Resumos
Três espécies de Theridiidae são descritas e ilustradas com base em machos e fêmeas do sudeste e sul do Brasil: Achaearanea digitus Buckup & Marques sp. nov., A. dea Buckup & Marques sp. nov. e A. taim Buckup & Marques sp. nov.
Araneae; Achaearanea; taxonomia; espécies novas; Neotropical
Three species of Theridiidae, based on males and females from southeastern and southern Brazil, are described and illustrated: Achaearanea digitus Buckup & Marques sp. nov., A. dea Buckup & Marques sp. nov. and A. taim Buckup & Marques sp. nov.
Araneae; Achaearanea; taxonomy; new species; Neotropical
Três espécies novas de Achaearanea (Araneae, Theridiidae) do Brasil ocorrentes em serapilheira
Three new species of Achaearanea (Araneae, Theridiidae) from Brazil occurring in leaf litter
Erica Helena Buckup; Maria Aparecida L. Marques; Ricardo Ott
Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Rua Dr. Salvador França, 1427, 90690-000 Porto Alegre, RS, Brasil. (erica@fzb.rs.gov.br; cida.marques@fzb.rs.gov.br; rott@fzb.rs.gov.br)
RESUMO
Três espécies de Theridiidae são descritas e ilustradas com base em machos e fêmeas do sudeste e sul do Brasil: Achaearanea digitus Buckup & Marques sp. nov., A. dea Buckup & Marques sp. nov. e A. taim Buckup & Marques sp. nov.
Palavras-chave: Araneae, Achaearanea, taxonomia, espécies novas, Neotropical.
ABSTRACT
Three species of Theridiidae, based on males and females from southeastern and southern Brazil, are described and illustrated: Achaearanea digitus Buckup & Marques sp. nov., A. dea Buckup & Marques sp. nov. and A. taim Buckup & Marques sp. nov.
Keywords: Araneae, Achaearanea, taxonomy, new species, Neotropical.
O gênero Achaearanea Strand, 1929, de distribuição mundial, está representado na Região Neotropical por cerca de 70 espécies, das quais 35 registradas para o Brasil (PLATNICK, 2005).
No período de 2001/2002, foi realizado um levantamento de aranhas ocorrentes na serapilheira das matas do Parque Copesul de Proteção Ambiental, Triunfo, Rio Grande do Sul. Entre outros, o gênero Achaearanea estava representado por duas espécies inéditas, não incluídas nas revisões de LEVI (1955, 1959, 1963) e no trabalho de BUCKUP & MARQUES (1991).
Com objetivo de ampliar o conhecimento do gênero Achaearanea, são descritas estas duas espécies e mais uma terceira, também ocorrente em serapilheira, todas elas com base em machos e fêmeas, que compartilham um padrão de pigmentação similar.
MATERIAL E MÉTODOS
Espécimens examinados estão depositados nas seguintes instituições: IBSP, Instituto Butantan, São Paulo (A. D. Brescovit); MCN, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; MCTP, Museu de Ciências e Tecnologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (A. A. Lise); MZSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo (R. Pinto da Rocha).
O formato das descrições segue LEVI (1963). Para as ilustrações do epígino em vista dorsal, este foi imerso em ácido lático 85%. Abreviaturas dos olhos: OMA, olhos médios anteriores; OLA, olhos laterais anteriores; OMP, olhos médios posteriores e OLP, olhos laterais posteriores. Medidas são expressas em milímetros.
Achaearanea digitus Buckup & Marques sp. nov.
Tipos. Holótipo e parátipo , Parque Copesul de Proteção Ambiental, Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil, R. S. de Araujo col., 28.V.2001, em serapilheira (MCN 33941); parátipos: mesma localidade, , 18.VI.-23.VII.2002, R. Ott col., ecletor de solo (MCN 34581); , 26.IX-23.X.2001, R. Ott col., armadilha de solo (MCN 34237); , Refúgio Biológico de Bela Vista, Foz do Iguaçu, Paraná, 09-11.XI.1991, A. B. Bonaldo col. (MCN 21617); , São Paulo, SP, 13.IX.2000, H. F. Japyassú col. (MCN 34338, ex-IBSP 27858); , Reserva da Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira, São Paulo, SP, 10.X.1999, D. da R. Silveira col. (IBSP 24259); , 10.X.1999, D. da R. Silveira col. (IBSP 24260).
