Resumo
Natagaima Lane, 1972 is revised and provisionally transferred from Anisocerini to Acanthoderini. The genus and the type species, Natagaima balteata Lane, 1972, are redescribed and two new species added: N. moacyri, from Colombia (Tumaco) and N. heloisae, from Ecuador (Napo). All the species are illustrated and keyed.
Cerambycidae; Acanthoderini; Natagaima; taxonomy; Neotropical
Cerambycidae; Acanthoderini; Natagaima; taxonomy; Neotropical
Revisão do gênero Natagaima (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)
Revision of the genus Natagaima (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)
Carlos Eduardo de Alvarenga JulioI, 1 1 Departamento de Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ( ceajulio@ig.com.br) 2 Doutorando em Ciências Biológicas, Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Botucatu , II, 2 1 Departamento de Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ( ceajulio@ig.com.br) 2 Doutorando em Ciências Biológicas, Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Botucatu
IDepartamento de Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
IIDoutorando em Ciências Biológicas, Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Botucatu
Endereço para correspondência Endereço para correspondência Carlos Eduardo de Alvarenga Julio ceajulio@ig.com.br
ABSTRACT
Natagaima Lane, 1972 is revised and provisionally transferred from Anisocerini to Acanthoderini. The genus and the type species, Natagaima balteata Lane, 1972, are redescribed and two new species added: N. moacyri, from Colombia (Tumaco) and N. heloisae, from Ecuador (Napo). All the species are illustrated and keyed.
Keywords: Cerambycidae, Acanthoderini, Natagaima, taxonomy, Neotropical.
INTRODUÇÃO
LANE (1972) erigiu o gênero Natagaima para N. balteata procedente da Colômbia e Guatemala. Comentou que "este gênero apresenta caracteres dos Acanthoderini, mas no conjunto dos seus elementos opto em colocá-lo entre os Anisocerini".
O exame de material pertencente às coleções do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ) e Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo (MZSP) permitiu propor a transferência de Natagaima para a tribo Acanthoderini e descrever duas espécies da Colômbia e Equador. Foram incluídas a redescrição de N. balteata e chave para identificação das espécies.
Natagaima Lane, 1972
Natagaima LANE, 1972:367; MONNÉ, 1994:5 (cat.).
Espécie-tipo, Natagaima balteata Lane, 1972 (monotipia e designação original).
Fronte plana, finamente pontuada, com os lados paralelos e borda inferior arqueada; área entre os tubérculos anteníferos com ou sem pontuação profunda e esparsa. Olhos pequenos, divididos, com apenas um filete sem omatídios unindo os lobos oculares inferior e superior; lobos oculares superiores tão distantes entre si quanto o dobro da largura de um lobo. Tubérculos anteníferos separados entre si e não projetados. Antenas com onze artículos, nos machos tão ou um pouco mais longas que o corpo e, nas fêmeas, não alcançam o ápice elitral; escapo clavado, mais robusto nos machos, pouco adelgaçado na base; antenômero III, não modificado, pouco mais longo que o escapo nos machos e subigual nas fêmeas; antenômero IV tão longo quanto o III, com uma lamela apical expandida para os dois lados; antenômeros V-XI gradualmente decrescentes em comprimento.
Protórax mais largo que longo, com tubérculo lateral rombo manifesto; pronoto com elevações oblíquas látero-anteriores e longitudinal central, desenvolvidas ou não; margens anterior e posterior com pontuação profunda; cavidades procoxais não angulosas externamente; processo prosternal arqueado. Processo mesosternal bituberculado e truncado na margem posterior; cavidades mesocoxais fechadas. Élitros densa e profundamente pontuados no terço basal, com crista longitudinal centro-basal manifesta; planos nos 2/3 basais e em declive e convexos no terço apical; lados subparalelos até o meio e gradualmente estreitados para os ápices, estes reta ou obliquamente truncados; úmeros arredondados, com ou sem grânulos. Fêmures pedunculados, os anteriores mais robustos; protíbias aplanadas e alargadas para o lado externo do ápice; protarsos franjados nos machos.
