Acessibilidade / Reportar erro

Proposta de um Escore Inflamatório de Citocinas e Adipocinas Plasmáticas Associado à Hipertensão Resistente, mas Dependente dos Parâmetros de Obesidade

Resumo

Fundamento:

Evidências indicam que a inflamação sistêmica subclínica está presente na hipertensão arterial resistente (HAR).

Objetivo:

Desenvolver uma medida que integra citocinas envolvidas na fisiopatologia da HAR.

Métodos:

Indivíduos com HAR (n = 112) e indivíduos com hipertensão leve a moderada (HT) (n = 112) foram estudados em delineamento transversal. Valores de citocinas/adipocinas plasmáticas [TNF-alfa, interleucinas (IL)-6, -8, -10, leptina e adiponectina] foram divididos em tercis, e lhes atribuído um escore variando de 1 (tercil mais baixo) a 3 (tercil mais alto). O escore inflamatório (EI) de cada participante foi calculado como a soma do escore de cada citocina pró-inflamatória da qual subtraiu-se o escore de cada citocina anti-inflamatória (adiponectina e IL-10). O nível de significância aceito foi alfa = 0,05.

Resultados:

O EI foi mais alto nos indivíduos com HAR em comparação a indivíduos com HT [4 (2-6) vs. 3 (2-5); p = 0,02, respectivamente]. O EI correlacionou-se positivamente com parâmetros de gordura corporal, tais como índice de massa corporal (r = 0,40; p < 0,001), circunferência da cintura (r = 0,30; p < 0,001) e massa gorda avaliada por bioimpedância (r = 0,31; p < 0,001) em todos os indivíduos hipertensos. Análises de regressão logística mostraram que o EI foi um preditor independente de HAR (OR = 1,20; p = 0,02), independentemente de idade, sexo e raça; porém, o modelo perdeu significância estatística após ajuste para os parâmetros de gordura corporal.

Conclusão:

Um estado de inflamação subclínica definida pelo EI incluindo TNF-alfa, IL-6, IL-8, IL-10, leptina e adiponectina está associado com indivíduos obesos com HAR. Além disso, o escore correlaciona-se com parâmetros de obesidade, independentemente do grau de hipertensão. O EI pode ser usado na avaliação de condições que envolvem inflamação subclínica, tal como HAR relacionada à obesidade. O estudo também destaca a forte relação entre obesidade e inflamação.

Palavras-chave:
Hipertensão/fisiopatologia; Obesidade; Inflamação; Citocinas; Probabilidade; Fatores de Risco

Abstract

Background:

There is evidence that subclinical systemic inflammation is present in resistant hypertension (RHTN).

Objective:

The aim of the study was to develop an integrated measure of circulating cytokines/adipokines involved in the pathophysiology of RHTN.

Methods:

RHTN (n = 112) and mild to moderate hypertensive (HTN) subjects (n=112) were studied in a cross-sectional design. Plasma cytokines/adipokines (TNF-alpha, interleukins [IL]-6, -8, -10, leptin and adiponectin) values were divided into tertiles, to which a score ranging from 1 (lowest tertile) to 3 (highest tertile) was assigned. The inflammatory score (IS) of each subject was the sum of each pro-inflammatory cytokine scores from which anti-inflammatory cytokines (adiponectin and IL-10) scores were subtracted. The level of significance accepted was alpha = 0.05.

Results:

IS was higher in RHTN subjects compared with HTN subjects [4 (2-6) vs. 3 (2-5); p = 0.02, respectively]. IS positively correlated with body fat parameters, such as body mass index (r = 0.40; p < 0.001), waist circumference (r = 0.30; p < 0.001) and fat mass assessed by bioelectrical impedance analysis (r = 0.31; p < 0.001) in all hypertensive subjects. Logistic regression analyses revealed that IS was an independent predictor of RHTN (OR = 1.20; p = 0.02), independent of age, gender and race, although it did not remain significant after adjustment for body fat parameters.

Conclusion:

A state of subclinical inflammation defined by an IS including TNF-alpha, IL-6, IL-8, IL-10, leptin and adiponectin is associated with obese RHTN. In addition, this score correlates with obesity parameters, independently of hypertensive status. The IS may be used for the evaluation of conditions involving low-grade inflammation, such as obesity-related RHTN. Indeed, it also highlights the strong relationship between obesity and inflammatory process.

Keywords:
Hypertension/physiopathology; Obesity; Inflammation; Cytokines; Adipokines; Probability; Risk Factors

Introdução

A inflamação é um importante fator na fisiopatologia da hipertensão, da obesidade e da síndrome metabólica. O status de sobrepeso ou obesidade implica uma maior prevalência de hipertensão e consequências adversas, incluindo doenças metabólicas e cardiorrenais. A gordura visceral, quando em excesso, é fonte de citocinas que geram uma cascata de inflamação e estresse oxidativo, a qual contribui para resistência à insulina, disfunção endotelial, enrijecimento vascular, e retenção de sódio nos rins.11 Lyon CJ, Law RE, Hsueh WA. Minireview: adiposity, inflammation, and atherogenesis. Endocrinology. 2003;144(6):2195-200.,22 Aroor AR, McKarns S, Demarco VG, Jia G, Sowers JR. Maladaptive immune and inflammatory pathways lead to cardiovascular insulin resistance. Metabolism. 2013;62(11):1543-52. A presença combinada de obesidade e de resistência à insulina também contribui para a hiperativação do sistema nervoso simpático (SNS) e do sistema renina-angiotensina-aldosterona.33 Briones AM, Aras-López R, Alonso MJ, Salaices M. Small artery remodeling in obesity and insulin resistance. Curr Vasc Pharmacol. 2014;12(3):427-37. Todos esses mecanismos podem proporcionar resistência ao tratamento anti-hipertensivo.44 Hall ME, do Carmo JM, da Silva AA, Juncos LA, Wang Z, Hall JE. Obesity, hypertension, and chronic kidney disease. Int J Nephrol Renovasc Dis. 2014 Feb 18;7:75-88.

