da ticlopidina associados aos da aspirina demonstrou resultados semelhantes, porém o perfil de segurança do clopidogrel foi superior ao da ticlopidina185185 Muller C, Buttner HJ, Petersen J, Roskamm H. A randomized comparison of clopidogrel and aspirin versus ticlopidine and aspirin after the placement of coronary artery stents. Circulation. 2000;101(6):590-3.. Novos antiagregantes, como o prasugrel e o ticagrelor, ainda não têm estudos finalizados em pacientes com DAC estável, e, desse modo, não têm indicação até o momento. Assim, o uso desses derivados, na doença coronariana crônica, fica classificado da maneira que segue.

Clopidogrel

Na contraindicação absoluta do uso de aspirina; e associado com aspirina após intervenção com stents, por, pelo menos, 30 dias. Grau de recomendação I, Nível de evidência B.

Ticlopidina

Na contraindicação absoluta ao uso de aspirina; e associado com aspirina após intervenção com stents, por 30 dias. Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

c) Dipiridamol: é um derivado pirimidínico, cujos efeitos antiagregantes e vasodilatadores advêm da inibição da fosfodiesterase, levando à ativação da adenilciclase e inibição da entrada intracelular de adenosina nos eritrócitos e células do endotélio vascular. Por via oral, em doses habituais, o dipiridamol pode induzir à isquemia miocárdica em pacientes com angina estável. Isoladamente, o dipiridamol não acrescenta benefícios terapêuticos, e sua associação com a aspirina não aumenta os benefícios dela. O dipiridamol, no tratamento da DAC, não é mais indicado. Grau de recomendação III, Nível de evidência B.

d) Anticoagulantes: as modificações da atividade fibrinolítica no plasma sanguíneo, em pacientes com doença coronariana crônica, têm motivado a realização de estudos que incluíram os anticoagulantes orais na prevenção de eventos isquêmicos agudos. Nos pacientes de alto risco, a associação de aspirina com varfarina, na prevenção do IAM e da mortalidade cardiovascular, foi mais eficaz do que a monoterapia desses medicamentos186186 Anand SS, Yusuf S. Oral anticoagulant therapy in patients with coronary artery disease: a meta-analysis. JAMA. 1999;282(21):2058-67.. A varfarina aumenta a incidência de AVC hemorrágico, e seu uso deve ser restrito aos pacientes com elevado risco trombótico, como quando há episódios repetidos de AVC ou periférico. O uso de varfarina pode ser considerado como substituto à aspirina, na total intolerância a essa última, da mesma forma que o são os outros antiagregantes plaquetários. A posologia diária dos varfarínicos deve ser guiada pelos valores da Razão Normalizada Internacional (INR). Nos pacientes com DAC, os valoresde INR devem ser mantidos por volta de 2,0, no uso isolado ou associado com aspirina em pacientes de maior risco.

Presença de alto risco trombótico, para ser usada associada àaspirina; especialmente após infarto do miocárdio. Grau de recomendação I, Nível de evidência A.

Como alternativa à completa intolerância à aspirina. Grau de recomendação IIa, Nível de evidência A.

Para situações específicas e para pós-tratamento com stents revestidos com antiproliferativos, deve-se consultar a Diretrizes Brasileiras de Antiagregantes Plaquetários e Anticoagulantes em Cardiologia187187 Serrano Jr CV, Soeiro AM, Franci A, Alves BR, Barbosa CJ, Machado Neto EA; Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes brasileiras de antiagregantes plaquetários e anticoagulantes em cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2013;101(3supl3)1-93..

2.b. Prevenção secundária: hipolipemiantes

Sempre se indicam medidas de Mudança do Estilo de Vida (MEV), que envolvem alterações nos hábitos da atividade física e alimentar, para todos os pacientes com DAC. Especificamente nos casos de hipertrigliceridemia, a mudança do hábito alimentar é fundamental. Por meio de meta-análises com estudos de prevenção primária, a redução dos níveis séricos de colesterol diminui a incidência de doença arterial coronária. Nos ensaios clínicos, a redução de 1% nos níveis séricos de colesterol propiciou 2% de redução de eventos cardiocirculatórios. Nos estudos de prevenção secundária, a redução da Lipoproteína de Baixa Densidade-Colesterol (LDL-c) com agentes hipolipemiantes diminuiu o risco de eventos coronarianos em pacientes com DAC. Baseados nesses estudos, que estão contemplados nas meta-análises188188 Gould AL, Rossouw JE, Santanello NC, Heyse JF, Furberg CD. Cholesterol reduction yields clinical benefit impact of statin trials. Circulation. 1998;97(10):946-52.

189 Ross SD, Allen IE, Connelly JE, Korenblat BM, Smith ME, Bishop D, et al. Clinical outcomes in statin treatment trials: a meta-analysis. Arch Intern Med. 1999;159(13)1793-802.
-190190 Law MR, Wald NJ, Rudnicka AR. Quantifying effect of statins on low density lipoprotein cholesterol, ischaemic heart disease, and stroke systematic review and meta-analysis. BMJ. 2003;326(7404):1423., as metas recomendadas para os portadores de DAC pela I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular1010 Simão AF, Précoma DB, Andrade JP, Correa Filho H, Saraiva JF, Oliveira GM, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz brasileira de prevenção cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013;101(6 supl. 2):1-63. incluem: para pacientes considerados de alto risco, LDL-c < 70 mg/dL e não HDL-c < 100 mg/dL; e para aqueles de risco intermediário, LDL-c < 100 mg/dL e colesterol não HDL-c < 130 mg/dL. Essas metas frequentemente são atingidas com o uso de medicamentos hipolipemiantes, juntamente com orientações de MEV (Quadro 1).

Quadro 1
Recomendações para o tratamento farmacológico das dislipidemias

a) Estatinas: constituem a melhor opção terapêutica para o controle dos níveis séricos da LDL-c, sendo os medicamentos de escolha para reduzi-lo em adultos. Assim, para o tratamento adequado, devem ser atingidas as metas de LDL-c propostas. As vastatinas devem ser suspensas, caso haja aumento das aminotransferases maior que três vezes os valores normais, ou se houver dor muscular ou aumento da creatinoquinase maior que dez vezes o valor normal.

b) Fibratos: são indicados no tratamento da hipertrigliceridemia endógena, quando houver falha das MEV ou quando a hipertrigliceridemia for muito elevada (> 500 mg/dL). Utilizar doses dos fibratos (genfibrosila 600 a 1.200 mg; bezafibrato 600 mg/dia e 400 mg da forma de subtração lenta; etofibrato 500 mg/dia; fenofibrato micronizado 200 mg/dia; fenofibrato 250mg/dia; e ciprofibrato 100 mg/dia).

c) Ezetimibe: atua inibindo a absorção do colesterol nas vilosidades intestinais, inibindo a enzima Acetil-Coenzima-A, Acilcolesterol-Transferase (A-CAT)191191 Jeu L, Cheng JW. Pharmacology and therapeutics of ezetimibe (SCH58235), a cholesterol-absorption inhibitor. Clin Ther. 2003;25(9):2352-87.. Os estudos mostram reduções de até 20% no LDL-c e no colesterol total, e a dose de 10 mg é a única indicada, pois doses maiores não acrescentam diminuição adicional na colesterolemia. Tem ação intensamente sinérgica, quando usado associadamente às estatinas em suas doses menores (10 mg para todas), levando a reduções de até 50 a 60% no LDL-c192192 Kosoglou T, MeyerI, Veltri EP, Statkevich P, Yang B, Zhu Y, et al. Pharmacodynamic interaction between the new selective cholesterol absorption inhibitor ezetimibe and simvastatin. Br J Clin Pharmacol. 2002;54(3):309-19.

193 Davidson MH, McGarry T, Bettis R, Melani L, Lipka LJ, LeBeaut AP, et al. Ezetimibe coadministered with simvastatin in patients with primary hypercholesterolemia. J Am Coll Cardiol. 2002;40(12):2125-34.

194 Kerzner B, Corbelli J, Sharp S, Lipka LJ, Melani L, LeBeaut AP, et al; Ezetimibe Study Group. Efficacy and safety of ezetimibe coadministered with lovastatin in primary hypercholesterolemia. Am J Cardiol. 2003;91(4):418-24.
-195195 Ballantyne CM, Houri J, Notarbartolo A, Melani L, Lipka LJ, Suresh R, et al; Ezetimibe Study Group. Effect of ezetimibe coadministered with atorvastatin in 628 patients with primary hypercholesterolemia prospective, randomized, double-blind trial. Circulation. 2003;107(19):2409-15.. Até o momento, as avaliações citadas anteriormente tiveram como objetivo verificar a segurança e a tolerabilidade desse fármaco, com o seguimento dos pacientes expostos não ultrapassando 12 semanas. Embora pareça bastante seguro e eficaz, é preciso mais tempo de seguimento para se poder indicá-lo como substituto de outros hipolipemiantes. No entanto, há situações nas quais o ezetimibe pode ser uma alternativa interessante, como, por exemplo, quando há intolerância à estatina e essa tem que ser reduzida, situação na qual a estatina pode ser associada com ezetimibe, ou nos casos em que as estatinas, fibratos e o ácido nicotínico não são tolerados pelo paciente.

d) Ácidos graxos ômega-3: ácidos graxos ômega-3 são poli-insaturados derivados do óleo de peixes e de certas plantas e nozes. O óleo de peixe contém tanto o Ácido Docosa-exaenoico (DHA) quanto o Ácido Eicosapentaenoico (EPA), mas os óleos de origem vegetal contêm predominantemente o Ácido Alfa-Linolênico (ALA). Em altas doses (4 a 10 g ao dia), reduzem os triglicérides e aumentam discretamente o HDL-c, mas podem aumentar também o LDL-c. Meta-análises não mostram benefício na redução de eventos clínicos196196 Kotwal S, Jun M, Sullivan D, Perkovic V, Neal B. Omega 3 Fatty acids and cardiovascular outcomes systematic review and meta-analysis. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2012;5(6):808-18., não sendo recomendados, assim, para prevenção cardiovascular.

e) Resinas: as resinas podem ser associadas às estatinas, quando a meta de LDL-c não é alcançada, apesar do uso de estatinas potentes em doses efetivas. Entretanto, não há estudo que tenha comprovado benefício clínico adicional dessa medida. A redução do LDL-c é dose-dependente, variando de 5 a 30% nas doses de 4 a 24 g/dia, podendo ocorrer aumento dos triglicérides em indivíduos com hipertrigliceridemia acentuada (> 400 mg/dL). No Brasil está disponível somente a colestiramina, testada contra placebo com redução de 19% no desfecho primário combinado de morte por doença coronariana e infarto do miocárdio197197 The Lipid Research Clinics Coronary Primary Prevention Trial results. I. Reduction in incidence of coronary heart disease. JAMA. 1984;251(3):351-64..

f) Niacina: é usada para redução dos triglicérides e aumento do HDL-c. O estudo Coronary Drug Project 198198 Carlson LA, Rössner S. Editorial: results of the coronary drug project-- an interpretation. Atherosclerosis. 1975;22(3):317-23., realizado na década de 1970, demonstrou que o tratamento com niacina em sua forma cristalina pode reduzir a incidência de eventos cardiovasculares. O tratamento com formulações mais toleráveis, como as formas estendidas, reduziu a espessura mediointimal, mesmo em pacientes em uso de estatinas, mas não se observa benefício cardiovascular na associação de niacina à estatina, em pacientes dentro da meta preconizada de LDL199199 Boden WE, Probstfield JL, Anderson T, Chaitman BR, Desvignes-Nickens P, Koprowicz K, et al; AIM-HIGH Investigators. Niacin in patients with low HDL cholesterol levels receiving intensive statin therapy. N Engl J Med. 2011;365(24)2255-67..

2.c. Bloqueio do sistema renina-angiotensina

a) iECA: os benefícios dos iECA no tratamento da DAC foram comprovados a partir de ensaios clínicos que incluíram pacientes assintomáticos com FE reduzida200200 Effect of enalapril on mortality and the development of the heart failure in asymptomatic patients with reduced left ventricular ejection tractions. The SOLVD Investigators. N Engl J Med. 1992;327(10):685-91. Erratum in N Engl J Med. 1992;327(24):1768. e indivíduos com disfunção ventricular após IAM200200 Effect of enalapril on mortality and the development of the heart failure in asymptomatic patients with reduced left ventricular ejection tractions. The SOLVD Investigators. N Engl J Med. 1992;327(10):685-91. Erratum in N Engl J Med. 1992;327(24):1768.,201201 Pfeffer MA, Braunwald E, Moyé LA, Basta L, Brown EJ Jr, Cuddy TE, et al. Effect of captopril on mortality and morbidity in patients with left ventricular dysfunction after myocardial infarction. Results on the Survival and Ventricular Enlargement (SAVE) Trial. N Engl J Med. 1992;327(10):669-77.. Nos indivíduos com maior risco, houve benefício de redução de mortes e eventos, especialmente na presença de diabetes mellitus202202 Swedberg K, Held P, Kjekshes J, Rasmussen K, Rydén L, Wedel H. Effects of the early administration of enalapril on mortality in patients with acute myocardial infarction. Results of the Cooperative New Scandinavian Enalapril Survival Study II (CONSENSUS II). N Engl J Med. 1992;327(10):678-84.,203203 Yusuf S, Sleight P, Pogue J, Bosch J, Davies R, Dagenais G. Effects of an angiotensin-converting-enzyme inhibitor, ramipril, on cardiovascular events in high-risk patients. The Heart Outcomes Prevention Evaluation Study Investigators. N Engl J Med. 2000;342(3):147-53. Erratum in N Engl J Med. 2000;342(10):748.. A melhora do perfil hemodinâmico, da perfusão subendocárdica e da estabilização de placas ateroscleróticas justificaria seu uso de rotina em todos os pacientes com DAC, independentemente de infarto do miocárdio prévio, de diabetes melito ou disfunção ventricular. O estudo EUROPA204204 Fox KM. EURopean trial On reduction of cardiac events with Perindopril instable coronary Artery disease Investigators. Efficacy of perindopril in reduction of cardiovascular events among patients with stable coronary artery disease randomised, double-blind, placebo-controlled, multicentre trial (the EUROPA study). Lancet. 2003;362(9386):782-8., randomizado e duplo-cego, mostrou que o iECA perindopril reduziu o desfecho primário combinado (morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou parada cardíaca), além dos secundários (AVC e a piora da função renal) em pacientes com DAC (6.110 com perindopril vs. 6.108 com placebo, medicados em média por 4,2 anos), e também na ausência de insuficiência cardíaca, de disfunção ventricular, independentemente de outros fatores presentes, como doença vascular periférica. Mais de 60% deles usavam betabloqueadores, a metade usava estatina e 92% usavam antiagregante plaquetário. O desfecho maior do estudo reduziu de 10%, no grupo placebo, para 8%, no grupo perindopril, com necessidade de tratar 50 pacientes por 4 anos para evitar um desses eventos. Assim, confirma-se o benefício dos iECAs mesmo em população com DAC considerada de risco menor. Os benefícios são expressivos para os IECAs como classe e assim consideramos.

De rotina, quando há disfunção ventricular, e/ou insuficiência cardíaca e/ou diabetes melito. Grau de recomendação, I Nível de evidência A.

De rotina em todos os pacientes com DAC. Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

b) Bloqueadores do receptor de angiotensina: são alternativa para os pacientes que não toleram iECA, já que nenhum estudo foi realizado com esse grupo de fármacos na doença coronária estável. Em outras situações ,não há benefício que se acresça comparado aos iECAs, que reduzem infarto.

3. Tratamento para reduzir os sintomas e a isquemia miocárdica

a) Bloqueadores beta-adrenérgicos: isoladamente ou em associação com outros agentes antianginosos, os bloqueadores beta-adrenérgicos constituem os medicamentos de primeira escolha no tratamento da angina estável, além de benefícios quanto à mortalidade e à redução de infarto após evento agudo coronário, situações nas quais, nos dias de hoje, com toda a terapêutica atual do infarto, é possível determinar uma redução em torno de 13% do risco de morte cardiovascular e reinfarto, considerando o estudo COMMIT205205 Chen ZM, Jiang LX, Chen YP, Xie JX, Pan HC, Peto R, et al; COMMIT (ClOpidogrel and Metoprolol in Myocardial Infarction Trial) collaborative group. Addition of clopidogrel to aspirin in 45 852 patients with acute myocardial infarction: randomised placebo-controlled trial. Lancet. 2005;366(9497):1607-21.. Esses fármacos diminuem a frequência cardíaca, a contratilidade miocárdica, a condução atrioventricular e a atividade ectópica ventricular. Mais ainda, podem aumentar a perfusão em áreas isquêmicas por aumento no tempo de diástole e da resistência vascular em áreas não isquêmicas. As propriedades farmacológicas, denominadas atividade simpaticomimética intrínseca, lipossolubilidade e cardiosseletividade diferenciam os bloqueadores beta-adrenérgicos entre si, de tal forma que, embora todos eficazes, suas propriedades farmacológicas devem ser adequadas às doenças concomitantes dos pacientes com DAC. Estudos clínicos randomizados que avaliaram os efeitos dos bloqueadores beta-adrenérgicos no tratamento da DAC em vigência de sintomas ou de isquemia mensuraram a redução do número de crises de angina, do grau de isquemia e o aumento da tolerância ao esforço físico. No estudo ASSIST (Atenolol Silent Ischemic Study)206206 Pepine CS, Cohn PF, Deedwania PC, Gibson RS, Handberg E, Hill JA, et al. Effects of treatment on outcome in mildly symptomatic patients with ischemia during daily life. The Atenolol Silent Ischemia Study (ASIST). Circulation. 1994;90(2):762-8., a incidência de episódios isquêmicos registrados pelo ECG contínuo de 48 horas pelo sistema Holter, após 4 semanas de tratamento com atenolol, foi significativamente menor do que no grupo placebo. No grupo atenolol, houve redução significativa de episódios isquêmicos, menor incidência de arritmias ventriculares complexas, menor número de internações, infarto do miocárdio e necessidade da CRM, em pacientes portadores de doença coronariana crônica. O estudo TIBBS (Total Ischemia Burden Bisoprolol Study)207207 Von Armin T. Prognostic significance of transient ischemic episodes: response to treatment shows prognosis. Results of the Total Ischemic Burden Bisoprolol Study. J Am Coll Cardiol. 1996;28(1):20-4. comparou os efeitos do bisoprolol aos da nifedipina em pacientes com isquemia miocárdica silente e/ou sintomática. O número total de episódios isquêmicos, sintomáticos ou assintomáticos, registrados pelo Holter de 48 horas, foi significativamente menor nos pacientes medicados com bisoprolol. No estudo IMAGE (International Multicenter Angina Exercise Study)208208 Savonitto S, Ardissiono D, Egstrup K, Rasmussen K, Bae EA, Omland T, et al. Combination therapy with metoprolol and nifedipine versus monotherapy in patients with stable angina pectoris. Results of the International Multicenter Angina Exercise (IMAGE) Study. J Am Coll Cardiol. 1996;27(2):311-6., os efeitos do metoprolol foram comparados aos da nifedipina. Indistintamente, pacientes tratados com metoprolol ou nifedipina tiveram redução do número de crises de angina, além de aumento do tempo de exercício para o mesmo desnível do segmento ST. Contudo, o grupo tratado com metoprolol atingiu estágios mais elevados no TE. Ress e cols.209209 Ress-Jones DI, Oliver IM. A comparison of the antianginal efficacy of nifedipine alone and the fixed combination of atenolol and nifedipine. Br J Clin Pract. 1994;48(4)174-7. compararam os efeitos da monoterapia (atenolol ou nifedipina GITS) em pacientes com angina estável. O número de episódios isquêmicos foi registrado pelo Holter de 24 horas. Os pacientes tratados com atenolol tiveram menor incidência de episódios isquêmicos, e a associação medicamentosa (atenolol + nifedipina GITS) não trouxe benefícios adicionais. Stone e cols.210210 Stone PH, Gibson RS, Glasson SP, DeWood MA, Parker JD, Kawanishi DT, et al. Comparison of Propranolol, Diltiazem, and Nifedipine in the treatment of ambulatory ischemia in patients with stable angina. Diferencial effects on ambulatory ischaemia exercise performance and angina symptoms. The ASIS Study Group. Circulation. 1990;82(6):1962-72. compararam os efeitos anti-isquêmicos do propanolol AP, diltiazem SR e nifedipina em pacientes com angina estável. A frequência cardíaca e o número de episódios isquêmicos foram registrados pelo Holter de 24 horas. O propranolol AP foi o mais eficaz em reduzir a frequência cardíaca e o número de episódios isquêmicos. Na população com angina estável, até um terço dos episódios isquêmicos é sintomático. Davies e cols.211211 Davies RF, Habibi H, Klinke WP, Dessain P, Nadeau C, Phaneuf DC, et al. Effect of amlodipine, atenolol and their combination in myocardial ischemia during treadmill exercise and ambulatory monitoring. J Am Coll Cardiol. 1995;25(3):619-25. compararam os efeitos do atenolol aos do anlodipino na redução da isquemia miocárdica sintomática e silente. Nos episódios isquêmicos sintomáticos registrados pelo Holter, os efeitos de ambos os medicamentos foram satisfatórios e semelhantes; no entanto, o tenolol foi mais eficaz na redução da frequência cardíaca. Durante o TE, o anlodipino foi mais efetivo, retardando significativamente o tempo para o aparecimento das mesmas alterações isquêmicas. A terapêutica combinada trouxe benefícios adicionais.

Vale salientar que os betabloqueadores são contraindicados na angina vasoespástica.

Como agente de primeira linha em pacientes com angina estável sem infarto do miocárdio prévio e/ou disfunção de VE. Grau de recomendação I, Nível de evidência B.

Como agente de primeira linha em pacientes com angina estável com infarto do miocárdio prévio e/ou disfunção de VE até após 2 anos. Grau de recomendação I, Nível de evidência A.

Para alívio sintomático em pacientes com angina vasoespástica. Grau de recomendação III, Nível de evidência C.

b) Antagonistas dos canais de cálcio: constituem um grupo heterogêneo de medicamentos cujos efeitos farmacológicos incluem relaxamento da musculatura lisa, redução da pós-carga, efeitos inotrópicos negativos (em algumas formulações) e redução do consumo de oxigênio. Os derivados diidropiridínicos (nifedipina, anlodipino e outros), os benzotiazepínicos (diltiazem) e as fenilalquilaminas (verapamil) constituemos os três principais subgrupos de antagonistas dos canais de cálcio que bloqueiam especificamente os canais de cálcio tipo L. Os efeitos farmacológicos diferenciam esses três subgrupos quanto às suas capacidades vasodilatadora, redutora da contratilidade miocárdica e redutora da velocidade de condução do impulso no nó atrioventricular. O verapamil reduz a condução atrioventricular, tem efeito inotrópico negativo e relaxa a musculatura lisa vascular, aumentando o fluxo coronariano e reduzindo a pós-carga. As diidropiridinas relaxam a musculatura lisa vascular, não modificam a velocidade da condução atrioventricular e, por mecanismos reflexos, aumentam a frequência cardíaca. O diltiazem tem efeitos similares aos do verapamil, exceto a depressão miocárdica, que é menos intensa no subgrupo benzodiazepínico. Distintamente dos bloqueadores beta-adrenérgicos, os antagonistas dos canais de cálcio não reduziram a mortalidade, quando utilizados após o infarto domiocárdio, embora se mostrem bastante eficazes na redução da isquemia miocárdica, tanto a angina do peito, quanto a isquemia silenciosa209209 Ress-Jones DI, Oliver IM. A comparison of the antianginal efficacy of nifedipine alone and the fixed combination of atenolol and nifedipine. Br J Clin Pract. 1994;48(4)174-7.

210 Stone PH, Gibson RS, Glasson SP, DeWood MA, Parker JD, Kawanishi DT, et al. Comparison of Propranolol, Diltiazem, and Nifedipine in the treatment of ambulatory ischemia in patients with stable angina. Diferencial effects on ambulatory ischaemia exercise performance and angina symptoms. The ASIS Study Group. Circulation. 1990;82(6):1962-72.

211 Davies RF, Habibi H, Klinke WP, Dessain P, Nadeau C, Phaneuf DC, et al. Effect of amlodipine, atenolol and their combination in myocardial ischemia during treadmill exercise and ambulatory monitoring. J Am Coll Cardiol. 1995;25(3):619-25.

212 Vincenzi M, Braito E, Cappelletti F, Caponnetto S, De Ponti C, Distante R, et al. [Verapamil in effort angina: a multi-centre study]. G Ital Cardiol. 1982;12(9):660-5.

213 Hopkinson ND, Hui KP, Smith MP, Hollinrake K. A comparison of sustained release verapamil versus atenolol for 24 h protection from exercise-induced angina pectoris. Eur Heart J. 1991;12(12):1273-7.

214 Findlay IN, MacLeod K, Gillen G, Elliott AT, Aitchison T, Dargie HJ. A double blind placebo controlled comparison of verapamil, atenolol, and their combination in patients with chronic stable angina pectoris. Br Heart J. 1987;57(4)336-43.

215 Weiner DA, McCabe CH, Cutler SS, Ryan TJ, Klein MD. The efficacy and safety of high-dose verapamil and diltiazem in the long-term treatment of stable exertional angina. Clin Cardiol. 1984;76(12)48-53.
-216216 Johnston DL, Lesoway R, Humen DP, Kostuk WJ. Clinical and hemodynamic evaluation of propranolol in combination with verapamil, nifedipine and diltiazem in exertional angina pectoris: a placebo-controlled, double-blind, randomized, crossover study. Am J Cardiol. 1985;55(6):680-7., e também na angina vasoespástica217217 Johnson SM, Mauritson DR, Willerson JT, Hillis LD. A controlled trial of verapamil for Prinzmetal's variant angina. N Engl J Med. 1981;30(15):4862-6.-218218 Turitto G, Pezzella A, Prati PL. [Diltiazem in spontaneous angina comparison with nifedipine and verapamil]. G Ital Cardiol. 1985;15(11):1079-84.. Há também acréscimo na melhora dos sintomas anginosos com o uso combinado desses fármacos com um betabloqueador216216 Johnston DL, Lesoway R, Humen DP, Kostuk WJ. Clinical and hemodynamic evaluation of propranolol in combination with verapamil, nifedipine and diltiazem in exertional angina pectoris: a placebo-controlled, double-blind, randomized, crossover study. Am J Cardiol. 1985;55(6):680-7.,219219 Strauss WE, Parisi AF. Superiority of combined diltiazem and propranolol therapy for angina pectoris. Circulation. 1985;71(5):951-7.. Os preparados farmacológicos de curta duração têm sido proscritos no tratamento da angina estável. Salvo quando especificado, as indicações a seguir são válidas tanto para os diidropiridínicos de ação prolongada, quanto para o diltiazem e o verapamil. O uso de diltiazem ou verapamil, associado a betabloqueadores, deve ser evitado, pelo risco de bradicardia grave, diante de outras opções disponíveis. Por outro lado, estão contraindicados na presença de disfunção ventricular.

Como agentes de primeira linha para alívio sintomático em pacientes com angina vasoespástica. Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

Em pacientes com angina estável sintomática em uso de betabloqueadores (diidropiridínicos). Grau de recomendação I, Nível de evidência B.

Em pacientes com angina estável sintomática em uso de betabloqueadores (verapamil ou diltiazem). Grau de recomendação III, Nível de evidência B.

Em pacientes com angina estável e contraindicação ao uso de betabloqueadores (preferencialmente verapamil ou diltiazem). Grau de recomendação I, Nível de evidência B.

Em pacientes com angina estável sintomática (diidropiridínicos de ação rápida). Grau de recomendação III, nível de evidência: B.

c) Nitratos:

  • Nitratos de ação rápida: os nitratos sublinguais ou spray de ação rápida exercem efeitos farmacológicos imediatos (1 a 3 minutos após sua dissolução), e os efeitos vasodilatadores perduram durante 30 a 45 minutos. O alívio dos sintomas advém da venodilatação, da redução da pós-carga e da dilatação coronariana. Os nitratos de ação rápida e curta duração continuam sendo a primeira opção para tratar as crises anginosas. Quando as crises ocorrem, o paciente deve repousar na posição sentada, uma vez que em ortostase há risco de hipotensão e/ou síncope, e deitado, aumenta-se o retorno venoso e o trabalho cardíaco. Administra-se 5 mg isossorbida ou propatilnitrato 10 mg por via sublingual. Alternativamente, os nitratos de ação rápida podem ser usados profilaticamente, diante de situações sabidamente provocadoras de angina, como relação sexual, estresse emocional etc.220220 Henderson RA, O'Flynn N, Guideline Development Group. Management of stable angina summary of NICE guidance. Heart. 2012;98(6):500-7..

Para alívio sintomático das crises agudas de angina. Grau de recomendação I, Nível de evidência B.

  • Nitratos de ação prolongada: o uso contínuo de nitratos de ação prolongada induz à tolerância medicamentosa, que, supostamente, pode ser contornada por meio de prescrições assimétricas, de tal forma a promover um período de 8 a 10 horas livre de nitrato. Apesar de largamente utilizados, descreveu-se piora da disfunção endotelial como potencial complicação do uso crônico dos nitratos de ação prolongada por ativação do sistema nervoso simpático e do sistema renina-angiotensina-aldosterona, além de aumento da produção de endotelina, da produção de superóxido e da atividade da fosfodiesterase. Mesmo com o uso assimétrico. Assim, a prática comum do uso rotineiro de nitratos de ação prolongada como agentes de primeira linha deve ser revista diante de outras opções disponíveis atualmente221221 Thadani U, Fung HL, Darke AC, Parker JO. Oral isosorbide dinitrate in angina pectoris comparison of duration of action an dose-response relation during acute and sustained therapy. Am J Cardiol. 1982;49(2):411-9.. Dessa forma, nitratos de ação prolongada devem ser restritos aos pacientes com angina não controlada por outros agentes antianginosos. No tratamento de pacientes com angina vasoespástica, os nitratos podem ser associados aos bloqueadores de canais de cálcio, para controle sintomático, se necessário.

Como agente de primeira linha em pacientes com angina estável. Grau de recomendação III, Nível de evidência C.

Como agente de terceira linha em pacientes com angina estável ainda sintomáticos após o uso de outros agentes antianginosos associados. Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

Para alívio sintomático em pacientes com angina vasoespástica após o uso de bloqueadores dos canais de cálcio. Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

Complementando, do ponto de vista de proteção quanto a eventos cardiovasculares, nos estudos ISIS-4222222 ISIS-4 a randomised factorial trial assessing early oral captopril, oral mononitrate, and intravenous magnesium sulphatein 58,050 patients with suspected acute myocardial infarction. ISIS-4 (Fourth International Study of Infarct Survival) Collaborative Group. Lancet. 1995;345(8951):669-85. e GISSI-3223223 Six-month effects of early treatment with lisinopril and transdermal glyceryl trinitrate singly and together withdrawn six weeks after acute myocardial infarction: the GISSI-3 trial. Gruppo Italiano perlo Studio della Sopravvivenza nell'Infarto Miocardico. J Am Coll Cardiol. 1996;27(2):337-44., os nitratos não modificaram a morbimortalidade 4 a 6 semanas após o infarto do miocárdio. Extensa revisão dos efeitos dos nitratos224224 Munzel T, Daiber A, Gori T. Nitrate therapy: new aspects concerning molecular action and tolerance. Circulation. 2011;123(9):2132-44., especificamente da nitroglicerina IV, do mononitrato e do dinitrato de isosorbitol, que se embasou em estudos experimentais e em humanos, como já aqui citado, a importante disfunção endotelial, e a estimulação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e do sistema simpático com liberação de vasopressores colocam em cheque o uso de nitrato de ação prolongada e ao longo do tempo para tratar pacientes com angina225225 Thomas GR, DiFabio JM, Gori T, Parker JD. Once daily therapy with isosorbide-5mononitrate causes endothelial dysfunction in humans evidence of a free-radical-mediated mechanism. J Am Coll Cardiol. 2007;49(12):1289-95.

226 Gori T, Burstein JM, Ahmed S, Miner SE, Al-Hesayen A, Kelly S, et al. Folic acid prevents nitroglycerin-induced nitric oxide synthase dysfunction and nitrate tolerance a human in vivo study. Circulation. 2001;104(10):1119-23.

227 Schnorbus B, Schiewe R, Ostad MA, Medler C, Wachtlin D, Wenzel P, et al. Effects of pentaerythritol tetranitrate on endothelial function in coronary artery disease results of the PENTA study. Clin Res Cardiol. 2010;99(2):115-24.

228 Schuhmacher S, Oelze M, Bollmann F, Kleinert H, Otto C, Heeren T, et al. Vascular dysfunction in experimental diabetes is improved by pentaerithrityltetranitrate but not isosorbide-5-mononitrate therapy. Diabetes. 2011;60(10):2608-16.

229 Thum T, Wiebking V, Ertl G, Bauersachs J. Organic nitrates differentially modulate circulating endothelial progenitor cells and endothelial function in patients with symptomatic coronary artery disease. Antioxid Redox Signal. 2012;15(4):925-31.
-230230 Dragoni S, Gori T, Lisi M, Di Stolfo G, Pautz A, Kleinert H, et al. Pentaerythrityl tetranitrate and nitroglycerin, but not isosorbide mononitrate, prevent endothelial dysfunction induced by ischemia and reperfusion. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2007;27(9):1955-9..

Esses estudos demonstram que a tolerância que se instala rapidamente com o uso mantido está relacionada a tais alterações. Dessa forma, somente quando a angina é refratária, deveríamos utilizar nitratos de ação prolongada por via oral. Essas evidências suportam a utilização de outros antiaginosos, que não o nitrato, como primeira opção, para tratar angina a longo prazo. Além disso, em pacientes após infarto, a única evidência mais robusta que existe é a de um trabalho japonês, que avaliou em mais de 1.700 pacientes de forma não cega, mas com randomização, o uso de nitrato por via oral ou transdérmica, em seguimento de pelo menos 60 meses, demonstrando uma pior taxa de eventos (morte, infarto não fatal e insuficiência cardíaca) com uso de nitratos do que sem nitrato231231 Kanamasa K, Hayashi T, Kimura A, Ikeda A, Ishikawa K. Long-term, continuous treatment with both oral and transdermal nitrates increases cardiac events in healed myocardial infarction patients. Angiology. 2002;53(4):399-408., inclusive com essa tendência no subgrupo com angina. Assim, das evidências existentes, esta é a mais robusta para o NÃO uso a longo prazo de nitratos na angina do peito.

d) Trimetazidina: é uma substância com efeitos metabólicos e anti-isquêmicos sem qualquer efeito na hemodinâmica cardiovascular. Seus benefícios têm sido atribuídos a: (1) preservação dos níveis intracelulares de Trifosfato de Adenosina (ATP) e da fosfocreatina, com o mesmo oxigênio residual232232 Kantor PF, Lucien A, Kozak R, Lapaschuk GD. The antianginal drug trimetazidine shifts cardiac energy metabolism from fatty acid oxidation to glucose oxidation by inhibiting mitochondrial long-chain A tiolase. Circ Res. 2000;86(5):580-8.; (2) redução da acidose225225 Thomas GR, DiFabio JM, Gori T, Parker JD. Once daily therapy with isosorbide-5mononitrate causes endothelial dysfunction in humans evidence of a free-radical-mediated mechanism. J Am Coll Cardiol. 2007;49(12):1289-95., sobrecarga de cálcio233233 Mody FV, Singh BN, Mohiuddin IH, Coyle KB, Buxton DB, Hansen HW, et al. Trimetazidine-induced enhancement of myocardial glucose utilization in normal and ischemic myocardial tissue an evaluation bypositron emission tomography. Am J Cardiol. 1998;82(5A):42k-49k. e acúmulo de radicais livres induzidos pela isquemia234234 Kay L, Fenelli C, Aussedat J, Guarnieri C, Rossi A. Improvement of long-term preservation of the isolated arrested rat heart by trimetazidine effects on the energy state and mitochondrial function. Am J Cardiol. 1995;76(6):45B-49B., e (3) preservação das membranas celulares235235 Maridonneau-Parini I, Harpey C. Effects of trimetazidine on membrane damage induced by oxygen free radicals in human red cells. Br J Clin Pharmacol. 1985;20(2):148-51.. A administração desse agente não modifica a frequência cardíaca e a pressão arterial durante o repouso ou esforço físico, podendo ser utilizado como monoterapia236236 Detry JM, Sellier P, Pennaforte S, Cokkinos D, Dargie H, Mathes P. Trimetazidine: a new concept in the treatment of angina. Comparison with propranolol in patients with stable angina. Trimetazidine European Multicenter Study Group. Br J Clin Pharmacol. 1994;37(3)279-88.,237237 Marzilli M, Klein WW. Efficacy and tolerability of trimetazidine in stable angina: a meta-analysis of randomized, double-blind, controlled trials. Coron Artery Dis. 2003;14(2):171-9. ou em associação com outros medicamentos. Vários estudos mostraram que sua associação com bloqueadores beta-adrenérgicos ou antagonistas dos canais de cálcio reduziu a angina e a isquemia induzida pelo esforço físico237237 Marzilli M, Klein WW. Efficacy and tolerability of trimetazidine in stable angina: a meta-analysis of randomized, double-blind, controlled trials. Coron Artery Dis. 2003;14(2):171-9.,238238 Manchanda SC, Krishnaswami S. Combination treatment with trimetazidine and diltiazem in stable angina pectoris. Heart. 1997;78(4):353-7.. Os resultados dessa associação foram superiores aos da monoterapia. A trimetazidina também pode ser utilizada isoladamente, e seus efeitos benéficos foram semelhantes aos da monoterapia com bloqueadores beta-adrenérgicos ou antagonistas dos canais de cálcio, no tratamento da angina crônica estável238238 Manchanda SC, Krishnaswami S. Combination treatment with trimetazidine and diltiazem in stable angina pectoris. Heart. 1997;78(4):353-7.. Estudo recente, retrospectivo, observacional, mostrou que o uso de trimetazidina, associado à terapia otimizada, em pacientes com insuficiência cardíaca, promoveu redução do risco de mortalidade cardiovascular e mortalidade global239239 Lu C, Dabrowski P, Fragasso G, Chierchia SL. Effects of trimetazidine on ischemic left ventricular dysfunction in patients with coronary artery disease. Am J Cardiol. 1998;82(7):898-901.,240240 Fragasso G, Rosano G, Baek SH, Sisakian H, Di Napoli P, Alberti L, et al. Effect of partial fatty acid oxidation inhibition with trimetazidine on mortality and morbidity in heart failure results from an international multicentre retrospective cohort study. Int J Cardiol. 2013;163(3)320-5.. A redução de hospitalizações por causas cardiovasculares em pacientes com disfunção de VE e em uso de trimetazidina foi demonstrada em recente meta-análise241241 Zhang L, Lu Y, Jiang H, Zhang L, Sun A, Zou Y, Ge J. Additional use of trimetazidine in patients with chronic heart failure a meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2012;59(10)913-22.. Finalmente, um estudo sul-coreano mostrou redução de eventos cardiovasculares (incluindo morte em pacientes após evento coronariano agudo) em pacientes em uso de trimetazidina comparativamente ao tratamento convencional242242 Kim JS, Kim CH, Chun KJ, Kim JH, Park YH, Kim J, et al. Effects of trimetazidine in patients with acute myocardial infarction data from the Korean Acute Myocardial Infarction Registry. Clin Res Cardiol. 2013;102(12):915-22.. Embora retrospectivos e observacionais, esses estudos sinalizam a possibilidade de redução de eventos cardiovasculares com o uso de trimetazidina associado à terapia medicamentosa otimizada. O uso de trimetazidina previamente a procedimentos de revascularização miocárdica, percutânea ou cirúrgica reduziu a liberação de marcadores de necrose miocárdica periprocedimento, além de preservar a função ventricular esquerda243243 Tsioufis K, Andrikopoulos G, Manolis A. Trimetazidine and Cardioprotection: facts and perspectives. Angiology. 2014 Apr 8. [Epub ahead of print].. O uso de trimetazidina como medicação adjuvante à terapia padrão, durante procedimentos de revascularização miocárdica (percutânea ou cirúrgica), levou à menor liberação de marcadores de necrose miocárdica, à redução do estresse oxidativo e à melhora da função ventricular esquerda244244 Demirelli S, Karakelleoglu S, Gündogdu F, Tas MH, Kaya A, Duman H, et al. The Impact of trimetazidine treatment on left ventricular functions and plasma brain natriuretic peptide levels in patients with non-ST segment elevation myocardial infarction undergoing percutaneous coronary intervention. Korean Circ J. 2013;43(7):462-7.

245 Labrou A, Giannoglou G, Zioutas D, Fragakis N, Katsaris G, Louridas G. Trimetazidine administration minimizes myocardial damage and improves left ventricular function after percutaneous coronary intervention. Am J Cardiovasc Drugs. 2007;7(2):143-50.

246 Bonello L, Sbragia P, Amabile N, Com O, Pierre SV, Levy S, et al. Protective effect of an acute oral loading dose of trimetazidine on myocardial injury following percutaneous coronary intervention. Heart. 2007;93(6):703-7.

247 Martins GF, Siqueira Filho AG, Santos JB, Assunção CR, Bottino F, Carvalho KG, et al. Trimetazidine on ischemic injury and reperfusion in coronary artery bypass grafting. Arq Bras Cardiol. 2011;97(3):209-16.

248 Iskesen I, Kurdal AT, Eserdag M, Cerrahoglu M, Sirin BH. Trimetazidine may protect the myocardium during cardiac surgery. Heart Surg Forum. 2009;12(3):E175-9.
-249249 Iskesen I, Saribulbul O, Cerrahoglu M, Var A, Nazli Y, Sirin H. Trimetazidine reduces oxidative stress in cardiac surgery. Circ J. 2006;70(9):1169-73..

Em pacientes com angina estável sintomática em uso de betabloqueadores isoladamente ou associados a outros agentes antianginosos. Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

Em pacientes com angina estável e disfunção de VE associado à terapia clínica otimizada. Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

Em pacientes com angina estável durante procedimentos de revascularização miocárdica (percutânea ou cirúrgica). Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

e) Ivabradina: é um inibidor específico da corrente If no nó sinusal (X). Como resultado, trata-se de uma droga exclusivamente redutora da frequência cardíaca, sem afetar os níveis pressóricos, a contratilidade miocárdica, a condução intracardíaca e a repolarização ventricular. Seu efeito ocorre ao esforço e no repouso. Em estudos de não inferioridade, sua eficácia antianginosa foi semelhante à do atenolol e à do amlodipino250250 Tardif JC, Ford I, Tendera M, Bourassa MG, Fox K. Efficacy of ivabradine, a new selective I(f) inhibitor, compared with atenolol in patients with chronic stable angina. Eur Heart J. 2005;26(23):2529-36.,251251 Tardif JC, Ponikowski P, Kahan T. Efficacy of the If current inhibitor ivabradine in patients with chronic stable angina receiving beta-blocker therapy a 4-month, randomized, placebo-controlled trial. Eur Heart J. 2009;30(5):540-8.. O estudo BEAUTIFUL252252 Fox K, Ford I, Steg PG, Tendera M, Ferrari R; BEAUTIFUL Investigators. Ivabradine for patients with stable coronary artery disease and left-ventricular systolic dysfunction (BEAUTIFUL) a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet. 2008;372(9641):807-16. demonstrou que a ivabradina reduz a ocorrência de infarto, bem como a necessidade de revascularização, em um subgrupo de pacientes - aqueles com DAC associada à disfunção ventricular e com frequência cardíaca em repouso ≥ 70 bpm. No entanto, na população geral do estudo, incluindo indivíduos com menor frequência cardíaca em repouso e de até 60 bpm, não houve redução da ocorrência do desfecho primário, que era de morte cardiovascular, admissão hospitalar por IAM e insuficiência cardíaca. A ivabradina pode ser utilizada como alternativa em pacientes que não toleram betabloqueadores e naqueles com diabetes, pois não interfere no metabolismo da glicose, e também como associada a betabloqueador. O principal efeito colateral é uma alteração visual, chamada de fosfenos, que corresponde a sensações de brilhos luminosos, especialmente ao sair de ambiente escuro para claro, o qual é reversíveis, na maioria das vezes, ao longo do tempo ou com a suspensão do uso do fármaco.

Em pacientes com angina estável sintomática em uso de betabloqueadores, isoladamente ou associados a outros agentes antianginosos e frequência cardíaca > 60 bpm.Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

Em pacientes com angina estável sintomática intolerantes ao uso de betabloqueadores, isoladamente ou associado a outros agentes antianginosos. Grau de recomendação IIb, Nível de evidência B.

Em pacientes com angina estável, disfunção de VE (FEVE < 40%) e frequência cardíaca ≥ 70 bpm em terapia clínica otimizada. Grau de recomendação IIa, Nível de evidência B.

f) Alopurinol: trata-se de um inibidor da xantina oxidase capaz de reduzir os níveis de ácido úrico em indivíduos com gota; também possui propriedades antianginosas. Em um estudo, a dose de 600 mg/dia de alopurinol aumentou o tempo para depressão do segmento ST e o tempo para aparecimento de angina253253 Noman A , Ang DS, Ogston S, Lang CC, Struthers AD. Effect of high-dose allopurinol on exercise in patients with chronic stable angina a randomised, placebo controlled crossover trial. Lancet. 2010;375(9732):2161-7.,254254 Rajendra NS, Ireland S, George J, Belch JJ, Lang CC, Struthers AD. Mechanistic insights into the therapeutic use of high-dose allopurinol in angina pectoris. J Am Coll Cardiol. 2011;58(8):820-8..