Urosternito V das fêmeas tão longo quanto os três anteriores reunidos, com pequeno sulco no centro da metade basal.
Comentários. Os olhos divididos por apenas um filete, sem omatídios; o aspecto oblíquo das elevações látero-anteriores do pronoto; as cavidades procoxais não-angulosas externamente e as mesocoxais fechadas; os élitros planos nos 2/3 basais e em declive e convexos no terço apical, com os lados subparalelos até o meio, gradualmente estreitados para os ápices; e os ápices elitrais truncados, permitem posicionar, provisoriamente, Natagaima na tribo Acanthoderini. Assemelha-se a Scleronotus, proposto por WHITE (1855), pelos olhos divididos, com apenas um filete unindo os lobos inferior e superior; pelo aspecto do tubérculo lateral do protórax rombo e das elevações látero-anteriores do pronoto oblíquas e pelo formato dos élitros, planos nos 2/3 basais e em declive e convexos no terço apical, com os lados subparalelos até o meio, gradualmente estreitados para os ápices, estes retos ou obliquamente truncados. Distingue-se pelos antenômeros III e IV com o mesmo comprimento, o IV com lamela apical expandida para os dois lados; pelo aspecto da superfície elitral com densa pontuação profunda no terço basal, sem grânulos ou tufos de cerdas e pelo aspecto da crista centro-basal dos élitros, longitudinal, alongada desde a margem até aproximadamente o quarto basal. Em Scleronotus: antenômero III com uma vez e meia o comprimento do IV, este não-modificado; superfície elitral recoberta por grânulos ou tufos de cerdas; élitros com gibosidade centro-basal curta, elevada, com grânulos ou tufos de cerdas no topo.
Chave para as espécies de Natagaima
1. Tegumento castanho-avermelhado; pronoto com desenho triangular no centro do disco, formado por pubescência decumbente esbranquiçada, o vértice do triângulo tocando a margem anterior; elevações pronotais discretas, pouco manifestas; élitros com a metade basal recoberta por pubescência decumbente castanho-clara, delimitada no centro por estreita faixa oblíqua esbranquiçada que toca os lados do disco e a sutura um pouco além do meio, terço apical recoberto por pubescência decumbente castanho-clara com máculas castanho-escuras, delimitada por faixa transversal branca e área entre as faixas oblíqua e transversal revestida por pubescência castanho-escura; ápices elitrais retamente truncados; protíbias bruscamente dilatadas e aplanadas nos 2/3 apicais. Fêmea (fig. 1). Guatemala e Colômbia ........................................................................N. balteata Lane, 1972
Tegumento negro; pronoto sem desenho, revestido por rala pubescência castanho-escura ou por densa pubescência decumbente branca em área central do disco; gibosidades pronotais látero-anteriores oblíquas desenvolvidas e calo central manifesto; élitros sem desenhos, revestidos por rala pubescência castanho-escura ou por pubescência branca, amarela e castanho-escura mescladas; ápices elitrais obliquamente truncados; protíbias gradualmente dilatadas e aplanadas a partir da base ................................................................................................................. 2
2. Superfície corporal revestida, em sua maior parte, por rala pubescência castanho-escura; antenas, nos machos, com o comprimento subigual ao do corpo; escapo scavado na face dorsal da base; antenômeros VI-IX sem modificação ventral; élitros com pontuação profunda e esparsa no terço basal, com os 2/3 apicais lisos, não-pontuados exceto a crista centro-basal pontuada no topo; processo mesosternal com tubérculos protuberantes. Macho (fig. 2). Colômbia (Tumaco) N. moacyri sp. nov.