Nosso grupo de pesquisa tem estudado citocinas inflamatórias - a adiponectina e interleucina-10 (anti-inflamatórias), e a leptina, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e as interleucinas 6 (IL-6) (pró-inflamatórias) na hipertensão arterial resistente (HAR), associando-as à ausência de controle da pressão arterial (PA) e a danos vasculares e renais.55 de Faria AP, Demacq C, Figueiredo VN, Moraes CH, Santos RC, Sabbatini AR, et al. Hypoadiponectinemia and aldosterone excess are associated with lack of blood pressure control in subjects with resistant hypertension. Hypertens Res. 2013;36(12):1067-72.

6 Sabbatini AR, Faria AP, Barbaro NR, Gordo WM, Modolo RG, Pinho C, et al. Deregulation of adipokines related to target organ damage on resistant hypertension. J Hum Hypertens. 2014;28(6):388-92.
-77 Barbaro NR, Fontana V, Modolo R, De Faria AP, Sabbatini AR, Fonseca FH, et al. Increased arterial stiffness in resistant hypertension is associated with inflammatory biomarkers. Blood Press. 2015;24(1):7-13. Ainda, a inflamação crônica subclínica, estimada por níveis elevados de proteína C-reativa, foi capaz de predizer desfechos fatais e não fatais, bem como remodelamento cardíaco nessa população de alto risco.88 Cortez AF, Muxfeldt ES, Cardoso CR, Salles GF. Prognostic value of C-reactive protein in resistant hypertension. Am J Hypertens. 2016;29(8):992-1000.

9 Salles GF, Fiszman R, Cardoso CR, Muxfeldt ES. Relation of left ventricular hypertrophy with systemic inflammation and endothelial damage in resistant hypertension. Hypertension. 2007;50(4):723-8.
-1010 Chen H, Montagnani M, Funahashi T, Shimomura I, Quon MJ. Adiponectin stimulates production of nitric oxide in vascular endothelial cells. J Biol Chem. 2003;278(45):45021-6.

A adiponectina, por seu papel anti-inflamatório, estimula diretamente a produção de óxido nítrico (NO) nas células endoteliais via fosforilação da NO sintase endotelial. A adiponectina diminui a produção de TNF-α pelos macrófagos pela inibição do fator de transcrição nuclear kappa B (NF-kB).1111 Ouchi N, Kihara S, Arita Y, Maeda K, Kuriyama H, Okamoto Y, et al. Novel modulator for endothelial adhesion molecules: adipocyte-derived plasma protein adiponectin. Circulation. 1999;100(25):2473-6.,1212 Ouchi N, Kihara S, Arita Y, Okamoto Y, Maeda K, Kuriyama H, et al. Adiponectin, an adipocyte-derived plasma protein, inhibits endothelial NF-kappaB signaling through a cAMP-dependent pathway. Circulation. 2000;102(11):1296-301. Por outro lado, a IL-6 inibe a expressão e a secreção de adiponectina in vitro em adipócitos 3T3-L1.1313 Fasshauer M, Kralisch S, Klier M, Lossner U, Bluher M, Klein J, et al. Adiponectin gene expression and secretion is inhibited by interleukin-6 in 3T3-L1 adipocytes. Biochem Biophys Res Commun. 2003;301(4):1045-50. Ainda, o TNF-α aumenta a secreção de leptina,1414 Grunfeld C, Zhao C, Fuller J, Pollack A, Moser A, Friedman J, et al. Endotoxin and cytokines induce expression of leptin, the ob gene product, in hamsters. J Clin Invest. 1996;97(9):2152-7. a qual estimula o SNS.1515 Machleidt F, Simon P, Krapalis AF, Hallschmid M, Lehnert H, Sayk F. Experimental hyperleptinemia acutely increases vasoconstrictory sympathetic nerve activity in healthy humans. J Clin Endocrinol Metab. 2013;98(3):E491-6. Uma vez que as citocinas e as adipocinas possuem papeis inter-relacionados, nosso objetivo com o presente estudo foi (1) desenvolver uma medida integrada de várias citocinas/adipocinas circulantes em indivíduos com HAR e hipertensão leve à moderada (HT), e (2) avaliar o potencial impacto desse escore inflamatório (EI) sobre a resistência ao tratamento anti-hipertensivo.

População e métodos

Uma amostra de conveniência de 112 indivíduos com diagnóstico de HAR atendidos no Ambulatório Especializado em HAR da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, Campinas, Brasil), e 112 pacientes com HT atendidos na Clínica de Hipertensão de Valinhos (Valinhos, Brasil) foram recrutados consecutivamente neste estudo transversal. A HAR foi definida segundo a American Heart Association como (1) indivíduos cujos níveis de PA permanecessem acima da meta (≥140/90 mmHg) apesar de uso concomitante de três ou mais drogas anti-hipertensivas de classes distintas, ou (2) pacientes com níveis controlados de PA usando quatro ou mais drogas anti-hipertensivas. O ideal era que ao menos um dos medicamentes fosse um diurético, e todos os demais deveriam ser prescritos em doses otimizadas.1616 Calhoun DA, Jones D, Textor S, Goff DC, Murphy TP, Toto RD, et al. Resistant hypertension: diagnosis, evaluation, and treatment. A scientific statement from the American Heart Association Professional Education Committee of the Council for High Blood Pressure Research. Hypertension. 2008;51(6):1403-19. Pacientes com PA controlada utilizando três ou menos drogas anti-hipertensivas, ou com PA não controlada, em uso de dois ou menos dessas medicações, foram classificados como apresentando HT (hipertensão estágios 1 e 2).1717 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redon J, Zanchetti A, Böhm M, et al. 2013 ESH/ESC guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the Management of Arterial Hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J. 2013;34(28):2159-219.

