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Diagnóstico e Tratamento de Complicação Rara após Biópsia Endomiocárdica

Palavras-chave
Transplante de Coração; Rejeição de Transplante; Biópsia; Fístula Arterial/cirurgia; Ecocardiografia

A biópsia endomiocárdica (BEM) é o método padrão ouro no diagnóstico de rejeição após transplante cardíaco. Complicações associadas ao procedimento são raras, mas podem ocorrer em cerca de 8% dos casos. Descrevemos um caso de complicação incomum provavelmente associada a múltiplas BEMs em um paciente transplantado. Paciente de 54 anos, sexo masculino, foi submetido a transplante cardíaco ortotópico por miocardiomiopatia dilatada idiopática. Nos dez meses seguintes, o paciente foi submetido a oito BEMs necessitando de pulsoterapia em duas ocasiões. Em avaliação ambulatorial de rotina, foi observado ao exame físico, sopro contínuo sistodiastólico em região paraesternal esquerda baixa além de piora significativa da função renal. Foi realizado ecocardiograma transtorácico que evidenciou fluxo em região apical do ventrículo direito, sistodiastólico, de alta velocidade ao mapeamento do fluxo em cores, além de dilatação significativa da artéria coronária descendente anterior (ADA). A ADA apresentava dilatação importante e sinais de comunicação com o ventrículo direito na região apical, sugerindo o diagnóstico de fístula coronariana (Figura 1A e B). A cineangiocoronariografia evidenciou ADA aneurismática e remodelamento vascular decorrente de hiperfluxo além de confirmar o diagnóstico de fístula coronário-cavitária (Figura 1C). O paciente foi submetido ao fechamento percutâneo da fístula coronária com dispositivo Coil Vortex-18 e apresentou boa evolução clínica além de melhora da função renal. É importante considerar os riscos associados à BEM. A ecocardiografia é um método valioso para avaliação de pacientes com suspeita de complicações após o procedimento. Este caso descreve uma complicação rara após BEM, cujo diagnóstico foi possível pela avaliação ecocardiográfica.

Figura 1
Imagens obtidas ao ecocardiograma bidimensional a partir do corte apical quatro câmaras em zoom (A) e com estudo Doppler colorido (B) demonstrando fístula coronário-cavitária (seta) da ADA para VD. Projeção oblíqua anterior direita na cineangiocoronariografia evidenciando imagem da fístula coronário-cavitária (seta)(C). VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo; ADA: artéria descendente anterior.

  • Fontes de financiamento
    O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.
  • Vinculação acadêmica
    Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2017

Histórico

  • Recebido
    24 Jan 2017
  • Revisado
    08 Fev 2017
  • Aceito
    08 Fev 2017
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