Genas, escapo, pedicelo, antenômero III, metade basal do IV, pernas e a superfície ventral do corpo recobertos por flocos de pubescência esbranquiçada, área central do pronoto e região basal dos élitros próxima às cristas centro-basais com densa pubescência decumbente branca e o restante dos élitros revestido por pubescência branca, amarelada e castanho-escura mescladas; antenas, nos machos, ultrapassam os ápices elitrais; escapo não-escavado na face dorsal da base; antenômeros VI-IX com pequena cicatriz ventral; élitros densamente granulado-pontuados na metade basal e crista com granulação no topo; processo mesosternal com tubérculos discretos. Macho (fig. 3). Equador (Napo)................................. N. heloisae sp. nov.
Natagaima balteata Lane, 1972
(Fig. 1)
Natagaima balteata LANE, 1972:368, fig. 2; MONNÉ, 1994:5 (cat.).
. Tegumento castanho-avermelhado. Cabeça revestida por pubescência esbranquiçada rala; fronte finamente pontuada, área entre os tubérculos anteníferos com pontuação esparsa mais profunda. Antenas com comprimento subigual ao do corpo; escapo com pequena escavação na face dorsal da base; antenômero III um pouco mais longo que o escapo, tão longo quanto o IV, com pequenas cerdas eretas e esparsas na face ventral; antenômeros IV-XI recobertos por pubescência esbranquiçada na metade basal, o IV com lamela apical castanho-escura expandida para os dois lados e com densas cerdas eretas na face interna do lado ventral; V-XI gradualmente decrescentes em comprimento.
Pronoto com desenho triangular no centro, formado por pubescência decumbente esbranquiçada, o vértice do triângulo tocando a margem anterior, e área interna revestida por pubescência rala castanho-clara e pontuação profunda; área externa ao desenho e lados do protórax recobertos por pubescência castanho-escura; elevações pronotais discretas, pouco manifestas. Élitros densa e profundamente pontuados no terço basal; metade basal recoberta por pubescência decumbente castanho-clara, delimitada, no centro, por estreita faixa oblíqua esbranquiçada que toca os lados do disco e a sutura um pouco além do meio; terço apical recoberto por pubescência decumbente castanho-clara, com máculas castanho-escuras, delimitada por faixa transversal branca; área entre as faixas oblíqua e transversal revestida por pubescência castanho-escura; crista centro-basal discreta; úmeros não-granulados e ápices retamente truncados. Protíbias bruscamente dilatadas e aplanadas nos 2/3 apicais; protarsos com franjas laterais negras.
Superfície ventral do corpo recoberta por pubescência decumbente castanho-clara.
(fig. 1). Antenas atingem, aproximadamente, o meio dos élitros; escapo não-escavado na face dorsal da base, esbelto e pouco adelgaçado na base; antenômero III subigual ao escapo em comprimento. Urosternito V com pequeno sulco no centro da metade apical.
Dimensões (mm) respectivamente e . Comprimento total 8,9 e 9,0; protórax, comprimento 2,1 e 2,1, maior largura, 3,3 e 3,4; comprimento do élitro 5,6 e 5,8; largura umeral 3,8 e 4,2.
Material examinado. COLÔMBIA, Tolima: Natagaima, parátipo , Tippmann col. (MZSP); Cauca: Santa Rosa, , VIII.1878, Eujenio Garzon col. (MNRJ).
Natagaima moacyri sp. nov.
(Fig. 2)
Etimologia. Espécie dedicada a Moacyr Alvarenga.
(fig. 2). Tegumento negro. Metade basal dos antenômeros IV-XI castanho-clara; pernas castanho-avermelhadas. Maior parte da superfície corporal recoberta por pubescência castanho-escura. Fronte finamente pontuada; área entre os tubérculos anteníferos sem pontuação profunda. Antenas com comprimento subigual ao do corpo; escapo escavado na face dorsal da base; antenômero III um pouco mais longo que o escapo, com cerdas eretas e esparsas na face ventral; lamela do antenômero IV com cerdas curtas na face interna do lado ventral; antenômeros IX-XI com setas eretas na face ventral.