Realizou-se um período de seis meses de acompanhamento para o rastreamento e exclusão de causas secundárias da hipertensão, a fim de garantir um diagnóstico preciso de HT e HAR. Os critérios de exclusão foram estenose da artéria renal, coarctação da aorta, feocromocitoma, hiperaldosteronismo primário (razão aldosterona-renina > 20 ng.dL-1 por ng.mL-1.h-1), síndrome de Cushing, síndrome da apneia/hipopneia obstrutiva do sono (pacientes com diagnóstico prévio pela polissonografia, ou classificados como alto risco utilizando-se o questionário de Berlim). O período também incluiu contagem de comprimidos para excluir a falta de controle pressórico devido à baixa adesão ao tratamento medicamentoso,1818 de Souza WA, Sabha M, de Faveri Favero F, Bergsten-Mendes G, Yugar-Toledo JC, Moreno H. Intensive monitoring of adherence to treatment helps to identify "true" resistant hypertension. J Clin Hypertens (Greenwich). 2009;11(4):183-91. e monitorização ambulatorial da PA (MAPA) a fim de excluir hipertensão do jaleco branco. Excluímos pacientes com doença cardíaca isquêmica sintomáticos, disfunção renal, doença renal crônica (clearance de creatinina <30 mL/min/1,73m2) e doença hepática (história clínica, níveis de plaquetas e de transaminases).O critério de inclusão foi idade superior a 18 anos.

Medidas de pressão arterial

A pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial diastólica (PAD) de consultório foram medidas por um profissional da saúde treinado segundo as diretrizes da Sociedade Europeia de Hipertensão para o manejo da hipertensão arterial.1717 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redon J, Zanchetti A, Böhm M, et al. 2013 ESH/ESC guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the Management of Arterial Hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J. 2013;34(28):2159-219. Utilizamos um esfigmomanômetro digital validado (HEM-907XL, OMRON Healthcare Inc., Bannockburn, IL, EUA). A medida da PA ambulatorial foi realizada usando-se um monitor oscilométrico automático (Spacelabs90207, Spacelabs Inc, Redmon, WA, EUA). Os pacientes foram orientados a manterem suas atividades diárias normais e fazer um registro das atividades realizadas em 24 horas em um diário pessoal.

Composição corporal

A composição corporal foi determinada pelo aparelho Bioimpedance Analyser 450 (Biodynamics Corporation, Seattle, WA, EUA) para avaliar a massa magra e a massa gorda (MG). Em resumo, o método baseia-se na impedância bioelétrica tetrapolar (eletrodos posicionados nos pés e nas mãos) para estimar a distribuição de massa e os compartimentos de água corporais. As medidas foram realizadas após um período de jejum de 8 horas, e os pacientes foram orientados a evitarem fazer atividade física e fumar antes do exame.

Testes bioquímicos

As amostras de sangue foram coletadas pela manhã após jejum de 8 horas dos pacientes na posição sentada. Os níveis de aldosterona e de renina foram medidos por radioimunoensaio (Immunotech SAS, Marselha, França), e as citocinas e adipocinas (TNF-alfa, IL-6, IL-8, IL-10, leptina e adiponectina) medidas por ensaio imunoenzimático (ELISA) (R&D Systems, Inc., Minneapolis, EUA), seguindo as instruções do fabricante. O clearance de creatinina foi calculado a partir da concentração de creatinina na urina 24 horas, e concentração plasmática, como a taxa de remoção por minuto dividida pela concentração plasmática de creatinina.

Análise estatística

As variáveis contínuas foram expressas em média e desvio padrão ou mediana (1º e 3º quartis) de acordo com a distribuição dos dados avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. O teste t de Student não pareado ou o teste de Mann-Whitney foi usado para comparação das variáveis contínuas entre o grupo de indivíduos com HAR e o grupo de indivíduos com HT. As variáveis categóricas foram apresentadas em frequências e porcentagens, e comparadas pelo teste do qui-quadrado ou o teste exato de Fisher. O teste de Pearson ou o teste de Spearman foi usado para verificar correlação entre os dados contínuos. Análises de regressão logística múltipla foram realizadas para avaliar a associação do EI com resistência ao tratamento anti-hipertensivo, ajustando-se aos potenciais fatores de confusão.

Para o cálculo do EI, os valores plasmáticos das citocinas/adipocinas (TNF-alfa, IL-6, IL-8, IL-10, leptina e adiponectina) foram divididos em tercis, e lhes foram atribuídos um escore de 1 (tercil mais baixo) a 3 (tercil mais alto). O EI foi considerado como a soma do escore de cada citocina pró-inflamatória (TNF-alfa, IL-6, IL-8, e leptina), da qual foram subtraídos os escores da adiponectina e de IL-10 (ambas citocinas anti-inflamatórias). Calculou-se o EI de cada indivíduo.

As análises foram realizadas usando-se o programa SigmaPlot (versão 12, Systat Software, Inc., San Jose, CA, EUA; e www.systatsoftware.com) e GraphPad Prism (versão 7.00 para Windows, GraphPad Software, La Jolla, CA, EUA, www.graphpad.com). O nível de significância adotado foi alfa 0,05.

Resultados

As características gerais de ambos os grupos (HAR e HT) estão descritas na Tabela 1. Os parâmetros da gordura corporal - índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), e MG encontravam-se elevados nos indivíduos HAR, bem como o perfil lipídico, níveis de hemoglobina glicada e aldosterona, em comparação aos indivíduos HT. Em comparação aos indivíduos HT, o grupo HAR utilizaram um maior número de drogas antiplaquetárias, e quase todas as classes de agentes anti-hipertensivos, com exceção de bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRAs). Por outro lado, um maior número de indivíduos HT utilizavam estatinas (Tabela 2).

Tabela 1
Características clínicas e bioquímicas dos indivíduos com hipertensão leve a moderada (HT) e indivíduos com hipertensão arterial resistente (HAR)
Tabela 2
Medicamentos usados pelos indivíduos com hipertensão leve a moderada (HT) e indivíduos com hipertensão arterial resistente (HAR)

O EI foi mais alto no grupo HAR [4 (2-6)] em comparação ao grupo HT [3 (2-5); p = 0,02 (Figura 1). Curiosamente, o EI correlacionou-se positivamente com o IMC (r = 0,40; p < 0,001), a CC (r = 0,30; p < 0,001) e com a MG (r = 0,31; p < 0,001) em todos os indivíduos hipertensos.