Em pacientes com angina estável sintomática em uso de terapia antianginosa maximamente tolerada. Grau de recomendação IIb, Nível de evidência B.

g) Nicorandil: é um derivado da nicotinamida, com duplo mecanismo de ação. Ele é um ativador do canal de potássio e também compartilha a ação de relaxamento da musculatura lisa com os nitratos, causando vasodilatação e redução da pré-carga. Essa droga também reduz a pós-carga e promove a expressão da Óxido Nítrico-Sintetase (NO-sintetase) do endotélio.

Estudos demonstram melhora na tolerância o exercício, bem como aumento no tempo para início das alterações eletrocardiográficas durante o TE. Um estudo mostrou redução dos eventos combinados - hospitalizações por angina, ocorrência de infarto e da mortalidade cardiovascular, sem efeitos sobre os eventos morte e infarto isoladamente255255 Horinaka S. Use of nicorandilin cardiovascular disease and its optimization. Drugs. 2011;71(9):1105-19..

h) Ranolazina: é um derivado da piperazina. Semelhante à trimetazidina, também protege da isquemia por meios do aumento do metabolismo da glicose em relação aos ácidos graxos. Porém, seu maior efeito parece ser a inibição da corrente tardia de sódio. Essa corrente é ativada em situação de isquemia, levando a uma sobrecarga de cálcio intracelular no tecido isquêmico e aos consequentes aumento da rigidez da parede ventricular, redução da complacência e compressão dos capilares. Dessa forma, a inibição dessa corrente pela ranolazina, durante o insulto isquêmico, melhora a função miocárdica. Sua eficácia antianginosa foi demonstrada com seu uso em monoterapia, bem como em associação com outros fármacos anti-isquêmicos. Há incremento na tolerância ao exercício, redução do número de episódios isquêmicos e redução do consumo de nitratos. A metabolização dessa droga ocorre no fígado (citocromo CYP3A4), motivo pelo qual se recomenda cautela com potenciais interações medicamentosas (sinvastatina, digoxina, diltiazem, verapamil, entre outros). Também pode ocorrer aumento do intervalo QT. Semelhantemente à trimetazidina, a ranolazina não reduz as principais complicações cardiovasculares256256 Kloner RA, Hines ME, Geunes-Boyer S. Efficacy and safety ofranolazine in patients with chronic stable angina. Postgrad Med. 2013;125(6):43-52..

As figuras 1 e 2 apresentam algoritmos para facilitar a compreensão das opções terapêuticas medicamentosas na DAC estável.

Figura 1
Algoritmo de utilização de agentes antianginosos para alívio de sintomas e melhora na qualidade de vida. Detalhes, graus de recomendação e nível de evidência: vide texto correspondente
Figura 2
Algoritmo para redução de eventos cardiovasculares na presença de disfunção ventricular esquerda. Detalhes, graus de recomendação e nível de evidência: vide texto correspondente. AAS: ácido acetilsalicílico; HA: hipertensão arterial; iECA: inibidores da enzima conversora de angiotensina; BRA: bloqueador do receptor da angiotensina I; PA: pressão arterial; FC: frequência cardíaca.

Parte III - Tratamento com medidas invasivas

1. Tratamento com medidas invasivas

1.a. Cirurgia de revascularização direta

A revascularização direta do miocárdio, utilizando enxertos para as artérias coronárias, a partir da aorta, ou utilizando a própria artéria nativa, revolucionou o tratamento da angina do peito na década de 1970. Desde então, inúmeros estudos foram realizados com o intuito de identificar os indivíduos que, mesmo com pouca limitação diária pela angina do peito e até assintomáticos, poderiam se beneficiar da revascularização, aumentando o tempo de vida e ampliando o tempo sem eventos coronários. A Diretriz da Cirurgia de Revascularização Miocárdica257257 Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes da cirurgia de revascularização miocárdica, valvopatias e doenças da aorta. Arq Bras Cardiol. 2004;82(supl. 5):1-21. contempla as técnicas do procedimento, as alternativas e o que se pratica na atualidade, além de revisar, de forma sumária, os estudos clássicos, comparando as estratégias do tratamento cirúrgico vs. tratamento clínico vs. Intervenção Coronária Percutânea (ICP)258258 Coronary angioplasty versus coronary artery surgery: the randomized intervention treatment of angina (RITA) Trial. Lancet. 1993;341(8845):573-8.

259 Comparison of coronary bypass surgery with angioplasty in patients with multivessel disease. The Bypass Angioplasty Revascularization Investigation (BARI) Investigators. N Engl J Med. 1996;335:217-25. Erratum in N Engl J Med. 1997;336(2):147.

260 First-year results of CABRI (Coronary Angioplasty Versus Bypass Revascularization Investigation). CABRI Trial Participants. Lancet. 1995;346(8984):1179-84.
-261261 Varnauskas E. Twelve-year follow-up of survival in the randomized European Coronary Surgery Study. N Engl J Med. 1988;319(6):332-7.. Dois estudos de fundamental importância foram realizados em nosso país. O estudo MASS262262 Hueb WA, Bellotti G, de Oliveira AS, Arie S, de Albuquerque CP, Jatene AD, et al. The Medicine, Angioplastyor SurgeryStudy (MASS): a prospective, randomized trial of medical therapy, balloon angioplasty or baypass surgery for single proximal left anterior descending artery stenoses. J Am Coll Cardiol. 1995;26(7):1600-5. randomizou pacientes uniarteriais com angina estável, lesão proximal na artéria interventricular anterior e função ventricular normal para um dos três tratamentos: clínico, cirúrgico ou intervenção coronária percutânea; o estudo MASS-II263263 Hueb W, Soares PR, Gersh BJ, César LA, Luz PL, Puig LB, et al. The medicine, angioplasty, or surgery study (MASS-II): a randomized, controlled clinical trial of three therapeutic strategies for multivessel coronary artery disease: one-year results. J Am Coll Cardiol. 2004;43(10):1743-51. randomizou com o mesmo delineamento pacientes multiarteriais e, no braço do tratamento por angioplastia, na maioria dos pacientes com lesão >70%, utilizou stents. Além desses, o subestudo do MASS-II264264 Favarato D, Hueb W, Gersh BJ, Soares PR, Cesar LA, da Luz PL, et al; First Year Follow-Up of MASS II Study. Relative cost comparison of treatments for coronary artery disease: the First Year Follow-Up of MASS II Study. Circulation. 2003;108Suppl 1:II21-3., sobre custos, mostrou menor custo com a estratégia inicial de somente tratar clinicamente os pacientes, comparativamente aos dois outros tratamentos, no primeiro ano de seguimento.

Após 10 anos de seguimento, o estudo MASS265265 Hueb W, Lopes N, Gersh BJ,Soares PR, Ribeiro EE, Pereira AC, et al. Ten-year follow-up survivalof the Medicine, Angioplasty, or Surgery Study (MASS II): a randomized controlled clinical trial of 3 therapeutic strategies for multivessel coronary artery disease. Circulation. 2010;122(10):949-57. mostrou também que os pacientes com doença multiarterial submetidos à revascularização miocárdica cirúrgica tiveram resultados superiores àqueles submetidos ao tratamento percutâneo ou medicamentoso para a prevenção de novos eventos cardiovasculares, necessidade de revascularização adicional e IAM. Entretanto, a longo prazo, as taxas de mortalidade entre os três grupos foram estatisticamente semelhantes.

Recentemente, os estudos SYNTAX266266 Serryus PW, Morice MC, Kappe tein P, Colombo A,Holmes DR, Mack MJ,et al;SYNTAX Investigators. Percutaneous coronary intervention versus coronary-artery bypass grafting for severe coronary artery disease. TRIAL. N Engl J Med. 2009;360(10):961-72. Erratum in N Engl J Med. 2013;368(6):584. e FREEDOM267267 Farkouh ME, Domanski M, Sleeper LA, Siami FS, Dangas G, Mack M,et al; FREEDOM Trial Investigators. Strategies for multivessel revascularization in patients with diabetes. N Engl J Med. 2012;367(25):2375-84. trouxeram novas informações quanto à indicação da cirrurgia de revascularização miocárdica em pacientes portadores de DAC triarterial e nos pacientes diabéticos.

O estudo SYNTAX (SYNergy Between Percutaneous Coronary Intervention with TAXus and Cardiac Surgery)266266 Serryus PW, Morice MC, Kappe tein P, Colombo A,Holmes DR, Mack MJ,et al;SYNTAX Investigators. Percutaneous coronary intervention versus coronary-artery bypass grafting for severe coronary artery disease. TRIAL. N Engl J Med. 2009;360(10):961-72. Erratum in N Engl J Med. 2013;368(6):584., multicêntrico, realizado em 62 centros europeus e 23 centros nos Estados Unidos, comparou as estratégias de revascularização miocárdica cirúrgica e percutânea em pacientes com doença coronária aterosclerótica triarterial ou com lesão de tronco. Num total de 3.075 pacientes, 1.800 foram considerados passíveis de ambos os tratamentos, percutâneo ou cirúrgico, e foram randomizados em dois grupos: 903 para realização de ICP com Stents Farmacológicos (SF) Taxus® de primeira geração e 897 para CRM. A comparação de não inferioridade foi avaliada por meio dos desfechos primários de Eventos Cardiovasculares Maiores (ECM), que incluíram a mortalidade por todas as causas, AVC, IAM e necessidade de nova revascularização. Ao final de 5 anos de seguimento, não houve diferença quanto à mortalidade geral (13,9% no grupo submetido à ICP vs. 11,4% no grupo que realizou CRM; p = 0,1), porém foi demonstrada maior mortalidade cardiovascular no grupo ICP (9,0% vs. 5,3%; p = 0,003). Não foi observada maior incidência de eventos cerebrovasculares no grupo que realizou CRM (3,7% para a CRM vs. 2,4% para a ICP; p = 0,09). A incidência de IAM foi maior no grupo ICP (9,7% no grupo que realizou ICP e 3,8% para o grupo CRM; p < 0,001). A necessidade de nova revascularização foi maior no grupo ICP (25,9% vs. 13,7% na CRM; p < 0,001). A taxa de ECM ao final de 5 anos foi de 37,3% no grupo ICP e de 26,9% no grupo CRM. Nesse estudo, a CRM foi superior à ICP em pacientes com anatomia coronária complexa e com escore Syntax intermediário e elevado. Todavia, a ICP trouxe resultados semelhantes aos da CRM em pacientes com lesões de baixa complexidade.

O estudo FREEDOM267267 Farkouh ME, Domanski M, Sleeper LA, Siami FS, Dangas G, Mack M,et al; FREEDOM Trial Investigators. Strategies for multivessel revascularization in patients with diabetes. N Engl J Med. 2012;367(25):2375-84. randomizou 1.900 pacientes portadores de diabetes e doença arterial coronária multiarterial documentada angiograficamente. Todos tinham indicação de revascularização miocárdica (angina ou evidência de isquemia); CRM com ou sem circulação extracorpórea, ou ICP multivascular com uso de SF e infusão de abciximabe. O padrão arterial deveria incluir pacientes com indicação para ambas as técnicas de revascularização. Todos receberam Tratamento Clínico Otimizado (TCO). O desfecho primário, ao final de 5 anos, composto por mortalidade global, IAM não fatal ou AVC ocorreu em 205 pacientes (26,6%) submetidos à ICP com stent recoberto e em 147 pacientes (18,7%) submetidos à CRM (p = 0,005). O escore Syntax médio da população foi de 26, indicando dificuldade moderada ao tratamento com ICP e, pelo EuroSCORE, a média do escore foi de 2,7, sugerindo baixo risco cirúrgico. Além disso, em pacientes com diabetes e doença coronária avançada, a CRM foi superior à ICP; menor taxa de morte e IAM, porém, maior incremento de AVC.

1. a. 1. Recomendações para cirurgia de revascularização direta

Grau de recomendação I (4646 Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American College of Cardiology Foundation; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; American College of Physicians; American Association for Thoracic Surgery; Preventive Cardiovascular Nurses Association; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Thoracic Surgeons. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2012;60(24):e44-164.,268268 Kaiser GC, Davis KB, Fisher LD, Myers WO, Foster ED, Passamani ER, et al. Survival following coronary artery bypass grafting in patients with severe angina pectoris (CASS): an observational study. J Thorac Cardiovasc Surg. 1985;89(4):513-24.

269 Myers WO, Gersh BJ, Fisher LD, Mock MB, Holmes DR, Schaff HV, et al. Medical versus early surgical therapy in patients with triple-vessel disease and mild angina pectoris: a CASS registry study of survival. Ann Thorac Surg. 1987;44(5):471-86.
-270270 Yusuf S, Zucker D, Chalmers TC. Ten-year results of the randomized control trials of coronary artery bypass graft surgery: tabular data compiled by the collaborative effort of the original trial investigators. Part 2 of 2. Online J Curr Clin Trials. 1994;Doc. no. 144.)

  1. Estenose ≥ 50% em TCE ou na situação de tronco equivalente (Descentende Anterior - DA e Cx no óstio, ou antes da saída de ramos importantes)268268 Kaiser GC, Davis KB, Fisher LD, Myers WO, Foster ED, Passamani ER, et al. Survival following coronary artery bypass grafting in patients with severe angina pectoris (CASS): an observational study. J Thorac Cardiovasc Surg. 1985;89(4):513-24.. Nível de evidência A.

  2. Estenoses proximais (> 70%) nos três vasos principais, com ou sem envolvimento de DA proximal, principalmente nos pacientes com FE < 50%, ou com prova funcional mostrando isquemia moderada a importante268268 Kaiser GC, Davis KB, Fisher LD, Myers WO, Foster ED, Passamani ER, et al. Survival following coronary artery bypass grafting in patients with severe angina pectoris (CASS): an observational study. J Thorac Cardiovasc Surg. 1985;89(4):513-24.. Nível de evidência B.

  3. Estenose em dois vasos principais, com lesão proximal de DA, em pacientes com FE < 50%, ou com prova funcional com isquemia de grau moderado a importante269269 Myers WO, Gersh BJ, Fisher LD, Mock MB, Holmes DR, Schaff HV, et al. Medical versus early surgical therapy in patients with triple-vessel disease and mild angina pectoris: a CASS registry study of survival. Ann Thorac Surg. 1987;44(5):471-86.. Nível de evidência B.

  4. Estenoses em uma ou duas artérias principais, sem envolvimento da DA, mas com prova funcional com isquemia de grau importante270270 Yusuf S, Zucker D, Chalmers TC. Ten-year results of the randomized control trials of coronary artery bypass graft surgery: tabular data compiled by the collaborative effort of the original trial investigators. Part 2 of 2. Online J Curr Clin Trials. 1994;Doc. no. 144.. Nível de evidência B.

  5. Angina incapacitante, com qualquer número de artérias envolvidas, esgotadas todas as opções terapêuticas não invasivas, mesmo sendo artéria secundária, e na impossibilidade técnica de tratamento por cateter. Nível de evidência B.

  6. Estenoses em uma ou duas artérias, sem comprometimento da DA, após evento de morte súbita reanimada ou taquicardia ventricular sustentada. Nível de evidência B.

Grau de recomendação IIa

  1. Estenoses de artérias e enxertos em pacientes já operados, com isquemia ao menos moderada em testes funcionais ou angina incapacitante, com comprometimento do enxerto para a DA e na impossibilidade técnica de tratamento com cateter. Nível de evidência C.

  2. Utilização de enxerto arterial de mamária esquerda para pacientes com estenose significativa (> 70%) em DA proximal e evidência de isquemia em território extenso, visando à melhora de sobrevida. Nível de evidência B.

  3. Realização de CRM em detrimento de ICP para pacientes com DAC multivascular e diabetes melito, particularmente com utilização de enxerto arterial de mamária esquerda para DA proximal. Nível de evidência B.

  4. Realização de CRM em detrimento de ICP para pacientes com DAC multivascular complexa (por exemplo, escore Syntax > 22), com ou sem comprometimento de DA proximal. Nível de evidência B.

Grau de recomendação III

  1. Assintomáticos, com função ventricular normal e sem áreas extensas de isquemia, especialmente sem comprometimento proximal da DA. Nível de evidência C.

  2. Pacientes assintomáticos sem lesões coronárias significativas anatômicas (< 70%, ou < 50% no TCE) ou funcionais (por exemplo: RFF > 0,8 ou isquemia discreta em provas não invasivas). Nível de evidência C.

  3. Uma ou duas artérias comprometidas, exceto DA proximal, sem nenhuma área importante de isquemia em teste funcional ou com irrigação de pequena área de miocárdio viável. Nível de evidência B.

  4. Lesões moderadas (entre 50 a 60%), exceto TCE, sem isquemia pelo menos moderada, demonstrável em teste funcional.

  5. Lesões insignificantes (< 50%).

1.a.2. Conceito "time do coração" para decisão de revascularização miocárdica

Classe I(4646 Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American College of Cardiology Foundation; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; American College of Physicians; American Association for Thoracic Surgery; Preventive Cardiovascular Nurses Association; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Thoracic Surgeons. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2012;60(24):e44-164.)

Uma equipe composta por cardiologista, hemodinamicista e cirurgião é recomendada para individualizar a decisão do melhor tratamento nos pacientes com lesões de TCE ou DAC complexa. Nível de evidência C 266266 Serryus PW, Morice MC, Kappe tein P, Colombo A,Holmes DR, Mack MJ,et al;SYNTAX Investigators. Percutaneous coronary intervention versus coronary-artery bypass grafting for severe coronary artery disease. TRIAL. N Engl J Med. 2009;360(10):961-72. Erratum in N Engl J Med. 2013;368(6):584..

Classe IIa

O cálculo do escore Syntax e do escore STS é adequado para pacientes com lesões de TCE ou DAC complexa. Nível de evidência B 4646 Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American College of Cardiology Foundation; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; American College of Physicians; American Association for Thoracic Surgery; Preventive Cardiovascular Nurses Association; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Thoracic Surgeons. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2012;60(24):e44-164.,266266 Serryus PW, Morice MC, Kappe tein P, Colombo A,Holmes DR, Mack MJ,et al;SYNTAX Investigators. Percutaneous coronary intervention versus coronary-artery bypass grafting for severe coronary artery disease. TRIAL. N Engl J Med. 2009;360(10):961-72. Erratum in N Engl J Med. 2013;368(6):584..

1.b. Cirurgia de revascularização transmiocárdica a laser

  1. Uso de raios laser no músculo cardíaco.

  2. Estudos comparativos com laser de CO2.

  3. Indicações da Revascularização Transmiocárdica Cirúrgica a Laser (RMCL).

  4. Perspectivas futuras.

1.b.1. Novas abordagens terapêuticas - revascularização transmiocárdica a laser

1.b.1.1. Introdução

A maioria dos pacientes com angina estável tem seus sintomas controlados por fármacos antianginosos, ICP e/ou por CRM. No entanto, existe um grupo seleto de pacientes com extensa aterosclerose coronária, cujos sintomas persistem a despeito da terapia medicamentosa, e com impossibilidade de revascularização percutânea ou cirúrgica. Nesse grupo, classificado como portador de angina refratária, a RMCL e a Revascularização Miocárdica Percutânea a Laser (RMPL) vêm surgindo como opção terapêutica.

A RMCL, descrita por Mirhoseini e cols.271271 Mirhoseini M, Shelgikar S, Cayton MM. Transmyocardial laser revascularization: a review. J Clin Laser Med Surg. 1993;11(1):15-9. em 1983, foi introduzida no Brasil por Galantier e cols.272272 Galantier M, Moreira GB, Bub RF, Galantier J, Buffolo E, Carvalho AC, et al. Revascularização transmiocárdica a laser. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1996;11(2):67-74. em1995, sendo realizada após toracotomia anterior lateral e sem circulação extracorpórea. A maioria dos estudos utilizaou três tipos de lasers de alta energia (Holmium YAG laser, CO2 laser e XeCl excimer laser) capazes de criar canais transmurais com cerca de 1 mm de diâmetro, do epicárdio para o endocárdio do ventrículo esquerdo, distribuídos na área de miocárdio isquêmico. A RMCL pode ser associada ou não à revascularização miocárdica, com enxertos venosos ou arteriais. A princípio, o mecanismo proposto era de que esses microcanais seriam responsáveis por perfusão direta do miocárdio isquêmico. No entanto, ficou demonstrado que esses microcanais estavam ocluídos por tecido necrótico e cicatricial algumas semanas após o procedimento273273 Gassler N, Wintzer HO, Stubbe HM, Wullbrand A, Helmchen U. Transmyocardial laser revascularization: histological features inhuman nonresponder myocardium. Circulation. 1997;95(2):371-5.,274274 Saririan M, Eisenberg MJ, Myocardial laser revascularization for the treatment of end-stage coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2003;41(2):173-83.. Outras teorias propostas para explicar o mecanismo de ação são o surgimento de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e/ou a denervação das fibras epicárdica simpáticas do miocárdio, embora não se possa descartar também um efeito placebo associado273273 Gassler N, Wintzer HO, Stubbe HM, Wullbrand A, Helmchen U. Transmyocardial laser revascularization: histological features inhuman nonresponder myocardium. Circulation. 1997;95(2):371-5.,274274 Saririan M, Eisenberg MJ, Myocardial laser revascularization for the treatment of end-stage coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2003;41(2):173-83..

1.b.1.2. Estudos observacionais

Vários estudos observacionais foram realizados para avaliar a eficácia e segurança da RMCL em pacientes com angina refratária. A maioria dos estudos observacionais mostrou redução da classe angina, melhora na capacidade funcional e aumento da tolerância ao exercício. Por outro lado, os resultados da análise da perfusão miocárdica por imagem, durante a evolução dos pacientes, são conflitantes; chama a atenção que a mortalidade cirúrgica variou de 3 a 20% e que um terço dos pacientes apresentou alguma complicação relacionada ao procedimento274274 Saririan M, Eisenberg MJ, Myocardial laser revascularization for the treatment of end-stage coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2003;41(2):173-83.,275275 Lee LY, O'Hara MF, Finnin EB, Hachamovitch R, Szulc M, Kligfield PD,et al. Transmyocardial laser revascularization with excimer laser: clinical results at 1 year. Ann Thorac Surg. 2000;70(2):498-503..

1.b.1.3. Estudos randomizados

Sete estudos prospectivos, randomizados e abertos avaliaram a RMCL isolada comparada com o TCO da época276276 Allen KB, Dowling RD, Fudge TL, Schoettle GP, Selinger SL, Gangahar DM, et al. Comparison of transmyocardial revascularization with medical therapy in patients with refractory angina. N Engl J Med. 1999;341(14):1029-36.

277 Frazier OH, March RJ, Horvath KA. Transmyocardial revascularization with acarbon dioxide laser in patients with end-stage coronary artery disease. N Engl J Med. 1999;341(14):1021-8.

278 Burkhoff D, Schmidt S, Schulman SP, Myers J, Resar J, Becker LC, et al. Transmyocardial laser revascularization compared with continued medical therapy for treatment of refractory angina pectoris: a prospective randomized trial. ATLANTIC investigators: Angina Treatments-Lasers and Normal Therapies in Comparison. Lancet. 1999;354(9182):885-90.

279 Schofield PM, Sharples LD, Caine N, Burns S, Tait S, Wistow T, et al. Transmyocardial laser revascularization in patients with refractory angina: a randomized controlled trial. Lancet. 1999;353(9152):519-24. Erratum in: Lancet. 1999;353(9165):1714.

280 Aaberge L, Nordstrand K, Dragsund M, Saatvedt K, Endresen K, Golf S, et al. Transmyocardial revascularization with CO2 laser in patients with refractory angina pectoris: clinical results from the Norwegian randomized trial. J Am Coll Cardiol. 2000;35(5):1170-7.
-281281 Jones JW, Schmidt SE, Richman BW, Miller CC 3rd, Sapire KJ, Burkhoff D, et al. Holmium: YAG laser transmyocardial revascularization relieves angina and improves functional status. Ann Thorac Surg. 1999;67(6):1596-602.. Recentemente uma revisão sistemática do banco de dados Cochrane avaliou esses sete estudos, que incluiu 1.137 participantes, dos quais 559 randomizados para RMCL282282 Briones E, Lacalle JR, Marin I. Transmyocardial laser revascularization versus medical therapy for refractory angina. Cochrane Database Syst Rev. 2009 Jan 21;(1):CD003712.. É de ressaltar que a revisão considerou que nenhum dos estudos preencheu todos os critérios de qualidade estabelecidos, basicamente por serem estudos abertos, com grande potencial de víeis na análise do desfecho primário alívio da angina.

Não se observou diferença significativa na sobrevida aos 12 meses de seguimento entre os dois grupos. Cerca de 44% dos pacientes randomizados para o grupo RMCL apresentaram redução de, no mínimo, duas classes de angina (Canadian Cardiovascular Society - CCS e New York Heart Association - NYHA) quando comparados a apenas 15% do grupo submetido a TMO (Odds Ratio - OR = 4,63; IC95% = 3,43 - 6,25). Em relação à tolerância ao exercício, embora houvesse uma melhora global aos 12 meses, não houve diferença significativa entres os dois tratamentos. Apenas dois estudos avaliaram a qualidade de vida dos pacientes; os autores observaram apenas uma discreta melhora na qualidade de vida no grupo RMCL, quando avaliada pelo Seattle Angina Questionnaire. A maioria dos pacientes dos dois tratamentos obtiveram uma melhora da perfusão miocárdica durante a evolução, no entanto, em seis dos sete estudos avaliados, não houve diferença na melhora da perfusão miocárdica entre os grupos RMCL e o TCO.

Não houve diferença significativa na mortalidade aos 12 meses (12,2% vs. 11,9% para os grupos RMCL e o TCO; OR = 1, 12; IC95% = 0,77 - 1,63). No entanto, a mortalidade hospitalar avaliada aos 30 dias foi significativamente maior no grupo cirúrgico (6,8% vs. 0.8%; OR = 3,76; IC95% = 1,63 - 8,66). A revisão sistemática concluiu que os benefícios clínicos da RMCL não se sobrepõem aos riscos dos procedimentos, e que o procedimento esteve associado a uma maior mortalidade hospitalar. Ademais, há necessidade de estudos randomizados duplo-cegos (com cirurgias fictícias) para evitar os vieses de análise da percepção de angina no grupo clínico.

Recentemente, o NICE também fez uma análise desses estudos randomizados e ressaltou, novamente, que, embora os paciente submetidos a RMCL tenham obtido melhores desfechos subjetivos (incluindo tolerância ao exercício, escore de angina e qualidade de vida), comparados aos pacientes submetidos ao TCO, esses resultados se contrapõem a maiores morbidade e mortalidade transoperatória; implicando assim em uma relação risco/benefício desfavorável. Concluem que a RMCL, de forma isolada, não deve ser utilizada para pacientes com angina refratária283283 Schofield PM, McNab D; National Institute for Health and Clinical. NICE evaluation of transmyocardial laser revascularisation and percutaneous laser revascularisation for refractory angina. Heart. 2010;96(4):312-3..

1.b.1.4. Cirurgia de revascularização miocárdica associada à revascularização a laser

Um único estudo prospectivo, unicêntrico, randomizado e duplo-cego comparou a cirurgia de CRM com a CRM associada à RMCL em pacientes com angina refratária. Nesse estudo, que incluiu 263 pacientes, não houve diferença significativa no alívio da angina e na tolerância ao esforço entre os dois métodos no curto prazo. No entanto, a mortalidade operatória foi significativamente menor no grupo RMCL + CRM (1,5% vs. 7,6%; p < 0,05). No seguimento de 5 anos, embora os dois grupos tenham melhorado o alívio de angina em relação aos valores basais, o grupo CRM + RMCL teve um menor escore de angina (0,4 ± -0,7 vs. 0,7 ± 1,1; p = 0,05) e menor proporção de angina III/IV comparado com o grupo submetido à CRM isolada (0% [0/68] vs. 10% [6/60]; p = 0,009). A sobrevida aos 5 anos foi similar entre eles (76% vs. 80%; p = 0,90). Os autores concluíram que, em pacientes selecionados, a associação de CRM + RMCL pode ser superior à CRM isolada no alívio de angina refratária284284 Allen KB, Dowling RD, Schuch DR, Pfeffer TA, Marra S, Lefrak EA, et al. Adjunctive transmyocardial revascularization: five-year follow-up of a prospective, randomized trial. Ann Thorac Surg. 2004;78(2):458-65..

1.b.1.5. Revascularização transmiocárdica percutânea a laser

Em 1997, Kim e cols.285285 Kim CB, Kesten R, Javier M, Hayase M, Walton AS, Billingham ME, et al. Percutaneous method of laser transmyocardial revascularization. Cathet Cardiovasc Diagn. 1997;40(2):223-8. conseguiram demonstrar a criação dos microcanais por meio da superfície endocárdica utilizando um sistema de cateteres introduzidos pela punção da artéria femoral. A RMPL surgiu como alternativa à RMCL com a hipótese de manter os supostos benefícios observados no alívio da angina, porém com menores taxas de morbimortalidade e eliminando a necessidade de toracotomia. O mecanismo de ação seria os mesmo propostos pela RMPL (microcanais, angiogênese microvascular, denervação cardíaca e efeito placebo).

Alguns estudos observacionais também demonstraram a eficácia da RMPL em pacientes com angina refratária, reduzindo a classe de angina, aumentando a tolerância ao exercício e a qualidade de vida, sem, no entanto, observar as altas taxas de complicações de estudos com cirurgia aberta286286 Oesterle SN. Laser percutaneous myocardial revascularization. Am J Cardiol. 1999;83:46-52.,287287 Lauer B, Junghans U, Stahl F, Kluge R, Oesterle SN, Schuler G. Catheter-based percutaneous myocardial laser revascularization in patients with end-stage coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1999;34(6):1663-70..

1.b.1.6. Estudos randomizados com revascularização miocárdica percutânea a laser

Após os resultados animadores dos estudos observacionais, alguns estudos prospectivos e randomizados compararam a RMPL com o TCO em pacientes com angina refratária sem opções terapêuticas. Recentemente, uma meta-análise avaliou o resultado de sete dos maiores estudos randomizados com RMPL288288 McGillion M, Cook A, Victor JC, Carroll S, Weston J, Teoh K, et al. Effectiveness of percutaneous laserrevascularization therapy for refractory angina. Vasc Health Risk Manag. 2010;6:735-47.. O número total de pacientes foi de 1.213, sendo 651 alocados no grupo RMPL. Todos os estudos utilizaram Holmium YAG laser por meio de três tipos de cateter (Eclipse System, Coaxial Cardiogenesis System e Axcis PMLR) por via percutânea; incluíram pacientes com angina refratária CCS III/IV e avaliaram a melhora na classe de angina, tolerância ao exercício e análise da qualidade de vida durante o seguimento.

Os autores observaram que pacientes submetidos a RMPL obtiveram maior redução na classe de angina (OR = 2,13; IC95% = 1,22 - 3,73), melhora na qualidade de vida avaliando a diferença do desvios das médias (SMD); (SMD = 0,29; IC95% = 0,05 - 0,52), na percepção de doença (SMD = 0,37; IC95% = 0,14 - 0,61) e tolerância ao esforço (SMD = 0,29; IC95% = 0,05 - 0,53) quando comparados aos pacientes em TCO. Não houve impacto na mortalidade aos 12 meses de seguimento. Concluiu-se que os pacientes com angina refratária sem opções terapêuticas podem se beneficiar da RMPL para redução de sintomas anginosos e melhora na qualidade de vida, sem impactar na mortalidade. No entanto, chamaram a atenção os fatos de que nem todos estudos eram duplo-cegos e de que haveria necessidade de avaliar os eventos adversos relacionados ao procedimento, devido à heterogeneidade dos ensaios incluídos.

É interessante notar que, nos dois maiores estudos (439 pacientes) randomizados e duplo-cegos que utilizaram procedimento percutâneo fictício no grupo randomizado para TCO (no intuito de evitar o efeito placebo do procedimento), não se observou diferença estatisticamente significativa em nenhum dos desfechos clínicos avaliados289289 Stone GW, Teirstein PS, Rubenstein R, Schmidt D, Whitlow PL, Kosinski EJ, et al. A prospective, multicenter, randomized trial of percutaneous transmyocardial laser revascularization in patients with nonrecanalizable chronic total occlusions. J Am Coll Cardiol. 2002;39(10):1581-7.,290290 Leon MB, Kornowski R, Downey E, Weisz G, Baim DS, Bonow RO, et al. A blinded-randomized, placebo-controlled trial of percutaneous laser myocardial revascularization to improve angina symptoms in patients with severe coronary disease. J Am Coll Cardiol. 2005;46(10):1812-9.. Isso sugere que os benefícios anteriormente encontrados com a RMPL e a RMCL estariam relacionados mais a um efeito placebo do procedimento do que da terapia (RMPL) em si.

O NICE também realizou uma análise desses sete estudo com RMPL283283 Schofield PM, McNab D; National Institute for Health and Clinical. NICE evaluation of transmyocardial laser revascularisation and percutaneous laser revascularisation for refractory angina. Heart. 2010;96(4):312-3.. Embora também tenham observado alguma melhora nos desfechos secundários (tolerância ao esforço e sintomatologia anginosa), o NICE enfatizou que pouco poderia ser concluído tendo em vista a grande heterogeneidade dos estudos. Mais ainda, ressaltou que, embora a mortalidade transoperatória tenha sido baixa, considerou demasiadamente altas as taxas de complicações não fatais, como infarto do miocárdio (7%), perfuração ventricular (1 a 4%), tamponamento cardíaco (até 3%) e Acidente Vascular Encefálico (AVE - 2%). Assim, a RMPL parece não ser tão eficaz em reduzir a sintomatologia anginosa ou em melhorar a capacidade funcional, além de ser associada a taxas de complicações não fatais inaceitáveis

1.b.1.7. Conclusão

Nos últimos 10 anos, observamos uma grande evolução na técnica de RMCL, cirúrgica ou percutânea, com resultados animadores de alguns ensaios clínicos isolados. No entanto, estudos mais qualificados, randomizados, duplo-cegos com procedimentos fictícios no grupo controle, além das recentes evidências das meta-análises e revisões sistemáticas, não dão suporte para o uso generalizado dessa técnica.

1. RMCL isolada.

Classe III, Nível de evidência A (meta-análise e revisão sistemática)

2. 'RMCL associada a enxertos cirúrgicos.

Classe IIB, Nível de evidência B (um estudo randomizado)

3. RMPL

Classe III, Nível de evidência A (meta-análise e revisão sistemática)

1.c. Revascularização por cateter: indicações clínicas

1.c.1. Pacientes uniarteriais

Os avanços nas técnicas, equipamentos, stents e terapia adjuvante estabeleceram a Intervenção Percutânea por Cateter (IPC) como um procedimento de rotina e seguro em pacientes portadores de DAC crônica estável com anatomia coronariana adequada e favorável. O risco de mortalidade associado a esse procedimento, nessa situação clínica, é de 0,5%291291 Lincoff AM, Bittl JA, Harrington RA, Feit F, Kleiman NS, Jackman JD, et al; REPLACE-2 Investigators. Bivalirudin and provisional glycoprotein IIb/IIIa blockade compared with heparin and planned glycoprotein IIb/IIIa blockade during percutaneous coronary intervention: REPLACE-2 randomized trial. JAMA. 2003;289(7):853-63. Erratum in JAMA. 2003;289(13):1638.

292 Montalescot G, White HD, Gallo R, Cohen M, Steg PG, Aylward PE, et al; STEEPLE Investigators. Enoxaparin versus unfractionated heparin in elective percutaneous coronary intervention. NEngl J Med. 2006;355(10):1006-17.
-293293 Singh M, Gersh BJ, Lennon RJ, Ting HH, Holmes DR Jr, Doyle BJ,et al. Outcomes of a system-wide protocol for elective and nonelective coronary angioplasty at sites without on-site surgery: the Mayo Clinic experience. Mayo Clin Proc. 2009;84(6):501-8.. A eficácia da IPC em comparação com as terapias medicamentosa e CRM tem sido objeto de extensa avaliação.

O avanço tecnológico, incluindo equipamentos, dispositivos e terapia adjunta, tem estabelecido a ICP como um procedimento rotineiramente empregado em pacientes com DAC estável, desde que a anatomia seja adequada ao procedimento. O risco associado de mortalidade nesse contexto é de 0,5%291291 Lincoff AM, Bittl JA, Harrington RA, Feit F, Kleiman NS, Jackman JD, et al; REPLACE-2 Investigators. Bivalirudin and provisional glycoprotein IIb/IIIa blockade compared with heparin and planned glycoprotein IIb/IIIa blockade during percutaneous coronary intervention: REPLACE-2 randomized trial. JAMA. 2003;289(7):853-63. Erratum in JAMA. 2003;289(13):1638.

292 Montalescot G, White HD, Gallo R, Cohen M, Steg PG, Aylward PE, et al; STEEPLE Investigators. Enoxaparin versus unfractionated heparin in elective percutaneous coronary intervention. NEngl J Med. 2006;355(10):1006-17.
-293293 Singh M, Gersh BJ, Lennon RJ, Ting HH, Holmes DR Jr, Doyle BJ,et al. Outcomes of a system-wide protocol for elective and nonelective coronary angioplasty at sites without on-site surgery: the Mayo Clinic experience. Mayo Clin Proc. 2009;84(6):501-8.. A eficácia, comparada à terapia farmacológica otimizada e à CRM, tem sido objeto de avaliação extensa.

A decisão para revascularização de um paciente deve se basear na presença de estenose significativa de artéria coronária, na quantidade de isquemia relacionada e no benefício esperado para o prognóstico e/ou sintomas. Há vários fatores clínicos, anatômicos, técnicos e ambientais que devem ser considerados e discutidos pela equipe médica, visando à escolha do tratamento mais adequado para cada caso (Quadro 1). Quando tecnicamente viável, com taxa de risco aceitável e boa expectativa de vida, a revascularização do miocárdio por meio de ICP ou CRM é indicada na angina crônica refratária ao tratamento farmacológico otimizado.

Quadro 1
Fatores considerados na tomada de decisão da melhor estratégia de tratamento na DAC estável

Estudos observacionais do registro CASS e meta-análise de sete ensaios clínicos randomizados de CRM vs. Terapia Médica Otimizada (TMO), totalizando 2.649 pacientes, sugeriu vantagem de sobrevivência de pacientes com doença de três vasos (ou doença em TCE) submetidos à cirurgia, mas não houve diferença em pacientes comuns ou com dois vasos, com exceção daqueles com envolvimento da artéria DA proximal mais um outro grande vaso.

Ao todo, sete grandes ensaios clínicos (com número expressivo de sujeitos: n > 200) randomizados de revascularização do miocárdio vs. TMO na DAC crônica estável foram publicados nos últimos 10 anos. Normalmente, as populações desses estudos foram selecionadas após angiografia e demonstraram pelo menos uma estenose significativa em artéria coronária epicárdica principal em pacientes com angina, com ou sem isquemia do miocárdio documentada, em geral com boa função ventricular e com anatomia angiográfica favorável, sem comorbidades, sem DAC em TCE ou multiarterial, e sem CRM prévia. Os resultados desses estudos comparativos têm demonstrado maior alívio dos sintomas e menor frequência de revascularização urgente naqueles submetidos à revascularização, porém não houve vantagem dessa estratégia sobre TMO na redução de mortalidade em pacientes portadores de DAC estável, reconhecendo a possibilidade de cruzamento de TMO para intervenção durante o seguimento. Embora as técnicas intervencionistas e cirúrgicas tenham sido aperfeiçoadas nas últimas duas décadas, a terapia médica também prosperou ao longo do mesmo período. Como consequência, a TMO pode melhorar substancialmente os resultados em longo prazo de pacientes tratados de forma conservadora e também daqueles submetidos à ICP/CRM, reduzindo o impacto da própria revascularização sobre a sobrevivência.

Na DAC estável de baixo risco, depois de documentação de isquemia e seleção clínica/angiográfica cuidadosas, a estratégia inicial de TMO é segura e deve ser a abordagem padrão. Cardiologistas, intervencionistas e cirurgiões precisam respeitar período adequado de TMO antes da tomada de decisão sobre revascularização, especialmente em casos de comorbidades de alto risco, anatomias desfavoráveis, pacientes levemente sintomáticos ou sem isquemia extensa.

Quando a TMO inicial falha e os pacientes permanecem sintomáticos, ou quando a área de isquemia é importante, as opções precisam ser discutidas, e as vantagens/limitações de cada estratégia e conselhos da equipe médica devem ser apresentados ao paciente.

As implicações de revascularização são bem conhecidas: infarto do miocárdio periprocedimento, trombose ou reestenose intra-stent (reduzidas diante dos SF de segunda geração) após ICP, além de infarto do miocárdio perioperatório, AVC, disfunção cognitiva, infecção de ferida operatória, hospitalização prolongada e reabilitação após CRM. As vantagens potenciais de uma estratégia inicial de revascularização (ICP ou CRM) incluem um maior alívio dos sintomas sem aumento de mortalidade, menos drogas, menos visitas ao hospital e menos revascularização no primeiro ano, com melhor qualidade de vida. A vantagem de revascularização sobre TMO, no alívio dos sintomas, é, no entanto, enfraquecida ao longo do tempo. TMO é mais segura em curto prazo e tão segura quanto a revascularização até 5 anos em pacientes de baixo risco. No entanto, a TMO requer doses/número maiores de medicamentos, que podem ter um impacto direto sobre a adesão ao tratamento, efeitos colaterais, interações medicamentosas, qualidade de vida e custos em longo prazo.

Os resultados de ensaios clínicos e revisões sistemáticas de ICP vs. TMO podem ser sintetizados como segue:

  • ICP reduz a incidência deangina265265 Hueb W, Lopes N, Gersh BJ,Soares PR, Ribeiro EE, Pereira AC, et al. Ten-year follow-up survivalof the Medicine, Angioplasty, or Surgery Study (MASS II): a randomized controlled clinical trial of 3 therapeutic strategies for multivessel coronary artery disease. Circulation. 2010;122(10):949-57. , 294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16.

    295 Weintraub WS, Spertus JA, Kolm P, Maron DJ, Zhang Z, Jurkovitz C, et al; COURAGE Trial Research Group. Effect of PCI on quality of life in patients with stable coronary disease. NEngl J Med. 2008;359(7):677-87.
    - 296296 Wijeysundera HC, Nallamothu BK, Krumholz HM, Tu JV, Ko DT. Meta-analysis: effects of percutaneous coronary intervention versus medical therapy on angina relief. Ann Intern Med. 2010;152(6):370-9.;

  • ICP não demonstrou melhorar sobrevivência de pacientes estáveis297297 Trikalinos TA, Siebert U, Lau J. Decision-analytic modeling to evaluate benefits and harms of medical tests: uses and limitations. Med Decis Making. 2009;29(5):E22-9.

    298 Cecil WT, Kasteridis P, Barnes JW Jr, Mathis RS, Patric K, Martin S. A meta-analysis update: percutaneous coronary interventions. Am J Manag Care. 2008;14(8):521-8.
    - 299299 Katritsis DG, Ioannidis JP. Percutaneous coronary intervention versus conservative therapy in nonacute coronary artery disease: a meta-analysis. Circulation. 2005;111(22):2906-12.;

  • ICP aumenta o risco de infarto do miocárdio em curto prazo294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16. , 298298 Cecil WT, Kasteridis P, Barnes JW Jr, Mathis RS, Patric K, Martin S. A meta-analysis update: percutaneous coronary interventions. Am J Manag Care. 2008;14(8):521-8. , 300300 Hambrecht R, Walther C, Mobius-Winkler S, Gielen S, Linke A, Conradi K, et al. Percutaneous coronary angioplasty compared with exercise training in patients with stable coronary artery disease: a randomized trial. Circulation. 2004;109(11):1371-8. , 301301 Pitt B, Waters D, Brown WV, van Boven AJ, Schwartz L, Title LM, et al. Aggressive lipid-lowering therapy compared with angioplasty in stable coronary artery disease. Atorvastatin versus Revascularization Treatment Investigators. N Engl J Med. 1999;341(2):70-6.;

  • ICP não diminui o risco de infarto do miocárdio em longo prazo294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16. , 297297 Trikalinos TA, Siebert U, Lau J. Decision-analytic modeling to evaluate benefits and harms of medical tests: uses and limitations. Med Decis Making. 2009;29(5):E22-9.

    298 Cecil WT, Kasteridis P, Barnes JW Jr, Mathis RS, Patric K, Martin S. A meta-analysis update: percutaneous coronary interventions. Am J Manag Care. 2008;14(8):521-8.
    - 299299 Katritsis DG, Ioannidis JP. Percutaneous coronary intervention versus conservative therapy in nonacute coronary artery disease: a meta-analysis. Circulation. 2005;111(22):2906-12. , 301301 Pitt B, Waters D, Brown WV, van Boven AJ, Schwartz L, Title LM, et al. Aggressive lipid-lowering therapy compared with angioplasty in stable coronary artery disease. Atorvastatin versus Revascularization Treatment Investigators. N Engl J Med. 1999;341(2):70-6..

Diante dos conhecimentos atuais, revascularização na DAC estável em pacientes uniarterias está indicada quando objetivam-se melhora do prognóstico e/ou sintomas em determinados contextos, os quais podem ser contemplados no quadro 2.

