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Chaetogyne zoae sp. nov. (Diptera, Tachinidae)

Chaetogyne zoae sp. nov. (Diptera, Tachinidae

Resumo

A third new species of Chaetogyne Brauer & Bergenstamm, 1889 is described from Brazil (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) and a key for the three species of this genus is presented.

Chaetogyne; Theresiini; Tachinidae; Taxonomy; Neotropical


Chaetogyne; Theresiini; Tachinidae; Taxonomy; Neotropical

CHAETOGYNE ZOAE SP. NOV. (DIPTERA, TACHINIDAE)

Ronaldo Toma1 1 . Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa.Postal 42694, CEP 042299-970, São Paulo, SP, Brasil. (bolsista da FAPESP).

ABSTRACT

CHAETOGYNE ZOAE SP. NOV. (DIPTERA, TACHINIDAE). A third new species of Chaetogyne Brauer & Bergenstamm, 1889 is described from Brazil (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) and a key for the three species of this genus is presented.

KEYWORDS. Chaetogyne, Theresiini, Tachinidae, Taxonomy, Neotropical.

INTRODUÇÃO

Brauer & Bergenstamm (1889) propuseram o gênero monotípico Chaetogyne para a espécie Stomoxys vexans Wiedemann, 1830. Curran (1937) descreveu a segunda espécie do gênero, Chaetogyne analis. Esse gênero é neotropical e, segundo o catálogo de Guimarães (1971), está arrolado na tribo Theresiini.

A espécie nova aqui descrita, Chaetogyne zoae, compartilha as seguintes características com C. vexans e C. analis: carena facial proeminente, em geral, com um sulco na extremidade superior; probóscide longa, fina, e cerca de uma vez e meia o comprimento da cabeça; pedicelo com uma cerda longa, ultrapassando a metade do comprimento da arista; esta plumosa com a base levemente espessa; triângulo ocelar piloso; parafrontália com pêlos; margem subvibrissal com cerca de quatro cerdas, em geral, contínuas às cerdas da margem subcranial; prosterno glabro; esternopleurais com pêlos finos e longos, subjacentes à fileira de cerdas esternopleurais; margem posterior da coxa posterior nua.

Lista de acrônimos: MZSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo; MCTP, Museu de Ciências e Tecnologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Chave para as espécies de Chaetogyne

1. Abdome quase tão largo quanto longo; tergito 3, nos machos, sem cerdas marginais medianas............................................C. vexans (Wiedemann)

Abdome pouco mais longo do que largo (fig. 1); tergito 3 com um par de cerdas marginais medianas............................................2


2. Abdome castanho-escuro com densa pruinosidade cinza nos tergitos 5 e 6 e na superfície dorsal da terminália............................................C. analis Curran

Abdome alaranjado com forte pruinosidade amarelo-dourada e com uma mancha preta triangular direcionada para trás no sintergito 1+2 e tergito 3............................................C. zoae sp. nov.

Chaetogyne zoae sp. nov.

(Figs. 1-4, 6- 9)

Diagnose. Caracteriza-se pela calíptera relativamente mais clara; pelo escutelo alaranjado; pelo abdome alaranjado com uma mancha preta triangular direcionada para trás no sintergito 1+2 e tergito 3, e com forte pruinosidade amarelo-dourada.

Macho. Comprimento, 11-13 mm. Cabeça (fig. 2) pardo-amarelada com pruinosidade cinza-amarelada. Vértice cerca de 0,20 da largura da cabeça. Fronte castanho-escura, alargando-se em direção à base antenal. Parafrontália mais larga em direção à pró-fronte; esta situada pouco abaixo da metade da altura do olho. Parafaciália com largura constante ao longo de sua extensão, cerca da mesma largura da pró-fronte. Antenas alaranjadas, separadas pela carena facial; flagelômero cerca do dobro do comprimento do pedicelo. Palpos alaranjados e relativamente curtos. Cerdas ocelares longas, maiores ou iguais ao comprimento das cerdas verticais internas. Cerdas frontais 14-16, longas, estendendo-se até a margem superior do pedicelo, as mais próximas das extremidades superior e inferior menores. Parafrontália com pêlos adjacentes à fileira de cerdas frontais. Parafaciália e pró-fronte glabras. Faciália com duas ou três cerdas pouco maiores que o terço do comprimento da vibrissa, estendendo-se 0,20 da distância da vibrissa à base da antena. Gena cerca de 0,40 da altura do olho.