Figura 1
Escore inflamatório calculado entre indivíduos com hipertensão leve a moderada (HT) e hipertensão arterial resistente (HAR) [3 (2-5) vs. 4 (2-6), p = 0,02, respectivamente]. O EI de cada participante foi calculado como a soma do escore de cada citocina pró-inflamatória - TNF-alfa, interleucinas (IL) -6, -8, -10 - da qual subtraiu-se o escore de cada citocina anti-inflamatória (adiponectina e IL-10). *p < 0,05 vs. HT.

Finalmente, os modelos de regressão logística independentes revelaram que o EI associou-se com a presença de HAR (Odds ratio (OR) = 1,20; p = 0,02), independentemente de idade, sexo, e raça, apesar de essa significância deixar de existir após ajustes quanto aos parâmetros de gordura corporal analisados no estudo (Tabela 3).

Tabela 3
Modelos de regressão logística independentes para avaliar a associação do escore inflamatório com a presença de hipertensão resistente

Discussão

Nosso estudo revelou que a medida integrada dos escores de citocinas e adipocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias associou-se com a ocorrência de HAR. O EI surge como um potente fator relacionado com os parâmetros de gordura corporal, sugerindo a importância da inflamação subclínica na obesidade, independentemente do grau de hipertensão.

Achados recentes de nosso grupo sugeriram que a inflamação é um dos fatores fisiopatológicos da HAR e comorbidades relacionadas, tais como diabetes, obesidade e síndrome metabólica. Níveis alterados de citocinas e adipocinas, tais como IL-10, IL-1 beta, adiponectina e leptina foram relatados em indivíduos com HAR em comparação a controles.55 de Faria AP, Demacq C, Figueiredo VN, Moraes CH, Santos RC, Sabbatini AR, et al. Hypoadiponectinemia and aldosterone excess are associated with lack of blood pressure control in subjects with resistant hypertension. Hypertens Res. 2013;36(12):1067-72.,77 Barbaro NR, Fontana V, Modolo R, De Faria AP, Sabbatini AR, Fonseca FH, et al. Increased arterial stiffness in resistant hypertension is associated with inflammatory biomarkers. Blood Press. 2015;24(1):7-13.,1919 de Haro Moraes C, Figueiredo VN, de Faria AP, Barbaro NR, Sabbatini AR, Quinaglia T, et al. High-circulating leptin levels are associated with increased blood pressure in uncontrolled resistant hypertension. J Hum Hypertens. 2013;27(4):225-30. A hiperleptinemia e a hipoadiponectinemia estavam associadas com a falta de controle da PA,55 de Faria AP, Demacq C, Figueiredo VN, Moraes CH, Santos RC, Sabbatini AR, et al. Hypoadiponectinemia and aldosterone excess are associated with lack of blood pressure control in subjects with resistant hypertension. Hypertens Res. 2013;36(12):1067-72.,1919 de Haro Moraes C, Figueiredo VN, de Faria AP, Barbaro NR, Sabbatini AR, Quinaglia T, et al. High-circulating leptin levels are associated with increased blood pressure in uncontrolled resistant hypertension. J Hum Hypertens. 2013;27(4):225-30. e com danos em órgãos alvo - enrijecimento arterial e microalbuminúria - nessa população de alto risco.66 Sabbatini AR, Faria AP, Barbaro NR, Gordo WM, Modolo RG, Pinho C, et al. Deregulation of adipokines related to target organ damage on resistant hypertension. J Hum Hypertens. 2014;28(6):388-92. Indivíduos obesos diabéticos com HAR apresentaram níveis mais baixos de adiponectina combinados com maior disfunção autonômica (caracterizados por hiperativação do sistema simpático e hipoativação do sistema parassimpático) em comparação a indivíduos não diabéticos.2020 Boer-Martins L, Figueiredo VN, Demacq C, Martins LC, Consolin-Colombo F, Figueiredo MJ, et al. Relationship of autonomic imbalance and circadian disruption with obesity and type 2 diabetes in resistant hypertensive patients. Cardiovasc Diabetol. 2011 Mar 22;10:24.

Recentemente, encontramos uma enorme prevalência (73%) de síndrome metabólica nesses pacientes com HAR, o que pode explicar o alto EI. Interessante notar que o grupo com HT também apresentou uma prevalência importante da síndrome (60%),2121 Catharina AS, Modolo R, Ritter AMV, Sabbatini AR, Lopes HF, Moreno Junior H, Faria AP. Metabolic Syndrome-Related Features in Controlled and Resistant Hypertensive Subjects. Arq Bras Cardiol. 2018 Jun;110(6):514-521. o que pode justificar a piora de seu escore em nosso estudo. Além disso, nosso grupo HT era mais velho que o grupo com HAR e, assim, um EI aumentado poderia ser atribuído ao fator idade.2222 Enkhmaa B, Anuurad E, Zhang W, Kim K, Berglund L. Diverging trajectory patterns of systemic versus vascular inflammation over age in healthy Caucasians and African-Americans. Atherosclerosis. 2015;239(2):509-15.