Quadro 2
Contextos de indicação para intervenção coronária percutânea/cirurgia de revascularização miocárdica em pacientes com DAC estável uniarterial8585 Montalescot G, Sechtem U, Achenbach S, Andreotti F, Arden C, Budaj A, et al; Task Force Members. 2013 ESC guidelines on the management of stable coronary artery disease: the Task Force on the management of stable coronary artery disease of the European Society of Cardiology. Eur Heart J. 2013;34(38):2949-3003.

Anatomicamente, a presença de DAC em TCE ou na artéria DA proximal é importante na tomada de decisão quanto à estratégia de revascularização, conforme pode se observado nas figuras 1 e 2. Um estudo de coorte304304 Jones RH, Kesler K, Phillips HR 3rd, Mark DB, Smith PK, Nelson CL, et al. Long-term survival benefits of coronary artery bypass grafting and percutaneous transluminal angioplasty in patients with coronary artery disease. J Thorac Cardiovasc Surg. 1996;111(5):1013-25. e uma meta-analálise305305 Yusuf S, Zucker D, Peduzzi P, Fisher LD, Takaro T, Kennedy JW, et al. Effect of coronary artery bypass graft surgery on survival: overview of 10-year results from randomised trials by the Coronary Artery Bypass Graft Surgery Trialists Collaboration. Lancet. 1994;344(8922):563-70. Erratum in Lancet 1994;344(8934):1446. da década de 1990 sugeriram que CRM confere uma vantagem de sobrevivência sobre TMO para pacientes com doença em segmento proximal da DA. Estudos de coorte, estudos clínicos randomizados306306 Goy JJ, Eeckhout E, Burnand B, Vogt P, Stauffer JC, Hurni M, et al. Coronary angioplasty versus left internal mammary artery grafting for isolated proximal left anterior descending artery stenosis. Lancet. 1994;343(8911):1449-53.

307 Cisowski M, Drzewiecka-Gerber A, Ulczok R, Abu Samra R, Drzewiecki J, Guzy M, et al. Primary direct stenting versus endoscopic atraumatic coronary artery bypass surgery in patients with proximal stenosis of the left anterior descending coronary artery--a prospective, randomised study. Kardiol Pol. 2004;61(9):253-61.

308 Diegeler A, Thiele H, Falk V, Hambrecht R, Spyrantis N, Sick P, et al. Comparison of stenting with minimally invasive bypass surgery for stenosis of the left anterior descending coronary artery. N Engl J Med. 2002;347(8):561-6.

309 Drenth DJ, Veeger NJ, Middel B, Zijlstra F, Boonstra PW. Comparison of late (four years) functional health status between percutaneous transluminal angioplasty intervention and off-pump left internal mammary artery bypass grafting for isolated high-grade narrowing of the proximal left anterior descending coronary artery. Am J Cardiol. 2004;94(11):1414-7.

310 Hong SJ, Lim DS, Seo HS, Kim YH, Shim WJ, Park CG, et al. Percutaneous coronary intervention with drug-eluting stent implantation vs. minimally invasive direct coronary artery bypass (MIDCAB) in patients with left anterior descending coronary artery stenosis. Catheter Cardiovasc Interv. 2005;64(1):75-81.

311 Ben-Gal Y, Mohr R, Braunstein R, Finkelstein A, Hansson N, Hendler A, et al. Revascularization of left anterior descending artery with drug-eluting stents: comparison with minimally invasive direct coronary artery bypass surgery. Ann Thorac Surg. 2006;82(6):2067-71.
-312312 Goy JJ, Kaufmann U, Hurni M, Cook S, Versaci F, Ruchat P, et al; SIMA Investigators. 10-year follow-up of a prospective randomized trial comparing bare-metal stenting with internal mammary artery grafting for proximal, isolated de novo left anterior coronary artery stenosis the SIMA (Stenting versus Internal Mammary Artery grafting) trial. JAmCollCardiol. 2008;52(10):815-7. e meta-análises305305 Yusuf S, Zucker D, Peduzzi P, Fisher LD, Takaro T, Kennedy JW, et al. Effect of coronary artery bypass graft surgery on survival: overview of 10-year results from randomised trials by the Coronary Artery Bypass Graft Surgery Trialists Collaboration. Lancet. 1994;344(8922):563-70. Erratum in Lancet 1994;344(8934):1446.,313313 Aziz O, Rao C, Panesar SS, Jones C, Morris S, Darzi A, et al. Meta-analysis of minimally invasive internal thoracic artery bypass versus percutaneous revascularisation for isolated lesions of the left anterior descending artery. BMJ. 2007;334(7594):617. mostraram que ICP e CRM resultam em taxas de sobrevivência semelhantes nesses pacientes.

Figura 1
ICP ou CRM em DAC envolvendo TCE (lesão > 50% com evidência de isquemia em teste funcional; lesão > 70%; ou reserva de fluxo fracionada < 0,80). DAC: doença aterosclerótica coronária; TCE: tronco da coronária esquerda; ICP: intervenção coronária percutânea; CRM: cirurgia de revascularização do miocárdio.
Figura 2
ICP ou CRM em DAC coronária uniarterial não envolvendo TCE (lesão > 50% com evidência de isquemia em teste funcional; lesão > 90%; ou reserva de fluxo fracionada < 0,80). DAC: doença aterosclerótica coronária; DA: artéria descendente anterior; ICP: intervenção coronária percutânea; CRM: cirurgia de revascularização do miocárdio

As recomendações atuais para revascularização por meio de ICP na DAC estável uniarterial podem ser resumidas como prossegue:

  • • Para melhora da sobrevida:

  • a) Classe I: ICP é benéfica em sobreviventes de morte súbita cardíaca com suspeita de taquicardia ventricular isquêmica presumidamente causada por estenose significativa (≥ 70%) em artéria coronária principal (Nível de evidência C).

  • b) Classe IIb: a utilidade da ICP é incerta em pacientes com DAC em um vaso (DA proximal) (Nível de evidência B 294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16. , 304304 Jones RH, Kesler K, Phillips HR 3rd, Mark DB, Smith PK, Nelson CL, et al. Long-term survival benefits of coronary artery bypass grafting and percutaneous transluminal angioplasty in patients with coronary artery disease. J Thorac Cardiovasc Surg. 1996;111(5):1013-25. , 314314 Dzavik V, Ghali WA, Norris C, Mitchell LB, Koshal A, Saunders LD, et al; Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease (APPROACH) Investigators. Long-term survival in 11,661 patients with multivessel coronary artery disease in the era of stenting: a report from the Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease (APPROACH) Investigators. Am Heart J. 2001;142(1):119-26. , 315315 Smith PK, Califf RM, Tuttle RH, Shaw LK, Lee KL, Delong ER, et al. Selection of surgical or percutaneous coronary intervention provides differential longevity benefit. Ann Thorac Surg. 2006;82(4):1420-8.).

  • c) Classe III: ICP não deve ser realizada com a intenção de melhorar a sobrevida de paciente com DAC estável e estenose coronariana que não é anatômica ou funcionalmente significativa (por exemplo: lesão < 70% em artéria coronária principal; RFF > 0,80; e isquemia ausente ou leve em teste não invasivo), em DAC apenas na artéria Cx ou artéria coronária direita, ou apenas em uma pequena área de miocárdio viável (Nível de evidência B 304304 Jones RH, Kesler K, Phillips HR 3rd, Mark DB, Smith PK, Nelson CL, et al. Long-term survival benefits of coronary artery bypass grafting and percutaneous transluminal angioplasty in patients with coronary artery disease. J Thorac Cardiovasc Surg. 1996;111(5):1013-25. , 305305 Yusuf S, Zucker D, Peduzzi P, Fisher LD, Takaro T, Kennedy JW, et al. Effect of coronary artery bypass graft surgery on survival: overview of 10-year results from randomised trials by the Coronary Artery Bypass Graft Surgery Trialists Collaboration. Lancet. 1994;344(8922):563-70. Erratum in Lancet 1994;344(8934):1446. , 316316 Shaw LJ, Berman DS, Maron DJ, Mancini GB, Hayes SW, Hartigan PM, et al; COURAGE Investigators. Optimal medical therapy with or without percutaneous coronary intervention to reduce ischemic burden: results from the Clinical Outcomes Utilizing Revascularization and Aggressive Drug Evaluation (COURAGE) trial nuclear substudy. Circulation. 2008;117(10):1283-91.

    317 Hachamovitch R, Hayes SW, Friedman JD, Cohen I, Berman DS. Comparison of the short-term survival benefit associated with revascularization compared with medical therapy in patients with no prior coronary artery disease undergoing stress myocardial perfusion single photon emission computed tomography. Circulation. 2003;107(23):2900-7.

    318 Di Carli MF, Maddahi J, Rokhsar S, Schelbert HR, Bianco-Batlles D, Brunken RC, et al. Long-term survival of patients with coronary artery disease and left ventricular dysfunction: implications for the role of myocardial viability assessment in management decisions. J Thorac Cardiovasc Surg. 1998;116(6):997-1004.
    - 319319 Sawada S, Bapat A, Vaz D, Weksler J, Fineberg N, Greene A, et al. Incremental value of myocardial viability for prediction of long-term prognosis in surgically revascularized patients with left ventricular dysfunction. J Am Coll Cardiol. 2003;42(12):2099-105.).

  • • Para melhora dos sintomas:

  • a) Classe I: ICP é benéfica em pacientes com estenose significativas (≥ 70%) em artéria coronária passível de revascularização e angina inaceitável, apesar de TMO (Nível de evidência A 294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16.

    295 Weintraub WS, Spertus JA, Kolm P, Maron DJ, Zhang Z, Jurkovitz C, et al; COURAGE Trial Research Group. Effect of PCI on quality of life in patients with stable coronary disease. NEngl J Med. 2008;359(7):677-87.
    -296296 Wijeysundera HC, Nallamothu BK, Krumholz HM, Tu JV, Ko DT. Meta-analysis: effects of percutaneous coronary intervention versus medical therapy on angina relief. Ann Intern Med. 2010;152(6):370-9.,320320 Benzer W, Hofer S, Oldridge NB. Health-related quality of life in patients with coronary artery disease after different treatments for angina in routine clinical practice. Herz. 2003;28(5):421-8.,321321 Pocock SJ, Henderson RA, Clayton T, Lyman GH, Chamberlain DA. Quality of life after coronary angioplasty or continued medical treatment for angina: three-year follow-up in the RITA-2 trial. Randomized Intervention Treatment of Angina. J Am Coll Cardiol. 2000;35(4):907-14.).

  • b) Classe IIa:

  • i. ICP é razoável em pacientes com estenose significativa (≥ 70%) em artéria coronária passível de revascularização e angina inaceitável, para os quais TMO não pode ser implementado por causa de contraindicações/efeitos adversos de medicamentos, ou preferências do paciente (Nível de evidência C).

  • ii. ICP é razoável em pacientes com CRM prévia, estenose significativa (≥ 70%) de artéria coronária associada à isquemia e angina inaceitável, apesar de TMO (Nível de evidência C).

  • c) Classe III: ICP não deve ser realizada em pacientes que não cumprem critérios anatômicos (lesão ≥ 50% em TCE ou ≥ 70% em artéria coronária principal) ou fisiológicos (por exemplo, RFF < 0,80) para revascularização (Nível de evidência C).

1.c.2. Pacientes biarteriais

1.c.2.1. Avaliação intracoronária de gravidade da estenose (reserva de fluxo fracionada, ultrassom intravascular e tomografia de coerência óptica)

Quando a avaliação não invasiva de isquemia por imagem for contraindicada, inconclusiva ou não disponível, a avaliação da RFF durante infusão de adenosina é particularmente útil para identificar estenoses hemodinamicamente ou funcionalmente significativas e, portanto, indutoras de isquemia que justifique a indicação de revascularização291291 Lincoff AM, Bittl JA, Harrington RA, Feit F, Kleiman NS, Jackman JD, et al; REPLACE-2 Investigators. Bivalirudin and provisional glycoprotein IIb/IIIa blockade compared with heparin and planned glycoprotein IIb/IIIa blockade during percutaneous coronary intervention: REPLACE-2 randomized trial. JAMA. 2003;289(7):853-63. Erratum in JAMA. 2003;289(13):1638.

292 Montalescot G, White HD, Gallo R, Cohen M, Steg PG, Aylward PE, et al; STEEPLE Investigators. Enoxaparin versus unfractionated heparin in elective percutaneous coronary intervention. NEngl J Med. 2006;355(10):1006-17.
-293293 Singh M, Gersh BJ, Lennon RJ, Ting HH, Holmes DR Jr, Doyle BJ,et al. Outcomes of a system-wide protocol for elective and nonelective coronary angioplasty at sites without on-site surgery: the Mayo Clinic experience. Mayo Clin Proc. 2009;84(6):501-8..

Estudos com stent convencional demonstraram que o tratamento médico proporciona melhores resultados em comparação à revascularização imediata em pacientes com RFF > 0,80322322 Tonino PA, De Bruyne B, Pijls NH, Sievert U, Ikeno F, Van t Veer M,et al; FAME Study Investigators. Fractional flow reserve versus angiography for guiding percutaneous coronary intervention. N Eng J Med. 2009;360(3):213-24.

323 Winjs W, Kolh P, Danchin N, Di Mario C, Falk V, Folliguet T, et al; Task Force on Myocardial Revascularization of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Association for Cardio-Thoracic Surgery (EACTS); European Association for Percutaneous Cardiovascular Interventions (EAPCI). Guidelines on myocardial revascularization. Eur Heart J. 2010;31(20):2501-55.
-324324 Pijils NH, Fearon WF, Toninno PA, Sievert U, Ikeno F, Bornschein B, et al; FAME Study Investigators. Fractional flow reserve versus angiography for guiding percutaneous coronary intervention in patients with multivessel coronary artery disease: 2-year follow-up of the FAME (Fractional Flow Reserve Versus Angiography for Multivessel Evaluation) study. J Am Coll Cardiol. 2010;56(3):177-84.. Por conseguinte, um paciente com estenose e RFF > 0,80 (duas medições ou durante a infusão de adenosina) não deve ser revascularizado. O recente estudo Fractional Flow Reserve versus Angiography for Multivessel Evaluation (FAME-2) confirmou que os pacientes com DAC estável e estenoses com RFF ≤ 0,80, tiveram benefício com a revascularização por ICP em comparação à TMO (benefício este impulsionado apenas pela redução da necessidade de revascularização urgente). Por outro lado, os pacientes sem isquemia tiveram excelentes resultados quando tratados com TMO sem revascularização325325 De Bruyne B, Pijls NH, Kalesan B, Barbato E, Tonino PA, Piroth Z, et al; FAME 2 Trial Investigators. Fractional flow reserve-guided PCI versus medical therapy in stable coronary disease. N Eng J Med. 2012;367(11):991-1001. Erratum in N Engl J Med. 2012;367(18):176.. A RFF já tem seu papel como guia para ICP de uma forma clinicamente eficaz.

Embora a RFF, em geral, não seja útil em lesões angiograficamente maiores que 90% (praticamente todas essas lesões sempre terão um RFF ≤ 0,80), ela pode ajudar na decisão sobre quando revascularizar em algumas condições clínicas incertas, como em portadores de doença multiarterial, cuja apresentação ocorre de uma forma muito heterogênea. Nesses pacientes, a medição da RFF pode alterar a estratégia de revascularização (ICP vs. CRM), além da extensão desta, de acordo com a avaliação funcional das estenoses em locais críticos das coronárias.

O uso do USIV tem sido amplamente investigado em DAC estável em muitos subtipos de diferentes lesões. Ao contrário da RFF, o USIV é uma ferramenta de diagnóstico por imagem e não fornece uma avaliação funcional da gravidade da estenose. Os limites de cortes previamente aceitos, de 3,5 ou 4,0 mm2, para as estenoses nas principais artérias epicárdicas, e de 6,0 mm2, para as estenoses do TCE326326 Jasti V, Ivan E, Yalamanchili V, Wongprapanut N, Leesar MA. Correlations between fractional flow reserve and intravascular ultrasound in patients with anambiguous left main coronary artery stenosis. Circulation. 2004;110(18):2831-6., demonstraram ser pobremente correlacionados e não confiáveis com RFF, com melhores resultados quando as medidas absolutas do USIV são corrigidas para o tamanho do vaso de referência. Por outro lado, uma vez que a indicação do tratamento é estabelecido e sendo necessárias mais informações, o USIV é muito superior a RFF, porque fornece uma caracterização anatômica da lesão em termos de tamanho do vaso e da composição da placa, e pode controlar a expansão e a posição de braço do stent.

Recentemente, a Tomografia de Coerência Óptica (TCO) tem sido desenvolvida como uma nova ferramenta de imagem intracoronária, com resolução superior (de 10 mm) e capaz de oferecer uma avaliação detalhada dos componentes da superfície, incluindo as medições da espessura da capa fibrosa lipídica da placa327327 Barlis P, Schmitt JM. Current and future developments in intracoronary optical coherence tomography imaging. Eurointervention. 2009;4(4):529-33.. A utilidade do TCO em pacientes com DAC estável com prováveis placas vulneráveis ainda não foi bem estabelecida e, certamente, o tratamento de lesões graves não funcionais com base apenas na presença de elementos de instabilidade não é recomendada. Por outro lado, sua facilitada técnica de aquisição de imagens permite a otimização da expansão e da aposição do stent, além da avaliação de sua endotelização a longo prazo327327 Barlis P, Schmitt JM. Current and future developments in intracoronary optical coherence tomography imaging. Eurointervention. 2009;4(4):529-33..

1.c.2.2. Revascularização vs. terapia medicamentosa

O objetivo de revascularização em pacientes estáveis é melhorar a sobrevida e aliviar os sintomas. A decisão de revascularizar um paciente deve se basear na presença de estenose obstrutiva significativa da artéria coronariana, na quantidade de isquemia relacionada e no benefício esperado para o prognóstico e/ou sintomas (Figura 3). Há muitos fatores clínicos, anatômicos, técnicos e ambientais que devem ser considerados e discutidos antes do benefício de revascularização ser antecipado (Quadro 3, Figura 3)8686 Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American CollegeofCardiology Foundation/American Heart AssociationTask Force. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association task force on practice guidelines, and the American College of Physicians, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. Circulation. 2012;126(25):e354-471.,328328 2013 ESC guidelines on the management of stable coronary artery disease. The Task Force on the management of stable coronary artery disease of the European Society of Cardiology. Rev Esp Cardiol (Engl Ed). 2014;67(2):135.

329 Patel MR, Dehmer GJ, Hirshfeld JW, Smith PK, Spertus JA. ACCF/SCAI/STS/AATS/AHA/ASNC/HFSA/SCCT 2012 Appropriate use criteria for coronary revascularization focused update: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Thoracic Surgeons, American Association for Thoracic Surgery, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, and the Society of Cardiovascular Computed Tomography. J Am Coll Cardiol. 2012;59(9):857-81. Erratum in: J Am Coll Cardiol. 2012;59(14):1336.

330 Hillis LD, Smith PK, Anderson JL, Bittl JA, Bridges CR, Byrne JG, et al; American College of Cardiology Foundation; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; American Association for Thoracic Surgery; Society of Cardiovascular Anesthesiologists; Society of Thoracic Surgeons. 2011 ACCF/AHA Guideline for Coronary Artery Bypass Graft Surgery. A report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Developed in collaboration with the American Association for Thoracic Surgery, Society of Cardiovascular Anesthesiologists, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2011;58(24):e123-210.
-331331 Levine GN, Bates ER, Blankenship JC, Bailey SR, Bittl JA, Cercek B, et al. 2011 ACCF/AHA/SCAI guideline for percutaneous coronary intervention: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines and the Society for Cardiovascular Angiography and Interventions. Catheter Cardiovasc Interv. 2013;82(4):E266-355.. Um grande número de possíveis combinações e a heterogeneidade fazem com que recomendações absolutas não sejam possíveis para o manejo de cada situação clínica. Assim, para um dado paciente em um dado hospital, o julgamento clínico na tomada de decisão deve ser consensual e não individual, de preferência após discussão com o Heart Team da equipe cardiológica (nos casos mais difíceis), levando em conta também a preferência do paciente. Entretanto, essa decisão tem que ser individualizada, uma vez que, em muitos pacientes, a abordagem preferida muitas vezes é bastante clara. Quando tecnicamente viável, com um nível aceitável de risco e uma boa expectativa de vida, a revascularização é indicada em pacientes com angina refratária à TMO e DAC crônica estável.

Figura 3
ICP ou CRM na doença aterosclerótica coronariana estável sem envolvimento do tronco da coronária esquerda. a ≥ 50% de estenose e comprovação de isquemia, lesão > 90% por dois médicos ou reserva de fluxo fracionada de 0,80; b CRM é a opção preferida na maioria dos pacientes, a menos que eles apresentem comorbidades ou particularidades que mereçam a discussão com o Heart Time da equipe cardiológica. Conforme prática local (limitações de tempo e carga de trabalho, por exemplo), a transferência direta para a CRM pode ser permitida para pacientes de baixo risco, quando a discussão formal em uma equipe multidisciplinar não for necessária. Adaptado de: Orientações da ESC/EACTS sobre Revascularização Miocárdica de 2010. DA: descendente anterior; ICP: intervenção coronária percutânea; CRM: cirurgia de revascularização miocárdica.
Quadro 3
Indicação de revascularização miocárdica em pacientes com DAC estável em terapia médica otimizada

Embora os tratamentos intervencionistas contemporâneos tenham reduzido o risco de reestenose, em comparação com as técnicas anteriores (até 40%), meta-análises não demonstraram que a introdução do stent convencional conferiu vantagem, em relação à sobrevida sobre o angioplastia com balão291291 Lincoff AM, Bittl JA, Harrington RA, Feit F, Kleiman NS, Jackman JD, et al; REPLACE-2 Investigators. Bivalirudin and provisional glycoprotein IIb/IIIa blockade compared with heparin and planned glycoprotein IIb/IIIa blockade during percutaneous coronary intervention: REPLACE-2 randomized trial. JAMA. 2003;289(7):853-63. Erratum in JAMA. 2003;289(13):1638.,293293 Singh M, Gersh BJ, Lennon RJ, Ting HH, Holmes DR Jr, Doyle BJ,et al. Outcomes of a system-wide protocol for elective and nonelective coronary angioplasty at sites without on-site surgery: the Mayo Clinic experience. Mayo Clin Proc. 2009;84(6):501-8.,322322 Tonino PA, De Bruyne B, Pijls NH, Sievert U, Ikeno F, Van t Veer M,et al; FAME Study Investigators. Fractional flow reserve versus angiography for guiding percutaneous coronary intervention. N Eng J Med. 2009;360(3):213-24., assim como o uso de stents recobertos também não conferiu nenhuma vatagem sobre os stents convencionais, em relação à sobrevida323323 Winjs W, Kolh P, Danchin N, Di Mario C, Falk V, Folliguet T, et al; Task Force on Myocardial Revascularization of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Association for Cardio-Thoracic Surgery (EACTS); European Association for Percutaneous Cardiovascular Interventions (EAPCI). Guidelines on myocardial revascularization. Eur Heart J. 2010;31(20):2501-55..

1.c.2.3. Revascularização em população de baixo-risco

Pacientes biarteriais: os estudos clássicos, que compararam a revascularização miocárdica com o tratamento medicamentoso da época, demonstraram um ganho na sobrevida em pacientes biarteriais com envolvimento da artéria DA, principalmente aqueles com disfunção ventricular esquerda e comprometimento proximal da DA5858 Eleven-year survival in the Veteran Administration randomized trial of coronary bypass surgery for stable angina. The Veterans Administration Coronary Artery Bypass Surgery Cooperative Study Group. N Engl J Med. 1984;311(21):1333-9.,298298 Cecil WT, Kasteridis P, Barnes JW Jr, Mathis RS, Patric K, Martin S. A meta-analysis update: percutaneous coronary interventions. Am J Manag Care. 2008;14(8):521-8.,301301 Pitt B, Waters D, Brown WV, van Boven AJ, Schwartz L, Title LM, et al. Aggressive lipid-lowering therapy compared with angioplasty in stable coronary artery disease. Atorvastatin versus Revascularization Treatment Investigators. N Engl J Med. 1999;341(2):70-6.,332332 Folland ED, Hartigan PM, Parisi AF. Percutaneous trasluminal coronary angioplasty versus medical therapy for stable angina pectoris: outcome for patients with double-vessel versus single-vessel coronary artery disease in a Veterans Affair Cooperative randomized trial. Veterans Affair ACME Investigators. J Am Coll Cardiol. 1997;29(7):1505-11.

333 Coronary angioplasty versus medical therapy for angina: the second Randomised Intervention Treatment of Angina (RITA-2) trial. RITA-2 trial participants. Lancet. 1997;350(9076):461-8.
-334334 Yusuf S, Zucker D, Peduzzi P, Fisher LD, Takaro T, Kennedy JW,et al. Effect of coronary artery bypass graft surgery on survival: overview of 10-year results from randomised trials by the Coronary Artery Bypass Graft Surgery Trialists Collaboration. Lancet. 1994;344(8922):563-70.. Estudos que confrontaram os resultados da CRM com os da ICP com stents de primeira geração em multiarteriais demonstram que as duas modalidades de intervenção exibem resultados semelhantes em relação à sobrevida tardia e às taxas de infarto do miocárdio, tendo a diferença, basicamente, se relacionado a um maior número de revascularização subsequente nos pacientes submetidos a ICP294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16.,304304 Jones RH, Kesler K, Phillips HR 3rd, Mark DB, Smith PK, Nelson CL, et al. Long-term survival benefits of coronary artery bypass grafting and percutaneous transluminal angioplasty in patients with coronary artery disease. J Thorac Cardiovasc Surg. 1996;111(5):1013-25.,316316 Shaw LJ, Berman DS, Maron DJ, Mancini GB, Hayes SW, Hartigan PM, et al; COURAGE Investigators. Optimal medical therapy with or without percutaneous coronary intervention to reduce ischemic burden: results from the Clinical Outcomes Utilizing Revascularization and Aggressive Drug Evaluation (COURAGE) trial nuclear substudy. Circulation. 2008;117(10):1283-91.,335335 Frye RL, August P, Brooks MM, Hardison RM, Kelsey SF, MacGregor JM, et al; BARI 2D Study Group. A randomized trial of therapies for tipe 2 diabetes and coronary artery disease. The BARI 2 study group. N Eng J Med. 2009;360(24):2503-15.

336 Dagenais GR, Lu J, Faxon DP, Kent K, Lago RM, Lezama C, et al; Bypass Angioplasty Revascularization Investigation 2 Diabetes (BARI 2D) Study Group. Effects of optimal medical treatment whit or without coronary revascularization on angina and subsequent revascularizations in patients with type 2 diabetes mellitus and stable ischemic heart disease. Circulation. 2011;123(14):1492-500.
-337337 Nishigaki K, Yamazaki T, Kitabatake A, Yamaguchi T, Kanmatsuse K, Kodama I, et al; Japanese Stable Angina Pectoris Study Investigators. Percutaneous coronary intervention plus medical therapy reduces the incidence of acute coronary syndrome more effectively than initial medical therapy only among patients with low-risk coronary artery disease a randomized, comparative, multicenter study. JACC Cardiovasc Interv. 2008;1(5):469-79..

1.c.2.4. Intervenção coronária percutânea vs. tratamento clínico

Até o momento, nenhum estudo foi capaz de demonstrar que a ICP em pacientes com DAC estável melhore as taxas de sobrevida5858 Eleven-year survival in the Veteran Administration randomized trial of coronary bypass surgery for stable angina. The Veterans Administration Coronary Artery Bypass Surgery Cooperative Study Group. N Engl J Med. 1984;311(21):1333-9.,301301 Pitt B, Waters D, Brown WV, van Boven AJ, Schwartz L, Title LM, et al. Aggressive lipid-lowering therapy compared with angioplasty in stable coronary artery disease. Atorvastatin versus Revascularization Treatment Investigators. N Engl J Med. 1999;341(2):70-6.,332332 Folland ED, Hartigan PM, Parisi AF. Percutaneous trasluminal coronary angioplasty versus medical therapy for stable angina pectoris: outcome for patients with double-vessel versus single-vessel coronary artery disease in a Veterans Affair Cooperative randomized trial. Veterans Affair ACME Investigators. J Am Coll Cardiol. 1997;29(7):1505-11.,333333 Coronary angioplasty versus medical therapy for angina: the second Randomised Intervention Treatment of Angina (RITA-2) trial. RITA-2 trial participants. Lancet. 1997;350(9076):461-8.,265265 Hueb W, Lopes N, Gersh BJ,Soares PR, Ribeiro EE, Pereira AC, et al. Ten-year follow-up survivalof the Medicine, Angioplasty, or Surgery Study (MASS II): a randomized controlled clinical trial of 3 therapeutic strategies for multivessel coronary artery disease. Circulation. 2010;122(10):949-57.,294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16.,316316 Shaw LJ, Berman DS, Maron DJ, Mancini GB, Hayes SW, Hartigan PM, et al; COURAGE Investigators. Optimal medical therapy with or without percutaneous coronary intervention to reduce ischemic burden: results from the Clinical Outcomes Utilizing Revascularization and Aggressive Drug Evaluation (COURAGE) trial nuclear substudy. Circulation. 2008;117(10):1283-91.,335335 Frye RL, August P, Brooks MM, Hardison RM, Kelsey SF, MacGregor JM, et al; BARI 2D Study Group. A randomized trial of therapies for tipe 2 diabetes and coronary artery disease. The BARI 2 study group. N Eng J Med. 2009;360(24):2503-15.

336 Dagenais GR, Lu J, Faxon DP, Kent K, Lago RM, Lezama C, et al; Bypass Angioplasty Revascularization Investigation 2 Diabetes (BARI 2D) Study Group. Effects of optimal medical treatment whit or without coronary revascularization on angina and subsequent revascularizations in patients with type 2 diabetes mellitus and stable ischemic heart disease. Circulation. 2011;123(14):1492-500.

337 Nishigaki K, Yamazaki T, Kitabatake A, Yamaguchi T, Kanmatsuse K, Kodama I, et al; Japanese Stable Angina Pectoris Study Investigators. Percutaneous coronary intervention plus medical therapy reduces the incidence of acute coronary syndrome more effectively than initial medical therapy only among patients with low-risk coronary artery disease a randomized, comparative, multicenter study. JACC Cardiovasc Interv. 2008;1(5):469-79.

338 Pfisterer M; Trial of Invasive versus Medical therapy in Elderly patients Investigators. Long-term outcome in elderly patients with chronic angina managed invasively versus by optimized medical therapy: four-year follow-up of the randomized Trial of Invasive versus Medical therapy in Elderly patients (TIME). Circulation. 2004;110(10):1213-8.
-339339 Serruys PW, Ong AT, van Herwerden LA, Sousa JE, Jatene A, Bonnier JJ, et al. Five-year outcomes after coronary stenting versus bypass surgery for the treatment of multivessel disease: the final analysis of the Arterial Revascularization Therapies Study (ARTS) randomized trial. J Am Coll Cardiol. 2005;46(4):575-81.. Os três estudos mais recentes comparando a revascularização com TMO são os maiores e os mais informativos atualmente, com tratamento médico contemporâneo e otimizado. Eles também não demonstraram nenhuma vantagem em sobrevida com a ICP. O estudo COURAGE (Clinical Outcomes Utilizing Revascularization and Aggressive Drug Evaluation), que avaliou 2.287 pacientes, comparou ICP + TMO vs. TMO isolado em pacientes com DAC estável ou isquemia e lesões coronárias adequadas para ICP294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16.. A população-alvo do estudo foi de pacientes com angina pectoris crônica classe I-III do CCS pós-infarto do miocárdio estável e pacientes assintomáticos com evidência objetiva de isquemia miocárdica. Todos os pacientes tiveram o diagnóstico de DAC por angiografia com pelo menos um vaso com indicação classe I ou II da AHA/ACC para ICP. Destes, 30% eram uniarterial e 39% biarteriais. Pacientes com estenose > 80% em um ou mais vasos, subtendendo uma grande área do miocárdio sob risco, puderam participar mesmo na ausência de isquemia documentada. O desfecho primário de morte geral ou infarto do miocárdio não fatal não diferiu entre os dois grupos durante um seguimento médio de 4,6 anos294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16.. No entanto, nos pacientes tratados de forma invasiva, o tempo livre de angina foi significativamente melhor em 3 anos de acompanhamento. Em um subestudo, entretanto, pacientes com > 10% de isquemia na cintilografia miocárdica de perfusão com estresse tiveram uma maior taxa de morte ou IAM. Além disso, o grupo ICP + TMO apresentou redução de isquemia significativa (33 vs. 19%; p = 0,0004) e aqueles com redução de isquemia tiveram um risco menor não ajustado para morte ou infarto do miocárdio, principalmente se a isquemia basal fosse moderada a severa316316 Shaw LJ, Berman DS, Maron DJ, Mancini GB, Hayes SW, Hartigan PM, et al; COURAGE Investigators. Optimal medical therapy with or without percutaneous coronary intervention to reduce ischemic burden: results from the Clinical Outcomes Utilizing Revascularization and Aggressive Drug Evaluation (COURAGE) trial nuclear substudy. Circulation. 2008;117(10):1283-91..

O estudo BARI 2D (Bypass Angioplasty Revascularization Investigation in Type 2 Diabetes), com n = 2.368, avaliou se ICP ou CRM (escolha deixada ao critério do cardiologista), combinadas com a TMO, seria melhor que TMO sozinha em pacientes com DAC crônica estável e diabete melito tipo 2335335 Frye RL, August P, Brooks MM, Hardison RM, Kelsey SF, MacGregor JM, et al; BARI 2D Study Group. A randomized trial of therapies for tipe 2 diabetes and coronary artery disease. The BARI 2 study group. N Eng J Med. 2009;360(24):2503-15.. O alvo da população do estudo foram os pacientes com diagnóstico de diabetes tipo 2 e DAC documentada angiograficamente, cuja revascularização não era necessária para o controle imediato de angina grave ou instável. Pacientes com estenose > 70% apresentando sintomas de angina foram elegíveis para randomização, mesmo sem isquemia documentada. Em contraste, cerca de 30% dos pacientes eram assintomáticos com um teste de esforço positivo. A carga aterosclerótica biarterial foi de 69% e apenas 13,2% com comprometimento proximal da descendente anterior. O desfecho primário de mortalidade geral em 5 anos de seguimento não diferiu entre as duas estratégias de tratamento e nem as taxas de infarto do miocárdio ou de AVC. Os pacientes com doença mais grave foram selecionados para CRM em vez de ICP, e formaram um grupo de maior risco, o que levou a um maior benefício de revascularização precoce (redução de infato do miocárdio em comparação com a TMO)336336 Dagenais GR, Lu J, Faxon DP, Kent K, Lago RM, Lezama C, et al; Bypass Angioplasty Revascularization Investigation 2 Diabetes (BARI 2D) Study Group. Effects of optimal medical treatment whit or without coronary revascularization on angina and subsequent revascularizations in patients with type 2 diabetes mellitus and stable ischemic heart disease. Circulation. 2011;123(14):1492-500..

No estudo FAME-2 (Fractional Flow Reserve vs. Angiography for Multivessel Evaluation), 888 pacientes com DAC estável e estenose funcionalmente significante (RFF ≤ 0,80) foram aleatoriamente designados para ICP guiada pelo RFF mais TMO ou TMO sozinha, sendo 34,9% de biarteriais com pelo menos uma lesão significativa em descendente anterior proximal ou média324324 Pijils NH, Fearon WF, Toninno PA, Sievert U, Ikeno F, Bornschein B, et al; FAME Study Investigators. Fractional flow reserve versus angiography for guiding percutaneous coronary intervention in patients with multivessel coronary artery disease: 2-year follow-up of the FAME (Fractional Flow Reserve Versus Angiography for Multivessel Evaluation) study. J Am Coll Cardiol. 2010;56(3):177-84.,325325 De Bruyne B, Pijls NH, Kalesan B, Barbato E, Tonino PA, Piroth Z, et al; FAME 2 Trial Investigators. Fractional flow reserve-guided PCI versus medical therapy in stable coronary disease. N Eng J Med. 2012;367(11):991-1001. Erratum in N Engl J Med. 2012;367(18):176.. A população-alvo do estudo foram pacientes que tiveram pelo menos uma estenose funcionalmente significante e, em média, grandes áreas de isquemia miocárdica (valor médio de RFF de 0,68), enquanto os pacientes de baixo risco, com RFF não isquêmico, não foram randomizados, mas acompanhados separadamente como um registro. O estudo foi interrompido prematuramente pelo Conselho de Monitoramento de Segurança devido a uma redução muito significativa na taxa de readmissão hospitalar e de revascularização urgente no grupo de RFF ≤ 0,80-ICP em comparação ao grupo RFF ≤ 0.,80-TMO. Não houve diferença nas taxas de morte ou infarto entre as duas estratégias. Em pacientes sem isquemia (registo), a evolução e os desfechos foram favoráveis para o grupo tratado apenas com TMO325325 De Bruyne B, Pijls NH, Kalesan B, Barbato E, Tonino PA, Piroth Z, et al; FAME 2 Trial Investigators. Fractional flow reserve-guided PCI versus medical therapy in stable coronary disease. N Eng J Med. 2012;367(11):991-1001. Erratum in N Engl J Med. 2012;367(18):176..

Em resumo, ao todo sete grandes ensaios clínicos randomizados de revascularização vs. a terapia médica na DAC crônica estável foram publicados nos últimos 10 anos265265 Hueb W, Lopes N, Gersh BJ,Soares PR, Ribeiro EE, Pereira AC, et al. Ten-year follow-up survivalof the Medicine, Angioplasty, or Surgery Study (MASS II): a randomized controlled clinical trial of 3 therapeutic strategies for multivessel coronary artery disease. Circulation. 2010;122(10):949-57.,294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16.,325325 De Bruyne B, Pijls NH, Kalesan B, Barbato E, Tonino PA, Piroth Z, et al; FAME 2 Trial Investigators. Fractional flow reserve-guided PCI versus medical therapy in stable coronary disease. N Eng J Med. 2012;367(11):991-1001. Erratum in N Engl J Med. 2012;367(18):176.,335335 Frye RL, August P, Brooks MM, Hardison RM, Kelsey SF, MacGregor JM, et al; BARI 2D Study Group. A randomized trial of therapies for tipe 2 diabetes and coronary artery disease. The BARI 2 study group. N Eng J Med. 2009;360(24):2503-15.,337337 Nishigaki K, Yamazaki T, Kitabatake A, Yamaguchi T, Kanmatsuse K, Kodama I, et al; Japanese Stable Angina Pectoris Study Investigators. Percutaneous coronary intervention plus medical therapy reduces the incidence of acute coronary syndrome more effectively than initial medical therapy only among patients with low-risk coronary artery disease a randomized, comparative, multicenter study. JACC Cardiovasc Interv. 2008;1(5):469-79.

338 Pfisterer M; Trial of Invasive versus Medical therapy in Elderly patients Investigators. Long-term outcome in elderly patients with chronic angina managed invasively versus by optimized medical therapy: four-year follow-up of the randomized Trial of Invasive versus Medical therapy in Elderly patients (TIME). Circulation. 2004;110(10):1213-8.
-339339 Serruys PW, Ong AT, van Herwerden LA, Sousa JE, Jatene A, Bonnier JJ, et al. Five-year outcomes after coronary stenting versus bypass surgery for the treatment of multivessel disease: the final analysis of the Arterial Revascularization Therapies Study (ARTS) randomized trial. J Am Coll Cardiol. 2005;46(4):575-81.. Sumariamente, para pacientes com DAC estável, de baixo risco, depois de documentação de isquemia e uma seleção clínica e angiográfica cuidadosa, a estratégia de TMO inicial é segura e deve ser a abordagem padrão. Enquanto o período da TMO não for adequadamente conduzido, os cardiologistas e os cirurgiões devem ser mais conservadores na tomada de decisão sobre a revascularização, especialmente no caso de comorbidades de alto risco, anatomias difíceis, pacientes levemente sintomáticos ou sem extensa isquemia induzida. Estudos têm mostrado que, apesar de passagens frequentes para revascularização, a maioria dos pacientes permanecem apenas em TMO durante a realização dos mesmos.

Entretanto, quando a TMO inicial falhar e os pacientes permanecerem sintomáticos, ou quando o risco de isquemia parecer importante, as várias opções precisam ser discutidas (reforço da TMO ou revascularização). As vantagens, as limitações e as opiniões do cirurgião, do clínico e do intervencionista devem ser totalmente apresentadas na discussão com o paciente.

Os primeiros perigos da revascularização são bem conhecidos: infarto do miocárdio periprocedural, trombose ou reestenose tardia (muito reduzido agora, com os stents de segunda geração) após ICP; infarto do micárdio perioperatório, AVC, disfunção cognitiva, infecção da ferida operatória, prolongada hospitalização e reabilitação após a revascularização do miocárdio. As vantagens potenciais de uma estratégia de revascularização inicial (ICP ou CRM) incluem um maior alívio dos sintomas e nenhum excesso de mortalidade significativa, menos drogas, menos visitas hospitalares e menor chance de uma nova revascularização no primeiro ano, consequentemente com melhor qualidade de vida.

A vantagem de revascularização sobre a TMO em relação ao alívio dos sintomas é, no entanto, atenuada ao longo do tempo. A TMO é mais segura no curto prazo e tão segura quanto a revascularização para a mortalidade até 5 anos em pacientes que preenchem os critérios de inclusão de baixo risco desses estudos. No entanto, a TMO requer doses e números de medicamentos maiores, o que pode ter um impacto direto sobre a adesão ao tratamento, os efeitos colaterais, as interações medicamentosas, de qualidade de vida e os custos de longo prazo para os pacientes e o sistema de saúde.

Os resultados desses estudos que compraram a revascularização do miocárdio com a TMO confirmam que, exceto para melhor alívio dos sintomas e menor frequência de revascularização de urgência, não há nenhuma vantagem da revascularização sobre a TMO isolada para reduzir a mortalidade em pacientes selecionados angiograficamente com DAC crônica estável com características de baixo risco (por exemplo, biarteriais e função ventricular preservada), reconhecendo-se a possibilidade de cruzamento da terapia medicamentosa para intervenção durante o acompanhamento.

Por último, vale ressaltar que embora as técnicas intervencionistas e cirúrgicas tenham melhorado nas duas deçadas passadas, a terapia medicamentosa também melhorou muito em relação ao mesmo período. Como resultado, a TMO pode melhorar substancialmente os resultados a longo prazo dos doentes tratados de forma conservadora, além dos pacientes submetidos à revascularização, reduzindo o impacto da progressão da doença sobre a sobrevida e os eventos futuros, mesmo nos revascularizados. Portanto, o tratmento da DAC crônica estável é um continuum, sendo a TMO a base do tratamento e a revascularização miocárdica a coadjuvante e complementar, em algum momento da evolução da doença.

1.c.2.5. Intervenção coronária percutânea vs. revascularização direta

Durante as duas últimas décadas, cerca de 20 estudos clínicos sobre ICP vs. CRM vêm consistentemente relatando nenhuma diferença na sobrevida global entre as duas técnicas intervencionistas, resultados estes possivelmente relacionados com o baixo risco das populações estudadas304304 Jones RH, Kesler K, Phillips HR 3rd, Mark DB, Smith PK, Nelson CL, et al. Long-term survival benefits of coronary artery bypass grafting and percutaneous transluminal angioplasty in patients with coronary artery disease. J Thorac Cardiovasc Surg. 1996;111(5):1013-25.,314314 Dzavik V, Ghali WA, Norris C, Mitchell LB, Koshal A, Saunders LD, et al; Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease (APPROACH) Investigators. Long-term survival in 11,661 patients with multivessel coronary artery disease in the era of stenting: a report from the Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease (APPROACH) Investigators. Am Heart J. 2001;142(1):119-26.,340340 Hlatky MA, Boothroyd DB, Bravata DM, Boersma E, Booth J, Brooks MM, et al. Coronary artery bypass surgery compared with percutaneous coronary interventions for multivessel disease: a collaborative analysis of individual patient data from ten randomised trials. Lancet. 2009;373(9670):1190-7.

341 Smith PK, Califf RM, Tuttle RH, Shaw LK, Lee KL, Delong ER, et al. Selection of surgical or percutaneous coronary intervention provides differential longevity benefit. Ann Thorac Surg. 2006;82(4):1420-8.
-342342 Schomig A, Mehilli J, de Waha A, Seyfarth M, Pache J, Kastrati A. A meta-analysis of 17 randomized trials of a percutaneous coronary intervention-based strategy in patients with stable coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2008;52(11):894-904.. Em contraste, vários registros de propensão-pareados têm consistentemente demonstrado um benefício de sobrevida com a revascularização cirúrgica, em relação à intervenção por cateter, acompanhada de uma acentuada redução na necessidade de intervenção repetida, embora tais resultados ainda ser suscetíveis a fatores de confusão265265 Hueb W, Lopes N, Gersh BJ,Soares PR, Ribeiro EE, Pereira AC, et al. Ten-year follow-up survivalof the Medicine, Angioplasty, or Surgery Study (MASS II): a randomized controlled clinical trial of 3 therapeutic strategies for multivessel coronary artery disease. Circulation. 2010;122(10):949-57.,343343 SoS Investigators. Coronary artery-bypass surgery versus percutaneous coronary intervention with stent implantation in patients with multivessel coronary artery disease (the Stent or Surgery trial): a randomised controlled trial. Lancet. 2002;360(9338):965-70.,344344 Serruys PW, Unger F, Sousa JE, Jatene A, Bonnier HJ, Schönberger JP, et al; Arterial Revascularization Therapies Study Group. Comparison of coronary artery bypass surgery and stenting for the treatment of multivessel disease. N Engl J Med. 2001;344(15):1117-24..