Etimologia. O substantivo latino, em aposição, refere-se à projeção apical do címbio, parecida com um dedo.
Diagnose.O palpo dos machos de Achaearanea digitus é similar ao de A. tovarensis Levi, 1963 (vide LEVI, 1963: fig. 29); distingue-se deste pela forma do ápice do címbio, do condutor e pelo tégulo alto (Fig. 1). Fêmeas separam-se daquelas das demais espécies do gênero pelo epígino com profunda depressão central, demarcada anteriormente por uma aba esclerotinizada, e pela região posterior projetada; ductos visíveis por transparência e espermatecas reniformes (Figs. 2, 3).
Nota. A associação de machos e fêmeas de A. digitus foi confirmada com aranhas examinadas da Reserva da Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira, São Paulo. No Parque Copesul, Achaearanea digitus é simpátrica com A. dea sp. nov.
Descrição (holótipo ). Carapaça amarela, pigmentada de cinza. Quelíceras, lábio e enditos amarelo-claros. Esterno amarelo, cinza nas margens laterais. Pernas amarelas, com ápice dos fêmures, tíbias e metatarsos ligeiramente acinzentados. Abdômen pardo-acinzentado; dorsalmente, com dois pares de manchas circulares, despigmentadas, circundadas de preto, e uma faixa transversal de pigmento branco, que se estende lateralmente; região posterior pigmentada de branco, com manchas escurecidas. Ventre cinza, com duas manchas circulares despigmentadas, uma de cada lado.
Olhos médios anteriores maiores; OMA separados entre si pelo seu raio e por cerca de um quarto do seu diâmetro dos OLA. OMP distantes um do outro por quase seu diâmetro e por cerca de seu raio dos OLP.
Medidas. Comprimento total 2,12; carapaça: comprimento 1,05; largura 0,85; abdômen: comprimento 1,12; largura 0,75; altura 1,32. Pernas, fórmula 1,2,4,3; comprimento perna I: fêmur 1,67; patela + tíbia 1,65; metatarso 1,62; tarso 0,62; comprimento total 5,56. Patela + tíbia II 1,40; III 0,78; IV 1,12.
Fêmea (parátipo, MCN 33941). Colorido geral semelhante ao do macho, exceto pela maior quantidade de pigmento branco no abdômen.
Olhos anteriores e posteriores de tamanho igual. OMA afastados um do outro por quase um diâmetro e dos OLA por cerca de um quarto de diâmetro. OMP separados por cerca de três quartos de diâmetro e por cerca do seu raio dos OLP.
Medidas. Comprimento total 2,40; carapaça: comprimento 1,08; largura 0,88; abdômen: comprimento 1,38; largura 1,18; altura 1,52. Pernas, fórmula 1,4,2,3; comprimento perna I: fêmur 1,55; patela + tíbia 1,60; metatarso 1,22; tarso 0,60; comprimento total 4,97. Tíbia + patela II 1,08; III 0,80; IV 1,30.
Variação. O comprimento da carapaça dos machos (n = 8) variou de 0,95 a 1,05; fêmur I de 1,57 a 1,82; nas fêmeas (n = 8), a carapaça de 1,02 a 1,28 e fêmur I de 1,45 a 1,88. O pigmento branco no abdômen é variável; alguns exemplares mostram maior quantidade e, em outros, essas áreas são parcial ou totalmente despigmentadas; a coloração preta pode ser mais ou menos intensa. Alguns exemplares apresentam pequena variação no ápice do címbio e no percurso do ducto no tégulo.
Distribuição. Brasil (São Paulo ao Rio Grande do Sul).