Estudos experimentais apresentam resultados similares do papel da inflamação sobre a hipertensão. Pesquisadores investigaram mudanças na pressão sistólica de ratos espontaneamente hipertensos (SHR) tratados com infliximabe - um agente neutralizador de TNF-alfa.2323 Filho AG, Kinote A, Pereira DJ, Rennó A, dos Santos RC, Ferreira-Melo SE, et al. Infliximab prevents increased systolic blood pressure and upregulates the AKT/eNOS pathway in the aorta of spontaneously hypertensive rats. Eur J Pharmacol. 2013;700(1-3):201-9. Esse estudo revelou benefícios cardiovasculares da inibição dessa citocina em SHR com a redução tanto da PA como do remodelamento cardíaco. Os autores sugeriram um mecanismo dependente de vasodilatação, no qual o efeito do infliximabe é capaz de induzir a síntese de NO.2323 Filho AG, Kinote A, Pereira DJ, Rennó A, dos Santos RC, Ferreira-Melo SE, et al. Infliximab prevents increased systolic blood pressure and upregulates the AKT/eNOS pathway in the aorta of spontaneously hypertensive rats. Eur J Pharmacol. 2013;700(1-3):201-9. Em um estudo recente,2424 Kirabo A, Fontana V, de Faria AP, Loperena R, Galindo CL, Wu J, et al. DC isoketal-modified proteins activate T cells and promote hypertension. J Clin Invest. 2014;124(10):4642-56. os autores descreveram um novo mecanismo da hipertensão envolvendo sistema imune, processo inflamatório e estresse oxidativo. Kirabo et al.,2424 Kirabo A, Fontana V, de Faria AP, Loperena R, Galindo CL, Wu J, et al. DC isoketal-modified proteins activate T cells and promote hypertension. J Clin Invest. 2014;124(10):4642-56. demonstraram que um modelo com camundongos que receberam angiotensina II endovenosa aumentou os níveis de espécies reativas a oxigênio em células dendríticas secretoras de citocinas pró-inflamatórias (IL-6, IL-1 beta, e IL-23), as quais promoveram a proliferação de células T e um fenótipo pró-inflamatório. Em última análise, esses mecanismos levaram à hipertensão, sugerindo novos alvos potenciais para tratar a hipertensão.2424 Kirabo A, Fontana V, de Faria AP, Loperena R, Galindo CL, Wu J, et al. DC isoketal-modified proteins activate T cells and promote hypertension. J Clin Invest. 2014;124(10):4642-56. Nossos resultados mostraram que o EI - previamente investigado em diabetes tipo 22525 Daniele G, Guardado Mendoza R, Winnier D, Fiorentino TV, Pengou Z, Cornell J, et al. The inflammatory status score including IL-6, TNF-alpha, osteopontin, fractalkine, MCP-1 and adiponectin underlies whole-body insulin resistance and hyperglycemia in type 2 diabetes mellitus. Acta Diabetol. 2014;51(1):123-31. - foi capaz de abordar uma grande variedade de citocinas e adipocinas de mecanismos alinhados e envolvidas na fisiopatologia da HAR. Assim, essa abordagem poderia melhorar a estimativa da relação entre a inflamação subclínica e populações em alto risco, tal como a população de indivíduos obesos com HAR estudados neste estudo.

Já está bem estabelecido que a obesidade, caracterizada por uma ativação crônica do sistema imune e de vias inflamatórias, é um fator crítico no desenvolvimento de resistência à insulina e do diabetes tipo 2, ambos frequentemente presentes na HAR. De fato, muitos estudos corroboram essa relação. Esposito et al.,2626 Esposito K, Pontillo A, Di Palo C, Giugliano G, Masella M, Marfella R, et al. Effect of weight loss and lifestyle changes on vascular inflammatory markers in obese women: a randomized trial. JAMA. 2003;289(14):1799-804. encontraram que a perda de peso e mudanças no estilo de vida reduziram os níveis de marcadores inflamatórios vasculares, tais como IL-6, IL-8 e proteína C-reativa, ao passo que os níveis de adiponectina aumentaram significativamente em mulheres obesas. Efeitos similares de redução dos níveis de TNF-alfa foram encontrados em resposta a essas intervenções.2727 Monzillo LU, Hamdy O, Horton ES, Ledbury S, Mullooly C, Jarema C, et al. Effect of lifestyle modification on adipokine levels in obese subjects with insulin resistance. Obes Res. 2003;11(9):1048-54. Existem evidências de que o sobrepeso e a obesidade possam causar disfunção microvascular caracterizada por (1) sensibilidade à insulina diminuída; (2) ativação do SNS; e (3) resistência vascular periférica aumentada. Ainda, estudos sugerem que alterações na secreção de adipocinas que levam ao aumento dos níveis de ácidos graxos livres e mediadores inflamatórios também estão envolvidas.2828 Scalia, R. The microcirculation in adipose tissue inflammation. Rev Endocr Metab Disord. 2013;14(1):69-76.

29 Bakker W, Sipkema P, Stehouwer CD, Serne EH, Smulders YM, van Hinsbergh VW, et al. Protein kinase C theta activation induces insulin-mediated constriction of muscle resistance arteries. Diabetes. 2008;57(3):706-13.
-3030 Yudkin JS, Eringa E, Stehouwer CD. "Vasocrine" signalling from perivascular fat: a mechanism linking insulin resistance to vascular disease. Lancet. 2005;365(9473):1817-20. Um dado interessante é que, em indivíduos obesos, a disfunção microvascular foi normalizada um ano após cirurgia bariátrica (bypass gástrico), o que esteve associado à redução da PA.3131 Rossi M, Nannipieri M, Anselmino M, Pesce M, Muscelli E, Santoro G, et al. Skin vasodilator function and vasomotion in patients with morbid obesity: effects of gastric bypass surgery. Obes Surg. 2011;21(1):87-94. Níveis elevados de ácidos graxos livres proporcionam disfunção endotelial pela redução da produção de NO, e por aumento da vasoconstrição induzida por endotelina-1 e liberação de citocinas pró-inflamatórias,3232 Vincent MA, Montagnani M, Quon MJ. Molecular and physiologic actions of insulin related to production of nitric oxide in vascular endothelium. Curr Diab Rep. 2003;3(4):279-88. o qual é um fator precoce relacionado à hipertensão associado a eventos cardiovasculares futuros.3333 Landmesser U, Drexler H. Endothelial function and hypertension. Curr Opin Cardiol. 2007;22(4):316-20.,3434 Perticone F, Ceravolo R, Pujia A, Ventura G, Iacopino S, Scozzafava A, et al. Prognostic significance of endothelial dysfunction in hypertensive patients. Circulation. 2001;104(2):191-6.

