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Espécie nova de Amazonina de Minas Gerais, Brasil (Blattaria, Blattellidae)

A new species of Amazonina from Minas Gerais, Brazil (Blattaria, Blattellidae)

Resumo

Amazonina tresmariensis sp. nov. from Três Marias, Minas Gerais, Brazil is described, and the male genitalia illustrated. Some ecological notes are presented.

Amazonina; Blattaria; taxonomy; new species


Amazonina; Blattaria; taxonomy; new species

ESPÉCIE NOVA DE AMAZONINA DE MINAS GERAIS, BRASIL (BLATTARIA, BLATTELLIDAE)

Sonia Maria Lopes1 1 . Depto. Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 20940-040 Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ( sonialf@acd.ufrj.br) ,2 1 . Depto. Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 20940-040 Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ( sonialf@acd.ufrj.br) Edivar Heeren de Oliveira1 1 . Depto. Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 20940-040 Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ( sonialf@acd.ufrj.br)

ABSTRACT

A NEW SPECIES OF AMAZONINA FROM MINAS GERAIS, BRAZIL (BLATTARIA, BLATTELLIDAE). Amazonina tresmariensis sp. nov. from Três Marias, Minas Gerais, Brazil is described, and the male genitalia illustrated. Some ecological notes are presented.

KEYWORDS. Amazonina, Blattaria, taxonomy, new species.

INTRODUÇÃO

O gênero Amazonina Hebard, 1929, com 14 espécies brasileiras, está distribuído desde Porto Rico até o norte da Argentina e no Brasil nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Hebard (1929) situou Amazonina na tribo Neoblattellini, de tamanho pequeno a médio. Rocha e Silva-Albuquerque (1974) revisou o gênero com base nos seguintes caracteres: coloração amarelo-ferruginosa; nas tégminas, pontos castanho-escuros ao longo das nervuras; no macho, placa supra-anal triangular ou subtriangular, mais larga que longa, apicalmente arredondada e placa subgenital retangular ou sub-retangular com a borda apical transversa, projetada ou emarginada.

O objetivo é descrever uma espécie nova, de Três Marias, Minas Gerais.

MATERIAL E MÉTODOS

O espécime foi coletado em folhas de Qualea parviflora Martius, 1826 (Vochysiaceae), na localidade de Três Marias, Minas Gerais, Brasil (18º20' S - 45º24' W). Essa planta tem o nome vulgar de pau-terra-de-flor-miudinha e é conhecida no Pará como coatá-quiçana, na Bahia como pau-terra e no Mato Grosso, pau-terra mirim.

O espécime foi analisado morfologicamente de acordo com as técnicas utilizadas e descritas em Lopes & Oliveira (2000) e depositado no Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ).

Amazonina tresmariensis sp. nov.

(Figs. 1-9)


Descrição. Colorido geral castanho-claro, brilhoso. Pronoto castanho-claro, com abas laterais transparentes, disco central com manchas castanho-escuras, irregulares e dispersas (fig. 5). Vértice, espaço interocular e fronte castanhos, brilhosos e transparentes, com manchas castanho-escuras simétricas, dispersas (fig. 1). Clípeo e labro castanhos. Antenas castanho-claras. Palpos labiais castanhos. Tégminas castanho-claras com pontuações castanho-escuras. Pernas castanho-claras com espinhos mais escuros. Pulvilos esbranquiçados. Abdome castanho-claro, com as extremidades laterais e a região mediana castanho-escuras.

Cabeça com espaço interocular amplo, pouco maior que a metade da área que separa as bases das inserções antenais; antenas filiformes e pilosas, longas, que ultrapassam o ápice do abdome. Palpos maxilares pilosos com o quarto e quinto artículos iguais em tamanho, o último dilatado; terceiro artículo pouco maior que a soma do quarto e do quinto; palpos labiais pilosos. Pronoto largo e relativamente curto, levemente trapezoidal, com ápice reto e base suavemente angular; abas laterais amplas com entorno arredondado.