As indicações relativas para ICP e RCM, em pacientes com DAC crônica estável, foram claramente definidas pelas recentes recomendações8686 Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American CollegeofCardiology Foundation/American Heart AssociationTask Force. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association task force on practice guidelines, and the American College of Physicians, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. Circulation. 2012;126(25):e354-471.,328328 2013 ESC guidelines on the management of stable coronary artery disease. The Task Force on the management of stable coronary artery disease of the European Society of Cardiology. Rev Esp Cardiol (Engl Ed). 2014;67(2):135.

329 Patel MR, Dehmer GJ, Hirshfeld JW, Smith PK, Spertus JA. ACCF/SCAI/STS/AATS/AHA/ASNC/HFSA/SCCT 2012 Appropriate use criteria for coronary revascularization focused update: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Thoracic Surgeons, American Association for Thoracic Surgery, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, and the Society of Cardiovascular Computed Tomography. J Am Coll Cardiol. 2012;59(9):857-81. Erratum in: J Am Coll Cardiol. 2012;59(14):1336.

330 Hillis LD, Smith PK, Anderson JL, Bittl JA, Bridges CR, Byrne JG, et al; American College of Cardiology Foundation; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; American Association for Thoracic Surgery; Society of Cardiovascular Anesthesiologists; Society of Thoracic Surgeons. 2011 ACCF/AHA Guideline for Coronary Artery Bypass Graft Surgery. A report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Developed in collaboration with the American Association for Thoracic Surgery, Society of Cardiovascular Anesthesiologists, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2011;58(24):e123-210.
-331331 Levine GN, Bates ER, Blankenship JC, Bailey SR, Bittl JA, Cercek B, et al. 2011 ACCF/AHA/SCAI guideline for percutaneous coronary intervention: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines and the Society for Cardiovascular Angiography and Interventions. Catheter Cardiovasc Interv. 2013;82(4):E266-355.. Houve um reconhecimento crescente do valor do Heart Team da equipe cardíaca em definir consensualmente sobre se, quando e como revascularizar os pacientes. A figura 3 e o quadro 3 mostram os algoritmos sugeridos para simplificar o processo de tomada de decisão. As diretrizes enfatizam a importância da TMO em todos os pacientes e para ambos os procedimentos.

Em relação ao diabetes, mesmo em biarteriais, o estudo FREEDOM (Design of the Future Revascularization Evaluation in patients with Diabetes mellitus: Optimal management of Multivessel disease), demonstrou recentemente uma redução significativa no desfecho isquêmico primário em 5 anos em 1.900 pacientes tratados com CRM vs. ICP (16% biarterial)267267 Farkouh ME, Domanski M, Sleeper LA, Siami FS, Dangas G, Mack M,et al; FREEDOM Trial Investigators. Strategies for multivessel revascularization in patients with diabetes. N Engl J Med. 2012;367(25):2375-84., confirmando os estudos anteriores, que sugeriam um significativo benefício sobre mortalidade com a CRM vs. ICP em pacientes diabéticos com doença de múltiplos vasos, quando as duas opções de revascularização são tecnicamente viáveis345345 Berger PB, Velianou JL, Aslanidou Vlachos H, Feit F, Jacobs AK, Faxon DP, et al; BARI Investigators. Survival following coronary angioplasty versus coronary artery bypass surgery in anatomic subsets in which coronary artery bypass surgery improves survival compared with medical therapy. Results from the Bypass Angioplasty Revascularization Investigation (BARI). J Am Coll Cardiol. 2001;38(5):1440-9., ainda que ao preço de um risco aumentado de acidente vascular cerebra não fatal. Lembrando que, naquele estudo, todos os pacientes submetidos à ICP receberam stents recobertos e inibidores de glicoproteínas durante o procedimento, além de regime antiplaquetário duplo por, pelo menos, 1 ano e controle otimizado dos faotres de risco em ambos os grupos.

Por último, os resultados de grandes registros pareados por escore de propensão, comparando resultado de ICP vs. RCM, são consistentes a favor da RCM346346 Hannan EL, Racz MJ, Walford G, Jones RH, Ryan TJ, Bennett E, et al. Long-term outcomes of coronary-artery bypass grafting versus stent implantation. N Eng J Med. 2005;352(21):2174-83.

347 Malenka DJ, Leavitt BJ, Hearne MJ, Robb JF, Baribeau YR, Ryan TJ, et al; Northern New England Cardiovascular Disease Study Group. Comparing long-term survival of patients with multivessel coronary disease after CABG or PCI: analysis of BARI-like patients in northern New England. Circulation. 2005;112(9 Suppl):I371-6.
-348348 Wu C, Zhao S, Wechsler AS, Lahey S, Walford G, Culliford AT, et al. Long-term mortality of coronary artery bypass grafting and bare-metal stenting. Ann Thorac Surg. 2011;92(6):2132-8.. De fato, em recente estudo publicado com 7.235 pacientes, pareados por numerosas características basais, as taxas de sobrevida global em 8 anos foram de 78,0% para CRM e de 71,2% para o ICP [Razão de Risco (RR) = 0,68; IC95% = 0,64 - 0,74; p < 0,001]. Para grupos anatômicos, o risco relativo variou de 0,53 (p < 0,001), para pacientes com doença de três vasos que envolviam a artéria DA esquerda proximal, a 0,78 (p = 0,05) para pacientes com doença de dois vasos, mas sem doença da artéria descendente anterior. Um menor risco de morte após CRM foi observado em todos os subgrupos estratificados por diferentes fatores de risco basal348348 Wu C, Zhao S, Wechsler AS, Lahey S, Walford G, Culliford AT, et al. Long-term mortality of coronary artery bypass grafting and bare-metal stenting. Ann Thorac Surg. 2011;92(6):2132-8..

Mais recentemente, Weintraub e cols.349349 Weintraub WS, Grau-Sepulveda MV,Weiss JM, O'Brien SM, Peterson ED, Kolm P, et al. Comparative effectiveness of revascularization strategies. N Engl J Med. 2012;366(16):1467-76. relataram a sobrevivência em 86.244 pacientes submetidos à CRM (19,7% biarteriais) e 103.549 à ICP (68,9% biarteriais) pareados por escore de propensão com DAC bi (53%) ou triarterial. Em 4 anos de acompanhamento, houve aumento da mortalidade com a ICP, em comparação com CRM. Apesar do ajuste estatístico, esse enorme registro não pôde eliminar variáveis de confusão, além do fato de que provavelmente os pacientes mais doentes devem ter sido sido encaminhados a ICP349349 Weintraub WS, Grau-Sepulveda MV,Weiss JM, O'Brien SM, Peterson ED, Kolm P, et al. Comparative effectiveness of revascularization strategies. N Engl J Med. 2012;366(16):1467-76..

Diante do exposto, fica evidente a necessidade de individualização na decisão de cada caso, com avaliação de risco com escores disponíveis tanto para intervenção percutânea como cirúrgica (Syntax e EuroSCORE) e benefícios para cada caso, com avaliação de custo-benefício e preferência do paciente, para se evitar o uso indiscriminado e indevido de intervenções percutâneas. Para tal, além de bom senso, responsabilidade e ética, critérios de adequação de indicação de revascularização existem e foram recentemente revisados para nos orientar nessa tarefa e no manejo de pacientes com DAC crônica estável. Vale lembrar que uma questão não contemplada nas diretrizes atuais e que merece uma reflexão, no contexto da DAC crônica ser também levada em conta na decisão de intervir ou não, é a questão do efeito do tratamento intervencionista - nesse caso, da ICP, sobre a qualidade de vida dos pacientes295295 Weintraub WS, Spertus JA, Kolm P, Maron DJ, Zhang Z, Jurkovitz C, et al; COURAGE Trial Research Group. Effect of PCI on quality of life in patients with stable coronary disease. NEngl J Med. 2008;359(7):677-87.,350350 Favarato ME, Hueb W, Boden WE, Lopes N, Nogueira CR, Takiuti M, et al. Quality of life in patients with symptomatic multivessel coronary artery disease: a comparative post hoc analyses of medical, angioplasty or surgical strategies-MASS II trial. Int J Cardiol. 2007;116(3):364-70..

Alguns comentários sobre a trombose tardia dos novos stents não poderiam deixar de serem feitos. O risco de trombose é dramaticamente aumentado em pacientes que nterrompem prematuramente a dupla inibição plaquetária, e trombose de stent está associada com uma taxa de mortalidade de 20% a 45%351351 Grines CL, Bonow RO, Casey DE Jr, Gardner TJ, Lockhart PB, Moliterno DJ, et al; American Heart Association; American College of Cardiology; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; American College of Surgeons; American Dental Association; American College of Physicians. Prevention of premature discontinuation of dual antiplatelet therapy in patients with coronary artery stents: a science advisory from the American Heart Association, American College of Cardiology, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, American College of Surgeons, and American Dental Association, with representation from the American College of Physicians. Circulation. 2007;115(6):813-8.. Portanto, a capacidade de o paciente tolerar e respeitar o período de pelo menos 30 dias de tratamento com dupla inibição plaquetária, para os stents convencionais, e de 12 meses, para os stents recobertos, deve ser um fator importante na decisão de optar por ICP para tratar pacientes com DAC estável.

Em conclusão, as ICP são uma alternativa à CRM em pacientes biarteriais quando houver indicação apropriada de revascularização, conforme o quadro 4. A avaliação do paciente de forma global, considerando comorbidades, risco cirúrgico, isquemia e anatomia coronariana, é fundamental para melhor decisão quanto ao método mais adequado para revascularização individualizada de cada paciente.

Quadro 4
Atualização dos critérios de adequação para revascularização coronariana: novas indicações ou revisadas

1.c.2.6. Adequada utilização de revascularização

Critérios de adequação são baseados em consenso entre os especialistas sobre quando um procedimento é apropiado, incerto ou inapropiado352352 Chan PS, Patel MR, Klein LW, Krone RJ, Dehmer GJ, Kennedy K, et al. Appropriateness of percutaneous coronary intervention. JAMA. 2011;306(1):53-61.,353353 Ko DT, Guo H, Wijeysundera HC, Natarajan MK, Nagpal AD, Feindel CM, et al; Cardiac Care Network (CCN) of Ontario Variations in Revascularization Practice in Ontario (VRPO) Working Group. Assessing the association of appropriateness of coronary revascularization and clinical outcomes for patients with stable coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2012;60(19):1876-84.. A revascularização coronariana é considerada apropiada quando os benefícios esperados, em termos de sobrevivência ou de status geral (sintomas, status funcional e/ou qualidade de vida), ultrapassarem as consequências negativas esperadas do procedimento329329 Patel MR, Dehmer GJ, Hirshfeld JW, Smith PK, Spertus JA. ACCF/SCAI/STS/AATS/AHA/ASNC/HFSA/SCCT 2012 Appropriate use criteria for coronary revascularization focused update: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Thoracic Surgeons, American Association for Thoracic Surgery, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, and the Society of Cardiovascular Computed Tomography. J Am Coll Cardiol. 2012;59(9):857-81. Erratum in: J Am Coll Cardiol. 2012;59(14):1336.. Do mesmo modo, a revascularização é considerada inapropiada quando o procedimento muito provavelmente não acarretará algum benefício para a sobrevida e/ou a evolução clínica do paciente299299 Katritsis DG, Ioannidis JP. Percutaneous coronary intervention versus conservative therapy in nonacute coronary artery disease: a meta-analysis. Circulation. 2005;111(22):2906-12.,329329 Patel MR, Dehmer GJ, Hirshfeld JW, Smith PK, Spertus JA. ACCF/SCAI/STS/AATS/AHA/ASNC/HFSA/SCCT 2012 Appropriate use criteria for coronary revascularization focused update: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Thoracic Surgeons, American Association for Thoracic Surgery, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, and the Society of Cardiovascular Computed Tomography. J Am Coll Cardiol. 2012;59(9):857-81. Erratum in: J Am Coll Cardiol. 2012;59(14):1336..

Isto é, contudo, uma importante ecomplexa área de preocupação, uma vez que o custo da imagem e da revascularização vem sob crescente, mas apropriado, escrutínio. Além disso, o número exagerado e inapropriado de indicações de ICP nos últimos anos, não levando a nenhum benefício ao paciente e podendo causar muitas vezes até complicações, urge por diretrizes mais rígidas com critérios adequados de indicação de intervenção no contexo de DAC crônica estável.

Recentemente, Chan e cols.352352 Chan PS, Patel MR, Klein LW, Krone RJ, Dehmer GJ, Kennedy K, et al. Appropriateness of percutaneous coronary intervention. JAMA. 2011;306(1):53-61., aplicando esses critérios a pacientes submetidos a ICP no contexto de angina estável nos Estados Unidos, encontraram que apenas metade dos casos seria considerada apropiada, 38% seriam incertos e 12% seriam inapropiados. Por outro lado, Ko e cols.353353 Ko DT, Guo H, Wijeysundera HC, Natarajan MK, Nagpal AD, Feindel CM, et al; Cardiac Care Network (CCN) of Ontario Variations in Revascularization Practice in Ontario (VRPO) Working Group. Assessing the association of appropriateness of coronary revascularization and clinical outcomes for patients with stable coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2012;60(19):1876-84., em Ontário, observando pacientes com DAC estável, encontraram que 68% de todos os revascularizados tinham uma indicação apropiada, 18% incerta e 14% inapropiada. Dentre os casos de indicação incerta ou inapropiada, 86 e 82% receberam ICP, respectivamente353353 Ko DT, Guo H, Wijeysundera HC, Natarajan MK, Nagpal AD, Feindel CM, et al; Cardiac Care Network (CCN) of Ontario Variations in Revascularization Practice in Ontario (VRPO) Working Group. Assessing the association of appropriateness of coronary revascularization and clinical outcomes for patients with stable coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2012;60(19):1876-84..

Portanto, as ICP são uma alternativa à CRM em pacientes biarteriais quando houver indicação apropriada de revascularização, conforme quadro 4. A avaliação do paciente, de forma global, considerando comorbidades, risco cirúrgico, isquemia e anatomia coronariana, é fundamental para melhor decisão quanto ao método mais adequado para revascularização individualizada de cada paciente.

Em conclusão, vale lembrar que, mesmo na era dos stents contemporâneos, o papel da ICP é beneficiar a redução da incidência de angina, mas não reduzir o risco de infarto do miocárdio ao longo prazo, podendo inclusive aumentá-lo em curto prazo, e não tem sido demonstrada melhora na sobrevida em relação ao tratamento medicamentoso otimizado em pacientes com angina estável. As indicações estão resumidas a seguir.

Indicação de ICP em biarteriais para melhorar sobrevida:

Grau de recomendação IIb, Nível de evidência B

  1. Benefício incerto em biarteriais com envolvimento ou não da artéria descendente anterior, sintomáticos ou não, com função ventricular normal e não diabéticos.

  2. Sem lesão significativa na DA, quando associada a uma grande área de miocárdio em risco ou moderada área de miocárdio em risco.

Grau de recomendação I, Nível de evidência C

  1. CRM ou ICP para melhorar sobrevida são benéficas para sobreviventes de morte súbita, cuja causa seja a princípio decorrente de taquicardia ventricular mediada por isquemia, causada por lesão significativa (> 70%) em pelo menos uma artéria principal coronariana.

Grau de recomendação III, Nível de evidência B

  1. Em lesões anatômica e funcionalmente não significantes (lesão < 70% ou RFF > 80) sem ou com discreta isquemia (teste não invasivo), envolvendo a artéria Cx e a coronária direita e/ou com pequena área viável.

Indicação de ICP em biarteriais para melhorar sintomas

Grau de recomendação I, Nível de evidência A

Para melhora de sintomas, CRM ou ICP são benéficas para pacientes com uma ou mais artérias envolvidas com lesão significante (estenose > 70%), que sejam passíveis de tratamento e que apresentem angina refratária, apesar do tratamento medicamentoso otimizado.

Grau de recomendação IIa, Nível de evidência C

  1. CRM ou ICP para melhorar sintomas é razoável em pacientes com uma ou mais lesões significativas (> 70% diâmetro) e angina refratária, para quem a otimização do tratamento clínico não for possível, ou por contraindicação, ou por efeito colateral, ou por preferência do paciente.

  2. ICP para melhorar sintomas é razoável em pacientes com CRM prévia, com uma ou mais lesões significativas (> 70% de diâmetro) associadas com isquemia e angina refratária, apesar do tratamento medicamentoso otimizado.

Grau de recomendação III, Nível de evidência C

CRM ou ICP para melhorar os sintomas não devem ser realizadas em pacientes que não preencham critérios anatômicos (> 50% diâmetro no TCE ou > 70% de estenose em qualquer outra artéria) ou fisiológico (RFF > 0,80) para revascularização.

Grau de recomendação III, Nível de evidência B

ICP com implante de stents coronarianos (convencional ou recoberto) não deve ser executada, se for provável que o paciente não é capaz de tolerar e/ou respeitar a duração da terapia com dupla inibição plaquetária necessária para cada tipo de stent implantado, independente do número de artérias comprometidas.

1.c.3. Pacientes triarteriais

Quando introduzida em 1977, a ICP mostrava-se apropriada tão somente ao tratamento de pacientes com doença em único vaso e com características angiográficas não complexas354354 Gruntzig AR, Senning A, Siegenthaler WE. Nonoperative dilatation of coronary-artery stenosis: percutaneous transluminal coronary angioplasty. N Engl J Med. 1979;301(2):61-8.. Desde então, tem-se observado uma gigantesca evolução nos dispositivos e na capacidade técnica para a realização desses procedimentos. A consequência natural foi a expansão das indicações e, atualmente, os pacientes com doença arterial complexa têm sido rotineiramente tratados, sobretudo com o emprego de stents coronários.

Quanto aos pacientes multiarteriais, vários estudos têm comparado os resultados da CRM aos da ICP355355 Serruys PW, Onuma Y, Garg S, Vranckx P, De Bruyne B, Morice MC, et al; ARTS II Investigators. 5-year clinical outcomes of the ARTS II (Arterial Revascularization Therapies Study II) of the Sirolimus-eluting stent in the treatment of patients with multivessel de novo coronary artery lesions. J Am Coll Cardiol. 2010;55(11):1093-101.

356 Rodriguez AE, Grinfeld L, Fernandez-Pereira C, Mieres J, Rodriguez Alemparte M, Berrocal D, et al. Revascularization strategies of coronary multiple vessel disease in the Drug Eluting Stent Era: one year follow-up results of the ERACI III Trial. EuroIntervention. 2006;2(1):53-60.

357 Park DW, Seung KB, Kim YH, Lee JY, Kim WJ, Kang SJ, et al. Long-term safety and efficacy of stenting versus coronary artery bypass grafting for unprotected left main coronary artery disease: 5-year results from the MAIN-COMPARE (Revascularization for Unprotected Left Main Coronary Artery Stenosis: Comparison of Percutaneous Coronary Angioplasty Versus Surgical Revascularization) registry. J Am Coll Cardiol. 2010;56(2):117-24.

358 Moshkovitz Y, Mohr R, Medalion B, Hyam E, Herz I, Deitch I, et al. Drug-eluting stents compared with bilateral internal thoracic artery grafts for diabetic patients. Ann Thorac Surg. 2012;94(5):1455-62.

359 Wu X, Chen Y, Liu H, Teirstein PS, Kirtane AJ, Ge C, et al. Comparison of long-term (4-year) outcomes of patients with unprotected left main coronary artery narrowing treated with drug-eluting stents versus coronary-artery bypass grafting. Am J Cardiol. 2010;105(12):172834.
-360360 Serruys PW, Morice MC, Kappetein AP, Colombo A, Holmes DR, Mack MJ, et al; SYNTAX Investigators. Percutaneous coronary intervention versus coronary-artery bypass grafting for severe coronary artery disease. N Engl J Med. 2009;360(10):961-72. Erratum in: N Engl J Med. 2013;368(6):584.. Muitas dessas avaliações têm sido limitadas pela seleção não randomizada dos pacientes, pela inclusão de doença com menor grau de complexidade ou pelo poder estatístico insuficiente.

O estudo SYNTAX (SYNergy between percutaneous coronary intervention with TAXus and cardiac surgery) constitui-se na mais forte análise contemporânea das estratégias de revascularização em pacientes multiarteriais361361 Morice MC, Serruys PW, Kappetein AP, Feldman TE, Ståhle E, Colombo A, et al. Outcomes in patients with de novo left main disease treated with either percutaneous coronary intervention using paclitaxel-eluting stents or coronary artery bypass graft treatment in the Synergy between Percutaneous Coronary Intervention with TAXUS and Cardiac Surgery (SYNTAX) trial. Circulation. 2010;121(24):2645-53.. Nessa série, 1.800 pacientes com doença significativa no TCE ou com doença triarterial foram randomizados para CRM (n = 897) ou para ICP (n = 903) com o emprego do SF Taxus®, de primeira geração. O desfecho primário do estudo foi o composto dos ECM definidos como morte por qualquer causa, infarto do miocárdio, AVC ou nova revascularização. Esse estudo foi também responsável por duas importantes contribuições para a adequada revascularização desses pacientes: o escore angiográfico Syntax e o conceito do Heart Team. O escore Syntax baseou-se na localização, na severidade e na extensão das estenoses, avaliando o nível de complexidade anatômica da doença arterial coronária. Os pacientes foram, então, categorizados como de baixo escore se ≤ 22, escore intermediário se ≥ 23 e ≤ 32 e como alto escore se ≥ 33. Quanto ao Heart Team, a escolha da estratégia de revascularização foi decidida de forma interdisciplinar, envolvendo sempre o cirurgião cardíaco e o cardiologista intervencionista.

No estudo SYNTAX, 1.096 pacientes tinham acometimento triarterial. Ao final de 5 anos de seguimento clínico, não foi observada diferença significativa na taxa de ECM entre os pacientes triarteriais com baixo escore Syntax (zero a 22) submetidos à ICP ou à CRM (33,3% vs. 26,8%, respectivamente; p = 0,21)362362 Mohr FW, Morice MC, Kappetein AP, Feldman TE, Stahle E, Colombo A, et al. Coronary artery bypass graft surgery versus percutaneous coronary intervention in patients with three-vessel disease and left main coronary disease: 5-year follow-up of the randomised, clinical SYNTAX trial. Lancet. 2013;381(9867):629-38.. Já nos pacientes com escore Syntax intermediário (23 a 32) e que foram randomizados para a ICP, evidenciou-se taxa de ECM significativamente maior, comparados aos da CRM (37,9% vs. 22,6%, respectivamente; p = 0,0008). O desempenho da ICP tornou-se ainda mais desfavorável aos pacientes definidos como de alto escore Syntax (≥ 33), tendo sido observado aumento na taxa de ECM de 57% nos pacientes alocados para essa estratégia (41,9% vs. 24,1%, respectivamente; p = 0,0005).

Nesse momento, a CRM segue como estratégia preferencial aos pacientes triarteriais com características clínicas e angiográficas com maior gravidade (idade avançada, baixa FE, disfunção renal, doença vascular periférica, diabete melito ou escore Syntax > 22). No entanto, quanto aos pacientes com menor risco, a ICP demonstra um perfil de segurança equivalente ao da CRM e pode ser postulada como estratégia de revascularização inicial para esses pacientes294294 Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16.,314314 Dzavik V, Ghali WA, Norris C, Mitchell LB, Koshal A, Saunders LD, et al; Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease (APPROACH) Investigators. Long-term survival in 11,661 patients with multivessel coronary artery disease in the era of stenting: a report from the Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease (APPROACH) Investigators. Am Heart J. 2001;142(1):119-26.,315315 Smith PK, Califf RM, Tuttle RH, Shaw LK, Lee KL, Delong ER, et al. Selection of surgical or percutaneous coronary intervention provides differential longevity benefit. Ann Thorac Surg. 2006;82(4):1420-8.,363363 Kappetein AP, Feldman TE, Mack MJ, Morice MC, Holmes DR, Ståhle E, et al. Comparison of coronary bypass surgery with drug-eluting stenting for the treatment of left main and/or three-vessel disease: 3-year follow-up of the SYNTAX trial. Eur Heart J. 2011;32(17):2125-34.. Deve-se ressaltar, como fundamento de maior relevância na escolha da melhor opção terapêutica para esses pacientes, o fato da individualização de cada caso. A observância ao conceito do Heart Team, a avaliação clínica detalhada, a análise da experiência dos operadores e do local da realização do procedimento, além do respeito às escolhas do paciente após os esclarecimentos necessários, são pontos absolutamente imprescindíveis à obtenção de melhores resultados.

Portanto, a ICP tem as indicações que seguem

Grau de recomendação IIb, Nível de evidência B

Pacientes triarteriais, com ou sem doença proximal da artéria DA, com anatomia favorável, escore Syntax ≤ 22 e possibilidade de revascularização completa.

Grau de recomendação III, Nível de evidência A

Pacientes triarteriais com escore Syntax > 22 e impossibilidade de revascularização completa.

1.c.4. Pacientes com lesão de tronco da coronária esquerda

A presença de uma estenose > 50% localizada no TCE foi classicamente indicativa de revascularização cirúrgica do miocárdio durante as últimas décadas. Apenas os pacientes com doença no TCE com elevado risco cirúrgico eram considerados para ICP. Recentemente, no entanto, a ICP para tratamento de estenoses significativas em TCE não protegido tem se tornado uma alternativa ao tratamento cirúrgico, uma vez que uma série de estudos clínicos demonstrou, de maneira consistente, a factibilidade, a segurança e a eficácia da ICP com implante de stents nesse contexto, principalmente com o uso de Stents Farmacológicos (SF). Associada à evolução dos dispositivos de tratamento percutâneo, da abordagem técnica e do tratamento farmacológico adjunto, a ICP mostrou-se um procedimento menos invasivo e associado a menores taxas de complicações intraprocedimento, bem como a menor tempo de hospitalização364364 Teirstein PS, Price MJ. Left main percutaneous coronary intervention. J Am Coll Cardiol. 2012;60(17):1605-13..

De maneira singular, a doença obstrutiva do TCE pode apresentar-se com diferentes graus de complexidade, dependendo principalmente de sua localização, envolvendo ou não a bifurcação, e abrangendo a origem das artérias DA e Cx. Dessa forma, podem-se dividir as estenoses do TCE segundo o acometimento do óstio, "corpo" ou bifurcação. Vários estudos demonstraram melhor prognóstico clínico da ICP quando não existe comprometimento da bifurcação, sendo este um fator determinante para a escolha da estratégia e da técnica de revascularização. Em geral, quando comparada à CRM, a ICP no TCE não protegido tem demonstrado altas taxas de sucesso do procedimento e perfil de segurança semelhante no seguimento a longo prazo, mas maior incidência de Revascularização da Lesão-Alvo (RLA) no seguimento tardio (2 a 38%), sendo que a maior parte da evidência científica deriva de estudos retrospectivos e registros uni- ou multicêntricos, comparações não randomizadas e subanálises pré-especificadas de estudos randomizados. Mesmo assim, já se considera o tratamento percutâneo de TCE não protegido em cenários de menor complexidade anatômica, sem o comprometimento significativo da bifurcação, como uma alternativa à abordagem cirúrgica364364 Teirstein PS, Price MJ. Left main percutaneous coronary intervention. J Am Coll Cardiol. 2012;60(17):1605-13..

Entretanto, antes de encaminhar um paciente para revascularização do miocárdio, quer seja cirúrgica ou percutânea, é imprescindível a confirmação da presença de obstrução aterosclerótica significativa, uma vez que espasmo ou mesmo artefatos gerados pelo posicionamento do cateter-guia ou pela projeção angiográfica não são raros e podem levar à conclusão incorreta do grau de comprometimento do TCE. Logo, além da avaliação clínica detalhada, recomenda-se a realização de Ultrassom Intracoronário (USIC) para confirmar a presença de estenose significativa no TCE. Tal avaliação é, obviamente, mais importante nos casos de estenose moderada, aferida pela CATE, e deve incluir a mensuração dos diâmetros e áreas mínimas, da carga e distribuição da placa aterosclerótica. A Área Mínima da Luz (AML) > 6 mm2 denota segurança para não revascularização do TCE365365 de la Torre Hernandez JM, Hernandez Hernandez F, Alfonso F, Rumoroso JR, Lopez-Palop R, Sadaba M, et al; LITRO Study Group (Spanish Working Group on Interventional Cardiology). Prospective application of pre-defined intravascular ultrasound criteria for assessment of intermediate left main coronary artery lesions results from the multicenter LITRO study. JAmCollCardiol. 2011;58(4):351-8.. Já AML de 4,8 mm2 correlacionou-se com RFF < 0,80 e AML de 4,1 mm2 com RFF < 0,75, significando comprometimento funcional366366 Kang SJ, Lee JY, Ahn JM, Song HG, Kim WJ, Park DW, et al. Intravascular ultrasound-derived predictors for fractional flow reserve in intermediate left main disease. JACC Cardiovasc Interv. 2011;4(11):1168-74.. Uma subanálise do estudo MAIN-COMPARE avaliou o emprego do USIC para guiar a ICP em TCE não protegido. Em geral, 756 pacientes foram guiados pelo USIC vs. 219 pacientes guiados apenas pela angiografia. Após a utilização de escore de propensão, verificou-se uma menor taxa de mortalidade aos 3 anos associada ao uso de USIC, mas sem atingir significância estatística (p = 0,06). No entanto, quando considerados os pares tratados com SF, a taxa de mortalidade foi menor de maneira significativa naqueles guiados pelo USIC (4,7 vs. 16,0%; p = 0,048)367367 Park SJ, Kim YH, Park DW, Lee SW, Kim WJ, Suh J, et al; MAIN-COMPARE Investigators. Impact of intravascular ultrasound guidance on long-term mortality in stenting for unprotected left main coronary artery stenosis. Circ Cardiovasc Interv. 2009;2(3):167-77..

O impacto da ICP, assim como dos SF, nas lesões de TCE não protegido, foi demonstrado em alguns estudos. O registro LE MANS (Left Main Coronary Artery Stenting)368368 Buszman PE, Buszman PP, Kiesz RS, Bochenek A, Trela B, Konkolewska M, et al. Early and long-term results of unprotected left main coronary artery stenting: the LE MANS (Left Main Coronary Artery Stenting) registry. J Am Coll Cardiol. 2009;54(16):1500-11. incluiu 252 pacientes com lesão em TCE tratados com Stents Não Farmacológicos (SNF) e SF (36,2%). Aos 30 dias, a taxa de Eventos Cardíacos Adversos Maiores (ECAM) e de AVE foi 4,8%, incluindo 1,5% de mortalidade. No seguimento médio de 3,8 anos, as taxas de ECAM + AVE e morte foram de 25,4 e 13,9%, respectivamente. Aos 5 e 10 anos de seguimento, as taxas de sobrevida foram, respectivamente, 78,1 e 68,9%. Importante, as taxas de ECAM foram significativamente menores com SF vs. SNF (p = 0,04). No estudo observacional multicêntrico MAIN-COMPARE (Revascularization for Unprotected Left Main Coronary Stenosis: Comparison of Percutaneous Coronary Angioplasty versus Surgical Revascularization)357357 Park DW, Seung KB, Kim YH, Lee JY, Kim WJ, Kang SJ, et al. Long-term safety and efficacy of stenting versus coronary artery bypass grafting for unprotected left main coronary artery disease: 5-year results from the MAIN-COMPARE (Revascularization for Unprotected Left Main Coronary Artery Stenosis: Comparison of Percutaneous Coronary Angioplasty Versus Surgical Revascularization) registry. J Am Coll Cardiol. 2010;56(2):117-24., 2.240 pacientes com lesões significativas em TCE não protegido foram tratados por ICP ou CRM (SNF = 318; SF = 784; CRM = 1.138). No geral, os pacientes eram submetidos à ICP se a anatomia fosse favorável ao implante de stent, nos casos de recusa ou alto risco para CRM. Nos pacientes submetidos à ICP, a taxa de complicações, durante a hospitalização, foi de 2,7%, com mortalidade de 0,8%. No seguimento tardio (~ 3 anos), não houve diferença entre ICP e CRM em 542 pares concernente à sobrevida (92,2 vs. 92,1%; p = 0,45) e à sobrevida livre de morte + IAM + AVE (90,8 vs. 90,7%; p = 0,61), respectivamente. Porém, pacientes submetidos à ICP tiveram mais Revascularização do Vaso-Alvo (RVA) (p < 0,001). Também no seguimento muito tardio (média 5,2 anos), após ajustes com escore de propensão, não houve diferença significativa na ocorrência de morte (p = 0,35) e morte + IAM + AVE (p = 0,59) para ICP vs. CRM, mas a RVA continuou maior na ICP, tanto com SNF como com SF. Finalmente, a meta-análise de Pandya e cols.369369 Pandya SB, Kim YH, Meyers SN, Davidson CJ, Flaherty JD, Park DW, et al. Drug-eluting versus bare-metal stents in unprotected left main coronary artery stenosis a meta-analysis. JACC Cardiovasc Interv. 2010;3(6):602-11., que incluiu 44 estudos e 10.342 pacientes tratados com SF vs. SNF, evidenciaram taxas de mortalidade, IAM e nova RVA em 8,8, 4 e 8% daqueles com SF vs. 12,7, 3,4 e 16,4% daqueles com SNF, respectivamente. Considerando-se apenas nove estudos com análise comparativa (n = 5.081), os SF apresentaram menores taxas de eventos adversos aos 3 anos de seguimento vs. SNF, incluindo mortalidade (p = 0,01), IAM (p = 0,03) e RVA (p < 0,001)369369 Pandya SB, Kim YH, Meyers SN, Davidson CJ, Flaherty JD, Park DW, et al. Drug-eluting versus bare-metal stents in unprotected left main coronary artery stenosis a meta-analysis. JACC Cardiovasc Interv. 2010;3(6):602-11.. Diante do exposto, se indicada ICP no TCE, esta, preferencialmente, deverá ser realizada com o emprego de SF.

O ensaio prospectivo, randomizado e multicêntrico SYNTAX370370 Mohr FW, Morice MC, Kappetein AP, Feldman TE, Stahle E, Colombo A, et al. Coronary artery bypass graft surgery versus percutaneous coronary intervention in patients with three-vessel disease and left main coronary disease: 5-year follow-up of the randomised, clinical SYNTAX trial. Lancet. 2013;381(9867):629-38. comparou a ICP com SF vs. CRM em pacientes multiarteriais complexos com ou sem comprometimento do TCE, sendo que uma subanálise pré-especificada envolvendo 705 pacientes avaliou o impacto das duas estratégias de tratamento na doença de TCE. Resultados clínicos do seguimento de 5 anos demonstraram taxas semelhantes de mortalidade total (12,8 vs. 14,6%; p = 0,53), mortalidade cardíaca (8,6 vs. 7,2%; p = 0,46), IAM (8,2 vs. 4,8%; p = 0,10) e o desfecho composto de morte + AVE + IAM (19,0 vs. 20,8%; p = 0,57) para os grupos ICP vs. CRM. Já as taxas de AVE foram significativamente menores no braço ICP (1,5 vs. 4,3%; p = 0,03). Entretanto, o braço cirúrgico esteve associado a menores taxas de nova RVA (26,7 vs. 15,5%; p < 0,01). Quando estratificados os resultados pela complexidade anatômica, observaram-se resultados comparáveis e até mesmo favoráveis à ICP nos subgrupos com escore Syntax baixo (< 23) e intermediário (23 a 32), incluindo morte total (7 vs. 11,3%; p = 0,28), AVE (1,8 vs. 4,1%; p = 0,28), IAM (6,2 vs. 3,1%; p = 0,32), morte total + AVE + IAM (13,9 vs. 15,2%; p = 0,71) e RVA (23 vs. 20,3%; p = 0,65) com escore baixo, e morte total (8,9 vs. 19,3%; p = 0,04), AVE (1,0 vs. 3,6%;, p = 0,23), IAM (6,0 vs. 4,6%; p = 0,71), morte total + AVE + IAM (15,7 vs. 24,9%; p = 0,11) e RVA (22,2 vs. 16,6%; p = 0,40) com escore intermediário para os braços de ICP vs. CRM, respectivamente. Já no subgrupo com escore alto (> 32), as taxas de eventos foram comparáveis para morte total (20,9 vs. 14,1%; p = 0,11), AVE (1,6 vs. 4,9%; p = 0,13), IAM (11,7 vs. 6,1%; p = 0,40) e morte total + AVE + IAM (26,1 vs. 22,1%; p = 0,33). No entanto, a taxa de RVA foi maior no braço ICP (34,1 vs. 11,6%; p < 0,001). No geral, o estudo SYNTAX demonstrou que a doença coronária multivascular, em pacientes submetidos à ICP para tratamento de TCE não protegido, é fator de pior prognóstico clínico, principalmente quando existe a associação de doença em TCE e mais dois ou três vasos. Da mesma forma, a presença associada de doença da artéria coronária direita (principalmente se oclusão total) mostrou-se um preditor de mortalidade no seguimento tardio de pacientes submetidos à ICP de TCE371371 Capodanno D, Di Salvo ME, Tamburino C. Impact of right coronary artery disease on mortality in patients undergoing percutaneous coronary intervention of unprotected left main coronary artery disease. EuroIntervention. 2010;6(4):454-60.,372372 Takagi K, Ielasi A, Chieffo A, Basavarajaiah S, Latib A, Montorfano M, et al. Impact of residual chronic total occlusion of right coronary artery on the long-term outcome in patients treated for unprotected left main disease: the Milan and New-Tokyo registry. Circ Cardiovasc Interv. 2013;6(2):154-60..

Ademais, o estudo prospectivo PRE-COMBAT randomizou 600 pacientes com doença do TCE não protegido para tratamento com ICP vs. CRM. Ao final de 1 ano, o desfecho composto de morte, IAM, AVE e RVA guiada por isquemia ocorreu em 8,7% no grupo ICP vs. 6,7% no grupo CRM (p < 0,001 para não inferioridade). Contudo, tal incidência esteve abaixo do valor considerado no cálculo de tamanho de amostra. Consequentemente, isso deixou o estudo sem poder estatístico para responder adequadamente à hipótese testada373373 Park SJ, Kim YH, Park DW, Yun SC, Ahn JM, Song HG, et al. Randomized trial of stents versus bypass surgery for left main coronary artery disease. N Engl J Med. 2011;364(18):1718-27..

O escore angiográfico Syntax mostrou-se bom discriminador para a ICP, mas não para a CRM, uma vez que não incluiu fatores clínicos reconhecidamente importantes para o prognóstico de pacientes submetidos à CRM e já contemplados em escores de risco cirúrgico, como EuroSCORE, Parsonnet e o da Society of Thoracic Surgeons (STS). Dessa forma, não deveria ser utilizado isoladamente na tomada de decisão clínica. Logo, o escore Syntax II foi recentemente introduzido, levando-se em consideração oito variáveis fortemente associadas à mortalidade aos 4 anos no estudo SYNTAX. Além do escore Syntax angiográfico original, as outras sete variáveis são: idade, creatinina, função ventricular esquerda, doença do TCE não protegido, doença vascular periférica, sexo feminino e doença pulmonar obstrutiva crônica. Em um estudo de validação, Farooq e cols.374374 Farooq V, van Klaveren D, Steyerberg EW, Meliga E, Vergouwe Y, Chieffo A, et al. Anatomical and clinical characteristics to guide decision making between coronary artery bypass surgery and percutaneous coronary intervention for individual patients: development and validation of SYNTAX score II. Lancet. 2013;381(9867):639-50. demonstraram maior poder preditivo do escore Syntax II vs. o escore puramente angiográfico Syntax, fato que poderia, em tese, facilitar o processo de decisão clínica de pacientes multiarteriais e com doença do TCE não protegido.

De acordo com as evidências atuais, os seguintes fatores devem ser considerados no processo de decisão da estratégia de tratamento para TCE não protegido:

  • idade, sexo, fatores de risco/comorbidades associados, apresentação clínica (EuroSCORE, Parsonnet, STS, Syntax II);

  • função ventricular esquerda;

  • envolvimento da bifurcação do TCE;

  • extensão da doença e complexidade anatômica (Syntax);

  • dispositivos disponíveis (SF, USIC);

  • experiência/resultados do operador/Serviço de ICP;

  • experiência/resultados do cirurgião/Serviço de CRM.

Portanto, o advento de SF e os avanços nas técnicas de abordagem suportaram a ICP como alternativa viável à CRM no tratamento de lesão no TCE não protegido. Ensaios clínicos randomizados envolvendo pacientes candidatos para ambas as estratégias de tratamento, CRM ou ICP, forneceram dados em relação a factibilidade, segurança e eficácia da ICP, nesse cenário. Atualmente, é razoável considerar ICP no TCE não protegido em pacientes clinicamente estáveis, visando melhorar a sobrevida, seguindo as recomendações seguintes:

  • Classe IIa, Nível de evidência B: pacientes estáveis com estenose significativa (≥ 50%) no TCE com: (1) condições anatômicas associadas a risco baixo de complicações na ICP e probabilidade alta de bom resultado a longo prazo (lesão em óstio ou "corpo" do TCE; Syntax ≤ 22) e (2) características clínicas que preveem risco cirúrgico elevado (STS ≥ 5%).

  • Classe IIb, Nível de evidência B: pacientes estáveis com estenose significativa (≥ 50%) no TCE com: (1) condições anatômicas associadas a risco baixo/intermediário de complicações na ICP e probabilidade intermediária/alta de bom resultado a longo prazo (lesão em bifurcação do TCE; Syntax < 33) e (2) características clínicas que preveem aumento do risco cirúrgico (STS > 2%).

***/RECUO***

1.d. Novas abordagens terapêuticas

1.d.1. Terapia gênica e celular

a) Terapia gênica

Terapia gênica pode ser definida como uma intervenção médica na qual técnicas de transferência de material genético são utilizadas para a modificação de células somáticas in vivo, permitindo a expressão in situ do gene transferido, com consequente efeito terapêutic375375 Anderson WF. Human gene therapy. Nature. 1998;392(6679 Suppl):25-30.. A administração de genes terapêuticos requer a utilização de um veículo, denominado vetor, capaz de carrear o gene de interesse e guiá-lo até a célula-alvo, facilitando, assim, a transferência de material genético a células somáticas in vivo 376376 Morishita R. Perspective in progress of cardiovascular gene therapy. J Pharmacol Sci. 2004;95(1):1-8.. Há, basicamente, dois grandes grupos de vetores de transferência gênica: virais e não virais. Entre os vetores virais, os mais utilizados para a otimização da transferência gênica são os retrovírus e os adenovírus modificado377377 Baker AH. Designing gene delivery vectors for cardiovascular gene therapy. Prog Biophys Mol Biol. 2004;84(2-3):279-99..

Até junho de 2013, 27 protocolos de terapia gênica para doença coronária (24 estudos para insuficiência coronariana crônica e três para reestenose arterial) haviam sido submetidos ao Office of Biotechnology Activities do NIH dos Estados Unidos, órgão responsável pelo controle de todos os protocolos envolvendo manipulação gênica naquele país378378 National Institutes of Health (NHI). 2013. Human gene transfer protocols. [Accessed on 2013 Oct 29]. Available from: http://oba.ord.nih.gob/oba/rac/protocol.pdf
http://oba.ord.nih.gob/oba/rac/protocol....
.

O acúmulo do conhecimento sobre crescimento vascular e citocinas angiogênicas, e o desenvolvimento paralelo de vetores mais eficientes permitiram testar a hipótese de que a transferência gênica de fatores de crescimento seria capaz de amenizar os danos decorrentes da isquemia miocárdica por estimulação ao crescimento vascular - estratégia conhecida como angiogênese terapêutica379379 Hockel M, Schlenger K, Doctrow S, Kissel T, Vaupel P. Therapeutic angiogenesis. Arch Surg. 1993;128(4):423-9..

A partir do final dos anos 1990, Losordo e cols.380380 Losordo DW, Vale PR, Symes JF, Dunnington CH, Esakof DD, Maysky M, et al. Gene therapy for myocardial angiogenesis: initial clinical results with direct myocardial injection of phVEGF165 as sole therapy for myocardial ischemia. Circulation. 1998;98(25):2800-4., Symes e cols.381381 Symes JF, Losordo DW, Vale PR, Lathi KG, Esakof DD, Mayskiy M, et al. Gene therapy with vascular endothelial growth factor for inoperable coronary artery disease. Ann Thorac Surg. 1999;68(3):830-6., Rosengart e cols.382382 Rosengart TK, Lee LY, Patel SR, Kligfield PD, Okin PM, Hackett NR, et al. Six-month assessment of a phase I trial of angiogenic gene therapy for the treatment of coronary artery disease using direct intramyocardial administration of an adenovirus vector expressing the VEGF121 cDNA. Ann Surg. 1999;230(4):466-70., entre outros, reportaram os resultados iniciais da transferência gênica do Fator de Crescimento Endotelial Vascular 165 (VEGF165) por injeção intramiocárdica direta em pacientes portadores de angina refratária. Durante o seguimento, os investigadores documentaram a diminuição significativa dos episódios de angina, o aumento do número de segmentos miocárdicos normalmente perfundidos e o aumento do escore de Rentrop (número de colaterais) em todos os pacientes. Não foram observados efeitos adversos relacionados ao procedimento.