Nossos achados mostraram que a associação do EI com a HAR foi abolida quando a influência dos parâmetros de gordura corporal foi considerada. Além disso, o EI deixou de ser significativo após a exclusão de indivíduos obesos em ambos os grupos (dados não apresentados). Mostramos que o escore aqui proposto é altamente dependente da obesidade no grupo HAR, resultado de certa forma já esperado, dada à elevada prevalência de sobrepeso/obesidade nessa população (88% em nosso estudo). Ainda, o EI pode ser um reflexo do processo inflamatório subjacente à HAR, de maneira dependente da obesidade, com o potencial de ser usado como uma ferramenta prognóstica, permitindo a estratificação de risco cardiovascular nesses indivíduos obesos. Por outro lado, nós reconhecemos que o delineamento deste estudo não é suficiente para inferirmos uma relação temporal ou de causa e efeito. Também sugerimos que, uma vez que a obesidade esteja estabelecida, com manifestação da hipertensão, a PA elevada também contribua para a ativação do processo inflamatório. Assim, é criado um ciclo vicioso com ambas as condições - hipertensão e obesidade - que se reforçam por meio de vias inflamatórias.

Tratamentos farmacológicos e não farmacológicos podem afetar citocinas/adipocinas inflamatórias. Estudos indicaram que a sinvastatina reduz níveis plasmáticos de TNF-alfa e IL-6.3535 Koh KK, Son JW, Ahn JY, Jin DK, Kim HS, Choi YM, et al. Comparative effects of diet and statin on NO bioactivity and matrix metalloproteinases in hypercholesterolemic patients with coronary artery disease. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2002;22(9):e19-23.,3636 Koh KK, Schenke WH, Waclawiw MA, Csako G, Cannon RO 3rd. Statin attenuates increase in C-reactive protein during estrogen replacement therapy in postmenopausal women. Circulation. 2002;105(13):1531-3. Estudos mostraram que drogas anti-hipertensivas tais como candesartana,3737 Koh KK, Ahn JY, Han SH, Kim DS, Jin DK, Kim HS, et al. Pleiotropic effects of angiotensin II receptor blocker in hypertensive patients. J Am Coll Cardiol. 2003;42(5):905-10. enalapril,3838 Trevelyan J, Brull DJ, Needham EW, Montgomery HE, Morris A, Mattu RK. Effect of enalapril and losartan on cytokines in patients with stable angina pectoris awaiting coronary artery bypass grafting and their interaction with polymorphisms in the interleukin-6 gene. Am J Cardiol. 2004;94(5):564-9. e antagonistas de receptores de mineralocorticoides são capazes de reverter o aumento de citocinas pró-inflamatórias.3939 Guo C, Ricchiuti V, Lian BQ, Yao TM, Coutinho P, Romero JR, et al. Mineralocorticoid receptor blockade reverses obesity-related changes in expression of adiponectin, peroxisome proliferator-activated receptor-gamma, and proinflammatory adipokines. Circulation. 2008;117(17):2253-61. De fato, a prática de exercício e a mudança no estilo de vida reduziram os níveis de IL-8 em indivíduos com síndrome metabólica,4040 Trøseid M, Lappegård KT, Claudi T, Damås JK, Mørkrid L, Brendberg R, et al. Exercise reduces plasma levels of the chemokines MCP-1 and IL-8 in subjects with the metabolic syndrome. Eur Heart J. 2004;25(4):349-55. o que aumentou significativamente os níveis de adiponectina em pacientes obesos.2626 Esposito K, Pontillo A, Di Palo C, Giugliano G, Masella M, Marfella R, et al. Effect of weight loss and lifestyle changes on vascular inflammatory markers in obese women: a randomized trial. JAMA. 2003;289(14):1799-804. Contudo, apesar de essas fontes potenciais de variabilidade possam estar presentes, provavelmente não afetaram nossos resultados, uma vez que os indivíduos com HAR apresentaram EI elevado apesar do uso de um maior número de drogas anti-hipertensivas. O tratamento individualizado também justifica a falta de uma terapia padronizada, e devido a aspectos éticos, nossos pacientes não puderam ser avaliados retirando-se seus medicamentos. Por fim, do ponto de vista terapêutico, drogas anti-inflamatórias ou moléculas anti-citocinas direcionadas ao sistema imune, tais como a minociclina, podem ser atrativas e de grande interesse na prática clínica para o tratamento de hipertensão e prevenção de complicações cardiovasculares, de acordo com o apresentado em estudos anteriores.4141 Hu P, Thinschmidt JS, Yan Y, Hazra S, Bhatwadekar A, Caballero S, et al. CNS inflammation and bone marrow neuropathy in type 1 diabetes. Am J Pathol. 2013;183(5):1608-20.

42 Santisteban MM, Ahmari N, Carvajal JM, Zingler MB, Qi Y, Kim S, et al. Involvement of bone marrow cells and neuroinflammation in hypertension. Circ Res. 2015;117(2):178-91.
-4343 Liu W, Wang X, Feng W, Li S, Tian W, Xu T, et al. Lentivirus mediated IL-17R blockade improves diastolic cardiac function in spontaneously hypertensive rats. Exp Mol Pathol. 2011;91(1):362-7.

Algumas limitações devem ser mencionadas. Uma vez que a população estudada consiste em uma amostra de conveniência, sem cálculo amostral, nossos achados podem não refletir as características da população geral. Ainda, podem existir vieses ao se comparar populações de diferentes centros. Vale mencionar que o processo inflamatório é muito complexo e medir seus mediadores é ainda mais desafiador, uma vez que (i) apresenta alto custo, (ii) não está disponível na prática clínica, e (iii) os valores de corte podem ter perfis heterogêneos, o que dificulta ainda mais a reprodutibilidade. Ainda assim, testar a especificidade e a sensibilidade em diferentes populações é mandatório para garantir um escore confiável. Por fim, o valor do escore proposto pode sofrer alterações caso haja mudança no número de citocinas pró-inflamatórias e/ou citocinas anti-inflamatórias.

Conclusão

Nossos achados sugerem que o EI, que abrange muitas citocinas e adipocinas circulantes, pode fornecer informações clínicas importantes para complementar a estratificação de risco cardiovascular em indivíduos obesos com HAR. Ainda, o escore proposto parece ser altamente dependente da hipertensão relacionada à obesidade. É necessário validar esse escore em populações maiores para permitir seu uso de maneira segura na prática clínica.

