Acessibilidade / Reportar erro

Espécies novas de Dendroblatta do Brasil (Blattaria, Blattellidae)

New species of Dendroblatta from Brazil (Blattaria, Blattellidae)

Resumos

Espécies novas de Dendroblatta Rehn, 1916 são descritas: D. matogrossensis de Mato Grosso e D. mineira de Minas Gerais. As genitálias dos machos são ilustradas.

Dendroblatta; taxonomia; espécies novas; Neotropical


New species of Dendroblatta Rehn, 1916 are described: D. matogrossensis from Mato Grosso and D. mineira from Minas Gerais. The male genitalia are illustrated.

Dendroblatta; taxonomy; new species; Neotropical


Espécies novas de Dendroblatta do Brasil (Blattaria, Blattellidae)

New species of Dendroblatta from Brazil (Blattaria, Blattellidae)

Sonia Maria Lopes; Edivar Heeren de Oliveira

Departamento de Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040 Rio de Janeiro, Brasil. (sonialf@acd.ufrj.br)

RESUMO

Espécies novas de Dendroblatta Rehn, 1916 são descritas: D. matogrossensis de Mato Grosso e D. mineira de Minas Gerais. As genitálias dos machos são ilustradas.

Palavras-chave:Dendroblatta, taxonomia, espécies novas, Neotropical.

ABSTRACT

New species of Dendroblatta Rehn, 1916 are described: D. matogrossensis from Mato Grosso and D. mineira from Minas Gerais. The male genitalia are illustrated.

Keywords:Dendroblatta, taxonomy, new species, Neotropical.

REHN (1916) descreveu Dendroblatta, tendo por base a espécie-tipo D. sobrina. Atualmente com doze espécies, o gênero ocorre na América Central (Nicarágua, Costa Rica e Panamá) e na América do Sul (Trinidad, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Colômbia, Peru e no Brasil nos Estados do Amapá, Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Bahia e Rio de Janeiro).

MATERIAL E MÉTODOS

Os espécimes foram analisados morfologicamente de acordo com LOPES & OLIVEIRA (2000) e depositados no Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ). As placas e peças genitais internas foram acondicionadas em "microvials", contendo glicerina e devidamente fixados junto ao respectivo exemplar, montado em alfinete entomológico, técnica desenvolvida por GURNEY et al. (1964). A classificação taxonômica seguiu MCKITTRICK (1964).

Dendroblatta matogrossensis sp. nov.

(Figs. 1, 3-5, 8, 10, 14 )


Coloração geral castanho-clara, brilhosa (Fig. 14 ). Coloração castanho-escura nas manchas da cabeça (Fig. 1), no pronoto em uma estreita área centro-basal, disco central com o entorno apical e manchas centrais (Fig. 3), na tégmina, tronco inicial de todas as nervuras e parte do campo anal e do campo discoidal, nas bases de inserção dos espinhos nas pernas. Pulvilos esbranquiçados.

Medidas em mm, holótipo . Comprimento total, 20,0; comprimento do pronoto, 4,0; largura do pronoto, 6,0; comprimento da tégmina, 18,0; largura da tégmina, 6,0.

Cabeça triangular; vértice pouco exposto; espaço interocular estreito, cerca de um quarto da distância entre as bases das inserções antenais; ocelos bem definidos. Antenas longas, tomentosas, ultrapassam o ápice do abdome. Palpos maxilares desenvolvidos, primeiro e segundo artículos curtos, terceiro artículo mais longo que o quarto, quinto artículo dilatado, tomentoso e pouco mais curto que o terceiro.

Pronoto (Fig. 3) convexo, oval e transverso, margens apical e basal retas, abas laterais amplas, com contorno arredondado. Tégminas desenvolvidas, longas, ultrapassam o ápice dos cercos; campo marginal levemente côncavo e bem marcado; campo escapular estreito e alongado, campo discoidal amplo, campo anal curto. Pernas desenvolvidas e espinhosas. Fêmur I na face ântero-ventral com uma série de seis ou sete espinhos robustos, da base até a região mediana, seguida até o ápice de outra série de espinhos pequenos e muito próximos, mais dois apicais desenvolvidos, sendo o último o dobro do anterior. Fêmures II e III com faces antero- e póstero-ventrais semelhantes, apresentando espinhos robustos e espaçados em toda sua extensão, com um apical maior. Pulvilos apenas no quarto artículo tarsal, arólio pouco desenvolvido, unhas simétricas e simples.

Abdome sem modificação tergal. Placa supra-anal ciliada, pronunciada entre os cercos, com marcante reentrância mediana; cercos desenvolvidos e ciliados (Fig. 4). Placa subgenital assimétrica, ciliada, com projeções laterais desenvolvidas e arredondadas; estilos alargados na região mediana da placa, arredondados e semelhantes (Fig. 10). Esclerito mediano (L2vm) simples e com ápice (L2d) em forma de foice afilada (Fig. 5). Falômero esquerdo (L1) em forma de Y invertido, com uma das pontas arredondada e a outra afilada e a região central esclerotinizada (Fig. 8).

Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Mato Grosso: Sinop, X.1975, Roppa & Alvarenga col.