Mais recentemente, o primeiro estudo multicêntrico (AGENT - Angiogenic Gene Therapy Trial 383383 Grines CL, Watkins MW, Helmer G, Penny W,Brinker J,Marmur JD, et al. Angiogenic Gene Therapy (AGENT) trial in patients with stable angina pectoris. Circulation. 2002;105(11):1291-7.) incluiu 79 pacientes portadores de DAC sintomática para receberem uma de cinco doses crescentes de vetor viral codificando para FGF4 ou placebo. Embora a análise de eficácia terapêutica valendo-se do TE não tenha mostrado diferença entre os grupos, a análise do subgrupo com maior limitação funcional inicial revelou benefício da terapia gênica em aumentar a tolerância ao exercício. Estudos subsequentes como AGENT-3 e -4384384 Grines CL, Watkins MW, Mahmarian JJ, Iskandrian AE, Rade JJ, Marrott P, et al; Angiogene GENe Therapy (AGENT-2) Study Group. A randomized, double-blind, placebo-controlled trial of Ad5FGF-4 gene therapy and its effect on myocardial perfusion in patients with stable angina. J Am Coll Cardiol. 2003;42(8):1339-47., envolvendo mais de 500 pacientes em diversos países, não replicaram os resultados inicialmente obtidos de aumento da tolerância ao esforço, após administração de FGF4 em pacientes com angina estável, e foram precocemente interrompidos. Resultados semelhantes igualmente neutros foram obtidos no estudo VIVA Trial (Vascular Endothelial Growth Factor in Ischemia for Vascular Angiogenesis)385385 Henry TD, Annex BH, McKendall GR, Azrin MA,Lopez JJ,Giordano FJ, et al; VIVA Investigators. The VIVA trial: Vascular endothelial growth factor in Ischemia for Vascular Angiogenesis. Circulation. 2003;107(10):1359-65.. Na avaliação realizada 120 dias após o tratamento, entretanto, o grupo que recebeu a maior dose de VEGF apresentou redução significativa de angina (melhora da classe funcional) e apenas tendência favorável de melhor desempenho ao esforço e na frequência dos episódios anginosos.

Grau de recomendação: não há recomendação para o uso clínico de terapia gênica até o momento, salvo dentro do contexto da pesquisa clínica experimental de acordo com as normas vigentes.

(b) Terapia celular

O transplante de celulas-tronco e/ou celulas progenitoras pode vir a ser uma opção terapêutica386386 Asahara T, Murohara T, Sullivan A, Silver M, van der Zee R, Li T, et al. Isolation of putative progenitor endothelial cells for angiogenesis. Science. 1997;275(5302):964-7.

387 Balsam LB, Wagers AJ, Christensen JL, Kofidis T, Weissman IL, Robbins RC. Haematopoietic stem cells adopt mature haematopoietic fates in ischaemic myocardium. Nature. 2004;428(6983):668-73.

388 Nygren JM, Jovinge S, Breitbach M, Säwen P, Röll W, Hescheler J, et al. Bone marrow-derived hematopoietic cells generate cardiomyocytes at a low frequency through cell fusion, but not transdifferentiation. Nat Med. 2004;10(5):494-501.
-389389 Sunkomat JN, Gaballa MA. Stem cell therapy in ischemic heart disease. Cardiovasc Drug Rev. 2003;21(4):327-42. visando à indução ao crescimento vascular (angiogênese)390390 Shantsila E, Watson T, Tse HF, Lip GY. New insights on endothelial progenitor cell subpopulations and their angiogenic properties. J Am Coll Cardiol. 2008;51(6):669-71.

391 Friedrich EB, Walenta K, ScharlauJ, Nickenig G, Werner N. CD34-/CD133+/VEGFR-2+ endothelial progenitor cell subpopulation with potent vasoregenerative capacities. Circ Res. 2006;98(3):e20-5.

392 Kawamoto A, Iwasaki H, Kusano K, Murayama T, Oyamada A, Silver M, et al. CD34-positive cells exhibit increased potency and safety for therapeutic neovascularization after myocardial infarction compared with total mononuclear cells. Circulation. 2006;114(20):2163-9.

393 Beeres SL, Bax JJ, Dibbets-Schneider P, Stokkel MP, Fibbe WE, van der Wall EE, et al. Intramyocardial injection of autologous bone marrow mononuclear cells in patients with chronic myocardial infarction and severe left ventricular dysfunction. Am J Cardiol. 2007;100(7):1094-8.

394 Rehman J, Li J, Orschell CM, March KL. Peripheral blood "endothelial progenitor cells" are derived from monocyte/macrophages and secrete angiogenic growth factors. Circulation. 2003;107(8):1164-9.
-395395 Sieveking DP, Buckle A, Celermajer DS, Ng MK. Strikingly different angiogenic properties of endothelial progenitor cell subpopulations: insights from a novel human angiogenesis assay. J Am Coll Cardiol. 2008;51(6):660-8. e/ou limitar a perda miocitaria pos-isquêmica396396 Perin EC, Silva GV. Stem cell therapy for cardiac diseases. Curr Opin Hematol. 2004;11(6):399-403.

397 Orlic D, Kajstura J, Chimenti S, Jakoniuk I, Anderson SM, Li B, et al. Bone marrow cells regenerate infarcted myocardium. Nature. 2001;410(6829):701-5.

398 Yeh ET, Zhang S, Wu HD, Korbling M, Willerson JT, Estrov Z. Transdifferentiation of human peripheral blood CD34+-enriched cell population into cardiomyocytes, endothelial cells, and smooth muscle cells in vivo. Circulation. 2003;108(17):2070-3.

399 Murry CE, Soonpaa MH, Reinecke H, Nakajima H, Nakajima HO, Rubart M, et al. Haematopoietic stem cells do not transdifferentiate into cardiac myocytes in myocardial infarcts. Nature. 2004;428(6983):664-8.

400 Zhang S, Wang D, Estrov Z, Raj S, Willerson JT, Yeh ET. Both cell fusion and transdifferentiation account for the transformation of human peripheral blood CD34-positive cells into cardiomyocytes in vivo. Circulation. 2004;110(25):3803-7.

401 Schmidt-Lucke C, Rossig L, Fichtlscherer S, Vasa M, Britten M, Kamper U, et al. Reduced number of circulating endothelial progenitor cells predicts future cardiovascular events: proof of concept for the clinical importance of endogenous vascular repair. Circulation. 2005;111(22):2981-7.
-402402 Iwasaki H, Kawamoto A, Ishikawa M, Oyamada A, Nakamori S, Nishimura H, et al. Dose-dependent contribution of CD34-positive cell transplantation to concurrent vasculogenesis and cardiomyogenesis for functional regenerative recovery after myocardial infarction. Circulation. 2006;113(10):1311-25. e, assim, reduzir, ou ate prevenir, o aparecimento de insuficiência cardiaca secundaria à doença isquêmica crônica do coração403403 Kocher AA, Schuster MD, Szabolcs MJ, Takuma S, Burkhoff D, Wang J, et al. Neovascularization of ischemic myocardium by human bone marrow-derived angioblasts prevents cardiomyocyte apoptosis, reduces remodeling and improves cardiac function. Nat Med. 2001;7(4):430-6.

404 AgataJ, Chao L, Chao J. Kallikrein gene delivery improves cardiac reserve and attenuates remodeling after myocardial infarction. Hypertension. 2002;40(5):635-9.
-405405 Zhang S, Shpall E, Willerson JT, Yeh ET. Fusion of human hematopoietic progenitor cells and murine cardiomyocytes is mediated by alpha 4 beta 1 integrin/vascular cell adhesion adhesion molecule-1 interaction. Circ Res. 2007;100(5):693-702..

Na última decada, os primeiros relatos de terapia celular em pacientes portadores de DAC começaram a ser publicados406406 Tse HF, Kwong YL, Chan JK, Lo G, Ho CL, Lau CP. Angiogenesis in ischaemic myocardium by intramyocardial autologous bone marrow mononuclear cell implantation. Lancet. 2003;361(9351):47-9.

407 Beeres SL, Bax JJ, Kaandorp TA, Zeppenfeld K, Lamb HJ, Dibbets-Schneider P, et al. Usefulness of intramyocardial injection of autologous bone marrow-derived mononuclear cells in patients with severe angina pectoris and stress-induced myocardial ischemia. Am J Cardiol. 2006;97(9):1326-31.

408 Tse HF, Thambar S, Kwong YL, Rowlings P, Bellamy G, McCrohon J, et al. Prospective randomized trial of direct endomyocardial implantation of bone marrow cells for treatment of severe coronary artery diseases (PROTECT-CAD trial). Eur Heart J. 2007;28(24):2998-3005.

409 Boyle AJ, Whitbourn R, Schlicht S, Krum H, Kocher A, Nandurkar H, et al. Intra-coronary high-dose CD34+ stem cells in patients with chronic ischemic heart disease: a 12-month: a 12-month follow-up. Int J Cardiol. 2006;109(1):21-7.

410 Lipinski MJ, Biondi-Zoccai GG, Abbate A, Khianey R, Sheiban I, Bartunek J, et al. Impact of intracoronary cell therapy on left ventricular function in the setting of acute myocardial infarction: a collaborative systematic review and meta-analysis of controlled clinical trials. J Am Coll Cardiol. 2007;50(18):1761-7.

411 Losordo DW, Schatz RA, White CJ, Udelson JE, Veereshwarayya V, Durgin M, et al. Intramyocardial transplantation of autologous CD34+ stem cells for intractable angina: a phase I/IIa double-blind, randomized controlled trial. Circulation. 2007;115(25):3165-72.

412 van Ramshorst J, Bax JJ, Beeres SL, Dibbets-Schneider P, Roes SD, Stokkel MP, et al. Intramyocardial bone marrow cell injection for chromic myocardial ischemia: a randomized controlled trial. JAMA. 2009;301(19):1997-2004.

413 Wang S, Cui J, Peng W, Lu M. Intracoronary autologous CD34+ stem cell therapy for intractable angina. Cardiology. 2010;117(2):140-7.
-414414 Losordo DW, Henry TD, Davidson C, Sup Lee J, Costa MA, Bass T, et al; ACT34-CMI Investigators. Intramyocardial, autologous CD34+ cell therapy for refractory angina. Circ Res. 2011;109(4):428-36.. Assmus e cols.415415 Assmus B, Schachinger V, Teupe C, Britten M, Lehmann R,Döbert N, et al. Transplantation of progenitor cells and regeneration enhancement in acute myocardial infarction (TOPCARE-AMI). Circulation. 2002;106(24):3009-17. transplantaram, por infusão intracoronaria, celulas progenitoras derivadas de medula ossea ou de sangue periferico em pacientes vitimas de infarto agudo pos-reperfusão. Durante o seguimento de 4 meses, os pacientes tratados apresentaram aumento da FEVE, melhor motilidade regional na zona do infarto, diminuição do volume sistolico final e aumento da reserva de fluxo coronario na arteria relacionada ao IAM. Não foram observados eventos adversos.

O uso de celulas derivadas da medula ossea do adulto para o tratamento de doença isquêmica grave do coração associada à insuficiência cardiaca foi proposto por Perin e cols.416 em trabalho conduzido em 14 pacientes. Os pacientes foram submetidos à injeção transendocardica guiada por mapeamento eletromecânico em areas viaveis417417 Kornowski R, Hong MK, Gepstein L. Preliminary animal and clinical experiences using an electromechanical mapping procedure to distinguish infarcted from healthy myocardium myocardium. Circulation. 1998;98(11):1116-24.,418418 Selvanayagam JB, Jerosch-Herold M, Porto I, Sheridan D, Cheng AS, Petersen SE, et al. Resting myocardial blood flow is impaired in hibernating myocardium: a magnetic resonance study of quantitative perfusion assessment. Circulation. 2005;112(21):3289-96., porem isquêmicas (miocardio hibernante). Os autores mostraram que, em seguimento de 4 meses, houve melhora da classe funcional, redução significativa nos defeitos perfusionais avaliados por SPECT e aumento da FE de 20 para 29%.

Stamm e cols.419419 Stamm C, Westphal B, Kleine HD, Petzsch M,Kittner C,Klinge H, et al. Autologous bone-marrow stem-cell transplantation for myocardial regeneration. Lancet. 2003;361(9351):45-6. propuseram a utilização combinada de injeções intramiocardicas de celulas-tronco derivadas da medula ossea com potencial de indução de angiogênesse à CRM em seis pacientes pos-IAM. Apos 3 a 9 meses de seguimento, todos os pacientes se encontravam vivos; o aumento na motilidade global (em quatro dos seis pacientes) e na perfusão da area de infarto (em cinco dos seis pacientes) pôde ser documentado. Gowdak e cols.420420 Gowdak LH, Schettert IT, Rochitte CE, Lisboa LA,Dallan LA,Cesar LA, et al. Early increase in myocardial perfusion after stem cell therapy in patients undergoing incomplete coronary coronary artery bypass surgery. J Cardiovasc Transl Res. 2011;4(1):106-13. adotaram estrategia semelhante para o tratamento de pacientes com DAC grave e difusa, refratarios ao tratamento clinico e não passiveis de revascularização cirúrgica completa pela extensão da doença. Em 21 pacientes, celulas-tronco e progenitoras hematopoieticas autologas foram injetadas, durante a cirurgia de revascularização, naquelas areas de miocardio previamente identificadas como viaveis e isquêmicas. Não houve eventos adversos relacionados ao procedimento421421 Gowdak LH, Schettert IT, Baptista E, Lopes NL, Rochitte CE, Vieira ML, et al. Intramyocardial injection of autologous bone marrow cells as an adjunctive therapy to incomplete myocardial revascularization - safety issues. Clinics (Sao Paulo). 2008;63(2):207-14.. A analise da perfusão miocardica nos seguimentos injetados e não revascularizados apontou para a reversão da isquemia nesses segmentos e para melhora contratil. Grande estudo clinico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo esta em andamento para testar o papel da terapia celular adjuvante à CRM incompleta em pacientes com angina estavel422422 Tura BR, Martino HF, Gowdak LH, dos Santos RR, Dohmann HF, Krieger JE, et al. Multicenter randomized trial of cell therapy in cardiopathies - MiHeart Study. Trials. 2007;8:2..

O estudo RENEW, atualmente em andamento, testara a eficacia e a segurança da injeção intramiocardica de celulas CD34+ autologas em pacientes com angina refrataria à TMO e não candidatos a procedimentos de revascularização423423 Povsic TJ, Junge C, Nada A, Schatz RA, Harrington RA, Davidson CJ, et al. A phase 3, randomized, double-blinded, active-controlled, unblinded standard of care study assessing the efficacy and safety of intramyocardial autologous CD34+ cell administration in patients with refractory angina: design of the RENEW study. Am Heart J 2013;165(6):854-61.. Outro estudo recentemente iniciado, o IMPACT-CABG424424 Forcillo J, Stevens LM, Mansour S, Prieto I, Salem R, Baron C, et al. Implantation of CD133+ stem cells in patients undergoing coronary bypass surgery: IMPACT-CABG pilot trial. Can J Cardiol. 2013;29(4):441-7., testara a segurança e a eficacia da injeção intramiocardica de celulas CD133+ autologas em pacientes submetidos à CRM.

O tecido adiposo adulto e um dos tecidos com maior plasticidade no corpo humano414414 Losordo DW, Henry TD, Davidson C, Sup Lee J, Costa MA, Bass T, et al; ACT34-CMI Investigators. Intramyocardial, autologous CD34+ cell therapy for refractory angina. Circ Res. 2011;109(4):428-36., contendo duas populações celulares com funcionalidades distintas, que podem contribuir para neovascularização em tecidos isquêmicos: celulas endoteliais e celulas mesenquimais derivadas de tecido adiposo425425 Szöke K, Brinchmann JE. Concise review: therapeutic potential of adipose tissue-derived angiogenic cells. Stem Cells Transl Med. 2012;1(9):658-67.

426 Tocci A, Forte L. Mesenchymal stem cell: use and perspectives. Hematol J. 2003;4(2):92-6.

427 Qayyum AA, Haack-Sørensen M, Mathiasen AB, Jørgensen E, Ekblond A, Kastrup J. Adipose-derived mesenchymal stromal cells for chronic myocardial ischemia (MyStromalCell Trial): study design. Regen Med. 2012;7(3):421-8.

428 Silva GV, Litovsky S, Assad JA, Sousa AL, Martin BJ, Vela D, et al. Mesenchymal stem cells differentiate into an endothelial phenotype, enhance vascular densitiy density, and improve heart function in a canine chronic ischemia model. Circulation. 2005;111(2):150-6.
-429429 Dai W, Hale SL, Martin BJ, KuangJQ, Dow JS, Wold LE, et al. Allogeneic mesenchymal stem cell transplantation in postinfarcted rat myocardium: short- and long-term effects. Circulation. 2005;112(2):214-23.. Diversos estudos clinicos foram iniciados para testar o potencial angiogênico de celulas mesenquimais obtidas do tecido adiposo em pacientes com doença isquêmica crônica427427 Qayyum AA, Haack-Sørensen M, Mathiasen AB, Jørgensen E, Ekblond A, Kastrup J. Adipose-derived mesenchymal stromal cells for chronic myocardial ischemia (MyStromalCell Trial): study design. Regen Med. 2012;7(3):421-8., infarto agudo e insuficiência cardiaca430430 Grauss RW, Winter EM, van Tuyn J, Pijnappels DA, Steijn RV, Hogers B, et al. Mesenchymal stem cells from ischemic heart disease patients improve left ventricular function after acute myocardial infarction. AmJPhysiol Heart Circ Physiol. 2007;293(4):H2438-47.,431431 Panfilov IA, De Jong R, Takashima S, Duckers HJ. Clinical study using adipose-derived mesenchymal-like stem cells in acute myocardial infarction and heart failure. Methods Mol Biol. 2013;1036:207-12.. A conclusão desses importantes ensaios clinicos permitira documentar a possibilidade de uso dessa abundante fonte celular no tratamento de pacientes com diversas cardiopatias.

Finalmente, um dos últimos tipos celulares explorados no tratamento de pacientes com cardiomiopatia isquêmica resultou da identificação de celulas-tronco residentes cardiacas com potencial para regeneração miocardica432432 Beltrami AP, Barlucchi L, Torella D, Baker M, Limana F, Chimenti S, et al. Adult cardiac stem cells are multipotent and support myocardial regeneration. Cell. 2003;114(6):763-76.. Numerosos estudos pre-clinicos demonstraram a eficacia dessas celulas no tratamento da disfunção ventricular esquerda pos-infarto433433 Dawn B, Stein AB, Urbanek K, Rota M, Whang B, Rastaldo R, et al. Cardiac stem cells delivered intravascularly traverse the vessel barrier, regenerate infarcted myocardium, and improve cardiac function. Proc Natl Acad Sci USA. 2005;102(10):3766-71.,434434 Tang XL, Rokosh G, Sanganalmath SK, Yuan F, Sato H, Mu J, et al. Intracoronary administration of cardiac progenitor cells alleviates left ventricular dysfunction in rats with a 30-day-old infarction. Circulation. 2010;121(2):293-305.. No estudo SCIPIO435435 Bolli R, Chugh AR, D'Amario D, Loughran JH, Stoddard MF, Ikram S, et al. Stem Cells in Patients with Ischaemic Cardiomyopathy (SCIPIO): initial results of a randomised phase 1 trial. Lancet. 2011;378(9806):1847-57., celulas-tronco residentes cardiacas foram obtidas a partir do apêndice atrial direito durante a cirurgia para revascularização miocardica. Uma vez isoladas, as celulas foram expandidas e infundidas por via intracoronaria aproximadamente 4 meses apos a cirurgia. Avaliação da função cardiaca medida por ressonância magnetica mostrou aumento significativo da FEVE no grupo tratado de 27,5% (basal) para 35,1% e 41,2%, respectivamente 4 e 12 meses apos a infusão das celulas, alem de diminuição significativa da area de infarto.

Grau de recomendação: não ha recomendação para o uso clinico de terapia celular ate o momento, salvo dentro do contexto da pesquisa clinica experimental de acordo com as normas vigentes.

2. Estratégias de decisão no tratamento da doença aterosclerótica coronariana

Uma doença que evolui silenciosamente por muito tempo, com fatores de risco também sem se manifestarem, é a maior causa de mortes na maioria dos países, e no nosso também. Para ser revelada, essa doença necessita de uma procura ativa, por meio de métodos diagnósticos, e depende, bastante, do modo de vida da nossa população. É importante saber de sua existência e que muitos indivíduos se apresentarão com quadro agudo, especialmente em emergências, com sintomas em tórax, com alto risco de falecerem. Para essa doença, os principais indicadores prognósticos dos pacientes são o número e o local do comprometimento arterial, a área de miocárdio em risco e o estado funcional do VE.

A angina de peito de início recente ou de difícil controle medicamentoso, ou que vem acompanhada de sintomas de insuficiência cardíaca, indica risco aumentado de eventos coronarianos.

Sinais eletrocardiográficos fortemente indicadores de isquemia, durante esforço, com a presença precoce no tempo (< 4 minutos) de infradesnivelamento do segmento ST ≥ 0,1 mV, ou infradesnivelamento do segmento ST > 0,2 mV em qualquer estágio do teste, são indicativos de risco aumentado para a ocorrência de eventos. Além disso, após o término do exame, quando o infradesnivelamento persiste por mais de 5 minutos e é acompanhado por queda da pressão sistólica, a indicação é de maior gravidade da condição.

No cateterismo cardíaco, a presença de aumento na pressão diastólica final do VE e no volume ventricular, com FE reduzida, é sinal de mau prognóstico. Inversamente, mesmo diante de sintomas anginosos, mas com função ventricular preservada, o prognóstico é melhor. Contudo, a presença de estenoses críticas em um, dois ou três vasos, principalmente envolvendo a artéria interventricular anterior (descendente anterior), pode determinar mortalidade após 5 anos de 2, 8 e 11%, respectivamente. Além disso, estenose crítica localizada no TCE, está associada a uma mortalidade de 15% ao ano.

Em suma, com qualquer grau de obstrução coronariana, a mortalidade está aumentada quando a função ventricular esquerda está comprometida, sendo o prognóstico influenciado pela área do miocárdio em risco.

3. Situações especiais

3.a. Pacientes diabéticos

O diabetes melito é condição clínica cada vez mais prevalente e associada a risco aumentado de complicações cardiovasculares, em especial a mortalidade tardia. A resistência à insulina, a hiperglicemia crônica e a dislipidemia predispõem à disfunção endotelial, inflamação sistêmica e estado pró-trombótico, fatores estes associados à aterogênese acelerada - característica desses pacientes436436 American Diabetes Association. Standards of medical care in diabetes--2013. Diabetes Care. 2013;36 Suppl 1:S11-66.. A revascularização coronária é uma importante intervenção terapêutica, devido ao seu impacto sobre os sintomas e o prognóstico. O controle agressivo dos fatores de risco cardiovasculares é pilar central do tratamento, e a decisão de quando e como revascularizar o paciente com angina estável deve basear-se na gravidade dos sintomas, na carga isquêmica e na anatomia coronária329329 Patel MR, Dehmer GJ, Hirshfeld JW, Smith PK, Spertus JA. ACCF/SCAI/STS/AATS/AHA/ASNC/HFSA/SCCT 2012 Appropriate use criteria for coronary revascularization focused update: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Thoracic Surgeons, American Association for Thoracic Surgery, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, and the Society of Cardiovascular Computed Tomography. J Am Coll Cardiol. 2012;59(9):857-81. Erratum in: J Am Coll Cardiol. 2012;59(14):1336..

3.a.1. Indicações para revascularização miocárdica

O estudo BARI 2D335335 Frye RL, August P, Brooks MM, Hardison RM, Kelsey SF, MacGregor JM, et al; BARI 2D Study Group. A randomized trial of therapies for tipe 2 diabetes and coronary artery disease. The BARI 2 study group. N Eng J Med. 2009;360(24):2503-15. avaliou as estratégias de revascularização miocárdica imediata e Terapia Médica Otimizada (TMO) adjunta vs. TMO isolada, em 2.368 diabéticos do tipo 2 com DAC estável e com sintomatologia de intensidade leve a moderada. Os pacientes do grupo revascularização imediata foram encaminhados para a cirurgia (CRM) ou ICP, de acordo com a complexidade da anatomia coronária. Acompanhamento de 5 anos não constatou diferença entre as estratégias nas taxas de sobrevivência (88,3% vs. 87,8%; p = 0,97) ou sobrevivência livre de Eventos Cerebrovasculares e Cardiovasculares Maiores (ECCAM), com valores de 77,2% vs. 75,9% (p = 0,70). No entanto, a sobrevivência livre de ECCAM no estrato CRM (n = 763), que incluiu os pacientes de maior complexidade angiográfica, foi maior para o grupo revascularização imediata (77,6% vs. 69,5%; p = 0,01), uma diferença guiada pela redução de infarto do miocárdio, mas as taxas de sobrevivência foram semelhantes (86,4% vs. 83,6%; p = 0,33). No estrato ICP (n = 1.605), não ocorreram diferenças nas taxas de sobrevivência (89,2% vs. 89,8%; p = 0,48) ou sobrevivência livre de ECCAM (77,0% vs. 78,9%; p = 0,15) entre as duas estratégias.

O encaminhamento para CRM, estratificado antes da randomização, foi influenciado por fatores angiográficos incluindo doença triarterial (OR = 4,43), lesão na artéria descendente anterior ≥ 70% (OR = 2,86), lesão proximal da artéria descendente anterior ≥ 50% (OR = 1,78), oclusão total (OR = 2,35) e múltiplas lesões do tipo C (OR = 2,06) todos com p < 0,005. A ausência de ICP prévia (OR = 0,45; p < 0,001) e da disponibilidade de SF esteve associada a menor probabilidade de escolher a CRM (OR = 0,60; p = 0,003)437437 Kim LJ, King SB 3rd, Kent K, Brooks MM, Kip KE, Abbott JD, et al; BARI 2D (Bypass Angioplasty Revascularization Investigation Type 2 Diabetes) Study Group. Factors related to the selection of surgical vs percutaneous revascularization in diabetic patients with multivessel coronary artery disease in the BARI 2D (Bypass Angioplasty Revascularization Investigation in Type 2 Diabetes) trial. JACC Cardiovasc Interv. 2009;2(5):384-92..

Quando avaliada a qualidade de vida, a revascularização miocárdica imediata, percutânea ou cirúrgica, esteve associada a melhor desempenho, comparada à TMO isolada, em escores como o Duke Activity Status Index (1,32 pontos; p < 0,001) e RAND Energy (1,36 ponto; p = 0,02) e Self-Rated Health (1,77 pontos; p = 0,007), mas não ao Health Distress (-0,47; p = 0,46). Esses efeitos do tratamento foram mantidos no acompanhamento de 4 anos438438 Brooks MM, Chung SC, Helmy T, Hillegass WB, Escobedo J, Melsop KA, et al; Bypass Angioplasty Revascularization Investigation 2 Diabetes (BARI 2D) Study Group. Health status after treatment for coronary artery disease and type 2 diabetes mellitus in the Bypass Angioplasty Revascularization Investigation 2 Diabetes trial. Circulation. 2010;122(17):1690-9..

3.a.2. Comparação das estratégias de revascularização em diabéticos com doença coronária multiarterial

Uma análise colaborativa com dados individuais de 7.812 pacientes de dez0 estudos clínicos randomizados compararam a eficácia da CRM com a ICP, em pacientes diabéticos e não diabéticos com DAC multiarterial. A ICP foi realizada por meio da angioplastia com balão em seis estudos e com stents convencionais nos restantes. Em um acompanhamento médio de 5,9 anos, a mortalidade dos pacientes tratados por CRM foi semelhante à daqueles tratados com ICP (15% vs. 16%; Hazard Ratio - HR = 0,91; IC95% = 0,82 - 1,02; p = 0,12). No subgrupo dos diabéticos, no entanto, a mortalidade foi menor no grupo CRM do que no grupo ICP (HR = 0,70; IC 95% 0,56-0,87), enquanto que nos não diabéticos a mortalidade foi semelhante (HR = 0,98; IC 95% 0,86-1,12; p = 0,014 para a interação)340340 Hlatky MA, Boothroyd DB, Bravata DM, Boersma E, Booth J, Brooks MM, et al. Coronary artery bypass surgery compared with percutaneous coronary interventions for multivessel disease: a collaborative analysis of individual patient data from ten randomised trials. Lancet. 2009;373(9670):1190-7..

Os avanços no tratamento da DAC, tanto cirúrgicos como percutâneos, tornaram os resultados de estudos randomizados prévios superados. O estudo SYNTAX comparou a CRM vs. ICP com o SF de primeira geração com eluição de paclitaxel, em 1.800 pacientes com DAC complexa (doença triarterial ou lesão de TCE). Análise de subgrupo pré-especificada avaliou resultados de 5 anos em pacientes com e sem diabetes. Em pacientes diabéticos (n = 452), as taxas de ECM (46,5% vs. 29,0%; p <0,001) e nova revascularização (35,3% vs. 14,6%; p <0,001) foram significativamente maiores para ICP. Não houve diferença para os eventos combinados óbito/AVC/infarto do miocárdio (23,9% vs. 19,1%, p = 0,26) ou seus componentes individuais: óbito (19,5% vs. 12,9%; p = 0,065), AVC (3,0% vs. 4,7%; p = 0,34) ou infarto do miocárdio (9,0% vs. 5,4%, p = 0,20)439439 Kappetein AP, Head SJ, Morice MC, Banning AP, Serruys PW, Mohr FW, et al; SYNTAX Investigators. Treatment of complex coronary artery disease in patients with diabetes: 5-year results comparing outcomes of bypass surgery and percutaneous coronary intervention in the SYNTAX trial. Eur J Cardiothorac Surg. 2013;43(5):1006-13..

O único estudo especificamente desenhado para comparar técnicas contemporâneas de ICP e de CRM em diabéticos com doença multiarterial foi o FREEDOM267267 Farkouh ME, Domanski M, Sleeper LA, Siami FS, Dangas G, Mack M,et al; FREEDOM Trial Investigators. Strategies for multivessel revascularization in patients with diabetes. N Engl J Med. 2012;367(25):2375-84.. A maioria (83%) dos pacientes tinha acometimento triarterial e dois terços deles tinham complexidade anatômica das lesões intermediária ou alta (escore Syntax > 22). Stents com sirolimus e paclitaxel foram utilizados exclusivamente em 51 e 43% dos pacientes no grupo ICP, respectivamente. Nesse grupo, o número de lesões tratadas foi de 3,5 ± 1,4, e a extensão total dos stents foi de 26,1 ± 14,2 mm. No grupo CRM, os enxertos de artéria torácica interna esquerda foram utilizados em 94,4% dos pacientes, e o número de enxertos foi de 2,9 ± 0,8. O desfecho primário em 5 anos (óbito de qualquer causa, infarto do miocádio não fatal ou AVC não fatal) ocorreu com maior frequência no grupo ICP (26,6% vs. 18,7%; p = 0,005). O benefício da CRM foi guiado por diferenças nas taxas de infarto do miocádio (13,9% vs 6,0%; p <0,001) e de morte por qualquer causa (16,3% vs 10,9%; p = 0,049). O AVC foi mais frequente no grupo CRM (2,4% vs 5,2%; p = 0,03) e o maior número desses eventos ocorreu nos primeiros 30 dias após a randomização. A necessidade de nova revascularização em 1 ano foi maior no grupo ICP (12,6% vs. 4,8%; RR = 2,74; IC95% = 1,91 - 3,89; p < 0,001).

Mais recentemente, meta-análise com os resultados dos estudos randomizados que compararam ICP com SF vs. CRM em diabéticos com doença multiarterial (FREEDOM, SYNTAX, CARDIA e VA CARDS) reuniu 3.052 pacientes (1.539 no braço ICP e 1.513 no braço CRM). Em um tempo médio de acompanhamento de 4 anos, o desfecho primário de óbito, infarto do miocárdio não fatal ou AVC ocorreu em 22,5% no braço ICP e 16,8% no grupo CRM (RR = 1,34; IC95% = 1,16 - 1,54; p < 0,0001). Foram obtidos resultados similares para morte (14% vs. 9,7%; RR = 1,51; IC95% = 1,09 - 2,10; p = 0,01), infarto do miocárdio (10,3% vs. 5,9%; RR = 1,44; IC95% = 0,79 - 2,6; p = 0,23) e necessidade de nova revascularização (17,4% vs. 8,0%; RR = 1,85; IC95% = 1,0 - 3,40; p = 0,05). Risco de AVC foi significativamente menor com SF (2,3% vs. 3,8%; RR = 0,59; IC95% = 0,39 - 0,90; p = 0,01). Análise de sensibilidade mostrou que a superioridade da CRM foi mais evidente no grupo com escore Syntax alto (> 33), não havendo diferença estatisticamente significativa nos grupos com escore baixo ou intermediário440440 Hakeem A, Garg N, Bhatti S, Rajpurohit N, Ahmed Z, Uretsky BF. Effectiveness of percutaneous coronary intervention with drug-eluting stents compared with bypass surgery in diabetics with multivessel coronary disease: comprehensive systematic review and meta-analysis of randomized clinical data. J Am Heart Assoc. 2013;2(4):e000354..

3.a.3. Aspectos da intervenção coronária percutânea em diabéticos

SF em diabéticos são recomendados para reduzir a reestenose e a necessidade de nova RVA441441 Stettler C, Allemann S, Wandel S, Kastrati A, Morice MC, Schömig A, et al. Drug eluting and bare metal stents in people with and without diabetes: collaborative network meta-analysis. BMJ. 2008;337:a1331.. Não há dados consistentes para apoiar o uso de um SF em detrimento de outro, em diabéticos. Entretanto, em cenários anatômicos associados a maior probabilidade de reestenose, como lesões longas e/ou vasos de fino calibre, é recomendada a escolha de SF de segunda geração com maior poder de inibição da hiperplasia intimal.

A terapêutica antiplaquetária dupla com AAS e um bloqueador do receptor P2Y12 é componente integral do regime farmacológico peri e pós-procedimento. Os pacientes candidatos à ICP devem ser avaliados antes da intervenção para o risco de sangramentos e orientados quanto à importância de utilizar corretamente a terapêutica antiplaquetária dupla. Pacientes que recebem SF devem utilizá-la por 12 meses e os que recebem SNF devem utilizá-la por 1 mês442442 Grines CL, Bonow RO, Casey DE Jr, Gardner TJ, Lockhart PB, Moliterno DJ, et al; American Heart Association; American College of Cardiology; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; American College of Surgeons; American Dental Association; American College of Physicians. Prevention of premature discontinuation of dual antiplatelet therapy in patients with coronary artery stents: a science advisory from the American Heart Association, American College of Cardiology, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, American College of Surgeons, and American Dental Association, with representation from the American College of Physicians. J Am Coll Cardiol. 2007;49(6):734-9..

O AAS e o clopidogrel é a combinação de antiplaquetários orais mais utilizada na terapêutica antiplaquetária dupla em nosso meio, por ser eficaz na maioria dos pacientes, ter baixo custo e estar amplamente disponível. O prasugrel443443 Wiviott SD, Braunwald E, Angiolillo DJ, Meisel S, Dalby AJ, Verheugt FW,et al; TRITON-TIMI 38 Investigators. Greater clinical benefit of more intensive oral antiplatelet therapy with prasugrel in patients with diabetes mellitus in the trial to assess improvement in therapeutic outcomes by optimizing platelet inhibition with prasugrel-Thrombolysis in Myocardial Infarction 38. Circulation. 2008;118(16):1626-36. e o ticagrelor444444 Wallentin L, Becker RC, Budaj A, Cannon CP, Emanuelsson H, Held C, et al; PLATO Investigators. Ticagrelor vs clopidogrel in patients with acute coronary syndromes. N Engl J Med. 2009;361(11):1045-57. têm demostrado maior grau de inibição plaquetária, início de ação mais rápido e redução de eventos isquêmicos comparados ao clopidogrel, mas estão associados a maior risco de sangramentos, têm maior custo e estão aprovados para uso apenas em pacientes portadores de síndrome coronária aguda.

3.b. Doença cérebro-vascular: avaliação sistemática de carótidas

Nos últimos 40 anos, os dados oficiais de mortalidade no Brasil revelam que a doença cerebrovascular é responsável por mais óbitos do que a doença coronária, fato que diferencia nosso país dos demais no hemisfério ocidental. Dados do Ministério da Saúde indicam que as doenças cerebrovasculares são a primeira causa de morte no país e o AVC é a principal causa de incapacidade neurológica temporária ou permanente em adultos após os 50 anos (Tabela 1).

Tabela 1
Mortalidade de homens e mulheres por causas cardiovasculares

Os dados apresentados mostram que, apesar da tendência declinante das taxas de mortalidade por doença cerebrovascular no país, a magnitude da doença é de grande importância, principalmente considerando outras consequências da doença cerebrovascular, como a invalidez com alto custo social.

Dependendo do hemisfério cerebral em que ocorre o AVC, diferentes manifestações podem ser observadas. Oclusões à esquerda causam afasia (incapacidade de expressar ou compreender a fala), alexia (incapacidade de leitura), agrafia (incapacidade de escrever) e acalculia (incapacidade de calcular). Oclusões à direita causam negligência (falta de reconhecimento) do lado esquerdo do corpo e perda da prosódia da fala. Apraxia (dificuldade de realizar tarefas motoras previamente aprendidas, como pentear o cabelo ou trocar de roupa) pode ocorrer por lesões em ambos os hemisférios, mas principalmente à esquerda. Como ela quase sempre está associada com afasia, pode ser difícil reconhecê-la na prática.

Todos pacientes devem realizar exames para rastreamento de doenças sistêmicas frequentemente associadas ao AVC. Os exames recomendados são hemograma, Velocidade de Hemossedimentação (VHS), glicemia, creatinina, homocisteína, fibrinogênio, sódio e coagulograma (TAP, KPTT e tempo de sangramento). Em pacientes com comportamento de risco, VDRL (sífilis) e anti-HIV devem ser considerados, tendo em vista que essas doenças podem causar doenças cerebrovasculares.

Quando o mecanismo do infarto não for explicado pela história dos fatores de risco apresentados pelo paciente e pelos exames de rotina, alguns exames especiais devem ser solicitados em laboratórios especializados: anticoagulante lúpico, anticorpos antifosfolipídeos, dímero D, proteína C, proteína S, fator V de Leiden, resistência à proteína C ativada e antitrombina III. Esses testes são idealmente requisitados após 2 a 3 semanas da fase aguda do infarto.

TC de crânio deve ser obtida o quanto antes possível em todos os pacientes com AVC, para diferenciar entre infarto e hemorragia - pois a diferenciação clínica dessas entidades pode ser muito difícil.

AVCs isquêmicos aparecem como áreas hipodensas (escuras na TC) enquanto AVCs hemorrágicos aparecem como áreas hiperdensas (claras na TC). Entretanto, embora a TC seja sempre anormal nas hemorragias, ela pode ser normal nas primeiras 24 horas de evolução do infarto. Portanto, devemos interpretar seus achados de acordo com o tempo de evolução dos sintomas. Quando normal, a TC deve ser repetida após 24 a 48 horas, para confirmar o infarto. Infartos da circulação posterior (tronco cerebral e cerebelo) podem ser difíceis de serem visualizados na TC.

Nos pacientes com hemorragia intraparenquimatosa, a TC detecta uma área hiperdensa circundada por edema.

A RMC do crânio deve ser solicitada quando a TC for normal, e um diagnóstico precoce é necessário. A RM por Difusão (DWI) permite o diagnóstico em apenas alguns minutos por meio da visualização de áreas hiperdensas. Outras vantagens da RM, em relação à TC, são a capacidade de detectar pequenas lesões, sobretudo na fossa posterior, e diferenciar lesões recentes de antigas com mais facilidade. Além disso, a RM não emite radiação ionizante. Ela é o exame de escolha para o diagnóstico de angiomas cavernosos (cavernomas).

As principais desvantagens da RM são seu alto custo, a ausência de disponibilidade em muitos centros do interior do Brasil e a necessidade de imobilização total. Pacientes com clipes metálicos de aneurismas ou marca-passos cardíacos não podem ser submetidos à RM, devido ao risco de deslocamento desses dispositivos pelo campo magnético. A angiografia por RM permite a visualização das artérias cerebrais maiores, podendo ajudar na localização de um trombo ou êmbolo, ocluindo o vaso ou na detecção de aneurismas assintomáticos.

Apesar do surgimento recente das angiografias por RM e por TC, a angiografia convencional, também conhecida como arteriografia cerebral, continua sendo o método diagnóstico de imagem preferido para a detecção de aneurismas rotos em pacientes com hemorragias meníngeas. Deve ser realizada precocemente, de preferência no primeiro dia do sangramento, para que o aneurisma seja clipado precocemente. Quando a primeira arteriografia for normal, uma segunda e ainda uma terceira devem ser realizadas algumas semanas mais tarde para tentar detectar um possível aneurisma não observado na primeira arteriografia.

Ecodoppler de artérias carótidas e vertebrais deve ser realizado em todos os pacientes com suspeita de ateromas nessas artérias como possíveis fontes de embolia cerebral. O ecodoppler transcraniano é um método que permite avaliar o fluxo sanguíneo intracraniano. É um importante método complementar para a avaliação da hemodinâmica intracraniana em casos de doenças cerebrovasculares.

Avaliação cardíaca por meio de ECG e ecocardiograma deve ser considerada nos pacientes com suspeita de fontes embólicas do coração ou do arco da aorta. O ECG pode identificar uma fibrilação atrial como fonte embólica ou uma sequela de infarto de parede anterior do ventrículo esquerdo. Já o ecocardiograma é essencial para descartar trombos intracavitários como fonte potencial de êmbolos. O ecocardiograma transesofágico é mais sensível para a visualização de trombos, principalmente os atriais.

Os exames vasculares de imagem devem ser realizados rapidamente para que sejam identificados os pacientes com estenoses arteriais importantes e que podem se beneficiar com um tratamento cirúrgico por endarterectomia ou por angioplastia. Duplex color ultrassonografia, angio-TC, angiorressonância magnética e angiografia intra-arterial costumam estar disponíveis nos hospitais de atendimento terciário. Esses exames têm baixo risco, com exceção da angiografia intra-arterial, que pode precipitar um AVC em cerca de 1 a 3% dos pacientes com doença sintomática de artérias carótidas.

Necessitam de um rápido diagnóstico clínico os pacientes com Acidente Isquêmico Transitório (AIT), pois, em cerca de 10% dos caso, eles podem apresentar um AVC dentro das primeiras 48 horas de evolução. Também aqueles pacientes com AVC não incapacitante e rápida recuperação clínica espontânea têm alto risco de AVCs recorrentes.

Recomendações

Classe I

  1. Testes de imagem não invasivos são recomendados para detecção de Doença Extracraniana de Artérias Carótidas ou Vertebrais (DECV) em pacientes com sintomas sugestivos de comprometimento neurológico de origem isquêmica. Nível de evidência C

  2. Duplex color ultrassonografia é o exame inicial recomendado para detectar lesões estenóticas vasculares quando houver suspeita de DECV. Nível de evidência C.

  3. Quando necessário complementar as informações iniciais coletadas ou existirem sinais focais isquêmicos neurológicos sugestivos de comprometimento das artérias carótidas e/ou vertebrais, está indicada a realização de angiorressonância magnética ou angio-TC, para melhor esclarecimento do comprometimento vascular. Nível de evidência C.

Classe IIa

Em candidatos a revascularização na presença de DECV: estudo angiográfico baseado em cateter pode ser útil quando a avaliação por exames não invasivos de imagem não forem suficientes. Nível de evidência C.

O AVC é uma das causas principais de morbidade e mortalidade no mundo. Grandes diferenças na incidência, prevalência e mortalidade entre países têm sido atribuídas às variações nos fatores de risco, hipertensão arterial não controlada e outros fatores de risco, resultando em AVCs mais frequentes e/ou graves em alguns países. O AVC é a mais importante causa de morbidade e incapacidade física no mundo desenvolvido. É a segunda causa de demência, a causa mais frequente de epilepsia no idoso e causa frequente de depressão.

É recomendado que todo paciente com AVC seja tratado em uma unidade especializada para tratamento deste tipo de paciente. Classe I, Nível de evidência A

3.c. Insuficiência vascular periférica

A associação da DAC com Insuficiência Vascular Periférica (IVP), inclusive em pacientes assintomáticos, confere pior prognóstico no pós-operatório da CRM, provavelmente pela alta carga aterosclerótica. A concomitância de DAC com comprometimento multivascular extracardíaco tem sido foco de atenção nos últimos anos, em virtude da melhora significativa dos recursos técnicos para a CRM, contemplando principalmente os pacientes mais idosos.