Pernas longas, afiladas e espinhosas; margem ântero-ventral do fêmur I com uma série de espinhos decrescentes em tamanho da base para o ápice, terminando em dois espinhos apicais desenvolvidos; fêmures II e III semelhantes, em ambas as margens espinhos robustos e espaçados e um apical robusto; pulvilos desenvolvidos em todos os segmentos tarsais; arólios presentes; unhas simétricas, com especialização ventral serrilhada composta de quatro ou cinco dentes com ápice quitinizado. Tégminas longas, ultrapassam o ápice dos cercos; campo marginal bem marcado e abaulado; campo escapular suavemente convexo, com base reta e ápice curvo próximo à base do campo discoidal; este convexo, arredondado no ápice da tégmina e reto próximo à base do campo anal; campo anal formado por 4 ou 5 nervuras axilares. Asas pouco nervuladas; nervura subcostal simples e oblíqua; nervura radial apresentando nos ramos iniciais dilatações apicais distintas, seguindo bifurcada para o ápice; nervura mediana reta na base e bifurcada médio-apicalmente; triângulo apical pouco desenvolvido; campo anal dobrado em leque.

Abdome com placa supra-anal do macho simétrica, retangular, curta e alargada, com ápice ligeiramente sinuoso e piloso, pouco projetado entre os cercos, que são longos e pilosos (fig. 4). Placa subgenital simétrica, basalmente alargada, com contorno lateral arredondado e duas projeções látero-apicais pilosas; ápice com dois estilos digitiformes simétricos, na extremidade de cada um deles, dois espinhos curtos e robustos. Entre os dois estilos, a placa exibe uma projeção alargada, apicalmente arredondada, com cinco espinhos, idênticos aos dos estilos (figs. 2, 3). R2, apicalmente, em forma de gancho desenvolvido (fig. 7); esclerito do R2 com cerdas longas em forma de penacho (fig. 6). L1 reduzido e quitinizado (fig. 8). L2d do L2vm palmiforme com uma das laterais ornada com uma série de projeções espiniformes (fig. 9).

Dimensões (mm): comprimento total 15,0; comprimento do pronoto 2,5, largura 3,5; comprimento da tégmina 13,0, largura 3,0.

Material-tipo. BRASIL, Minas Gerais: Três Marias, holótipo , I.2000, S. J. G. Gonçalves-Alvim & T. Lana col. (MNRJ).

Discussão. Pela projeção mediana mais alargada da placa subgenital do macho e a configuração dos estilos próximos às laterais da placa, A. tresmariensis é similar à A. rehni, descrita por Rocha e S.-Albuquerque, 1964, do Pará, Brasil, porém dela se distingue pela coloração da cabeça e do pronoto, configuração da placa supra-anal do macho que apresenta leve reentrância mediana, pelas formações espinhosas distintas nos estilos e pela projeção mediana da placa subgenital.

Agradecimentos. À Dra. Janira Martins Costa (UFRJ), pelo apoio técnico. Ao Dr. José Roberto Pujol-Luz (UFRRJ), pela revisão do texto. Aos biólogos do Depto de Botânica (Herbário do Museu Nacional, UFRJ) pela complementação de dados bibliográficos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Recebido em 31.08.2001; aceito em 15.04.2002

2. Curso de Biologia Animal, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

  • Hebard, M. 1929. Previously unreported tropical American Blattidae (Orthoptera) in the British Museum. Trans. Am. ent. Soc., Philadelphia, 55:345-488.
  • Lopes, S. M. & Oliveira, E. H. 2000. Espécie nova de Eublaberus Hebard, 1919 do Estado de Goiás, Brasil e notas sobre E. marajoara Rocha e Silva-Albuquerque, 1972 (Blaberidae, Blaberinae). Bolm Mus. nac. Rio de J., Nova Série, Zool., Rio de Janeiro, 433:1-5.
  • Rocha e Silva-Albuquerque, I. 1964. Sobre três espécies novas de Blattaria do Brasil (Epilampridae-Blattellinae). Bolm Mus. para. Emílio Goeldi, Nova Série, Zool., Belém, 44:1-6.
  • žž. 1974. Revisão do gênero Amazonina Hebard, 1929 (Epilampridae, Blattellinae). Acta Amazonica, Manaus, 4(2):55-67.
  • 1
    . Depto. Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 20940-040 Rio de Janeiro, RJ, Brasil. (
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Set 2002
    • Data do Fascículo
      Jun 2002

    Histórico

    • Recebido
      31 Ago 2001
    • Aceito
      15 Abr 2002
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