  • Fontes de financiamento
    O presente estudo foi financiado por Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Brasil.
  • Vinculação acadêmica
    Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.
  • Aprovação ética e consentimento informado
    Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas sob o número de protocolo 188.161/2013; CAAE: 11189712.8.0000.5404. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo.

References

  • 1
    Lyon CJ, Law RE, Hsueh WA. Minireview: adiposity, inflammation, and atherogenesis. Endocrinology. 2003;144(6):2195-200.
  • 2
    Aroor AR, McKarns S, Demarco VG, Jia G, Sowers JR. Maladaptive immune and inflammatory pathways lead to cardiovascular insulin resistance. Metabolism. 2013;62(11):1543-52.
  • 3
    Briones AM, Aras-López R, Alonso MJ, Salaices M. Small artery remodeling in obesity and insulin resistance. Curr Vasc Pharmacol. 2014;12(3):427-37.
  • 4
    Hall ME, do Carmo JM, da Silva AA, Juncos LA, Wang Z, Hall JE. Obesity, hypertension, and chronic kidney disease. Int J Nephrol Renovasc Dis. 2014 Feb 18;7:75-88.
  • 5
    de Faria AP, Demacq C, Figueiredo VN, Moraes CH, Santos RC, Sabbatini AR, et al. Hypoadiponectinemia and aldosterone excess are associated with lack of blood pressure control in subjects with resistant hypertension. Hypertens Res. 2013;36(12):1067-72.
  • 6
    Sabbatini AR, Faria AP, Barbaro NR, Gordo WM, Modolo RG, Pinho C, et al. Deregulation of adipokines related to target organ damage on resistant hypertension. J Hum Hypertens. 2014;28(6):388-92.
  • 7
    Barbaro NR, Fontana V, Modolo R, De Faria AP, Sabbatini AR, Fonseca FH, et al. Increased arterial stiffness in resistant hypertension is associated with inflammatory biomarkers. Blood Press. 2015;24(1):7-13.
  • 8
    Cortez AF, Muxfeldt ES, Cardoso CR, Salles GF. Prognostic value of C-reactive protein in resistant hypertension. Am J Hypertens. 2016;29(8):992-1000.
  • 9
    Salles GF, Fiszman R, Cardoso CR, Muxfeldt ES. Relation of left ventricular hypertrophy with systemic inflammation and endothelial damage in resistant hypertension. Hypertension. 2007;50(4):723-8.
  • 10
    Chen H, Montagnani M, Funahashi T, Shimomura I, Quon MJ. Adiponectin stimulates production of nitric oxide in vascular endothelial cells. J Biol Chem. 2003;278(45):45021-6.
  • 11
    Ouchi N, Kihara S, Arita Y, Maeda K, Kuriyama H, Okamoto Y, et al. Novel modulator for endothelial adhesion molecules: adipocyte-derived plasma protein adiponectin. Circulation. 1999;100(25):2473-6.
  • 12
    Ouchi N, Kihara S, Arita Y, Okamoto Y, Maeda K, Kuriyama H, et al. Adiponectin, an adipocyte-derived plasma protein, inhibits endothelial NF-kappaB signaling through a cAMP-dependent pathway. Circulation. 2000;102(11):1296-301.
  • 13
    Fasshauer M, Kralisch S, Klier M, Lossner U, Bluher M, Klein J, et al. Adiponectin gene expression and secretion is inhibited by interleukin-6 in 3T3-L1 adipocytes. Biochem Biophys Res Commun. 2003;301(4):1045-50.
  • 14
    Grunfeld C, Zhao C, Fuller J, Pollack A, Moser A, Friedman J, et al. Endotoxin and cytokines induce expression of leptin, the ob gene product, in hamsters. J Clin Invest. 1996;97(9):2152-7.
  • 15
    Machleidt F, Simon P, Krapalis AF, Hallschmid M, Lehnert H, Sayk F. Experimental hyperleptinemia acutely increases vasoconstrictory sympathetic nerve activity in healthy humans. J Clin Endocrinol Metab. 2013;98(3):E491-6.
  • 16
    Calhoun DA, Jones D, Textor S, Goff DC, Murphy TP, Toto RD, et al. Resistant hypertension: diagnosis, evaluation, and treatment. A scientific statement from the American Heart Association Professional Education Committee of the Council for High Blood Pressure Research. Hypertension. 2008;51(6):1403-19.
  • 17
    Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redon J, Zanchetti A, Böhm M, et al. 2013 ESH/ESC guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the Management of Arterial Hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J. 2013;34(28):2159-219.
  • 18
    de Souza WA, Sabha M, de Faveri Favero F, Bergsten-Mendes G, Yugar-Toledo JC, Moreno H. Intensive monitoring of adherence to treatment helps to identify "true" resistant hypertension. J Clin Hypertens (Greenwich). 2009;11(4):183-91.
  • 19
    de Haro Moraes C, Figueiredo VN, de Faria AP, Barbaro NR, Sabbatini AR, Quinaglia T, et al. High-circulating leptin levels are associated with increased blood pressure in uncontrolled resistant hypertension. J Hum Hypertens. 2013;27(4):225-30.
  • 20
    Boer-Martins L, Figueiredo VN, Demacq C, Martins LC, Consolin-Colombo F, Figueiredo MJ, et al. Relationship of autonomic imbalance and circadian disruption with obesity and type 2 diabetes in resistant hypertensive patients. Cardiovasc Diabetol. 2011 Mar 22;10:24.
  • 21
    Catharina AS, Modolo R, Ritter AMV, Sabbatini AR, Lopes HF, Moreno Junior H, Faria AP. Metabolic Syndrome-Related Features in Controlled and Resistant Hypertensive Subjects. Arq Bras Cardiol. 2018 Jun;110(6):514-521.
  • 22