Na década de 1990 vários estudos demonstraram que a IVP é um preditor independente para maior morbimortalidade perioperatória em pacientes com coronariopatia crônica submetidos à CRM. Nesses pacientes, a mortalidade hospitalar foi 2,4 a 3,6 vezes maior quando comparada com a de pacientes de outras faixas etárias445445 Birkmeyer JD, O'Connor GT, Quinton HB, Ricci MA, Morton JR, Leavitt BJ, et al. The effect of peripheral vascular disease on in-hospital mortality rates with coronary artery bypass surgery. Northern New England Cardiovascular Disease Study Group. J Vasc Surg. 1995;21(3):445-52.,446446 Mesh CL, Cmolik BL, Van Heekeren DW, Lee JH, Whittlesey D, Graham LM,et al. Coronary bypass in vascular patients: a relatively high-risk procedure. Ann Vasc Surg. 1997;11(6):612-9..

No escore de risco447447 Hannan EL, Wu C, Bennett EV,Carlson RE, Culliford AT, Gold JP, et al. Risk stratification of in-hospital mortality for coronary artery bypass graft surgery. J Am Coll Cardiol. 2006;47(3):661., a extensa calcificação na aorta ascendente e a IVP foram incluídos entre os dez preditores independentes de mal prognóstico no pós-operatório precoce e tardio dos pacientes submetidos à CRM. Para a calcificação em aorta ascendente, OR foi de 2,09 (IC95% = 1,5 - 2,90; p= 0,0001) e para a IVP, OR foi de 1,75 (IC95% = 1,35 - 2,28; p = 0,0001).

No estudo de O'Rourke e cols.448448 O' Rourke DJ, Quinton HB, Piper W, Piper W, Hernandez F, Morton J, et al; Northern New England Cardiovascular Disease Study Group. Survival in patients with peripheral vascular disease after percutaneus coronary intervention and coronary artery bypass graft surgery. Ann Thorac Surg. 2004;78(2):466-70., foram analisados dados de hospitais da região nordeste da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, que incluíram um total 1.305 pacientes com DAC multivascular submetidos à CRM. No pós-operatório, os autores verificaram mortalidade 2,4 vezes maior entre aqueles que eram portadores de IVP. A aterotrombose foi imputada como a maior causa de complicações pós-operatórias, manifestadas sob a forma de óbito, AVC, disfunção cognitiva e insuficiência de múltiplos órgãos. Após 5 anos, a evolução foi desfavorável nesse grupo de pacientes; a mortalidade foi duas vezes maior, após ajustes para idade e comorbidades, em portadores de IVP. Além disso, a evolução foi mais favorável nos pacientes submetidos à CRM quando comparados àqueles submetidos à intervenção percutânea.

3.d. Pacientes com revascularização pregressa

Dependendo da sintomatologia clínica, avaliação functional e complexidade anatômica, a doença coronariana anginosa estável pode ter tratamento medicamentoso otimizado, revascularização por meio de angioplastia coronariana ou cirurgia. As principais indicações para revascularização são persistência dos sintomas, apesar de TMO e/ou prognóstico. Nas últimas décadas, temos presenciado um avanço em todas as modalidades de tratamento, o que tem conduzido antigos estudos a um mero valor histórico.

Os impactos adversos quando demostramos isquemia são muitos (morte, infarto, síndrome coronariana aguda, angina recorrente) e bem reconhecidos. Enquanto pacientes sintomáticos com nenhuma ou pouco evidência de isquemia têm pouco benefício com a revascularização, pacientes assintomáticos com muita isquemia têm claro benefício do procedimento317317 Hachamovitch R, Hayes SW, Friedman JD, Cohen I, Berman DS. Comparison of the short-term survival benefit associated with revascularization compared with medical therapy in patients with no prior coronary artery disease undergoing stress myocardial perfusion single photon emission computed tomography. Circulation. 2003;107(23):2900-7.,449449 Davies RF, Goldberg AD, Forman S, Pepine CJ, Knatterud GL, Geller N, et al. Asymptomatic Cardiac Ischemia Pilot (ACIP) study two-year follow-up: outcomes of patients randomized to nitial strategies of medical therapy versus revascularization. Circulation. 1997;95(8):2037-43..

Em pacientes com angina recorrente após uma cirurgia prévia, repetir a revascularização terá maior impacto na sobrevida em pacientes com alto risco, tais como obstrução na artéria DA e extensa isquemia anterior450450 Brener SJ, Lytle BW, Casserly IP, Ellis SG, Topol EJ, Lauer MS. Predictors of revascularization method and long-term outcome of percutaneous coronary intervention or repeat coronary bypass surgery in patients with multivessel coronary disease and previous coronary bypass surgery. Eur Heart J. 2006;27(4):413-8.

451 Gurfinkel EP, Perez de la Hoz R, Brito VM, Duronto E, Dabbous OH, Gore JM, et al; GRACE Investigators. Invasive vs non-invasive treatment in acute coronary syndromes and prior bypass surgery. Int J Cardiol. 2007;119(1):65-72.

452 Lytle BW, Loop FD, Taylor PC, Goormastic M, Stewart RW, Novoa R, et al. The effect of coronary reoperation on the survival of patients with stenoses in saphenous vein bypass grafts to coronary arteries. J Thorac Cardiovasc Surg. 1993;105(4):605-12.

453 Morrison DA, Sethi G, Sacks J, Henderson W, Grover F, Sedlis S, et al; Angina With Extremely Serious Operative Mortality Evaluation (AWESOME). Percutaneous coronary intervention versus coronary artery bypass graft surgery for patients with medically refractory myocardial ischemia and risk factors for adverse outcomes with bypass: a multicenter, randomized trial. Investigators of the Department of Veterans Affairs Cooperative Study #385, the Angina With Extremely Serious Operative Mortality Evaluation (AWESOME). J Am Coll Cardiol. 2001;38(1):143-9.
-454454 Pfautsch P, Frantz E, Ellmer A, Sauer HU, Fleck E. [Long-term outcome of therapy of recurrent myocardial ischemia after surgical revascularization]. Z Kardiol. 1999;88(7):489-97.. Pacientes com isquemia em outros territórios, como mamária interna patente para a DA, provavelmente não terão aumento na sobrevivência em repetir a revascularização455455 Subramanian S, Sabik JF 3rd, Houghtaling PL, Nowicki ER, Blackstone EH, Lytle BW. Decision- making for patients with patent left internal thoracic artery grafts to left anterior descending. Ann Thorac Surg. 2009;87(5):1392-8..

Estudos de coorte comparando angioplastia e cirurgia entre os pacientes com revascularização cirúrgica prévia reportam taxas similares de sobrevivência, a médio e longo prazo, após os dois procedimentos. Pacientes com cirurgia prévia encaminahdos para nova revascularização por isquemia refratária ao tratamento medicamentoso devem apresentar fatores que suportam a nova intervenção cirúrgica: impossibilidade de realizar angioplastia no vaso culpado, número de enxertos comprometidos, possibilidade de utilizar artéria mamária interna, artéria coronária cronicamente ocluída e bom leito distal no vaso nativo para receber um enxerto. Entre os fatores que favorecem a angioplastia, em relação à cirurgia, destacamos: área limitada de isquemia que causa sintomas importantes; vaso possível de realizar intervenção; mamária interna patente (enxerto pérvio); e comorbidades do paciente.

  • Esta diretriz deverá ser citada como: Cesar LA, Ferreira JF, Armaganijan D, Gowdak LH, Mansur AP, Bodanese LC, et al. Diretriz de Doença Coronária Estável. Arq Bras Cardiol 2014; 103(2Supl.2): 1-59.