Tórax castanho com pruinosidade cinza-amarelada; escutelo em geral mais claro. Proepisterno piloso. Catepisterno com três cerdas, formando um triângulo. Pós-pronoto em geral com cinco cerdas: três cerdas basais mais ou menos alinhadas, com a cerda basal mediana menor e mais próximo da cerda basal externa do que da cerda basal interna; cerda anterior externa posicionada mais ou menos em frente da basal mediana; cerda anterior interna situada mais anteriormente, quase alinhada com as cerdas anterior e basal externas. Acrosticais 2:4, com as três primeiras pós-suturais relativamente curtas. Dorsocentrais 3:4, com a segunda pós-sutural em geral reduzida. Escutelo com três pares de cerdas longas: um par de basais, um de laterais e um par de apicais convergentes; três ou quatro cerdas discais margeando o escutelo. Pernas castanhas; garras tarsais relativamente curtas, cerca de dois terços do comprimento do último tarsômero. Asa hialina, levemente alaranjada próximo à base; veia M com curvatura angulosa, e terminando separada de R4+5; Célula r4+5 terminando antes do ápice da asa; calípteras com pruinosidade marrom e margem amarela.

Abdome (fig. 1) alaranjado com forte pruinosidade amarelo-dourada; uma mancha triangular preta direcionada para trás, em geral, no sintergito 1+2 e tergito 3; este com um par de cerdas marginais medianas e tergitos 4 e 5 com uma fileira de cerdas marginais medianas longas e espessas, as do tergito 5 relativamente mais fracas.

Terminália. Esternito 5 em geral pouco mais largo do que longo (fig. 9). Hipândrio com a estrutura de ligação com o gonópodo relativamente alongada e esclerotinizada (fig. 8). Parâmeros fusionados na porção dorsal, em forma de quilha. Edeago basalmente fusionado com o parâmero; porção basal posterior com uma placa esclerotinizada; porção basal anterior membranosa e microdenteada, de onde parte uma estrutura cilíndrica, alongada, também membranosa e com microdenteações menores (figs. 6, 7). Cercos e surstilos, vista posterior (fig. 4), aqueles mais alargados basalmente, estreitando-se do meio para o ápice; surstilos robustos, estreitando-se em direção ao ápice, região externa mais convexa. Cercos, em vista lateral (fig. 3), com a metade apical curvada para trás, ápice levemente curvado para frente; surstilos robustos e subtriangulares, porções posterior e anterior levemente convexas, a porção posterior um pouco menos.

Distribuição geográfica. Brasil: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Comentário. As identificações conferem completamente, no caso de Chaetogyne vexans, com a resdescrição de Aldrich (1925) e, de C. analis, com a descrição original de Curran (1937). C. zoae (fig. 3) difere de C. vexans (fig. 5) pela porção apical dos cercos relativamente menos curvada para frente e pela região anterior dos surstilos levemente convexa; difere de C. analis (fig. 10) pelo esternito 5 em geral pouco mais longo do que largo (fig. 9).

Etimologia. Esta espécie foi descrita em homenagem à minha esposa Zoraida Fernández.

Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Santa Catarina, Rio das Antas, I.1953, Camargo col. (MZSP). Parátipos: Paraná, , XI.1946, Mallet & L. Travassos Filho col. (MZSP); Curitiba, , P. Machado col. (MZSP); Santa Catarina: Rio das Antas, 4 , I.1953, Camargo & Dente col. (MZSP); idem, 6 , Camargo & Andreatta col. (MZSP); idem, 20 , Camargo col. (MZSP); Rio Grande do Sul, São Francisco de Paula, 2 , 27.I. e 12.II.1998, Koehler col. (MCTP).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Recebido em 30.07.2000; aceito em 02.04.2001

  • Aldrich, J. M. 1925. Notes on some types of American Muscoid Diptera in the collection of the Vienna Natural History Museum (cont.). Ann. ent. Soc. Am., Columbus, 18: 107-130.
  • Brauer, F. & Bergenstamm, J. E. Von. 1889. Die Zweiflügler des Kaiserlichen Museums zu Wien. IV. Vorarbeiten zu einer Monographie der Muscaria Schizometopa (exklusiv Anthomyidae). Pars I. Denkschr. Akad. Wiss., Wien, 56: 69-180.
  • Curran, C. H. 1937. Three new Neotropical Diptera. Revta Chilena Hist. Nat., Santiago, 40: 331-335.
  • Guimarães, J. H. 1971. Family Tachinidae. In: PAPAVERO, N. ed. A catalogue of the Diptera of the Americas South of the United States. São Paulo, Universidade de São Paulo. v. 104, 333p.
  • Wiedemann, C. R. W. 1830. Aussereuropäische zweiflügelige Insekten Hamm, Schulzischen Buchhandlung. v. 2, 684 p.
  • 1
    . Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa.Postal 42694, CEP 042299-970, São Paulo, SP, Brasil. (bolsista da FAPESP).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Jul 2003
    • Data do Fascículo
      Nov 2001

    Histórico

    • Aceito
      02 Abr 2001
    • Recebido
      30 Jul 2000
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