    Enkhmaa B, Anuurad E, Zhang W, Kim K, Berglund L. Diverging trajectory patterns of systemic versus vascular inflammation over age in healthy Caucasians and African-Americans. Atherosclerosis. 2015;239(2):509-15.
  • 23
    Filho AG, Kinote A, Pereira DJ, Rennó A, dos Santos RC, Ferreira-Melo SE, et al. Infliximab prevents increased systolic blood pressure and upregulates the AKT/eNOS pathway in the aorta of spontaneously hypertensive rats. Eur J Pharmacol. 2013;700(1-3):201-9.
  • 24
    Kirabo A, Fontana V, de Faria AP, Loperena R, Galindo CL, Wu J, et al. DC isoketal-modified proteins activate T cells and promote hypertension. J Clin Invest. 2014;124(10):4642-56.
  • 25
    Daniele G, Guardado Mendoza R, Winnier D, Fiorentino TV, Pengou Z, Cornell J, et al. The inflammatory status score including IL-6, TNF-alpha, osteopontin, fractalkine, MCP-1 and adiponectin underlies whole-body insulin resistance and hyperglycemia in type 2 diabetes mellitus. Acta Diabetol. 2014;51(1):123-31.
  • 26
    Esposito K, Pontillo A, Di Palo C, Giugliano G, Masella M, Marfella R, et al. Effect of weight loss and lifestyle changes on vascular inflammatory markers in obese women: a randomized trial. JAMA. 2003;289(14):1799-804.
  • 27
    Monzillo LU, Hamdy O, Horton ES, Ledbury S, Mullooly C, Jarema C, et al. Effect of lifestyle modification on adipokine levels in obese subjects with insulin resistance. Obes Res. 2003;11(9):1048-54.
  • 28
    Scalia, R. The microcirculation in adipose tissue inflammation. Rev Endocr Metab Disord. 2013;14(1):69-76.
  • 29
    Bakker W, Sipkema P, Stehouwer CD, Serne EH, Smulders YM, van Hinsbergh VW, et al. Protein kinase C theta activation induces insulin-mediated constriction of muscle resistance arteries. Diabetes. 2008;57(3):706-13.
  • 30
    Yudkin JS, Eringa E, Stehouwer CD. "Vasocrine" signalling from perivascular fat: a mechanism linking insulin resistance to vascular disease. Lancet. 2005;365(9473):1817-20.
  • 31
    Rossi M, Nannipieri M, Anselmino M, Pesce M, Muscelli E, Santoro G, et al. Skin vasodilator function and vasomotion in patients with morbid obesity: effects of gastric bypass surgery. Obes Surg. 2011;21(1):87-94.
  • 32
    Vincent MA, Montagnani M, Quon MJ. Molecular and physiologic actions of insulin related to production of nitric oxide in vascular endothelium. Curr Diab Rep. 2003;3(4):279-88.
  • 33
    Landmesser U, Drexler H. Endothelial function and hypertension. Curr Opin Cardiol. 2007;22(4):316-20.
  • 34
    Perticone F, Ceravolo R, Pujia A, Ventura G, Iacopino S, Scozzafava A, et al. Prognostic significance of endothelial dysfunction in hypertensive patients. Circulation. 2001;104(2):191-6.
  • 35
    Koh KK, Son JW, Ahn JY, Jin DK, Kim HS, Choi YM, et al. Comparative effects of diet and statin on NO bioactivity and matrix metalloproteinases in hypercholesterolemic patients with coronary artery disease. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2002;22(9):e19-23.
  • 36
    Koh KK, Schenke WH, Waclawiw MA, Csako G, Cannon RO 3rd. Statin attenuates increase in C-reactive protein during estrogen replacement therapy in postmenopausal women. Circulation. 2002;105(13):1531-3.
  • 37
    Koh KK, Ahn JY, Han SH, Kim DS, Jin DK, Kim HS, et al. Pleiotropic effects of angiotensin II receptor blocker in hypertensive patients. J Am Coll Cardiol. 2003;42(5):905-10.
  • 38
    Trevelyan J, Brull DJ, Needham EW, Montgomery HE, Morris A, Mattu RK. Effect of enalapril and losartan on cytokines in patients with stable angina pectoris awaiting coronary artery bypass grafting and their interaction with polymorphisms in the interleukin-6 gene. Am J Cardiol. 2004;94(5):564-9.
  • 39
    Guo C, Ricchiuti V, Lian BQ, Yao TM, Coutinho P, Romero JR, et al. Mineralocorticoid receptor blockade reverses obesity-related changes in expression of adiponectin, peroxisome proliferator-activated receptor-gamma, and proinflammatory adipokines. Circulation. 2008;117(17):2253-61.
  • 40
    Trøseid M, Lappegård KT, Claudi T, Damås JK, Mørkrid L, Brendberg R, et al. Exercise reduces plasma levels of the chemokines MCP-1 and IL-8 in subjects with the metabolic syndrome. Eur Heart J. 2004;25(4):349-55.
  • 41
    Hu P, Thinschmidt JS, Yan Y, Hazra S, Bhatwadekar A, Caballero S, et al. CNS inflammation and bone marrow neuropathy in type 1 diabetes. Am J Pathol. 2013;183(5):1608-20.
  • 42
    Santisteban MM, Ahmari N, Carvajal JM, Zingler MB, Qi Y, Kim S, et al. Involvement of bone marrow cells and neuroinflammation in hypertension. Circ Res. 2015;117(2):178-91.
  • 43
    Liu W, Wang X, Feng W, Li S, Tian W, Xu T, et al. Lentivirus mediated IL-17R blockade improves diastolic cardiac function in spontaneously hypertensive rats. Exp Mol Pathol. 2011;91(1):362-7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Fev 2019
  • Data do Fascículo
    Abr 2019

Histórico

  • Recebido
    28 Abr 2018
  • Revisado
    22 Ago 2018
  • Aceito
    05 Set 2018
Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC Avenida Marechal Câmara, 160, sala: 330, Centro, CEP: 20020-907, (21) 3478-2700 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil, Fax: +55 21 3478-2770 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@cardiol.br