References

  • 1
    Moran AE, Forouzanfar MH, Roth GA, Mensah GA, Ezzati M, Murray CJ, Naghavi M. Temporal trends in ischemic heart disease mortality in 21 world regions, 1980 to 2010: the global burden of disease 2010 study. Circulation. 2014;129(14):1483-92.
  • 2
    National Institutes of Health NH, Lung, and Blood Institute. 2012 NHLBI Morbidity and Mortality Chart Book on Cardiovascular, Lung, and Blood Diseases. Bethesda; 2012.
  • 3
    Go AS, Mozaffarian D, Roger VL, Benjamin EJ, Berry JD, Borden WB, et al; American Heart Association Statistics Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Heart disease and stroke statistics--2013 update: a report from the American Heart Association. Circulation. 2013;127(1):e6-245. Erratum in: Circulation. 2013;127(23):e841.
  • 4
    Mansur AP, Favarato D. Mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil e na Região Metropolitana de São Paulo: atualização 2011. Arq Bras Cardiol. 2012;99(2):755-61.
  • 5
    Diamond GA, Forrester JS. Analysis of probability as an aid the clinical diagnosis of coronary-artery disease. N Engl J Med. 1979;300(24):1350-8.
  • 6
    Pryor DB, Shaw L, McCants CB, Lee KL, Mark DB, Harrell FE Jr, et al. Value of the history and physical in identifying patients at increased risk for coronary artery disease. Ann Intern Med. 1993;118(2):81-90.
  • 7
    Pryor DB, Harrell FE Jr, Lee KL, Califf RM, Rosati RA. Estimating the likelihood of significant coronary artery disease. Am J Med. 1983;75(5):771-80.
  • 8
    Sox HC Jr, Hickam DH, Marton KI, Moses L, Skeff KM, Sox CH, et al. Using the patient's history to estimate the probability of coronary artery disease: a comparison of primary care and referral practices. Am J Med. 1990;89(1):7-14. Erratum in Am J Med. 1990;89(4):550.
  • 9
    Chaitman BR, Bourassa MG, Davis K, Rogers WJ, Tyras DH, Berger R, et al. Angiographic prevalence of high-risk coronary artery disease in patient subsets (CASS). Circulation. 1981;64(2):360-7.
  • 10
    Simão AF, Précoma DB, Andrade JP, Correa Filho H, Saraiva JF, Oliveira GM, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz brasileira de prevenção cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013;101(6 supl. 2):1-63.
  • 11
    Xavier HT, Izar MC, Faria Neto JR, Assad MH, Rocha VZ, Sposito AC, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2013;101(4 supl. 1):1-36.
  • 12
    Jones E, Eteiba W, Merz NB. Cardiac syndrome X and microvascular coronary dysfunction. Trends Cardiovasc Med. 2012;22(6):161-8.
  • 13
    Egashira K, Inou T, Hirooka Y, Yamada A, Urabe Y, Takeshita A. Evidence of impaired endothelium-dependent coronary vasodilatation in patients with angina pectoris and normal coronary angiograms. N Engl J Med. 1993;328(23):1659-64.
  • 14
    Camici PG, Crea F. Coronary microvascular dysfunction. N Engl J Med. 2007;356(8):830-40.
  • 15
    Pepine CJ, Anderson RD, Sharaf BL, Reis SE, Smith KM, Handberg EM, et al. Coronary microvascular reactivity to adenosine predicts adverse outcome in womenevaluated for suspected ischemia: results from the National Heart, Lung and Blood Institute WISE (Women's Ischemia Syndrome Evaluation) study. J Am Coll Cardiol. 2010;55(25):2825-32.
  • 16
    Wang X, Nie SP The coronary slow flow phenomenon: characteristics, mechanisms and implications. Cardiovasc Diagn Ther. 2011;1(1):37-43.
  • 17
    Diamond GA. A clinically relevant classification of chest discomfort. J Am Coll Cardiol. 1983;1(2 Pt 1):574-5.
  • 18
    Gibbons RJ, Abrams J, Chatterjee K, Daley J, Deedwania PC, Douglas JS, et al; American College of Cardiology; American Heart Association Task Force on practice guidelines (Committee on the Management of Patients With Chronic Stable Angina). ACC/AHA 2002 guideline update for the management of patients with chronic stable angina-summary article: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on practice guidelines (Committee on the Management of Patients With Chronic Stable Angina). J Am Coll Cardiol. 2003;41(1):159-68.
  • 19
    Levine HJ. Difficult problems in the diagnosis of chest pain. Am Heart J. 1980;100(1):108-18.
  • 20
    Chatterjee K. Recognition and management of patients with stable angina pectoris. In: Goldman L, Braunwald E. (editors). Primary cardiology. Philadelphia: WB Saunders; 1998. p. 234-56.
  • 21
    Mehta S, Granton J, Gordon AC, Cook DJ, Lapinsky S, Newton G, et al; Vasopressin and Septic Shock Trial (VASST) Investigators. Cardiac ischemia in patients with septic shock randomized to vasopressin or norepinephrine. Crit Care. 2013;17(3):R117.
  • 22
    McCord J, Jneid H, Hollander JE, de Lemos JA, Cercek B, Hsue P, et al; American Heart Association Acute Cardiac Care Committee of the Council on Clinical Cardiology. Management of cocaine-associated chest pain and myocardial infarction: a scientific statement from the American Heart Association Acute Cardiac Care Committee of the Council on Clinical Cardiology. Circulation. 2008;117(14):1897-907.
  • 23
    Clayton TC, Lubsen J, Pocock SJ, Vokó Z, Kirwan BA, Fox KA, et al. Risk score for predicting death, myocardial infarction, and stroke in patients with stable angina, based on a large randomised trial cohort of patients. BMJ. 2005;331(7521):869.
  • 24
    Poole-Wilson PA, Voko Z, Kirwan BA, de Brouwer S, Dunselman PH, Lubsen J; ACTION investigators. Clinical course of isolated stable angina due to coronary heart disease. Eur Heart J. 2007;28(16):1928-35.
  • 25
    Steg PG, Greenlaw N, Tardif JC, Tendera M, Ford I, Kaab S, et al. Women and men with stable coronary artery disease have similar clinical outcomes: insights from the international prospective CLARIFY registry. Eur Heart J. 2012;33(22):2831-40.
  • 26
    Meneghello RS, Araujo CG, Stein R, Mastrocolla LE, Albuquerque PF, Serra SM, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre teste ergométrico. Arq Bras Cardiol. 2010;95(5 supl 1):1-26.
  • 27
    Armstrong WF, Pellikka PA, Ryan T, Crouse L, Zogbi WA. Stress echocardiography: recommendations for performance and interpretation of stress echocardiography. Stress Echocardiography Task Force of the Nomenclature and Standards Committee of the American Society of Echocardiography. J Am Soc Echocardiogr. 1998;11(1):97-104.
  • 28
    Barbosa MM, Nunes MC, Campos Filho O, Camarozano A, Rabischoffsky A, Maciel BC, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes das indicações da ecocardiografia. Arq Bras Cardiol. 2009;93(6 supl. 3):e265-302.
  • 29
    McCully RB, Roger VL, Mahoney DW, Karon BL, Oh JK, Miller FA, et al. Outcome after normal exercise echocardiography and predictors of subsequent cardiac events: follow-up of 1. 325 patients. J Am Coll Cardiol. 1998;31(1):144-9.
  • 30
    La Canna G, Alfieri O, Giubbini R, Gargano M, Ferrari R, Visioli O. Echocardiography during infusion of dobutamine for identification of reversible dysfunction in patients with chronic coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1994;23(3):617-26.
  • 31
    Mathias W Jr, Arruda AL, Andrade JL, Campos O, Porter TR. Endocardial border delineation during dobutamine infusion through use of contrast echocardiography. Echocardiography. 2002;19(2):109-14.
  • 32
    Camarozano AC, Resende P, Siqueira-Filho AG, Weitzel LH, Noe R. The effects of beta-blockers on dubutamine-atropine stress echocardiography: early protocol versus standard protocol. Cardiovasc Ultrasound. 2006;4:30.
  • 33
    Dolan MS, Kamal R, El-Shafei A, Puri S, Tamirisa K, Bierig M, et al. Effect of intravenous contrast for left ventricular opacification and border definition on sensitivity and specificity of dobutamine stress echocardiography compared with coronary angiopraphy in technically difficult patients. Am Heart J. 2001;142(5):908-15.
  • 34
    Plana JC, Mikati IA, Dokainish H, Lakkis N, Abukhalil RT, Davis R, et al. A randomized cross-over study for evaluation of the effect of image optimization with contrast on the diagnostic accuracy of dobutamine echocardiography in coronary artery disease: the OPTIMIZE trial. JACC Cardiovasc Imaging. 2008;1(2):145-52.
  • 35
    Sicari R, Nihoyannopoulos P, Evangelista A, Kasprzak J, Lancellotti P, Poldermans D, et al; European Association of Echocardiography. Stress echocardiography expert consensus statement. European Association of Echocardiography (EAE). Eur J Echocardiogr. 2008;9(4):415-37.
  • 36
    Douglas PS, Khandheria B, Stainback RF, Weissman NJ, Peterson ED, Hendel RC, et al; American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force; American Society of Echocardiography; American College of Emergency Physicians; American Heart Association; American Society of Nuclear Cardiology; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Cardiovascular Computed Tomography; Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. ACCF/ASE/ACEP/AHA/ASNC/SCAI/SCCT/SCMR 2008 appropriateness criteria for stress echocardiography: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriateness Criteria Task Force, American Society of Echocardiography, American College of Emergency Physicians, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Cardiovascular Computed Tomography, and Society for Cardiovascular Magnetic Resonance: endorsed by the Heart Rhythm Society and the Society of Critical Care Medicine. Circulation. 2008;117(11):1478-97.
  • 37
    Poldermans D, Fioretti PM, Forster T, Thomson IR, Boersma E, el-Said EM, et al. Dobutamine stress echocardiography for the assessment of perioperative cardiac risk in patients undergoing major non-cardiac vascular surgery. Circulation. 1993;87(5):1506-12.
  • 38
    Ritchie JL, Bateman TM, Bonow RO, Crawford MH, Gibbons RJ, Hall RJ, et al. Guidelines for clinical use of cardiac radionuclide imaging. Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Assessment of Diagnostic and Therapeutic Cardiovascular Procedures (Committee on Radionuclide Imaging), developed in collaboration with the American Society of Nuclear Cardiology. J Am Coll Cardiol. 1995;25(2):521-47.
  • 39
    Marcassa C, Bax JJ, Bengel F, Hesse B, Petersen CL, Reyes E, et al. Clinical value, cost effectiveness, and safety of myocardial perfusion scintigraphy: a position statement. Eur Heart J. 2008;29(4):557-63.
  • 40
    Fleischmann K, Hunink M, Kuntz KM, Douglas PS. Exercise echocardiography or exercise SPECT imaging? A meta-analysis of diagnostic test performance. JAMA. 1998;280(10):913-20.
  • 41
    Verna E, Ceriani L, Giovanella L, Binaghi G, Garancini S. "False-positive" myocardial perfusion scintigraphy findings in patients with angiographically normal coronary arteries: insights from intravascular sonography studies. J Nucl Med. 2000;41(12):1935-40.
  • 42
    Underwood SR, Shaw LJ, Anagnostopoulos C, Cerqueira M, Ell PJ, Flint J, et al. Myocardial perfusion scintigraphy and cost effectiveness of diagnosis and management of coronary heart disease. Heart. 2004;90 Suppl 5:v34-6.
  • 43
    Bateman TM, Heller GV, McGhie AI, Friedman JD, Case JA, Bryngelson JR, et al. Diagnostic accuracy of rest/ stress ECG-gated Rb-82 myocardial perfusion PET: comparison with ECG-gated Tc-99m sestamibi SPECT. J Nucl Cardiol. 2006;13(1):24-33.
  • 44
    Kajander S, Joutsiniemi E, Saraste M, Pietila M, Ukkonen H, Saraste A, et al. Cardiac positron emission tomography/ computed tomography imaging accurately detects anatomically and functionally significant coronary artery disease. Circulation. 2010;122(6):603-13.
  • 45
    Imbert L, Poussier S, Franken PR, Songy B, Verger A, Morel O, et al. Compared performance of high-sensitivity cameras dedicated to myocardial perfusion SPECT: a comprehensive analysis of phantom and human images. J Nucl Med. 2012;53(12):1897-903.
  • 46
    Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American College of Cardiology Foundation; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; American College of Physicians; American Association for Thoracic Surgery; Preventive Cardiovascular Nurses Association; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; Society of Thoracic Surgeons. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2012;60(24):e44-164.
  • 47
    Wyman RM, Safian RD, Portway V, Skillman JJ, McKay RG, Baim DS. Current complications of diagnostic and therapeutic cardiac catheterization. J Am Coll Cardiol. 1988;12(6):1400-6.
  • 48
    Ambrose JA, Tannenbaum MA, Alexopoulos D, Hjemdahl-Monsen CE, Leavy J, Weiss M, et al. Angiographic progression of coronary artery disease and the development of myocardial infarction. J Am Coll Cardiol. 1988;12(1):56-62.
  • 49
    Nakagomi A, Celermajer DS, Lumley T, Freedman SB. Angiographic severity of coronary narrowing is a surrogate marker for the extent of coronary atherosclerosis. Am J Cardiol. 1996;78(5):516-9.
  • 50
    Canto JG, Goldberg RJ, Hand MM, Bonow RO, Sopko G, Pepine CJ, et al. Symptom presentation of women with acute coronary syndromes. myth vs reality. Arch Intern Med. 2007;167(22):2405-13.
  • 51
    Shaw LJ, Miller DD, Romeis JC, Kargl D, Younis LT, Chaitman BR. Gender differences in the noninvasive evaluation and management oh patients with suspected coronary artery disease. Ann Intern Med. 1994;120(7):559-66.
  • 52
    Mark DB, Shaw LK, DeLong ER, Califf RM, Pryor DB. Absence of sex bias in thereferral of patients for cardiac catheterization. N Engl J Med. 1994;330(16):1101-6.
  • 53
    LaCroix AZ, Guralnik JM, Curb JD, Wallace RB, Osfeld AM, Hennekens CH. Chest pain and coronary heart disease mortality among older men and women in three communities. Circulation. 1990;81(2):437-46.
  • 54
    Williams SV, Fihn SD, Gibbons RJ; American College of Cardiology; American Heart Association; American College of Physicians-American Society of Internal Medicine. Guidelines for the management of patients with chronic stable angina: diagnosis and risk stratification. Ann Intern Med. 2001;135(7):530-47. Erratum in Ann Intern Med. 2992;136(2):175.
  • 55
    Pryor DB, Shaw L, Harrell FE, Lee KL, Hlatky MA, Mark DB, et al. Estimating the likelihood of severe artery disease. Am J Med. 1991;90(5):553-62.
  • 56
    Califf RM, Armstrong PW, Carver JR, D'Agostino RB, Strauss WE. 27th Bethesda Conference: matching the intensity of risk factor management with the hazard for coronary disease events. Task Force 5. Stratification of patients into high, medium and low risk subgroups for purposes of risk factor management. J Am Coll Cardiol. 1996;27(5):1007-19.
  • 57
    Ringqvist I, Fisher LD, Mock M, Davis KB, Wedel H, Chaitman BR, et al. Prognostic value of angiographic indices of coronary artery disease from the Coronary Artery Surgery Study (CASS). J Clin Invest. 1983;71(6):1854-66.
  • 58
    Eleven-year survival in the Veteran Administration randomized trial of coronary bypass surgery for stable angina. The Veterans Administration Coronary Artery Bypass Surgery Cooperative Study Group. N Engl J Med. 1984;311(21):1333-9.
  • 59
    Harris PJ, Harrell FE, Lee KL, Behar VS, Rosati RA. Survival in medically treatedcoronary artery disease. Circulation. 1979;60(6):1259-69. 141.
  • 60
    Gersh BJ, Califf RM, Loop FD, Akins CW, Pryor DB, Takaro TC. Coronary bypass surgery in chronic stable angina. Circulation. 1989;79(6 Pt 2):I46-59.
  • 61
    Mark DB, Nelson CL, Califf RM, Harrell FE, Lee KL, Jones RH, et al. Continuing evolution of therapy for coronary artery disease. Initial results from the era of coronary angioplasty. Circulation. 1994;89(5):201-25.
  • 62
    Emond M, Mock MB, Davis KB, Fisher LD, Holmes DR, Chaitman BR, et al. Long-term survival of medically treated patients in the Coronary Artery Surgery Study (CASS) Registry. Circulation. 1994;90(6):2645-57.
  • 63
    Leape LL, Park RE, Bashore TM, Harrison JK, Davidson CJ, Brook RH, et al. Effect of variability in the interpretation of coronary angiograms on the appropriateness of use of coronary revascularization procedures. Am Heart J. 2000;139(1 Pt 1):106-13.
  • 64
    Erbel R, Schmermund A. Clinical significance of coronary calcification. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2004;24(10):e172.
  • 65
    Elkeles R. Computed tomography imaging, coronary calcium and atherosclerosis. Expert Rev Cardiovasc Ther. 2008;6(8):1083-93.
  • 66
    Wexler L, Brundage B, Crouse J, Detrano R, Fuster V, Maddahi J, et al. Coronary artery calcification: pathophysiology, epidemiology, imaging methods, and clinical implications. A statement for health professionals from the American Heart Association. Writing Group. Circulation. 1996;94(5):1175-92.
  • 67
    O'Rourke RA, Brundage BH, Froelicher VF, Greenland P, Grundy SM, Hachamovitch R, et al. American College of Cardiology/American Heart Association Expert Consensus document on electron-beam computed tomography for the diagnosis and prognosis of coronary artery disease. Circulation. 2000;102(1):126-40.
  • 68
    Rumberger JA, Brundage BH, Rader DJ, Kondos G. Electron beam computed tomographic coronary calcium scanning: a review and guidelines for use in asymptomatic persons. Mayo Clin Proc. 1999;74(3):243-52.
  • 69
    Greenland P, Bonow RO, Brundage BH, Budoff MJ, Eisenberg MJ, Grundy SM, et al; American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Documenton Electron Beam Computed Tomography); Society of Atherosclerosis Imaging and Prevention; Society of Cardiovascular Computed Tomography. ACCF/AHA 2007 clinical expert consensus document on coronary artery calcium scoring by computed tomography in global cardiovascular risk assessment and in evaluation of patients with chest pain: a report of the American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography). Circulation. 2007;115(3):402-26.
  • 70
    Detrano R, Guerci AD, Carr JJ, Bild DE, Burke G, Folsom AR, et al. Coronary calcium as a predictor of coronary events in four racial or ethnic groups. N Engl J Med. 2008;358(13):1336-45.
  • 71
    Budoff MJ, Shaw LJ, Liu ST, Weinstein SR, Mosler TP, Tseng PH, et al. Long-term prognosis associated with coronary calcification: observations from a registry of 25,253 patients. J Am Coll Cardiol. 2007;49(18):1860-70.
  • 72
    Greenland P, Alpert JS, Beller GA, Benjamin EJ, Budoff MJ, Fayad ZA, et al; American College of Cardiology Foundation/American Heart AssociationTask Force on Practice Guidelines. 2010 ACCF/AHA Guideline for Assessment of Cardiovascular Risk in Asymptomatic Adults: a Report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation. 2010;122(25):e584-636.
  • 73
    Perrone-Filardi P, Achenbach S, Mohlenkamp S, Reiner Z, Sambuceti G, Schuijf JD, et al. Cardiac computed tomography and myocardial perfusion scintigraphy for risk stratification in asymptomatic individuals without known cardiovascular disease: a position statement of the Working Group on Nuclear Cardiology and Cardiac CT of the European Society of Cardiology. Eur Heart J. 2011;32(16):1986-93.
  • 74
    National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panelon Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). Third Report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III) final report. Circulation. 2002;106(25):3143-421.
  • 75
    Yeboah J, McClelland RL, Polonsky TS, Burke GL, Sibley CT, O'Leary D, et al. Comparison of novel risk markers for improvement in cardiovascular risk assessment in intermediate-risk individuals. JAMA. 2012;308(8):788-95.
  • 76
    Cooper A, Timmis A, Skinner J; Guideline Development Group. Assessment of recent onset chest pain or discomfort of suspected cardiac origin: summary of NICE guidance. BMJ. 2010;340:c1118.
  • 77
    Yerramasu A, Lahiri A, Venuraju S, Dumo A, Lipkin D, Underwood SR, et al. Diagnostic role of coronary calcium scoring in the rapid access chest pain clinic: prospective evaluation of NICE guidance. Eur Heart J Cardiovasc Imaging. 2014 Feb 9. [Epub ahead of print].
  • 78
    Budoff MJ, Achenbach S, Blumenthal RS, Carr JJ, Goldin JG, Greenland P, et al; American Heart Association Committeeon Cardiovascular Imagingand Intervention; American Heart Association Councilon Cardiovascular Radiology and Intervention; American Heart Association Committee on Cardiac Imaging, Councilon Clinical Cardiology. Assessment of coronary artery disease by cardiac computed tomography: a scientific statement from the American Heart Association Committee on Cardiovascular Imaging and Intervention, Council on Cardiovascular Radiology and Intervention, and Committee on Cardiac Imaging, Council on Clinical Cardiology. Circulation. 2006;114(16):1761-91.
  • 79
    Gottlieb I, Miller JM, Arbab-Zadeh A, Dewey M, Clouse ME, Sara L, et al. The absence of coronary calcification does not exclude obstructive coronary artery disease or the need for revascularization in patients referred for conventional coronary angiography. J Am Coll Cardiol. 2010;55(7):627-34.
  • 80
    Miller JM, Rochitte CE, Dewey M, Arbab-Zadeh A, Niinuma H, Gottlieb I, et al. Diagnostic performance of coronary angiography by 64-row CT. NEnglJ Med. 2008;359(22):2324-36.
  • 81
    Becker A, Leber A, White CW, Becker C, Reiser MF, Knez A. Multislice computed tomography for determination of coronary artery disease in a symptomatic patient population. Int J Cardiovasc Imaging. 2007;23(3):361-7.
  • 82
    Haberl R, Tittus J, Böhme E, Czernik A, Richartz BM, Buck J, et al. Multislice spiral computed tomographic angiography of coronary arteries in patients with suspected coronary artery disease: aneffective filter before catheter angiography? Am Heart J. 2005;149(6):1112-9.
  • 83
    Drosch T, Brodoefel H, Reimann A, Thomas C, Tsiflikas I, Heuschmid M, et al. Prevalence and clinical characteristics of symptomatic patients with obstructive coronary artery disease in the absence of coronary calcifications. AcadRadiol. 2010;17(10):1245-8.
  • 84
    Villines TC, Hulten EA, Shaw LJ, Goyal M, Dunning A, Achenbach S, et al; CONFIRM Registry Investigators. Prevalence and severity of coronary artery disease and adverse events among symptomatic patients with coronary artery calcification scores of zero undergoing coronary computed tomography angiography: results from the CONFIRM (Coronary CT Angiography Evaluation for Clinical Outcomes: An International Multicenter) registry. J Am Coll Cardiol. 2011;58(24):2533-40.
  • 85
    Montalescot G, Sechtem U, Achenbach S, Andreotti F, Arden C, Budaj A, et al; Task Force Members. 2013 ESC guidelines on the management of stable coronary artery disease: the Task Force on the management of stable coronary artery disease of the European Society of Cardiology. Eur Heart J. 2013;34(38):2949-3003.
  • 86
    Fihn SD, Gardin JM, Abrams J, Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al; American CollegeofCardiology Foundation/American Heart AssociationTask Force. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association task force on practice guidelines, and the American College of Physicians, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. Circulation. 2012;126(25):e354-471.
  • 87
    Greenland P, Bonow RO, Brundage BH, Budoff MJ, Eisenberg MJ, Grundy SM, et al; American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography); Society of Atherosclerosis Imaging and Prevention; Society of Cardiovascular Computed Tomography. ACCF/AHA 2007 clinical expert consensus document on coronary artery calcium scoring by computed tomography in global cardiovascular risk assessment and in evaluation of patients with chest pain: a report of the American College of Cardiology Foundation Clinical Expert Consensus Task Force (ACCF/AHA Writing Committee to Update the 2000 Expert Consensus Document on Electron Beam Computed Tomography) developed in collaboration with the Society of Atherosclerosis Imaging and Prevention and the Society of Cardiovascular Computed Tomography. J Am Coll Cardiol. 2007;49(3):378-402.
  • 88
    Miller JM, Dewey M, Vavere AL, Rochitte CE, Niinuma H, Arbab-Zadeh A, et al. Coronary CT angiography using 64 detector rows: methods and design of the multi-centre trial CORE-64. Eur Radiol. 2009;19(4):816-28.
  • 89
    Budoff MJ, Dowe D, Jollis JG, Gitter M, Sutherland J, Halamert E, et al. Diagnostic performance of 64-multidetector row coronary computed tomographic angiography for evaluation of coronary artery stenosis in individuals without known coronary artery disease: results from the prospective multicenter ACCURACY (Assessment by Coronary Computed Tomographic Angiography of Individuals Undergoing Invasive Coronary Angiography) trial. J Am Coll Cardiol. 2008;52(21):1724-32.
  • 90
    Meijboom WB, van Mieghem CA, Mollet NR, Pugliese F, Weustink AC, van Pelt N, et al. 64-slice computed tomography coronary angiography in patients with high, intermediate, or low pretest probability of significant coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2007;50(15):1469-75.
  • 91
    Min JK, Shaw LJ, Berman DS. The present state of coronary computed tomography angiography a process in evolution. J Am Coll Cardiol. 2010;55(10):957-65.
  • 92
    Mowatt G, Cummins E, Waugh N, Walker S, Cook J, Jia X, et al. Systematic review of the clinical effectiveness and cost-effectiveness of 64-slice or higher computed tomography angiography as an alternative to invasive coronary angiography in the investigation of coronary artery disease. Health Technol Assess. 2008;12(17):iii-iv, ix-143.
  • 93
    Mark DB, Berman DS, Budoff MJ, Carr JJ, Gerber TC, Hecht HS, et al; American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. ACCF/ACR/AHA/NASCI/SAIP/SCAI/SCCT 2010 Expert Consensus Document on Coronary Computed Tomographic Angiography: a Report of the American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. Circulation. 2010;121(22):2509-43.
  • 94
    Meijboom WB, Meijs MF, Schuijf JD, Cramer MJ, Mollet NR, van Mieghem CA, et al. Diagnostic accuracy of 64-slice computed tomography coronary angiography: a prospective, multicenter, multivendor study. J Am Coll Cardiol. 2008;52(25):2135-44.
  • 95
    Taylor AJ, Cerqueira M, Hodgson JM, Mark D, Min J, O'Gara P, et al; American CollegeofCardiology Foundation Appropriate Use CriteriaTask Force; Societyof Cardiovascular ComputedTomography; American CollegeofRadiology; American Heart Association; American SocietyofEchocardiography; American Societyof Nuclear Cardiology; North American Society for Cardiovascular Imaging; Society for Cardiovascular AngiographyandInterventions; Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. ACCF/SCCT/ACR/AHA/ASE/ASNC/SCAI/SCMR 2010 Appropriate Use Criteria for Cardiac Computed Tomography. A Report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, the Society of Cardiovascular Computed Tomography, the American College of Radiology, the American Heart Association, the American Society of Echocardiography, the American Society of Nuclear Cardiology, the Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and the Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. Circulation. 2010;122(21):e525-55.
  • 96
    Min JK, Dunning A, Lin FY, Achenbach S, Al-Mallah M, Budoff MJ, et al; CONFIRM Investigators. Age- and sex-related differences in all-cause mortality risk based on coronary computed tomography angiography findings results from the International Multicenter CONFIRM (Coronary CT Angiography Evaluation for Clinical Outcomes: an International Multicenter Registry) of 23,854 patients without known coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2011;58(8):849-60.
  • 97
    Hulten EA, Carbonaro S, Petrillo SP, Mitchell JD, Villines TC. Prognostic value of cardiac computed tomography angiography: a systematic review and meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2011;57(10):1237-47.
  • 98
    van Werkhoven JM, Schuijf JD, Gaemperli O, Jukema JW, Boersma E, Wijns W, et al. Prognostic value of multislice computed tomography and gated single-photon emission computed tomography in patients with suspected coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2009;53(7):623-32.
  • 99
    Goldstein JA, Chinnaiyan KM, Abidov A, Achenbach S, Berman DS, Hayes SW, et al. The CT-STAT (Coronary Computed Tomographic Angiography for Systematic Triage of Acute Chest Pain Patients to Treatment) trial. J Am Coll Cardiol. 58(14):1414-22.
  • 100
    Litt HI, Gatsonis C, Snyder B, Singh H, Miller CD, Entrikin DW, et al. CT angiography for safe discharge of patients with possible acute coronary syndromes. N Engl J Med. 2012;366(15):1393-403.
  • 101
    Hoffmann U, Truong QA, Schoenfeld DA, Chou ET, Woodard PK, Nagurney JT, et al; ROMICAT-II Investigators. Coronary CT angiography versus standard evaluation in acute chest pain. N Engl J Med. 2012;367(4):299-308.
  • 102
    Anderson JL, Adams CD, Antman EM, Bridges CR, Califf RM, Casey DE Jr, et al; American CollegeofCardiology; American Heart AssociationTask Force onPracticeGuidelines (WritingCommitteeto Revise the 2002 Guidelines for the Management ofPatientsWithUnstable Angina/Non ST-ElevationMyocardialInfarction); American CollegeofEmergencyPhysicians; Society for Cardiovascular AngiographyandInterventions; SocietyofThoracicSurgeons; American Associationof Cardiovascular andPulmonaryRehabilitation; Society for AcademicEmergency Medicine. ACC/AHA 2007 guidelines for the management of patients with unstable angina/non ST-elevation myocardial infarction: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Writing Committee to Revise the 2002 Guidelines for the Management of Patients With Unstable Angina/Non ST-Elevation Myocardial Infarction): developed in collaboration with the American College of Emergency Physicians, the Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and the Society of Thoracic Surgeons: endorsed by the American Association of Cardiovascular and Pulmonary Rehabilitation and the Society for Academic Emergency Medicine. Circulation. 2007;116(7):e148-304. Erratum in: Circulation. 2008;117(9):e180.
  • 103
    Hundley WG, Bluemke DA, Finn JP, Flamm SD, Fogel MA, Friedrich MG, et al; American CollegeofCardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. ACCF/ACR/AHA/NASCI/SCMR 2010 expert consensus document on cardiovascular magnetic resonance: a report of the American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. Circulation. 2010;121(22):2462-508.
  • 104
    Pennell DJ. Cardiovascular magnetic resonance and the role of adenosine pharmacologic stress. Am J Cardiol. 2004;94(2A):26D-31D.
  • 105
    Botvinick EH. Current methods of pharmacologic stress testing and the potential advantages of new agents. J Nucl Med Technol. 2009;37(1):14-25.
  • 106
    Paetsch I, Jahnke C, Wahl A, Gebker R, Neuss M, Fleck E, et al. Comparison of dobutamine stress magnetic resonance, adenosine stress magnetic resonance, and adenosine stress magnetic resonance perfusion. Circulation. 2004;110(7):835-42.
  • 107
    Nagel E, Lorenz C, Baer F, Hundley WG, Wilke N, Neubauer S, et al. Stress cardiovascular magnetic resonance: consensus panel report. J Cardiovasc Magn Reson. 2001;3(3):267-81.
  • 108
    Wahl A, Paetsch I, Gollesch A, Roethemeyer S, Foell D, Gebker R, et al. Safety and feasibility of high-dose dobutamine-atropine stress cardiovascular magnetic resonance for diagnosis of myocardial ischaemia: experience in 1000 consecutive cases. Eur Heart J. 2004;25(14):1230-6.
  • 109
    Nagel E, Lehmkuhl HB, Bocksch W, Klein C, Vogel U, Frantz E, et al. Noninvasive diagnosis of ischemia-induced wall motion abnormalities with the use of high-dose dobutamine stress MRI: comparison with dobutamine stress echocardiography. Circulation. 1999;99(6):763-70.
  • 110
    Charoenpanichkit C, Hundley WG. The 20 year evolution of dobutamine stress cardiovascular magnetic resonance. J Cardiovasc Magn Reson. 2010;12:59.
  • 111
    Hundley WG, Hamilton CA, Thomas MS, Herrington DM, Salido TB, Kitzman DW, et al. Utility of fast cine magnetic resonance imaging and display for the detection of myocardial ischemia in patients not well suited for second harmonic stress echocardiography. Circulation. 1999;100(16):1697-702.
  • 112
    Kuijpers D, Ho KY, van Dijkman PR, Vliegenthart R, Oudkerk M. Dobutamine cardiovascular magnetic resonance for the detection of myocardial ischemia with the use of myocardial tagging. Circulation. 2003;107(12):1592-7.
  • 113
    van Rugge FP, van der Wall EE, Spanjersberg SJ, de Roos A, Matheijssen NA, Zwinderman AH, et al. Magnetic resonance imaging during dobutamine stress for detection and localization of coronary artery disease. Quantitative wall motion analysis using a modification of the centerline method. Circulation. 1994;90(1):127-38.
  • 114
    Nandalur KR, Dwamena BA, Choudhri AF, Nandalur MR, Carlos RC. Diagnostic performance of stress cardiac magnetic resonance imaging in the detection of coronary artery disease: a meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2007;50(14):1343-53.
  • 115
    Wahl A, Paetsch I, Roethemeyer S, Klein C, Fleck E, Nagel E. High-dose dobutamine-atropine stress cardiovascular MR imaging after coronary revascularization in patients with wall motion abnormalities at rest. Radiology. 2004;233(1):210-6.
  • 116
    Hundley WG, Morgan TM, Neagle CM, Hamilton CA, Rerkpattanapipat P, Link KM. Magnetic resonance imaging determination of cardiac prognosis. Circulation. 2002;106(18):2328-33.
  • 117
    Korosoglou G, Elhmidi Y, Steen H, Schellberg D, Riedle N, Ahrens J, et al. Prognostic value of high-dose dobutamine stress magnetic resonance imaging in 1,493 consecutive patients: assessment of myocardial wall motion and perfusion. J Am Coll Cardiol. 2010;56(15):1225-34.
  • 118
    Jahnke C, Nagel E, Gebker R, Kokocinski T, Kelle S, Manka R, et al. Prognostic value of cardiac magnetic resonance stress tests: adenosine stress perfusion and dobutamine stress wall motion imaging. Circulation. 2007;115(13):1769-76.
  • 119
    Wallace EL, Morgan TM, Walsh TF, Dall'Armellina E, Ntim W, Hamilton CA, et al. Dobutamine cardiac magnetic resonance results predict cardiac prognosis in women with known or suspected ischemic heart disease. JACC Cardiovasc Imaging. 2009;2(3):299-307.
  • 120
    Nagel E, Klein C, Paetsch I, Hettwer S, Schnackenburg B, Wegscheider K, et al. Magnetic resonance perfusion measurements for the noninvasive detection of coronary artery disease. Circulation. 2003;108(4):432-7.
  • 121
    Watkins S, McGeoch R, Lyne J, Steedman T, Good R, McLaughlin MJ, et al. Validation of magnetic resonance myocardial perfusion imaging with fractional flow reserve for the detection of significant coronary heart disease. Circulation. 2009;120(22):2207-13.
  • 122
    Ishida N, Sakuma H, Motoyasu M, Okinaka T, Isaka N, Nakano T, et al. Noninfarcted myocardium: correlation between dynamic first-pass contrast-enhanced myocardial MR imaging and quantitative coronary angiography. Radiology. 2003;229(1):209-16.
  • 123
    Schwitter J, Wacker CM, van Rossum AC, Lombardi M, Al-Saadi N, Ahlstrom H, et al. MR-IMPACT: comparison of perfusion-cardiac magnetic resonance with single-photon emission computed tomography for the detection of coronary artery disease in a multicentre, multivendor, randomized trial. Eur Heart J. 2008;29(4):480-9.
  • 124
    Schwitter J, Nanz D, Kneifel S, Bertschinger K, Buchi M, Knusel PR, et al. Assessment of myocardial perfusion in coronary artery disease by magnetic resonance: a comparison with positron emission tomography and coronary angiography. Circulation. 2001;103(18):2230-5.
  • 125
    Hamon M, Fau G, Née G, Ehtisham J, Morello R, Hamon M. Meta-analysis of the diagnostic performance of stress perfusion cardiovascular magnetic resonance for detection of coronary artery disease. J Cardiovasc Magn Reson. 2010;12(1):29.
  • 126
    Greenwood JP, Maredia N, Younger JF, Brown JM, Nixon J, Everett CC, et al. Cardiovascular magnetic resonance and single-photon emission computed tomography for diagnosis of coronary heart disease (CE-MARC): a prospective trial. Lancet. 2012;379(9814):453-60.
  • 127
    Pilz G, Jeske A, Klos M, Ali E, Hoefling B, Scheck R, et al. Prognostic value of normal adenosine-stress cardiac magnetic resonance imaging. Am J Cardiol. 2008;101(10):1408-12.
  • 128
    Hartlage G, Janik M, Anadiotis A, Veledar E, Oshinski J, Kremastinos D, et al. Prognostic value of adenosine stress cardiovascular magnetic resonance and dobutamine stress echocardiography in patients with low-risk chest pain. Int J Cardiovasc Imaging. 2012;28(4):803-12.
  • 129
    Bodi V, Husser O, Sanchis J, Nunez J, Monmeneu JV, Lopez-Lereu MP, et al. Prognostic implications of dipyridamole cardiac MR imaging: a prospective multicenter registry. Radiology. 2012;262(1):91-100.
  • 130
    Hundley WG, Bluemke DA, Finn JP, Flamm SD, Fogel MA, Friedrich MG, et al. American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. ACCF/ACR/AHA/NASCI/SCMR 2010 expert consensus document on cardiovascular magnetic resonance: a report of the American College of Cardiology Foundation Task Force on Expert Consensus Documents. J Am Coll Cardiol. 2010;55(23):2614-62.
  • 131
    Wolk MJ, Bailey SR, Doherty JU, Douglas PS, Hendel RC, Kramer CM, et al; American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force. ACCF/AHA/ASE/ASNC/HFSA/HRS/SCAI/SCCT/SCMR/STS 2013 Multimodality Appropriate Use Criteria for the Detection and Risk Assessment of Stable Ischemic Heart Disease: A Report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, American Heart Association, American Society of Echocardiography, American Society of Nuclear Cardiology, Heart Failure Society of America, Heart Rhythm Society, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Cardiovascular Computed Tomography, Society for Cardiovascular Magnetic Resonance, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2014;63(4):380-406.
  • 132
    Kim RJ, Fieno DS, Parrish TB, Harris K, Chen EL, Simonetti O, et al. Relationship of MRI delayed contrast enhancement to irreversible injury, infarct age, and contractile function. Circulation. 1999;100(19):1992-2002.
  • 133
    Simonetti OP, Kim RJ, Fieno DS, Hillenbrand HB, Wu E, Bundy JM, et al. An improved MR imaging technique for the visualization of myocardial infarction. Radiology. 2001;218(1):215-23.
  • 134
    Lima JA, Judd RM, Bazille A, Schulman SP, Atalar E, Zerhouni EA. Regional heterogeneity of human myocardial infarcts demonstrated by contrast-enhanced MRI. Potential mechanisms. Circulation. 1995;92(5):1117-25.
  • 135
    Azevedo Filho CF, Hadlich M, Petriz JL, Mendonça LA, Moll Filho JN, Rochitte CE. Quantification of left ventricular infarcted mass on cardiac magnetic resonance imaging: comparison between planimetry and the semiquantitative visual scoring method. Arq Bras Cardiol. 2004;83(2):118-24; 111-7.
  • 136
    Kim RJ, Albert TS, Wible JH, Elliott MD, Allen JC, Lee JC, et al; Gadoversetamide Myocardial Infarction Imaging Investigators. Performance of delayed-enhancement magnetic resonance imaging with gadoversetamide contrast for the detection and assessment of myocardial infarction: an international, multicenter, double-blinded, randomized trial. Circulation. 2008;117(5):629-37.
  • 137
    Amado LC, Gerber BL, Gupta SN, Rettmann DW, Szarf G, Schock R, et al. Accurate and objective infarct sizing by contrast-enhanced magnetic resonance imaging in a canine myocardial infarction model. J Am Coll Cardiol. 2004;44(12):2383-9.
  • 138
    Schelbert EB, Hsu LY, Anderson SA, Mohanty BD, Karim SM, Kellman P, et al. Late gadolinium-enhancement cardiac magnetic resonance identifies postinfarction myocardial fibrosis and the border zone at the near cellular level in ex vivo rat heart. Circ Cardiovasc Imaging. 2010;3(6):743-52.
  • 139
    Azevedo CF, Amado LC, Kraitchman DL, Gerber BL, Osman NF, Rochitte CE, et al. Persistent diastolic dysfunction despite complete systolic functional recovery after reperfused acute myocardial infarction demonstrated by tagged magnetic resonance imaging. Eur Heart J. 2004;25(16):1419-27.
  • 140
    Saeed M, Wendland MF, Masui T, Higgins CB. Reperfused myocardial infarctions on T1- and susceptibility-enhanced MRI: evidence for loss of compartmentalization of contrast media. Magn Reson Med. 1994;31(1):31-9.
  • 141
    Diesbourg LD, Prato FS, Wisenberg G, Drost DJ, Marshall TP, Carroll SE, et al. Quantification of myocardial blood flow and extracellular volumes using a bolus injection of Gd-DTPA: kinetic modeling in canine ischemic disease. Magn Reson Med. 1992;23(2):239-53.
  • 142
    Kim RJ, Chen EL, Lima JA, Judd RM. Myocardial Gd-DTPA kinetics determine MRI contrast enhancement and reflect the extent and severity of myocardial injury after acute reperfused infarction. Circulation. 1996;94(12):3318-26.
  • 143
    Rehwald WG, Fieno DS, Chen EL, Kim RJ, Judd RM. Myocardial magnetic resonance imaging contrast agent concentrations after reversible and irreversible ischemic injury. Circulation. 2002;105(2):224-9.
  • 144
    Rochitte CE, Lima JA, Bluemke DA, Reeder SB, McVeigh ER, Furuta T, et al. Magnitude and time course of microvascular obstruction and tissue injury after acute myocardial infarction. Circulation. 1998;98(10):1006-14.
  • 145
    Wagner A, Mahrholdt H, Holly TA, Elliott MD, Regenfus M, Parker M, et al. Contrast-enhanced MRI and routine single photon emission computed tomography (SPECT) perfusion imaging for detection of subendocardial myocardial infarcts: an imaging study. Lancet. 2003;361(9355):374-9.
  • 146
    Wu E, Judd RM, Vargas JD, Klocke FJ, Bonow RO, Kim RJ. Visualisation of presence, location, and transmural extent of healed Q-wave and non-Q-wave myocardial infarction. Lancet. 2001;357(9249):21-8.
  • 147
    Wu KC, Zerhouni EA, Judd RM, Lugo-Olivieri CH, Barouch LA, Schulman SP, et al. Prognostic significance of microvascular obstruction by magnetic resonance imaging in patients with acute myocardial infarction. Circulation. 1998;97(8):765-72.
  • 148
    Kim RJ, Wu E, Rafael A, Chen EL, Parker MA, Simonetti O, et al. The use of contrast-enhanced magnetic resonance imaging to identify reversible myocardial dysfunction. N Engl J Med. 2000;343(20):1445-53.
  • 149
    Kwong RY, Sattar H, Wu H, Vorobiof G, Gandla V, Steel K, et al. Incidence and prognostic implication of unrecognized myocardial scar characterized by cardiac magnetic resonance in diabetic patients without clinical evidence of myocardial infarction. Circulation. 2008;118(10):1011-20.
  • 150
    Kelle S, Roes SD, Klein C, Kokocinski T, de Roos A, Fleck E, et al. Prognostic value of myocardial infarct size and contractile reserve using magnetic resonance imaging. J Am Coll Cardiol. 2009;54(19):1770-7.
  • 151
    Gerber BL, Rochitte CE, Melin JA, McVeigh ER, Bluemke DA, Wu KC, et al. Microvascular obstruction and left ventricular remodeling early after acute myocardial infarction. Circulation. 2000;101(23):2734-41.
  • 152
    Schmidt A, Azevedo CF, Cheng A, Gupta SN, Bluemke DA, Foo TK, et al. Infarct tissue heterogeneity by magnetic resonance imaging identifies enhanced cardiac arrhythmia susceptibility in patients with left ventricular dysfunction. Circulation. 2007;115(15):2006-14.
  • 153
    Yan AT, Shayne AJ, Brown KA, Gupta SN, Chan CW, Luu TM, et al. Characterization of the peri-infarct zone by contrast-enhanced cardiac magnetic resonance imaging is a powerful predictor of post-myocardial infarction mortality. Circulation. 2006;114(1):32-9.
  • 154
    Kim RJ, Shah DJ. Fundamental concepts in myocardial viability assessment revisited: when knowing how much is "alive" is not enough. Heart. 2004;90(2):137-40.
  • 155
    Knuesel PR, Nanz D, Wyss C, Buechi M, Kaufmann PA, von Schulthess GK, et al. Characterization of dysfunctional myocardium by positron emission tomography and magnetic resonance: relation to functional outcome after revascularization. Circulation. 2003;108(9):1095-100.
  • 156
    Bodi V, Sanchis J, Lopez-Lereu MP, Losada A, Nunez J, Pellicer M, et al. Usefulness of a comprehensive cardiovascular magnetic resonance imaging assessment for predicting recovery of left ventricular wall motion in the setting of myocardial stunning. J Am Coll Cardiol. 2005;46(9):1747-52.
  • 157
    Schvartzman PR, Srichai MB, Grimm RA, Obuchowski NA, Hammer DF, McCarthy PM, et al. Nonstress delayed-enhancement magnetic resonance imaging of the myocardium predicts improvement of function after revascularization for chronic ischemic heart disease with left ventricular dysfunction. Am Heart J. 2003;146(3):535-41.
  • 158
    Azevedo CF, Amado LC, Kraitchman DL, Gerber BL, Edvardsen T, Osman NF, et al. The effect of intra-aortic balloon counterpulsation on left ventricular functional recovery early after acute myocardial infarction: a randomized experimental magnetic resonance imaging study. Eur Heart J. 2005;26(12):1235-41.
  • 159
    Gerber BL, Garot J, Bluemke DA, Wu KC, Lima JA. Accuracy of contrast-enhanced magnetic resonance imaging in predicting improvement of regional myocardial function in patients after acute myocardial infarction. Circulation. 2002;106(9):1083-9.
  • 160
    Bingham SE, Hachamovitch R. Incremental prognostic significance of combined cardiac magnetic resonance imaging, adenosine stress perfusion, delayed enhancement, and left ventricular function over preimaging information for the prediction of adverse events. Circulation. 2011;123(14):1509-18.
  • 161
    Gerber BL, Rousseau MF, Ahn SA, le Polain de Waroux JB, Pouleur AC, Phlips T, et al. Prognostic value of myocardial viability by delayed-enhanced magnetic resonance in patients with coronary artery disease and low ejection fraction: impact of revascularization therapy. J Am Coll Cardiol. 2012;59(9):825-35.
  • 162
    Manning WJ, Li W, Edelman RR. A preliminary report comparing magnetic resonance coronary angiography with conventional angiography. N Engl J Med. 1993;328(12):828-32. Erratum in N Engl J Med. 1993;330(2):152.
  • 163
    Post JC, van Rossum AC, Hofman MB, de Cock CC, Valk J, Visser CA. Clinical utility of two-dimensional magnetic resonance angiography in detecting coronary artery disease. Eur Heart J. 1997;18(3):426-33.
  • 164
    Kim WY, Danias PG, Stuber M, Flamm SD, Plein S, Nagel E, et al. Coronary magnetic resonance angiography for the detection of coronary stenoses. N Engl J Med. 2001;345(26):1863-9.
  • 165
    Post JC, van Rossum AC, Hofman MB, Valk J, Visser CA. Three-dimensional respiratory-gated MR angiography of coronary arteries: comparison with conventional coronary angiography. AJR Am J Roentgenol. 1996;166(6):1399-404.
  • 166
    van Geuns RJ, Wielopolski PA, de Bruin HG, Rensing BJ, Hulshoff M, van Ooijen PM, et al. MR coronary angiography with breath-hold targeted volumes: preliminary clinical results. Radiology. 2000;217(1):270-7.
  • 167
    Li D, Dolan RP, Walovitch RC, Lauffer RB. Three-dimensional MRI of coronary arteries using an intravascular contrast agent. Magn Reson Med. 1998;39(6):1014-8.
  • 168
    Jahnke C, Paetsch I, Nehrke K, Schnackenburg B, Gebker R, Fleck E, et al. Rapid and complete coronary arterial tree visualization with magnetic resonance imaging: feasibility and diagnostic performance. Eur Heart J. 2005;26(21):2313-9.
  • 169
    Sakuma H, Ichikawa Y, Suzawa N, Hirano T, Makino K, Koyama N, et al. Assessment of coronary arteries with total study time of less than 30 minutes by using whole-heart coronary MR angiography. Radiology. 2005;237(1):316-21.
  • 170
    Sakuma H, Ichikawa Y, Chino S, Hirano T, Makino K, Takeda K. Detection of coronary artery stenosis with whole-heart coronary magnetic resonance angiography. J Am Coll Cardiol. 2006;48(10):1946-50.
  • 171
    Bunce NH, Lorenz CH, Keegan J, Lesser J, Reyes EM, Firmin DN, et al. Coronary artery anomalies: assessment with free-breathing three-dimensional coronary MR angiography. Radiology. 2003;227(1):201-8.
  • 172
    McConnell MV, Ganz P, Selwyn AP, Li W, Edelman RR, Manning WJ. Identification of anomalous coronary arteries and their anatomic course by magnetic resonance coronary angiography. Circulation. 1995;92(11):3158-62.
  • 173
    Weiner DA, Ryan TJ, McCabe CH, Chaitman BR, Sheffield LT, Ferguson JC, et al. Prognostic importance of a clinical profile and exercise test in medically treated patients with coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1984;3(3):772-9.
  • 174
    Lauer MS, Okin PM, Larson MG, Evans JC, Levy D. Impaired heart rate response to graded exercise: prognostic implications of chronotropic incompetence in the Framingham Heart Study. Circulation. 1996;93(8):1520-6.
  • 175
    Lauer MS, Francis GS, Okin PM, Pashkow FJ, Snader CE, Marwick TH. Impaired chronotropic response to exercise stress testing as a predictor of mortality. JAMA. 1999;281(6):524-9.
  • 176
    Stone PH, Turi ZG, Muller JE, Parker C, Hartwell T, Rutherford JD, et al. Prognostic significance of the treadmill exercise performance 6 months after myocardial infarction. J Am Coll Cardiol. 1986;8(5):1007-17.
  • 177
    Mark DB, Hlatky MA, Harrel FE Jr, Lee KL, Calliff RM, Pryor DB. Exercise treadmill score for predicting prognosis in coronary artery disease. Ann Intern Med. 1987;106(6):793-800.
  • 178
    Afridi I, Kleiman NS, Raizner AE, Zoghbi WA. Dobutamine echocardiography in myocardial hibernation: optimal dose and accuracy in predicting recovery of ventricular function after coronary angioplasty. Circulation. 1995;91(3):663-70.
  • 179
    Antithrombotic Trialists' Collaboration. Collaborative meta-analysis of randomized trials of antiplatelet therapy for prevention of death, myocardial infarction, and stroke in high risk patients. BMJ. 2002;324(7329):71-86.
  • 180
    Steering Committee of the Physicians' Health Study Research Group. Final report on the aspirin component of the ongoing Physicians' Health Study. N Engl J Med. 1989;321(3):129-35.
  • 181
    Juul-Möller S, Edvardsson N, Jahnmatz B, Rosén A, Sørensen S, Omblus R. Double blind trial of aspirin in primary prevention of myocardial infarction in patients with stable chronic angina pectoris. The Swedish Angina Pectoris Aspirin Trial (SAPAT) Group. Lancet. 1992;340(8833):1421-5.
  • 182
    Schomig A, Neumann FJ, Kastrati A, Schühlen H, Blasini R, Hadamitzky M, et al. A randomized comparison of antiplatelet and anticoagulant therapy after the placement of coronary-artery stents. N Engl J Med. 1996;334(17):1084-9.
  • 183
    Bertrand ME, Rupprech HJ, Urban P, Gershilick AH;CLASSICS Investigator. Double-blind study of the safety of clopidogrel with and without a loading dose in combination with aspirin after coronary stenting the Clopidogrel Aspirin Stent International Cooperative Study (CLASSICS). Circulation. 2000;102(6):624-9.
  • 184
    CAPRIE Steering Committee. A randomized blinded trial of clopidogrel versus aspirin in patients of risk of ischemic event. Caprie Steering Committee. Lancet. 1996;348(9038):1329-39.
  • 185
    Muller C, Buttner HJ, Petersen J, Roskamm H. A randomized comparison of clopidogrel and aspirin versus ticlopidine and aspirin after the placement of coronary artery stents. Circulation. 2000;101(6):590-3.
  • 186
    Anand SS, Yusuf S. Oral anticoagulant therapy in patients with coronary artery disease: a meta-analysis. JAMA. 1999;282(21):2058-67.
  • 187
    Serrano Jr CV, Soeiro AM, Franci A, Alves BR, Barbosa CJ, Machado Neto EA; Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes brasileiras de antiagregantes plaquetários e anticoagulantes em cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2013;101(3supl3)1-93.
  • 188
    Gould AL, Rossouw JE, Santanello NC, Heyse JF, Furberg CD. Cholesterol reduction yields clinical benefit impact of statin trials. Circulation. 1998;97(10):946-52.
  • 189
    Ross SD, Allen IE, Connelly JE, Korenblat BM, Smith ME, Bishop D, et al. Clinical outcomes in statin treatment trials: a meta-analysis. Arch Intern Med. 1999;159(13)1793-802.
  • 190
    Law MR, Wald NJ, Rudnicka AR. Quantifying effect of statins on low density lipoprotein cholesterol, ischaemic heart disease, and stroke systematic review and meta-analysis. BMJ. 2003;326(7404):1423.
  • 191
    Jeu L, Cheng JW. Pharmacology and therapeutics of ezetimibe (SCH58235), a cholesterol-absorption inhibitor. Clin Ther. 2003;25(9):2352-87.
  • 192
    Kosoglou T, MeyerI, Veltri EP, Statkevich P, Yang B, Zhu Y, et al. Pharmacodynamic interaction between the new selective cholesterol absorption inhibitor ezetimibe and simvastatin. Br J Clin Pharmacol. 2002;54(3):309-19.
  • 193
    Davidson MH, McGarry T, Bettis R, Melani L, Lipka LJ, LeBeaut AP, et al. Ezetimibe coadministered with simvastatin in patients with primary hypercholesterolemia. J Am Coll Cardiol. 2002;40(12):2125-34.
  • 194
    Kerzner B, Corbelli J, Sharp S, Lipka LJ, Melani L, LeBeaut AP, et al; Ezetimibe Study Group. Efficacy and safety of ezetimibe coadministered with lovastatin in primary hypercholesterolemia. Am J Cardiol. 2003;91(4):418-24.
  • 195
    Ballantyne CM, Houri J, Notarbartolo A, Melani L, Lipka LJ, Suresh R, et al; Ezetimibe Study Group. Effect of ezetimibe coadministered with atorvastatin in 628 patients with primary hypercholesterolemia prospective, randomized, double-blind trial. Circulation. 2003;107(19):2409-15.
  • 196
    Kotwal S, Jun M, Sullivan D, Perkovic V, Neal B. Omega 3 Fatty acids and cardiovascular outcomes systematic review and meta-analysis. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2012;5(6):808-18.
  • 197
    The Lipid Research Clinics Coronary Primary Prevention Trial results. I. Reduction in incidence of coronary heart disease. JAMA. 1984;251(3):351-64.
  • 198
    Carlson LA, Rössner S. Editorial: results of the coronary drug project-- an interpretation. Atherosclerosis. 1975;22(3):317-23.
  • 199
    Boden WE, Probstfield JL, Anderson T, Chaitman BR, Desvignes-Nickens P, Koprowicz K, et al; AIM-HIGH Investigators. Niacin in patients with low HDL cholesterol levels receiving intensive statin therapy. N Engl J Med. 2011;365(24)2255-67.
  • 200
    Effect of enalapril on mortality and the development of the heart failure in asymptomatic patients with reduced left ventricular ejection tractions. The SOLVD Investigators. N Engl J Med. 1992;327(10):685-91. Erratum in N Engl J Med. 1992;327(24):1768.
  • 201
    Pfeffer MA, Braunwald E, Moyé LA, Basta L, Brown EJ Jr, Cuddy TE, et al. Effect of captopril on mortality and morbidity in patients with left ventricular dysfunction after myocardial infarction. Results on the Survival and Ventricular Enlargement (SAVE) Trial. N Engl J Med. 1992;327(10):669-77.
  • 202
    Swedberg K, Held P, Kjekshes J, Rasmussen K, Rydén L, Wedel H. Effects of the early administration of enalapril on mortality in patients with acute myocardial infarction. Results of the Cooperative New Scandinavian Enalapril Survival Study II (CONSENSUS II). N Engl J Med. 1992;327(10):678-84.
  • 203
    Yusuf S, Sleight P, Pogue J, Bosch J, Davies R, Dagenais G. Effects of an angiotensin-converting-enzyme inhibitor, ramipril, on cardiovascular events in high-risk patients. The Heart Outcomes Prevention Evaluation Study Investigators. N Engl J Med. 2000;342(3):147-53. Erratum in N Engl J Med. 2000;342(10):748.
  • 204
    Fox KM. EURopean trial On reduction of cardiac events with Perindopril instable coronary Artery disease Investigators. Efficacy of perindopril in reduction of cardiovascular events among patients with stable coronary artery disease randomised, double-blind, placebo-controlled, multicentre trial (the EUROPA study). Lancet. 2003;362(9386):782-8.
  • 205
    Chen ZM, Jiang LX, Chen YP, Xie JX, Pan HC, Peto R, et al; COMMIT (ClOpidogrel and Metoprolol in Myocardial Infarction Trial) collaborative group. Addition of clopidogrel to aspirin in 45 852 patients with acute myocardial infarction: randomised placebo-controlled trial. Lancet. 2005;366(9497):1607-21.
  • 206
    Pepine CS, Cohn PF, Deedwania PC, Gibson RS, Handberg E, Hill JA, et al. Effects of treatment on outcome in mildly symptomatic patients with ischemia during daily life. The Atenolol Silent Ischemia Study (ASIST). Circulation. 1994;90(2):762-8.
  • 207
    Von Armin T. Prognostic significance of transient ischemic episodes: response to treatment shows prognosis. Results of the Total Ischemic Burden Bisoprolol Study. J Am Coll Cardiol. 1996;28(1):20-4.
  • 208
    Savonitto S, Ardissiono D, Egstrup K, Rasmussen K, Bae EA, Omland T, et al. Combination therapy with metoprolol and nifedipine versus monotherapy in patients with stable angina pectoris. Results of the International Multicenter Angina Exercise (IMAGE) Study. J Am Coll Cardiol. 1996;27(2):311-6.
  • 209
    Ress-Jones DI, Oliver IM. A comparison of the antianginal efficacy of nifedipine alone and the fixed combination of atenolol and nifedipine. Br J Clin Pract. 1994;48(4)174-7.
  • 210
    Stone PH, Gibson RS, Glasson SP, DeWood MA, Parker JD, Kawanishi DT, et al. Comparison of Propranolol, Diltiazem, and Nifedipine in the treatment of ambulatory ischemia in patients with stable angina. Diferencial effects on ambulatory ischaemia exercise performance and angina symptoms. The ASIS Study Group. Circulation. 1990;82(6):1962-72.
  • 211
    Davies RF, Habibi H, Klinke WP, Dessain P, Nadeau C, Phaneuf DC, et al. Effect of amlodipine, atenolol and their combination in myocardial ischemia during treadmill exercise and ambulatory monitoring. J Am Coll Cardiol. 1995;25(3):619-25.
  • 212
    Vincenzi M, Braito E, Cappelletti F, Caponnetto S, De Ponti C, Distante R, et al. [Verapamil in effort angina: a multi-centre study]. G Ital Cardiol. 1982;12(9):660-5.
  • 213
    Hopkinson ND, Hui KP, Smith MP, Hollinrake K. A comparison of sustained release verapamil versus atenolol for 24 h protection from exercise-induced angina pectoris. Eur Heart J. 1991;12(12):1273-7.
  • 214
    Findlay IN, MacLeod K, Gillen G, Elliott AT, Aitchison T, Dargie HJ. A double blind placebo controlled comparison of verapamil, atenolol, and their combination in patients with chronic stable angina pectoris. Br Heart J. 1987;57(4)336-43.
  • 215
    Weiner DA, McCabe CH, Cutler SS, Ryan TJ, Klein MD. The efficacy and safety of high-dose verapamil and diltiazem in the long-term treatment of stable exertional angina. Clin Cardiol. 1984;76(12)48-53.
  • 216
    Johnston DL, Lesoway R, Humen DP, Kostuk WJ. Clinical and hemodynamic evaluation of propranolol in combination with verapamil, nifedipine and diltiazem in exertional angina pectoris: a placebo-controlled, double-blind, randomized, crossover study. Am J Cardiol. 1985;55(6):680-7.
  • 217
    Johnson SM, Mauritson DR, Willerson JT, Hillis LD. A controlled trial of verapamil for Prinzmetal's variant angina. N Engl J Med. 1981;30(15):4862-6.
  • 218
    Turitto G, Pezzella A, Prati PL. [Diltiazem in spontaneous angina comparison with nifedipine and verapamil]. G Ital Cardiol. 1985;15(11):1079-84.
  • 219
    Strauss WE, Parisi AF. Superiority of combined diltiazem and propranolol therapy for angina pectoris. Circulation. 1985;71(5):951-7.
  • 220
    Henderson RA, O'Flynn N, Guideline Development Group. Management of stable angina summary of NICE guidance. Heart. 2012;98(6):500-7.
  • 221
    Thadani U, Fung HL, Darke AC, Parker JO. Oral isosorbide dinitrate in angina pectoris comparison of duration of action an dose-response relation during acute and sustained therapy. Am J Cardiol. 1982;49(2):411-9.
  • 222
    ISIS-4 a randomised factorial trial assessing early oral captopril, oral mononitrate, and intravenous magnesium sulphatein 58,050 patients with suspected acute myocardial infarction. ISIS-4 (Fourth International Study of Infarct Survival) Collaborative Group. Lancet. 1995;345(8951):669-85.
  • 223
    Six-month effects of early treatment with lisinopril and transdermal glyceryl trinitrate singly and together withdrawn six weeks after acute myocardial infarction: the GISSI-3 trial. Gruppo Italiano perlo Studio della Sopravvivenza nell'Infarto Miocardico. J Am Coll Cardiol. 1996;27(2):337-44.
  • 224
    Munzel T, Daiber A, Gori T. Nitrate therapy: new aspects concerning molecular action and tolerance. Circulation. 2011;123(9):2132-44.
  • 225