Pronoto com elevações látero-anteriores oblíquas desenvolvidas e pequeno calo central manifesto; processo mesosternal com tubérculos desenvolvidos. Terço basal dos élitros com pontuação profunda esparsa, os 2/3 apicais lisos, não-pontuados; crista centro-basal um pouco elevada e pontuada; úmeros não-granulados; ápices obliquamente truncados. Protíbias gradualmente aplanadas e dilatadas a partir da base; franjas laterais dos protarsos negras; meso- e metatarsos recobertos por densa pubescência decumbente esbranquiçada.
Dimensões (mm). Comprimento total 9,2; protórax, comprimento 2,2, maior largura, 3,6; comprimento do élitro 5,9; largura umeral 4,2.
Material-tipo. Holótipo , COLÔMBIA, Nariño: Tumaco, 12.IV.58, Steinh col. (MNRJ).
Natagaima heloisae sp. nov.
(Fig. 3)
Etimologia. Espécie dedicada a Heloisa Helena de F. Alvarenga.
(fig. 3). Tegumento predominantemente castanho-escuro. Flocos de pubescência esbranquiçada recobrem a gena, escapo, pedicelo, antenômero III, metade apical do IV, pernas e superfície ventral do corpo; área central do pronoto e região basal dos élitros próxima às cristas centro-basais com densa pubescência decumbente branca; restante dos élitros revestido por pubescência branca, amarelada e castanho-escura mescladas. Fronte finamente pontuada, com flocos de pubescência esbranquiçada e amarelada mescladas; área entre os tubérculos anteníferos sem pontuação profunda, um pouco escavada no centro. Antenas ultrapassam o ápice elitral por três antenômeros; escapo sem escavação na face dorsal da base; antenômeros III e IV com cerdas eretas na face ventral, mais concentradas no III; antenômeros V-VIII castanho-claros nos 2/3 basais; VI-IX com pequena cicatriz ventral; IX-XI com setas na face ventral.
Pronoto com gibosidades oblíquas látero-anteriores e calo central desenvolvidos; processo mesosternal com tubérculos discretos. Élitros granulado-pontuados, mais densamente na metade basal; crista centro-basal desenvolvida, granulada no topo; úmeros esparsamente granulados; ápices obliquamente truncados. Protíbias gradualmente aplanadas e dilatadas a partir da base; protarsos com franjas laterais negras; meso- e metatarsos recobertos por densa pubescência decumbente branca.
Dimensões (mm). Comprimento total 8,5; protórax, comprimento 2,0, maior largura, 3,4; comprimento do élitro 5,5; largura umeral 4,1.
Material-tipo. Holótipo , EQUADOR, Napo: Coca, V.1985, G. Onore col. (MNRJ).
Comentários. Assemelha-se e distingue-se de N. moacyri pelos caracteres arrolados na chave.
Agradecimentos. Ao Dr. Miguel A. Monné (MNRJ) pelas sugestões e revisão do manuscrito; ao Dr. Ubirajara R. Martins (MZSP) pelo empréstimo de material; a Sérgio Barbosa Gonçalves pela execução das fotografias e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, Proc. no 98/10692-5) pela bolsa de Doutorado concedida.
Recebido em 15.04.2002
Aceito em 05.12.2002
- LANE, F. 1972. Cerambycoidea neotropica nova VIII (Coleoptera). Studia ent., Petrópolis, 15(1-4):353-382.
- MONNÉ, M. A. 1994. Catalogue of the Cerambycidae (Coleoptera) of the Western Hemisphere. Part XVII. São Paulo, Sociedade Brasileira de Entomologia. 110 p.
- WHITE, A. 1855. Catalogue of the coleopterous insects in the collection of the British Museum. Part VIII. Longicornia 2. London, British Museum. p.175-412.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
28 Abr 2003 -
Data do Fascículo
Mar 2003
Histórico
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Aceito
05 Dez 2002 -
Recebido
15 Abr 2002