Etimologia. O nome é alusivo ao estado brasileiro onde o material foi coletado.

Diagnose. Dendroblatta matogrossensis sp. nov. distingue-se das demais espécies do gênero pela configuração da placa subgenital e pelo esclerito mediano.

Dendroblatta mineira sp. nov.

(Figs. 2, 6, 7, 9, 11-13, 15 )

Coloração geral castanho-clara (Fig. 15 ). Cabeça com faixa extensa castanho-escura (Fig. 2), apresentando as antenas com tomentosidade brilhosa, dourada. Pronoto com contorno transparente (Fig. 6). Tégmina com tronco inicial de todas as nervuras e faixa central longitudinal irregular e região dorsal dos fêmures e tíbias castanho-escuros.

Medidas em mm, holótipo . Comprimento total, 17,0; comprimento do pronoto, 3,0; largura do pronoto, 4,5; comprimento da tégmina, 14,5; largura da tégmina, 4,5.

Cabeça subtriangular (Fig. 2), vértice exposto, espaço interocular estreito com cerca de um quarto da área que separa as bases das inserções antenais; antenas longas, ultrapassam o ápice do abdome; palpos maxilares desenvolvidos, terceiro artículo mais longo que os demais e semelhante em comprimento à área que separa as bases das inserções antenais; quarto artículo dilatado no ápice, quinto dilatado na base, estreitado em direção do ápice, ambos tomentosos.

Pronoto transverso e convexo (Fig. 6), com as margens apical e basal retas, abas laterais amplas, de contorno arredondado. Tégminas longas, ultrapassam o ápice dos cercos; campo marginal bem marcado, curto e abaulado; campo escapular oblíquo e alongado próximo ao terço apical; campo anal pouco desenvolvido e alargado. Pernas desenvolvidas, finas e alongadas. Fêmur anterior apresentando na face ântero-ventral 3 a 5 espinhos maiores até a região mediana, seguidos por uma série cerrada de pequeninos espinhos até próximo ao ápice, mais dois espinhos apicais grandes e robustos; face póstero-ventral com dois espinhos desenvolvidos no terço apical mais um apical robusto; fêmures médio e posterior com espinhação semelhante, apresentando na face ântero-ventral seis a sete espinhos robustos desenvolvidos e espaçados, um deles apical; face póstero-ventral com três espinhos robustos, um deles apical. Pulvilos apenas no quarto artículo tarsal, arólio pouco desenvolvido, unhas simétricas e simples.

Abdome sem modificação tergal. Placa supra-anal ciliada, pronunciada entre os cercos, com distinta reentrância mediana; cercos desenvolvidos e ciliados (Fig. 7). Placa subgenital assimétrica, ciliada, com projeções laterais desenvolvidas e arredondadas; estilos alargados e diferenciados na região mediana da placa, um deles bifurcado e o outro arredondado (Fig. 11). Esclerito mediano (L2vm) simples e com ápice (L2d) afilado (Fig. 12). Falômero esquerdo (L1) em forma de Y invertido, com uma das pontas afilada e a região central esclerotinizada (Fig. 13). Falômero direito (R2) em forma de gancho (Fig. 9).

Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Minas Gerais: Viçosa (Ponte Nova), 18.X.1979, Vanetti col., Planalsucar, 00052; Parátipo : mesmos dados do holótipo, 00023.

Etimologia. O nome é alusivo ao estado brasileiro onde o material foi coletado.

Diagnose. Dendroblatta mineira sp. nov. distingue-se das demais espécies do gênero pela configuração dos estilos, que se apresentam diferenciados entre si e pela coloração intensa da cabeça e pronoto.

Agradecimentos. À Dra. Janira Martins Costa (MNRJ) pelo apoio técnico.

Recebido em junho de 2005. Aceito em agosto de 2005.

  • GURNEY, A. B.; KRAMER, J. P. & STEYSKAL, G. C. 1964. Some techniques for the preparation, study and storage in microvials of insect genitalia. Annals of the Entomological Society of America 57(2):240-242.
  • LOPES, S. M. & OLIVEIRA, E. H. 2000. Material-tipo de Blattaria descritos por Rocha e Silva depositados na coleção do Museu Nacional - Rio de Janeiro. Publicações Avulsas do Museu Nacional 85:1-24.
  • MCKITTRICK, F. A. 1964. Evolutionary studies of cockroaches.Cornell Experiment Station Memoir 389:1-197.
  • REHN, J. A. G. 1916. The Stanford expedition to Brazil, 1911. J. C. Branner, Director. Dermaptera and Orthoptera I. Transactions American Entomological Society 42:215-308.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Maio 2006
    • Data do Fascículo
      Dez 2005

    Histórico

    • Aceito
      Ago 2005
    • Recebido
      Jun 2005
    Museu de Ciências Naturais Museu de Ciências Naturais, Secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura, Rua Dr. Salvador França, 1427, Jardim Botânico, 90690-000 - Porto Alegre - RS - Brasil, Tel.: + 55 51- 3320-2039 - Porto Alegre - RS - Brazil
    E-mail: iheringia-zoo@fzb.rs.gov.br