    Thomas GR, DiFabio JM, Gori T, Parker JD. Once daily therapy with isosorbide-5mononitrate causes endothelial dysfunction in humans evidence of a free-radical-mediated mechanism. J Am Coll Cardiol. 2007;49(12):1289-95.
  • 226
    Gori T, Burstein JM, Ahmed S, Miner SE, Al-Hesayen A, Kelly S, et al. Folic acid prevents nitroglycerin-induced nitric oxide synthase dysfunction and nitrate tolerance a human in vivo study. Circulation. 2001;104(10):1119-23.
  • 227
    Schnorbus B, Schiewe R, Ostad MA, Medler C, Wachtlin D, Wenzel P, et al. Effects of pentaerythritol tetranitrate on endothelial function in coronary artery disease results of the PENTA study. Clin Res Cardiol. 2010;99(2):115-24.
  • 228
    Schuhmacher S, Oelze M, Bollmann F, Kleinert H, Otto C, Heeren T, et al. Vascular dysfunction in experimental diabetes is improved by pentaerithrityltetranitrate but not isosorbide-5-mononitrate therapy. Diabetes. 2011;60(10):2608-16.
  • 229
    Thum T, Wiebking V, Ertl G, Bauersachs J. Organic nitrates differentially modulate circulating endothelial progenitor cells and endothelial function in patients with symptomatic coronary artery disease. Antioxid Redox Signal. 2012;15(4):925-31.
  • 230
    Dragoni S, Gori T, Lisi M, Di Stolfo G, Pautz A, Kleinert H, et al. Pentaerythrityl tetranitrate and nitroglycerin, but not isosorbide mononitrate, prevent endothelial dysfunction induced by ischemia and reperfusion. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2007;27(9):1955-9.
  • 231
    Kanamasa K, Hayashi T, Kimura A, Ikeda A, Ishikawa K. Long-term, continuous treatment with both oral and transdermal nitrates increases cardiac events in healed myocardial infarction patients. Angiology. 2002;53(4):399-408.
  • 232
    Kantor PF, Lucien A, Kozak R, Lapaschuk GD. The antianginal drug trimetazidine shifts cardiac energy metabolism from fatty acid oxidation to glucose oxidation by inhibiting mitochondrial long-chain A tiolase. Circ Res. 2000;86(5):580-8.
  • 233
    Mody FV, Singh BN, Mohiuddin IH, Coyle KB, Buxton DB, Hansen HW, et al. Trimetazidine-induced enhancement of myocardial glucose utilization in normal and ischemic myocardial tissue an evaluation bypositron emission tomography. Am J Cardiol. 1998;82(5A):42k-49k.
  • 234
    Kay L, Fenelli C, Aussedat J, Guarnieri C, Rossi A. Improvement of long-term preservation of the isolated arrested rat heart by trimetazidine effects on the energy state and mitochondrial function. Am J Cardiol. 1995;76(6):45B-49B.
  • 235
    Maridonneau-Parini I, Harpey C. Effects of trimetazidine on membrane damage induced by oxygen free radicals in human red cells. Br J Clin Pharmacol. 1985;20(2):148-51.
  • 236
    Detry JM, Sellier P, Pennaforte S, Cokkinos D, Dargie H, Mathes P. Trimetazidine: a new concept in the treatment of angina. Comparison with propranolol in patients with stable angina. Trimetazidine European Multicenter Study Group. Br J Clin Pharmacol. 1994;37(3)279-88.
  • 237
    Marzilli M, Klein WW. Efficacy and tolerability of trimetazidine in stable angina: a meta-analysis of randomized, double-blind, controlled trials. Coron Artery Dis. 2003;14(2):171-9.
  • 238
    Manchanda SC, Krishnaswami S. Combination treatment with trimetazidine and diltiazem in stable angina pectoris. Heart. 1997;78(4):353-7.
  • 239
    Lu C, Dabrowski P, Fragasso G, Chierchia SL. Effects of trimetazidine on ischemic left ventricular dysfunction in patients with coronary artery disease. Am J Cardiol. 1998;82(7):898-901.
  • 240
    Fragasso G, Rosano G, Baek SH, Sisakian H, Di Napoli P, Alberti L, et al. Effect of partial fatty acid oxidation inhibition with trimetazidine on mortality and morbidity in heart failure results from an international multicentre retrospective cohort study. Int J Cardiol. 2013;163(3)320-5.
  • 241
    Zhang L, Lu Y, Jiang H, Zhang L, Sun A, Zou Y, Ge J. Additional use of trimetazidine in patients with chronic heart failure a meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2012;59(10)913-22.
  • 242
    Kim JS, Kim CH, Chun KJ, Kim JH, Park YH, Kim J, et al. Effects of trimetazidine in patients with acute myocardial infarction data from the Korean Acute Myocardial Infarction Registry. Clin Res Cardiol. 2013;102(12):915-22.
  • 243
    Tsioufis K, Andrikopoulos G, Manolis A. Trimetazidine and Cardioprotection: facts and perspectives. Angiology. 2014 Apr 8. [Epub ahead of print].
  • 244
    Demirelli S, Karakelleoglu S, Gündogdu F, Tas MH, Kaya A, Duman H, et al. The Impact of trimetazidine treatment on left ventricular functions and plasma brain natriuretic peptide levels in patients with non-ST segment elevation myocardial infarction undergoing percutaneous coronary intervention. Korean Circ J. 2013;43(7):462-7.
  • 245
    Labrou A, Giannoglou G, Zioutas D, Fragakis N, Katsaris G, Louridas G. Trimetazidine administration minimizes myocardial damage and improves left ventricular function after percutaneous coronary intervention. Am J Cardiovasc Drugs. 2007;7(2):143-50.
  • 246
    Bonello L, Sbragia P, Amabile N, Com O, Pierre SV, Levy S, et al. Protective effect of an acute oral loading dose of trimetazidine on myocardial injury following percutaneous coronary intervention. Heart. 2007;93(6):703-7.
  • 247
    Martins GF, Siqueira Filho AG, Santos JB, Assunção CR, Bottino F, Carvalho KG, et al. Trimetazidine on ischemic injury and reperfusion in coronary artery bypass grafting. Arq Bras Cardiol. 2011;97(3):209-16.
  • 248
    Iskesen I, Kurdal AT, Eserdag M, Cerrahoglu M, Sirin BH. Trimetazidine may protect the myocardium during cardiac surgery. Heart Surg Forum. 2009;12(3):E175-9.
  • 249
    Iskesen I, Saribulbul O, Cerrahoglu M, Var A, Nazli Y, Sirin H. Trimetazidine reduces oxidative stress in cardiac surgery. Circ J. 2006;70(9):1169-73.
  • 250
    Tardif JC, Ford I, Tendera M, Bourassa MG, Fox K. Efficacy of ivabradine, a new selective I(f) inhibitor, compared with atenolol in patients with chronic stable angina. Eur Heart J. 2005;26(23):2529-36.
  • 251
    Tardif JC, Ponikowski P, Kahan T. Efficacy of the If current inhibitor ivabradine in patients with chronic stable angina receiving beta-blocker therapy a 4-month, randomized, placebo-controlled trial. Eur Heart J. 2009;30(5):540-8.
  • 252
    Fox K, Ford I, Steg PG, Tendera M, Ferrari R; BEAUTIFUL Investigators. Ivabradine for patients with stable coronary artery disease and left-ventricular systolic dysfunction (BEAUTIFUL) a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet. 2008;372(9641):807-16.
  • 253
    Noman A , Ang DS, Ogston S, Lang CC, Struthers AD. Effect of high-dose allopurinol on exercise in patients with chronic stable angina a randomised, placebo controlled crossover trial. Lancet. 2010;375(9732):2161-7.
  • 254
    Rajendra NS, Ireland S, George J, Belch JJ, Lang CC, Struthers AD. Mechanistic insights into the therapeutic use of high-dose allopurinol in angina pectoris. J Am Coll Cardiol. 2011;58(8):820-8.
  • 255
    Horinaka S. Use of nicorandilin cardiovascular disease and its optimization. Drugs. 2011;71(9):1105-19.
  • 256
    Kloner RA, Hines ME, Geunes-Boyer S. Efficacy and safety ofranolazine in patients with chronic stable angina. Postgrad Med. 2013;125(6):43-52.
  • 257
    Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes da cirurgia de revascularização miocárdica, valvopatias e doenças da aorta. Arq Bras Cardiol. 2004;82(supl. 5):1-21.
  • 258
    Coronary angioplasty versus coronary artery surgery: the randomized intervention treatment of angina (RITA) Trial. Lancet. 1993;341(8845):573-8.
  • 259
    Comparison of coronary bypass surgery with angioplasty in patients with multivessel disease. The Bypass Angioplasty Revascularization Investigation (BARI) Investigators. N Engl J Med. 1996;335:217-25. Erratum in N Engl J Med. 1997;336(2):147.
  • 260
    First-year results of CABRI (Coronary Angioplasty Versus Bypass Revascularization Investigation). CABRI Trial Participants. Lancet. 1995;346(8984):1179-84.
  • 261
    Varnauskas E. Twelve-year follow-up of survival in the randomized European Coronary Surgery Study. N Engl J Med. 1988;319(6):332-7.
  • 262
    Hueb WA, Bellotti G, de Oliveira AS, Arie S, de Albuquerque CP, Jatene AD, et al. The Medicine, Angioplastyor SurgeryStudy (MASS): a prospective, randomized trial of medical therapy, balloon angioplasty or baypass surgery for single proximal left anterior descending artery stenoses. J Am Coll Cardiol. 1995;26(7):1600-5.
  • 263
    Hueb W, Soares PR, Gersh BJ, César LA, Luz PL, Puig LB, et al. The medicine, angioplasty, or surgery study (MASS-II): a randomized, controlled clinical trial of three therapeutic strategies for multivessel coronary artery disease: one-year results. J Am Coll Cardiol. 2004;43(10):1743-51.
  • 264
    Favarato D, Hueb W, Gersh BJ, Soares PR, Cesar LA, da Luz PL, et al; First Year Follow-Up of MASS II Study. Relative cost comparison of treatments for coronary artery disease: the First Year Follow-Up of MASS II Study. Circulation. 2003;108Suppl 1:II21-3.
  • 265
    Hueb W, Lopes N, Gersh BJ,Soares PR, Ribeiro EE, Pereira AC, et al. Ten-year follow-up survivalof the Medicine, Angioplasty, or Surgery Study (MASS II): a randomized controlled clinical trial of 3 therapeutic strategies for multivessel coronary artery disease. Circulation. 2010;122(10):949-57.
  • 266
    Serryus PW, Morice MC, Kappe tein P, Colombo A,Holmes DR, Mack MJ,et al;SYNTAX Investigators. Percutaneous coronary intervention versus coronary-artery bypass grafting for severe coronary artery disease. TRIAL. N Engl J Med. 2009;360(10):961-72. Erratum in N Engl J Med. 2013;368(6):584.
  • 267
    Farkouh ME, Domanski M, Sleeper LA, Siami FS, Dangas G, Mack M,et al; FREEDOM Trial Investigators. Strategies for multivessel revascularization in patients with diabetes. N Engl J Med. 2012;367(25):2375-84.
  • 268
    Kaiser GC, Davis KB, Fisher LD, Myers WO, Foster ED, Passamani ER, et al. Survival following coronary artery bypass grafting in patients with severe angina pectoris (CASS): an observational study. J Thorac Cardiovasc Surg. 1985;89(4):513-24.
  • 269
    Myers WO, Gersh BJ, Fisher LD, Mock MB, Holmes DR, Schaff HV, et al. Medical versus early surgical therapy in patients with triple-vessel disease and mild angina pectoris: a CASS registry study of survival. Ann Thorac Surg. 1987;44(5):471-86.
  • 270
    Yusuf S, Zucker D, Chalmers TC. Ten-year results of the randomized control trials of coronary artery bypass graft surgery: tabular data compiled by the collaborative effort of the original trial investigators. Part 2 of 2. Online J Curr Clin Trials. 1994;Doc. no. 144.
  • 271
    Mirhoseini M, Shelgikar S, Cayton MM. Transmyocardial laser revascularization: a review. J Clin Laser Med Surg. 1993;11(1):15-9.
  • 272
    Galantier M, Moreira GB, Bub RF, Galantier J, Buffolo E, Carvalho AC, et al. Revascularização transmiocárdica a laser. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1996;11(2):67-74.
  • 273
    Gassler N, Wintzer HO, Stubbe HM, Wullbrand A, Helmchen U. Transmyocardial laser revascularization: histological features inhuman nonresponder myocardium. Circulation. 1997;95(2):371-5.
  • 274
    Saririan M, Eisenberg MJ, Myocardial laser revascularization for the treatment of end-stage coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2003;41(2):173-83.
  • 275
    Lee LY, O'Hara MF, Finnin EB, Hachamovitch R, Szulc M, Kligfield PD,et al. Transmyocardial laser revascularization with excimer laser: clinical results at 1 year. Ann Thorac Surg. 2000;70(2):498-503.
  • 276
    Allen KB, Dowling RD, Fudge TL, Schoettle GP, Selinger SL, Gangahar DM, et al. Comparison of transmyocardial revascularization with medical therapy in patients with refractory angina. N Engl J Med. 1999;341(14):1029-36.
  • 277
    Frazier OH, March RJ, Horvath KA. Transmyocardial revascularization with acarbon dioxide laser in patients with end-stage coronary artery disease. N Engl J Med. 1999;341(14):1021-8.
  • 278
    Burkhoff D, Schmidt S, Schulman SP, Myers J, Resar J, Becker LC, et al. Transmyocardial laser revascularization compared with continued medical therapy for treatment of refractory angina pectoris: a prospective randomized trial. ATLANTIC investigators: Angina Treatments-Lasers and Normal Therapies in Comparison. Lancet. 1999;354(9182):885-90.
  • 279
    Schofield PM, Sharples LD, Caine N, Burns S, Tait S, Wistow T, et al. Transmyocardial laser revascularization in patients with refractory angina: a randomized controlled trial. Lancet. 1999;353(9152):519-24. Erratum in: Lancet. 1999;353(9165):1714.
  • 280
    Aaberge L, Nordstrand K, Dragsund M, Saatvedt K, Endresen K, Golf S, et al. Transmyocardial revascularization with CO2 laser in patients with refractory angina pectoris: clinical results from the Norwegian randomized trial. J Am Coll Cardiol. 2000;35(5):1170-7.
  • 281
    Jones JW, Schmidt SE, Richman BW, Miller CC 3rd, Sapire KJ, Burkhoff D, et al. Holmium: YAG laser transmyocardial revascularization relieves angina and improves functional status. Ann Thorac Surg. 1999;67(6):1596-602.
  • 282
    Briones E, Lacalle JR, Marin I. Transmyocardial laser revascularization versus medical therapy for refractory angina. Cochrane Database Syst Rev. 2009 Jan 21;(1):CD003712.
  • 283
    Schofield PM, McNab D; National Institute for Health and Clinical. NICE evaluation of transmyocardial laser revascularisation and percutaneous laser revascularisation for refractory angina. Heart. 2010;96(4):312-3.
  • 284
    Allen KB, Dowling RD, Schuch DR, Pfeffer TA, Marra S, Lefrak EA, et al. Adjunctive transmyocardial revascularization: five-year follow-up of a prospective, randomized trial. Ann Thorac Surg. 2004;78(2):458-65.
  • 285
    Kim CB, Kesten R, Javier M, Hayase M, Walton AS, Billingham ME, et al. Percutaneous method of laser transmyocardial revascularization. Cathet Cardiovasc Diagn. 1997;40(2):223-8.
  • 286
    Oesterle SN. Laser percutaneous myocardial revascularization. Am J Cardiol. 1999;83:46-52.
  • 287
    Lauer B, Junghans U, Stahl F, Kluge R, Oesterle SN, Schuler G. Catheter-based percutaneous myocardial laser revascularization in patients with end-stage coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1999;34(6):1663-70.
  • 288
    McGillion M, Cook A, Victor JC, Carroll S, Weston J, Teoh K, et al. Effectiveness of percutaneous laserrevascularization therapy for refractory angina. Vasc Health Risk Manag. 2010;6:735-47.
  • 289
    Stone GW, Teirstein PS, Rubenstein R, Schmidt D, Whitlow PL, Kosinski EJ, et al. A prospective, multicenter, randomized trial of percutaneous transmyocardial laser revascularization in patients with nonrecanalizable chronic total occlusions. J Am Coll Cardiol. 2002;39(10):1581-7.
  • 290
    Leon MB, Kornowski R, Downey E, Weisz G, Baim DS, Bonow RO, et al. A blinded-randomized, placebo-controlled trial of percutaneous laser myocardial revascularization to improve angina symptoms in patients with severe coronary disease. J Am Coll Cardiol. 2005;46(10):1812-9.
  • 291
    Lincoff AM, Bittl JA, Harrington RA, Feit F, Kleiman NS, Jackman JD, et al; REPLACE-2 Investigators. Bivalirudin and provisional glycoprotein IIb/IIIa blockade compared with heparin and planned glycoprotein IIb/IIIa blockade during percutaneous coronary intervention: REPLACE-2 randomized trial. JAMA. 2003;289(7):853-63. Erratum in JAMA. 2003;289(13):1638.
  • 292
    Montalescot G, White HD, Gallo R, Cohen M, Steg PG, Aylward PE, et al; STEEPLE Investigators. Enoxaparin versus unfractionated heparin in elective percutaneous coronary intervention. NEngl J Med. 2006;355(10):1006-17.
  • 293
    Singh M, Gersh BJ, Lennon RJ, Ting HH, Holmes DR Jr, Doyle BJ,et al. Outcomes of a system-wide protocol for elective and nonelective coronary angioplasty at sites without on-site surgery: the Mayo Clinic experience. Mayo Clin Proc. 2009;84(6):501-8.
  • 294
    Boden WE, O'Rourke RA, Teo KK, Hartigan PM, Maron DJ, Kostuk WJ, et al; COURAGE Trial Research Group. Optimal medical therapy with or without PCI for stable coronary disease. NEngl J Med. 2007;356(15):1503-16.
  • 295
    Weintraub WS, Spertus JA, Kolm P, Maron DJ, Zhang Z, Jurkovitz C, et al; COURAGE Trial Research Group. Effect of PCI on quality of life in patients with stable coronary disease. NEngl J Med. 2008;359(7):677-87.
  • 296
    Wijeysundera HC, Nallamothu BK, Krumholz HM, Tu JV, Ko DT. Meta-analysis: effects of percutaneous coronary intervention versus medical therapy on angina relief. Ann Intern Med. 2010;152(6):370-9.
  • 297
    Trikalinos TA, Siebert U, Lau J. Decision-analytic modeling to evaluate benefits and harms of medical tests: uses and limitations. Med Decis Making. 2009;29(5):E22-9.
  • 298
    Cecil WT, Kasteridis P, Barnes JW Jr, Mathis RS, Patric K, Martin S. A meta-analysis update: percutaneous coronary interventions. Am J Manag Care. 2008;14(8):521-8.
  • 299
    Katritsis DG, Ioannidis JP. Percutaneous coronary intervention versus conservative therapy in nonacute coronary artery disease: a meta-analysis. Circulation. 2005;111(22):2906-12.
  • 300
    Hambrecht R, Walther C, Mobius-Winkler S, Gielen S, Linke A, Conradi K, et al. Percutaneous coronary angioplasty compared with exercise training in patients with stable coronary artery disease: a randomized trial. Circulation. 2004;109(11):1371-8.
  • 301
    Pitt B, Waters D, Brown WV, van Boven AJ, Schwartz L, Title LM, et al. Aggressive lipid-lowering therapy compared with angioplasty in stable coronary artery disease. Atorvastatin versus Revascularization Treatment Investigators. N Engl J Med. 1999;341(2):70-6.
  • 302
    Bonow RO, Maurer G, Lee KL, Holly TA, Binkley PF, Desvigne-Nickens P, et al; STICH Trial Investigators. Myocardial viability and survival in ischemic left ventricular dysfunction. N Engl J Med. 2011;364(17):1617-25.
  • 303
    Velazquez EJ, Lee KL, Deja MA, Jain A, Sopko G, Marchenko A, et al; STICH Investigators. Coronary-artery bypass surgery in patients with left ventricular dysfunction. N Engl J Med. 2011;364(17):1607-16.
  • 304
    Jones RH, Kesler K, Phillips HR 3rd, Mark DB, Smith PK, Nelson CL, et al. Long-term survival benefits of coronary artery bypass grafting and percutaneous transluminal angioplasty in patients with coronary artery disease. J Thorac Cardiovasc Surg. 1996;111(5):1013-25.
  • 305
    Yusuf S, Zucker D, Peduzzi P, Fisher LD, Takaro T, Kennedy JW, et al. Effect of coronary artery bypass graft surgery on survival: overview of 10-year results from randomised trials by the Coronary Artery Bypass Graft Surgery Trialists Collaboration. Lancet. 1994;344(8922):563-70. Erratum in Lancet 1994;344(8934):1446.
  • 306
    Goy JJ, Eeckhout E, Burnand B, Vogt P, Stauffer JC, Hurni M, et al. Coronary angioplasty versus left internal mammary artery grafting for isolated proximal left anterior descending artery stenosis. Lancet. 1994;343(8911):1449-53.
  • 307
    Cisowski M, Drzewiecka-Gerber A, Ulczok R, Abu Samra R, Drzewiecki J, Guzy M, et al. Primary direct stenting versus endoscopic atraumatic coronary artery bypass surgery in patients with proximal stenosis of the left anterior descending coronary artery--a prospective, randomised study. Kardiol Pol. 2004;61(9):253-61.
  • 308
    Diegeler A, Thiele H, Falk V, Hambrecht R, Spyrantis N, Sick P, et al. Comparison of stenting with minimally invasive bypass surgery for stenosis of the left anterior descending coronary artery. N Engl J Med. 2002;347(8):561-6.
  • 309
    Drenth DJ, Veeger NJ, Middel B, Zijlstra F, Boonstra PW. Comparison of late (four years) functional health status between percutaneous transluminal angioplasty intervention and off-pump left internal mammary artery bypass grafting for isolated high-grade narrowing of the proximal left anterior descending coronary artery. Am J Cardiol. 2004;94(11):1414-7.
  • 310
    Hong SJ, Lim DS, Seo HS, Kim YH, Shim WJ, Park CG, et al. Percutaneous coronary intervention with drug-eluting stent implantation vs. minimally invasive direct coronary artery bypass (MIDCAB) in patients with left anterior descending coronary artery stenosis. Catheter Cardiovasc Interv. 2005;64(1):75-81.
  • 311
    Ben-Gal Y, Mohr R, Braunstein R, Finkelstein A, Hansson N, Hendler A, et al. Revascularization of left anterior descending artery with drug-eluting stents: comparison with minimally invasive direct coronary artery bypass surgery. Ann Thorac Surg. 2006;82(6):2067-71.
  • 312
    Goy JJ, Kaufmann U, Hurni M, Cook S, Versaci F, Ruchat P, et al; SIMA Investigators. 10-year follow-up of a prospective randomized trial comparing bare-metal stenting with internal mammary artery grafting for proximal, isolated de novo left anterior coronary artery stenosis the SIMA (Stenting versus Internal Mammary Artery grafting) trial. JAmCollCardiol. 2008;52(10):815-7.
  • 313
    Aziz O, Rao C, Panesar SS, Jones C, Morris S, Darzi A, et al. Meta-analysis of minimally invasive internal thoracic artery bypass versus percutaneous revascularisation for isolated lesions of the left anterior descending artery. BMJ. 2007;334(7594):617.
  • 314
    Dzavik V, Ghali WA, Norris C, Mitchell LB, Koshal A, Saunders LD, et al; Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease (APPROACH) Investigators. Long-term survival in 11,661 patients with multivessel coronary artery disease in the era of stenting: a report from the Alberta Provincial Project for Outcome Assessment in Coronary Heart Disease (APPROACH) Investigators. Am Heart J. 2001;142(1):119-26.
  • 315
    Smith PK, Califf RM, Tuttle RH, Shaw LK, Lee KL, Delong ER, et al. Selection of surgical or percutaneous coronary intervention provides differential longevity benefit. Ann Thorac Surg. 2006;82(4):1420-8.
  • 316
    Shaw LJ, Berman DS, Maron DJ, Mancini GB, Hayes SW, Hartigan PM, et al; COURAGE Investigators. Optimal medical therapy with or without percutaneous coronary intervention to reduce ischemic burden: results from the Clinical Outcomes Utilizing Revascularization and Aggressive Drug Evaluation (COURAGE) trial nuclear substudy. Circulation. 2008;117(10):1283-91.
  • 317
    Hachamovitch R, Hayes SW, Friedman JD, Cohen I, Berman DS. Comparison of the short-term survival benefit associated with revascularization compared with medical therapy in patients with no prior coronary artery disease undergoing stress myocardial perfusion single photon emission computed tomography. Circulation. 2003;107(23):2900-7.
  • 318
    Di Carli MF, Maddahi J, Rokhsar S, Schelbert HR, Bianco-Batlles D, Brunken RC, et al. Long-term survival of patients with coronary artery disease and left ventricular dysfunction: implications for the role of myocardial viability assessment in management decisions. J Thorac Cardiovasc Surg. 1998;116(6):997-1004.
  • 319
    Sawada S, Bapat A, Vaz D, Weksler J, Fineberg N, Greene A, et al. Incremental value of myocardial viability for prediction of long-term prognosis in surgically revascularized patients with left ventricular dysfunction. J Am Coll Cardiol. 2003;42(12):2099-105.
  • 320
    Benzer W, Hofer S, Oldridge NB. Health-related quality of life in patients with coronary artery disease after different treatments for angina in routine clinical practice. Herz. 2003;28(5):421-8.
  • 321
    Pocock SJ, Henderson RA, Clayton T, Lyman GH, Chamberlain DA. Quality of life after coronary angioplasty or continued medical treatment for angina: three-year follow-up in the RITA-2 trial. Randomized Intervention Treatment of Angina. J Am Coll Cardiol. 2000;35(4):907-14.
  • 322
    Tonino PA, De Bruyne B, Pijls NH, Sievert U, Ikeno F, Van t Veer M,et al; FAME Study Investigators. Fractional flow reserve versus angiography for guiding percutaneous coronary intervention. N Eng J Med. 2009;360(3):213-24.
  • 323
    Winjs W, Kolh P, Danchin N, Di Mario C, Falk V, Folliguet T, et al; Task Force on Myocardial Revascularization of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Association for Cardio-Thoracic Surgery (EACTS); European Association for Percutaneous Cardiovascular Interventions (EAPCI). Guidelines on myocardial revascularization. Eur Heart J. 2010;31(20):2501-55.
  • 324
    Pijils NH, Fearon WF, Toninno PA, Sievert U, Ikeno F, Bornschein B, et al; FAME Study Investigators. Fractional flow reserve versus angiography for guiding percutaneous coronary intervention in patients with multivessel coronary artery disease: 2-year follow-up of the FAME (Fractional Flow Reserve Versus Angiography for Multivessel Evaluation) study. J Am Coll Cardiol. 2010;56(3):177-84.
  • 325
    De Bruyne B, Pijls NH, Kalesan B, Barbato E, Tonino PA, Piroth Z, et al; FAME 2 Trial Investigators. Fractional flow reserve-guided PCI versus medical therapy in stable coronary disease. N Eng J Med. 2012;367(11):991-1001. Erratum in N Engl J Med. 2012;367(18):176.
  • 326
    Jasti V, Ivan E, Yalamanchili V, Wongprapanut N, Leesar MA. Correlations between fractional flow reserve and intravascular ultrasound in patients with anambiguous left main coronary artery stenosis. Circulation. 2004;110(18):2831-6.
  • 327
    Barlis P, Schmitt JM. Current and future developments in intracoronary optical coherence tomography imaging. Eurointervention. 2009;4(4):529-33.
  • 328
    2013 ESC guidelines on the management of stable coronary artery disease. The Task Force on the management of stable coronary artery disease of the European Society of Cardiology. Rev Esp Cardiol (Engl Ed). 2014;67(2):135.
  • 329
    Patel MR, Dehmer GJ, Hirshfeld JW, Smith PK, Spertus JA. ACCF/SCAI/STS/AATS/AHA/ASNC/HFSA/SCCT 2012 Appropriate use criteria for coronary revascularization focused update: a report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society of Thoracic Surgeons, American Association for Thoracic Surgery, American Heart Association, American Society of Nuclear Cardiology, and the Society of Cardiovascular Computed Tomography. J Am Coll Cardiol. 2012;59(9):857-81. Erratum in: J Am Coll Cardiol. 2012;59(14):1336.
  • 330
    Hillis LD, Smith PK, Anderson JL, Bittl JA, Bridges CR, Byrne JG, et al; American College of Cardiology Foundation; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; American Association for Thoracic Surgery; Society of Cardiovascular Anesthesiologists; Society of Thoracic Surgeons. 2011 ACCF/AHA Guideline for Coronary Artery Bypass Graft Surgery. A report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Developed in collaboration with the American Association for Thoracic Surgery, Society of Cardiovascular Anesthesiologists, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2011;58(24):e123-210.
  • 331
    Levine GN, Bates ER, Blankenship JC, Bailey SR, Bittl JA, Cercek B, et al. 2011 ACCF/AHA/SCAI guideline for percutaneous coronary intervention: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines and the Society for Cardiovascular Angiography and Interventions. Catheter Cardiovasc Interv. 2013;82(4):E266-355.
  • 332
    Folland ED, Hartigan PM, Parisi AF. Percutaneous trasluminal coronary angioplasty versus medical therapy for stable angina pectoris: outcome for patients with double-vessel versus single-vessel coronary artery disease in a Veterans Affair Cooperative randomized trial. Veterans Affair ACME Investigators. J Am Coll Cardiol. 1997;29(7):1505-11.
  • 333
    Coronary angioplasty versus medical therapy for angina: the second Randomised Intervention Treatment of Angina (RITA-2) trial. RITA-2 trial participants. Lancet. 1997;350(9076):461-8.
  • 334
    Yusuf S, Zucker D, Peduzzi P, Fisher LD, Takaro T, Kennedy JW,et al. Effect of coronary artery bypass graft surgery on survival: overview of 10-year results from randomised trials by the Coronary Artery Bypass Graft Surgery Trialists Collaboration. Lancet. 1994;344(8922):563-70.
  • 335
    Frye RL, August P, Brooks MM, Hardison RM, Kelsey SF, MacGregor JM, et al; BARI 2D Study Group. A randomized trial of therapies for tipe 2 diabetes and coronary artery disease. The BARI 2 study group. N Eng J Med. 2009;360(24):2503-15.
  • 336
    Dagenais GR, Lu J, Faxon DP, Kent K, Lago RM, Lezama C, et al; Bypass Angioplasty Revascularization Investigation 2 Diabetes (BARI 2D) Study Group. Effects of optimal medical treatment whit or without coronary revascularization on angina and subsequent revascularizations in patients with type 2 diabetes mellitus and stable ischemic heart disease. Circulation. 2011;123(14):1492-500.
  • 337
    Nishigaki K, Yamazaki T, Kitabatake A, Yamaguchi T, Kanmatsuse K, Kodama I, et al; Japanese Stable Angina Pectoris Study Investigators. Percutaneous coronary intervention plus medical therapy reduces the incidence of acute coronary syndrome more effectively than initial medical therapy only among patients with low-risk coronary artery disease a randomized, comparative, multicenter study. JACC Cardiovasc Interv. 2008;1(5):469-79.
  • 338
    Pfisterer M; Trial of Invasive versus Medical therapy in Elderly patients Investigators. Long-term outcome in elderly patients with chronic angina managed invasively versus by optimized medical therapy: four-year follow-up of the randomized Trial of Invasive versus Medical therapy in Elderly patients (TIME). Circulation. 2004;110(10):1213-8.
  • 339
    Serruys PW, Ong AT, van Herwerden LA, Sousa JE, Jatene A, Bonnier JJ, et al. Five-year outcomes after coronary stenting versus bypass surgery for the treatment of multivessel disease: the final analysis of the Arterial Revascularization Therapies Study (ARTS) randomized trial. J Am Coll Cardiol. 2005;46(4):575-81.
  • 340
    Hlatky MA, Boothroyd DB, Bravata DM, Boersma E, Booth J, Brooks MM, et al. Coronary artery bypass surgery compared with percutaneous coronary interventions for multivessel disease: a collaborative analysis of individual patient data from ten randomised trials. Lancet. 2009;373(9670):1190-7.
  • 341
    Smith PK, Califf RM, Tuttle RH, Shaw LK, Lee KL, Delong ER, et al. Selection of surgical or percutaneous coronary intervention provides differential longevity benefit. Ann Thorac Surg. 2006;82(4):1420-8.
  • 342
    Schomig A, Mehilli J, de Waha A, Seyfarth M, Pache J, Kastrati A. A meta-analysis of 17 randomized trials of a percutaneous coronary intervention-based strategy in patients with stable coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2008;52(11):894-904.
  • 343
    SoS Investigators. Coronary artery-bypass surgery versus percutaneous coronary intervention with stent implantation in patients with multivessel coronary artery disease (the Stent or Surgery trial): a randomised controlled trial. Lancet. 2002;360(9338):965-70.
  • 344
    Serruys PW, Unger F, Sousa JE, Jatene A, Bonnier HJ, Schönberger JP, et al; Arterial Revascularization Therapies Study Group. Comparison of coronary artery bypass surgery and stenting for the treatment of multivessel disease. N Engl J Med. 2001;344(15):1117-24.
  • 345
    Berger PB, Velianou JL, Aslanidou Vlachos H, Feit F, Jacobs AK, Faxon DP, et al; BARI Investigators. Survival following coronary angioplasty versus coronary artery bypass surgery in anatomic subsets in which coronary artery bypass surgery improves survival compared with medical therapy. Results from the Bypass Angioplasty Revascularization Investigation (BARI). J Am Coll Cardiol. 2001;38(5):1440-9.
  • 346
    Hannan EL, Racz MJ, Walford G, Jones RH, Ryan TJ, Bennett E, et al. Long-term outcomes of coronary-artery bypass grafting versus stent implantation. N Eng J Med. 2005;352(21):2174-83.
  • 347
    Malenka DJ, Leavitt BJ, Hearne MJ, Robb JF, Baribeau YR, Ryan TJ, et al; Northern New England Cardiovascular Disease Study Group. Comparing long-term survival of patients with multivessel coronary disease after CABG or PCI: analysis of BARI-like patients in northern New England. Circulation. 2005;112(9 Suppl):I371-6.
  • 348
    Wu C, Zhao S, Wechsler AS, Lahey S, Walford G, Culliford AT, et al. Long-term mortality of coronary artery bypass grafting and bare-metal stenting. Ann Thorac Surg. 2011;92(6):2132-8.
  • 349
    Weintraub WS, Grau-Sepulveda MV,Weiss JM, O'Brien SM, Peterson ED, Kolm P, et al. Comparative effectiveness of revascularization strategies. N Engl J Med. 2012;366(16):1467-76.
  • 350
    Favarato ME, Hueb W, Boden WE, Lopes N, Nogueira CR, Takiuti M, et al. Quality of life in patients with symptomatic multivessel coronary artery disease: a comparative post hoc analyses of medical, angioplasty or surgical strategies-MASS II trial. Int J Cardiol. 2007;116(3):364-70.
  • 351
    Grines CL, Bonow RO, Casey DE Jr, Gardner TJ, Lockhart PB, Moliterno DJ, et al; American Heart Association; American College of Cardiology; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; American College of Surgeons; American Dental Association; American College of Physicians. Prevention of premature discontinuation of dual antiplatelet therapy in patients with coronary artery stents: a science advisory from the American Heart Association, American College of Cardiology, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, American College of Surgeons, and American Dental Association, with representation from the American College of Physicians. Circulation. 2007;115(6):813-8.
  • 352
    Chan PS, Patel MR, Klein LW, Krone RJ, Dehmer GJ, Kennedy K, et al. Appropriateness of percutaneous coronary intervention. JAMA. 2011;306(1):53-61.
  • 353
    Ko DT, Guo H, Wijeysundera HC, Natarajan MK, Nagpal AD, Feindel CM, et al; Cardiac Care Network (CCN) of Ontario Variations in Revascularization Practice in Ontario (VRPO) Working Group. Assessing the association of appropriateness of coronary revascularization and clinical outcomes for patients with stable coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2012;60(19):1876-84.
  • 354
    Gruntzig AR, Senning A, Siegenthaler WE. Nonoperative dilatation of coronary-artery stenosis: percutaneous transluminal coronary angioplasty. N Engl J Med. 1979;301(2):61-8.
  • 355
    Serruys PW, Onuma Y, Garg S, Vranckx P, De Bruyne B, Morice MC, et al; ARTS II Investigators. 5-year clinical outcomes of the ARTS II (Arterial Revascularization Therapies Study II) of the Sirolimus-eluting stent in the treatment of patients with multivessel de novo coronary artery lesions. J Am Coll Cardiol. 2010;55(11):1093-101.
  • 356
    Rodriguez AE, Grinfeld L, Fernandez-Pereira C, Mieres J, Rodriguez Alemparte M, Berrocal D, et al. Revascularization strategies of coronary multiple vessel disease in the Drug Eluting Stent Era: one year follow-up results of the ERACI III Trial. EuroIntervention. 2006;2(1):53-60.
  • 357
    Park DW, Seung KB, Kim YH, Lee JY, Kim WJ, Kang SJ, et al. Long-term safety and efficacy of stenting versus coronary artery bypass grafting for unprotected left main coronary artery disease: 5-year results from the MAIN-COMPARE (Revascularization for Unprotected Left Main Coronary Artery Stenosis: Comparison of Percutaneous Coronary Angioplasty Versus Surgical Revascularization) registry. J Am Coll Cardiol. 2010;56(2):117-24.
  • 358
    Moshkovitz Y, Mohr R, Medalion B, Hyam E, Herz I, Deitch I, et al. Drug-eluting stents compared with bilateral internal thoracic artery grafts for diabetic patients. Ann Thorac Surg. 2012;94(5):1455-62.
  • 359
    Wu X, Chen Y, Liu H, Teirstein PS, Kirtane AJ, Ge C, et al. Comparison of long-term (4-year) outcomes of patients with unprotected left main coronary artery narrowing treated with drug-eluting stents versus coronary-artery bypass grafting. Am J Cardiol. 2010;105(12):172834.
  • 360
    Serruys PW, Morice MC, Kappetein AP, Colombo A, Holmes DR, Mack MJ, et al; SYNTAX Investigators. Percutaneous coronary intervention versus coronary-artery bypass grafting for severe coronary artery disease. N Engl J Med. 2009;360(10):961-72. Erratum in: N Engl J Med. 2013;368(6):584.
  • 361
    Morice MC, Serruys PW, Kappetein AP, Feldman TE, Ståhle E, Colombo A, et al. Outcomes in patients with de novo left main disease treated with either percutaneous coronary intervention using paclitaxel-eluting stents or coronary artery bypass graft treatment in the Synergy between Percutaneous Coronary Intervention with TAXUS and Cardiac Surgery (SYNTAX) trial. Circulation. 2010;121(24):2645-53.
  • 362
    Mohr FW, Morice MC, Kappetein AP, Feldman TE, Stahle E, Colombo A, et al. Coronary artery bypass graft surgery versus percutaneous coronary intervention in patients with three-vessel disease and left main coronary disease: 5-year follow-up of the randomised, clinical SYNTAX trial. Lancet. 2013;381(9867):629-38.
  • 363
    Kappetein AP, Feldman TE, Mack MJ, Morice MC, Holmes DR, Ståhle E, et al. Comparison of coronary bypass surgery with drug-eluting stenting for the treatment of left main and/or three-vessel disease: 3-year follow-up of the SYNTAX trial. Eur Heart J. 2011;32(17):2125-34.
  • 364
    Teirstein PS, Price MJ. Left main percutaneous coronary intervention. J Am Coll Cardiol. 2012;60(17):1605-13.
  • 365
    de la Torre Hernandez JM, Hernandez Hernandez F, Alfonso F, Rumoroso JR, Lopez-Palop R, Sadaba M, et al; LITRO Study Group (Spanish Working Group on Interventional Cardiology). Prospective application of pre-defined intravascular ultrasound criteria for assessment of intermediate left main coronary artery lesions results from the multicenter LITRO study. JAmCollCardiol. 2011;58(4):351-8.
  • 366
    Kang SJ, Lee JY, Ahn JM, Song HG, Kim WJ, Park DW, et al. Intravascular ultrasound-derived predictors for fractional flow reserve in intermediate left main disease. JACC Cardiovasc Interv. 2011;4(11):1168-74.
  • 367
    Park SJ, Kim YH, Park DW, Lee SW, Kim WJ, Suh J, et al; MAIN-COMPARE Investigators. Impact of intravascular ultrasound guidance on long-term mortality in stenting for unprotected left main coronary artery stenosis. Circ Cardiovasc Interv. 2009;2(3):167-77.
  • 368
    Buszman PE, Buszman PP, Kiesz RS, Bochenek A, Trela B, Konkolewska M, et al. Early and long-term results of unprotected left main coronary artery stenting: the LE MANS (Left Main Coronary Artery Stenting) registry. J Am Coll Cardiol. 2009;54(16):1500-11.
  • 369
    Pandya SB, Kim YH, Meyers SN, Davidson CJ, Flaherty JD, Park DW, et al. Drug-eluting versus bare-metal stents in unprotected left main coronary artery stenosis a meta-analysis. JACC Cardiovasc Interv. 2010;3(6):602-11.
  • 370
    Mohr FW, Morice MC, Kappetein AP, Feldman TE, Stahle E, Colombo A, et al. Coronary artery bypass graft surgery versus percutaneous coronary intervention in patients with three-vessel disease and left main coronary disease: 5-year follow-up of the randomised, clinical SYNTAX trial. Lancet. 2013;381(9867):629-38.
  • 371
    Capodanno D, Di Salvo ME, Tamburino C. Impact of right coronary artery disease on mortality in patients undergoing percutaneous coronary intervention of unprotected left main coronary artery disease. EuroIntervention. 2010;6(4):454-60.
  • 372
    Takagi K, Ielasi A, Chieffo A, Basavarajaiah S, Latib A, Montorfano M, et al. Impact of residual chronic total occlusion of right coronary artery on the long-term outcome in patients treated for unprotected left main disease: the Milan and New-Tokyo registry. Circ Cardiovasc Interv. 2013;6(2):154-60.
  • 373
    Park SJ, Kim YH, Park DW, Yun SC, Ahn JM, Song HG, et al. Randomized trial of stents versus bypass surgery for left main coronary artery disease. N Engl J Med. 2011;364(18):1718-27.
  • 374
    Farooq V, van Klaveren D, Steyerberg EW, Meliga E, Vergouwe Y, Chieffo A, et al. Anatomical and clinical characteristics to guide decision making between coronary artery bypass surgery and percutaneous coronary intervention for individual patients: development and validation of SYNTAX score II. Lancet. 2013;381(9867):639-50.
  • 375
    Anderson WF. Human gene therapy. Nature. 1998;392(6679 Suppl):25-30.
  • 376
    Morishita R. Perspective in progress of cardiovascular gene therapy. J Pharmacol Sci. 2004;95(1):1-8.
  • 377
    Baker AH. Designing gene delivery vectors for cardiovascular gene therapy. Prog Biophys Mol Biol. 2004;84(2-3):279-99.
  • 378
    National Institutes of Health (NHI). 2013. Human gene transfer protocols. [Accessed on 2013 Oct 29]. Available from: http://oba.ord.nih.gob/oba/rac/protocol.pdf
    » http://oba.ord.nih.gob/oba/rac/protocol.pdf
  • 379
    Hockel M, Schlenger K, Doctrow S, Kissel T, Vaupel P. Therapeutic angiogenesis. Arch Surg. 1993;128(4):423-9.
  • 380
    Losordo DW, Vale PR, Symes JF, Dunnington CH, Esakof DD, Maysky M, et al. Gene therapy for myocardial angiogenesis: initial clinical results with direct myocardial injection of phVEGF165 as sole therapy for myocardial ischemia. Circulation. 1998;98(25):2800-4.
  • 381
    Symes JF, Losordo DW, Vale PR, Lathi KG, Esakof DD, Mayskiy M, et al. Gene therapy with vascular endothelial growth factor for inoperable coronary artery disease. Ann Thorac Surg. 1999;68(3):830-6.
  • 382
    Rosengart TK, Lee LY, Patel SR, Kligfield PD, Okin PM, Hackett NR, et al. Six-month assessment of a phase I trial of angiogenic gene therapy for the treatment of coronary artery disease using direct intramyocardial administration of an adenovirus vector expressing the VEGF121 cDNA. Ann Surg. 1999;230(4):466-70.
  • 383
    Grines CL, Watkins MW, Helmer G, Penny W,Brinker J,Marmur JD, et al. Angiogenic Gene Therapy (AGENT) trial in patients with stable angina pectoris. Circulation. 2002;105(11):1291-7.
  • 384
    Grines CL, Watkins MW, Mahmarian JJ, Iskandrian AE, Rade JJ, Marrott P, et al; Angiogene GENe Therapy (AGENT-2) Study Group. A randomized, double-blind, placebo-controlled trial of Ad5FGF-4 gene therapy and its effect on myocardial perfusion in patients with stable angina. J Am Coll Cardiol. 2003;42(8):1339-47.
  • 385
    Henry TD, Annex BH, McKendall GR, Azrin MA,Lopez JJ,Giordano FJ, et al; VIVA Investigators. The VIVA trial: Vascular endothelial growth factor in Ischemia for Vascular Angiogenesis. Circulation. 2003;107(10):1359-65.
  • 386
    Asahara T, Murohara T, Sullivan A, Silver M, van der Zee R, Li T, et al. Isolation of putative progenitor endothelial cells for angiogenesis. Science. 1997;275(5302):964-7.
  • 387
    Balsam LB, Wagers AJ, Christensen JL, Kofidis T, Weissman IL, Robbins RC. Haematopoietic stem cells adopt mature haematopoietic fates in ischaemic myocardium. Nature. 2004;428(6983):668-73.
  • 388
    Nygren JM, Jovinge S, Breitbach M, Säwen P, Röll W, Hescheler J, et al. Bone marrow-derived hematopoietic cells generate cardiomyocytes at a low frequency through cell fusion, but not transdifferentiation. Nat Med. 2004;10(5):494-501.
  • 389
    Sunkomat JN, Gaballa MA. Stem cell therapy in ischemic heart disease. Cardiovasc Drug Rev. 2003;21(4):327-42.
  • 390
    Shantsila E, Watson T, Tse HF, Lip GY. New insights on endothelial progenitor cell subpopulations and their angiogenic properties. J Am Coll Cardiol. 2008;51(6):669-71.
  • 391
    Friedrich EB, Walenta K, ScharlauJ, Nickenig G, Werner N. CD34-/CD133+/VEGFR-2+ endothelial progenitor cell subpopulation with potent vasoregenerative capacities. Circ Res. 2006;98(3):e20-5.
  • 392
    Kawamoto A, Iwasaki H, Kusano K, Murayama T, Oyamada A, Silver M, et al. CD34-positive cells exhibit increased potency and safety for therapeutic neovascularization after myocardial infarction compared with total mononuclear cells. Circulation. 2006;114(20):2163-9.
  • 393
    Beeres SL, Bax JJ, Dibbets-Schneider P, Stokkel MP, Fibbe WE, van der Wall EE, et al. Intramyocardial injection of autologous bone marrow mononuclear cells in patients with chronic myocardial infarction and severe left ventricular dysfunction. Am J Cardiol. 2007;100(7):1094-8.
  • 394
    Rehman J, Li J, Orschell CM, March KL. Peripheral blood "endothelial progenitor cells" are derived from monocyte/macrophages and secrete angiogenic growth factors. Circulation. 2003;107(8):1164-9.
  • 395
    Sieveking DP, Buckle A, Celermajer DS, Ng MK. Strikingly different angiogenic properties of endothelial progenitor cell subpopulations: insights from a novel human angiogenesis assay. J Am Coll Cardiol. 2008;51(6):660-8.
  • 396
    Perin EC, Silva GV. Stem cell therapy for cardiac diseases. Curr Opin Hematol. 2004;11(6):399-403.
  • 397
    Orlic D, Kajstura J, Chimenti S, Jakoniuk I, Anderson SM, Li B, et al. Bone marrow cells regenerate infarcted myocardium. Nature. 2001;410(6829):701-5.
  • 398
    Yeh ET, Zhang S, Wu HD, Korbling M, Willerson JT, Estrov Z. Transdifferentiation of human peripheral blood CD34+-enriched cell population into cardiomyocytes, endothelial cells, and smooth muscle cells in vivo. Circulation. 2003;108(17):2070-3.
  • 399
    Murry CE, Soonpaa MH, Reinecke H, Nakajima H, Nakajima HO, Rubart M, et al. Haematopoietic stem cells do not transdifferentiate into cardiac myocytes in myocardial infarcts. Nature. 2004;428(6983):664-8.
  • 400
    Zhang S, Wang D, Estrov Z, Raj S, Willerson JT, Yeh ET. Both cell fusion and transdifferentiation account for the transformation of human peripheral blood CD34-positive cells into cardiomyocytes in vivo. Circulation. 2004;110(25):3803-7.
  • 401
    Schmidt-Lucke C, Rossig L, Fichtlscherer S, Vasa M, Britten M, Kamper U, et al. Reduced number of circulating endothelial progenitor cells predicts future cardiovascular events: proof of concept for the clinical importance of endogenous vascular repair. Circulation. 2005;111(22):2981-7.
  • 402
    Iwasaki H, Kawamoto A, Ishikawa M, Oyamada A, Nakamori S, Nishimura H, et al. Dose-dependent contribution of CD34-positive cell transplantation to concurrent vasculogenesis and cardiomyogenesis for functional regenerative recovery after myocardial infarction. Circulation. 2006;113(10):1311-25.
  • 403
    Kocher AA, Schuster MD, Szabolcs MJ, Takuma S, Burkhoff D, Wang J, et al. Neovascularization of ischemic myocardium by human bone marrow-derived angioblasts prevents cardiomyocyte apoptosis, reduces remodeling and improves cardiac function. Nat Med. 2001;7(4):430-6.
  • 404
    AgataJ, Chao L, Chao J. Kallikrein gene delivery improves cardiac reserve and attenuates remodeling after myocardial infarction. Hypertension. 2002;40(5):635-9.
  • 405
    Zhang S, Shpall E, Willerson JT, Yeh ET. Fusion of human hematopoietic progenitor cells and murine cardiomyocytes is mediated by alpha 4 beta 1 integrin/vascular cell adhesion adhesion molecule-1 interaction. Circ Res. 2007;100(5):693-702.
  • 406
    Tse HF, Kwong YL, Chan JK, Lo G, Ho CL, Lau CP. Angiogenesis in ischaemic myocardium by intramyocardial autologous bone marrow mononuclear cell implantation. Lancet. 2003;361(9351):47-9.
  • 407
    Beeres SL, Bax JJ, Kaandorp TA, Zeppenfeld K, Lamb HJ, Dibbets-Schneider P, et al. Usefulness of intramyocardial injection of autologous bone marrow-derived mononuclear cells in patients with severe angina pectoris and stress-induced myocardial ischemia. Am J Cardiol. 2006;97(9):1326-31.
  • 408
    Tse HF, Thambar S, Kwong YL, Rowlings P, Bellamy G, McCrohon J, et al. Prospective randomized trial of direct endomyocardial implantation of bone marrow cells for treatment of severe coronary artery diseases (PROTECT-CAD trial). Eur Heart J. 2007;28(24):2998-3005.
  • 409
    Boyle AJ, Whitbourn R, Schlicht S, Krum H, Kocher A, Nandurkar H, et al. Intra-coronary high-dose CD34+ stem cells in patients with chronic ischemic heart disease: a 12-month: a 12-month follow-up. Int J Cardiol. 2006;109(1):21-7.
  • 410
    Lipinski MJ, Biondi-Zoccai GG, Abbate A, Khianey R, Sheiban I, Bartunek J, et al. Impact of intracoronary cell therapy on left ventricular function in the setting of acute myocardial infarction: a collaborative systematic review and meta-analysis of controlled clinical trials. J Am Coll Cardiol. 2007;50(18):1761-7.
  • 411
    Losordo DW, Schatz RA, White CJ, Udelson JE, Veereshwarayya V, Durgin M, et al. Intramyocardial transplantation of autologous CD34+ stem cells for intractable angina: a phase I/IIa double-blind, randomized controlled trial. Circulation. 2007;115(25):3165-72.
  • 412
    van Ramshorst J, Bax JJ, Beeres SL, Dibbets-Schneider P, Roes SD, Stokkel MP, et al. Intramyocardial bone marrow cell injection for chromic myocardial ischemia: a randomized controlled trial. JAMA. 2009;301(19):1997-2004.
  • 413
    Wang S, Cui J, Peng W, Lu M. Intracoronary autologous CD34+ stem cell therapy for intractable angina. Cardiology. 2010;117(2):140-7.
  • 414
    Losordo DW, Henry TD, Davidson C, Sup Lee J, Costa MA, Bass T, et al; ACT34-CMI Investigators. Intramyocardial, autologous CD34+ cell therapy for refractory angina. Circ Res. 2011;109(4):428-36.
  • 415
    Assmus B, Schachinger V, Teupe C, Britten M, Lehmann R,Döbert N, et al. Transplantation of progenitor cells and regeneration enhancement in acute myocardial infarction (TOPCARE-AMI). Circulation. 2002;106(24):3009-17.
  • 416
    Perin EC, Dohmann HF, Borojevic R, Silva SA, Sousa AL, Mesquita CT, et al. Transendocardial, autologous bone marrow cell transplantation for severe, chronic ischemic heart failure. Circulation. 2003;107(18):2294-302.
  • 417
    Kornowski R, Hong MK, Gepstein L. Preliminary animal and clinical experiences using an electromechanical mapping procedure to distinguish infarcted from healthy myocardium myocardium. Circulation. 1998;98(11):1116-24.
  • 418
    Selvanayagam JB, Jerosch-Herold M, Porto I, Sheridan D, Cheng AS, Petersen SE, et al. Resting myocardial blood flow is impaired in hibernating myocardium: a magnetic resonance study of quantitative perfusion assessment. Circulation. 2005;112(21):3289-96.
  • 419
    Stamm C, Westphal B, Kleine HD, Petzsch M,Kittner C,Klinge H, et al. Autologous bone-marrow stem-cell transplantation for myocardial regeneration. Lancet. 2003;361(9351):45-6.
  • 420
    Gowdak LH, Schettert IT, Rochitte CE, Lisboa LA,Dallan LA,Cesar LA, et al. Early increase in myocardial perfusion after stem cell therapy in patients undergoing incomplete coronary coronary artery bypass surgery. J Cardiovasc Transl Res. 2011;4(1):106-13.
  • 421
    Gowdak LH, Schettert IT, Baptista E, Lopes NL, Rochitte CE, Vieira ML, et al. Intramyocardial injection of autologous bone marrow cells as an adjunctive therapy to incomplete myocardial revascularization - safety issues. Clinics (Sao Paulo). 2008;63(2):207-14.
  • 422
    Tura BR, Martino HF, Gowdak LH, dos Santos RR, Dohmann HF, Krieger JE, et al. Multicenter randomized trial of cell therapy in cardiopathies - MiHeart Study. Trials. 2007;8:2.
  • 423
    Povsic TJ, Junge C, Nada A, Schatz RA, Harrington RA, Davidson CJ, et al. A phase 3, randomized, double-blinded, active-controlled, unblinded standard of care study assessing the efficacy and safety of intramyocardial autologous CD34+ cell administration in patients with refractory angina: design of the RENEW study. Am Heart J 2013;165(6):854-61.
  • 424
    Forcillo J, Stevens LM, Mansour S, Prieto I, Salem R, Baron C, et al. Implantation of CD133+ stem cells in patients undergoing coronary bypass surgery: IMPACT-CABG pilot trial. Can J Cardiol. 2013;29(4):441-7.
  • 425
    Szöke K, Brinchmann JE. Concise review: therapeutic potential of adipose tissue-derived angiogenic cells. Stem Cells Transl Med. 2012;1(9):658-67.
  • 426
    Tocci A, Forte L. Mesenchymal stem cell: use and perspectives. Hematol J. 2003;4(2):92-6.
  • 427
    Qayyum AA, Haack-Sørensen M, Mathiasen AB, Jørgensen E, Ekblond A, Kastrup J. Adipose-derived mesenchymal stromal cells for chronic myocardial ischemia (MyStromalCell Trial): study design. Regen Med. 2012;7(3):421-8.
  • 428
    Silva GV, Litovsky S, Assad JA, Sousa AL, Martin BJ, Vela D, et al. Mesenchymal stem cells differentiate into an endothelial phenotype, enhance vascular densitiy density, and improve heart function in a canine chronic ischemia model. Circulation. 2005;111(2):150-6.
  • 429
    Dai W, Hale SL, Martin BJ, KuangJQ, Dow JS, Wold LE, et al. Allogeneic mesenchymal stem cell transplantation in postinfarcted rat myocardium: short- and long-term effects. Circulation. 2005;112(2):214-23.
  • 430
    Grauss RW, Winter EM, van Tuyn J, Pijnappels DA, Steijn RV, Hogers B, et al. Mesenchymal stem cells from ischemic heart disease patients improve left ventricular function after acute myocardial infarction. AmJPhysiol Heart Circ Physiol. 2007;293(4):H2438-47.
  • 431
    Panfilov IA, De Jong R, Takashima S, Duckers HJ. Clinical study using adipose-derived mesenchymal-like stem cells in acute myocardial infarction and heart failure. Methods Mol Biol. 2013;1036:207-12.
  • 432
    Beltrami AP, Barlucchi L, Torella D, Baker M, Limana F, Chimenti S, et al. Adult cardiac stem cells are multipotent and support myocardial regeneration. Cell. 2003;114(6):763-76.
  • 433
    Dawn B, Stein AB, Urbanek K, Rota M, Whang B, Rastaldo R, et al. Cardiac stem cells delivered intravascularly traverse the vessel barrier, regenerate infarcted myocardium, and improve cardiac function. Proc Natl Acad Sci USA. 2005;102(10):3766-71.
  • 434
    Tang XL, Rokosh G, Sanganalmath SK, Yuan F, Sato H, Mu J, et al. Intracoronary administration of cardiac progenitor cells alleviates left ventricular dysfunction in rats with a 30-day-old infarction. Circulation. 2010;121(2):293-305.
  • 435
    Bolli R, Chugh AR, D'Amario D, Loughran JH, Stoddard MF, Ikram S, et al. Stem Cells in Patients with Ischaemic Cardiomyopathy (SCIPIO): initial results of a randomised phase 1 trial. Lancet. 2011;378(9806):1847-57.
  • 436
    American Diabetes Association. Standards of medical care in diabetes--2013. Diabetes Care. 2013;36 Suppl 1:S11-66.
  • 437
    Kim LJ, King SB 3rd, Kent K, Brooks MM, Kip KE, Abbott JD, et al; BARI 2D (Bypass Angioplasty Revascularization Investigation Type 2 Diabetes) Study Group. Factors related to the selection of surgical vs percutaneous revascularization in diabetic patients with multivessel coronary artery disease in the BARI 2D (Bypass Angioplasty Revascularization Investigation in Type 2 Diabetes) trial. JACC Cardiovasc Interv. 2009;2(5):384-92.
  • 438
    Brooks MM, Chung SC, Helmy T, Hillegass WB, Escobedo J, Melsop KA, et al; Bypass Angioplasty Revascularization Investigation 2 Diabetes (BARI 2D) Study Group. Health status after treatment for coronary artery disease and type 2 diabetes mellitus in the Bypass Angioplasty Revascularization Investigation 2 Diabetes trial. Circulation. 2010;122(17):1690-9.
  • 439
    Kappetein AP, Head SJ, Morice MC, Banning AP, Serruys PW, Mohr FW, et al; SYNTAX Investigators. Treatment of complex coronary artery disease in patients with diabetes: 5-year results comparing outcomes of bypass surgery and percutaneous coronary intervention in the SYNTAX trial. Eur J Cardiothorac Surg. 2013;43(5):1006-13.
  • 440
    Hakeem A, Garg N, Bhatti S, Rajpurohit N, Ahmed Z, Uretsky BF. Effectiveness of percutaneous coronary intervention with drug-eluting stents compared with bypass surgery in diabetics with multivessel coronary disease: comprehensive systematic review and meta-analysis of randomized clinical data. J Am Heart Assoc. 2013;2(4):e000354.
  • 441
    Stettler C, Allemann S, Wandel S, Kastrati A, Morice MC, Schömig A, et al. Drug eluting and bare metal stents in people with and without diabetes: collaborative network meta-analysis. BMJ. 2008;337:a1331.
  • 442
    Grines CL, Bonow RO, Casey DE Jr, Gardner TJ, Lockhart PB, Moliterno DJ, et al; American Heart Association; American College of Cardiology; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions; American College of Surgeons; American Dental Association; American College of Physicians. Prevention of premature discontinuation of dual antiplatelet therapy in patients with coronary artery stents: a science advisory from the American Heart Association, American College of Cardiology, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, American College of Surgeons, and American Dental Association, with representation from the American College of Physicians. J Am Coll Cardiol. 2007;49(6):734-9.
  • 443
    Wiviott SD, Braunwald E, Angiolillo DJ, Meisel S, Dalby AJ, Verheugt FW,et al; TRITON-TIMI 38 Investigators. Greater clinical benefit of more intensive oral antiplatelet therapy with prasugrel in patients with diabetes mellitus in the trial to assess improvement in therapeutic outcomes by optimizing platelet inhibition with prasugrel-Thrombolysis in Myocardial Infarction 38. Circulation. 2008;118(16):1626-36.
  • 444
    Wallentin L, Becker RC, Budaj A, Cannon CP, Emanuelsson H, Held C, et al; PLATO Investigators. Ticagrelor vs clopidogrel in patients with acute coronary syndromes. N Engl J Med. 2009;361(11):1045-57.
  • 445
    Birkmeyer JD, O'Connor GT, Quinton HB, Ricci MA, Morton JR, Leavitt BJ, et al. The effect of peripheral vascular disease on in-hospital mortality rates with coronary artery bypass surgery. Northern New England Cardiovascular Disease Study Group. J Vasc Surg. 1995;21(3):445-52.
  • 446
    Mesh CL, Cmolik BL, Van Heekeren DW, Lee JH, Whittlesey D, Graham LM,et al. Coronary bypass in vascular patients: a relatively high-risk procedure. Ann Vasc Surg. 1997;11(6):612-9.
  • 447
    Hannan EL, Wu C, Bennett EV,Carlson RE, Culliford AT, Gold JP, et al. Risk stratification of in-hospital mortality for coronary artery bypass graft surgery. J Am Coll Cardiol. 2006;47(3):661.
  • 448
    O' Rourke DJ, Quinton HB, Piper W, Piper W, Hernandez F, Morton J, et al; Northern New England Cardiovascular Disease Study Group. Survival in patients with peripheral vascular disease after percutaneus coronary intervention and coronary artery bypass graft surgery. Ann Thorac Surg. 2004;78(2):466-70.
  • 449
    Davies RF, Goldberg AD, Forman S, Pepine CJ, Knatterud GL, Geller N, et al. Asymptomatic Cardiac Ischemia Pilot (ACIP) study two-year follow-up: outcomes of patients randomized to nitial strategies of medical therapy versus revascularization. Circulation. 1997;95(8):2037-43.
  • 450
    Brener SJ, Lytle BW, Casserly IP, Ellis SG, Topol EJ, Lauer MS. Predictors of revascularization method and long-term outcome of percutaneous coronary intervention or repeat coronary bypass surgery in patients with multivessel coronary disease and previous coronary bypass surgery. Eur Heart J. 2006;27(4):413-8.
  • 451
    Gurfinkel EP, Perez de la Hoz R, Brito VM, Duronto E, Dabbous OH, Gore JM, et al; GRACE Investigators. Invasive vs non-invasive treatment in acute coronary syndromes and prior bypass surgery. Int J Cardiol. 2007;119(1):65-72.
  • 452
    Lytle BW, Loop FD, Taylor PC, Goormastic M, Stewart RW, Novoa R, et al. The effect of coronary reoperation on the survival of patients with stenoses in saphenous vein bypass grafts to coronary arteries. J Thorac Cardiovasc Surg. 1993;105(4):605-12.
  • 453
    Morrison DA, Sethi G, Sacks J, Henderson W, Grover F, Sedlis S, et al; Angina With Extremely Serious Operative Mortality Evaluation (AWESOME). Percutaneous coronary intervention versus coronary artery bypass graft surgery for patients with medically refractory myocardial ischemia and risk factors for adverse outcomes with bypass: a multicenter, randomized trial. Investigators of the Department of Veterans Affairs Cooperative Study #385, the Angina With Extremely Serious Operative Mortality Evaluation (AWESOME). J Am Coll Cardiol. 2001;38(1):143-9.
  • 454
    Pfautsch P, Frantz E, Ellmer A, Sauer HU, Fleck E. [Long-term outcome of therapy of recurrent myocardial ischemia after surgical revascularization]. Z Kardiol. 1999;88(7):489-97.
  • 455
    Subramanian S, Sabik JF 3rd, Houghtaling PL, Nowicki ER, Blackstone EH, Lytle BW. Decision- making for patients with patent left internal thoracic artery grafts to left anterior descending. Ann Thorac Surg. 2009;87(5):1392-8.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2014
Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC Avenida Marechal Câmara, 160, sala: 330, Centro, CEP: 20020-907, (21) 3478-2700 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil, Fax: +55 21 3478-2770 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@cardiol.br