Material adicional. BRASIL, São Paulo: São Paulo (Bosque da Saúde), , 14.V.1942, F. Lane col. (MZSP 9900A); (Campus da USP), , 20.XII.2001, R. A. Caires col. (MCN 35208, ex-IBSP 34871); , 23.IV.2002, R. A. Caires col. (MCN 35209, ex-IBSP 34878); , 31.VII.2002, R. A. Caires col. (MCN 35210, ex-IBSP 33213); , 21.V.2001 (MCN 35211, ex-IBSP 33217); (Horto Oswaldo Cruz), , 14-21.IX.1999, D. F. Candiani col. (MCN 35822, ex-IBSP 36675); (Parque Estadual Serra da Cantareira), , 06.I.2001, R. Pinto-da-Rocha et al. col. (MCN 36120); (Reserva da Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira), 4 , 10.X.1999, D. da R. Silveira col. (IBSP 24257, 24258, 24263, 24264); Santo Amaro, Eng. Marsilac, km 48, , 20.XI.1960, P. de Biasi col. (MZSP 9928); Paraná: Foz do Iguaçu (Parque Nacional do Iguaçu), , 29,30.III.1993, A. B. Bonaldo col. (MCN 23236); Santa Catarina: Ilha do Arvoredo, , 15,16.X.1993, A. A. Lise col. (MCTP 4021); Rio Grande do Sul: São Francisco de Paula (Barragem Passo do Inferno), , 19.XI.1997, E. H. Buckup col. (MCN 28859); Torres (Colônia São Pedro, atualmente município de Dom Pedro de Alcântara), , 19.V.1994, A. A. Lise col. (MCTP 4851); Triunfo (Parque Copesul de Proteção Ambiental), , 28.VIII.2001, R. Ott col., serapilheira (MCN 34018); , 04.XII.2001-03.I.2002, R. Ott col., armadilha de solo (MCN 34416); , 12.III-16.IV.2002, R. Ott col., armadilha de solo (MCN 34458); , 16.IV-21.V.2002, R. Ott col., armadilha de solo (MCN 34508); , 23.VII-20.VIII.2002, R. Ott col., armadilha de solo (MCN 34550); , 20.VIII.2002, R. Ott col., extrator de Winckler (MCN 34628); , 17.IX-22.X.2002, R. Ott col., armadilha de solo (MCN 34880); , 17.IX-22.X.2002, R. Ott col., ecletor de solo (MCN 34897); , 22.X-19.XI.2002, R. Ott col., armadilha de solo (MCN 34983); , 21.X.2003, L. Podgaiski col. (MCN 36532); Santo Antonio da Patrulha, , 19.VII.2000, A. B. Bonaldo col. (MCN 32773); Viamão, , 07.VII.1995, R. Ott col., armadilha de solo (MCTP 7880); Capão do Leão (Horto Botânico Irmão Teodoro Luis), , 14.III.2003; 2 , 21.II.2003; , 07.XII.2002; 2 , 24.I.2003, todos coletados por E. N. L. Rodrigues em armadilha de solo (MCN 38942, 38945, 38952, 38957).
Achaearanea dea Buckup & Marques sp. nov.
Tipos. Holótipo , Parque Copesul de Proteção Ambiental, Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil, 16.IV.2002, R. Ott col., em serapilheira (MCN 34597); parátipos: mesma procedência do holótipo, , , 16.IV-21.V.2002, R. Ott col., armadilha de solo (MCN 34496); , 16.IV-21.V.2002, R. Ott col., armadilha de solo (MCN 39017); , 17.IX.2002, R. Ott col., extrator de Winckler (MCN 34721); , Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, 09.IV.1995, R. Ott col., armadilha de solo (MCTP 8383); , Parque Estadual do Morro do Diabo, Teodoro Sampaio, São Paulo, 29.III.2003, Equipe Biota col. (IBSP 52131).
Etimologia. O substantivo latino, em aposição, significa deusa.
Diagnose. Machos de Achaearanea dea distinguem-se dos das demais espécies do gênero pelo ápice do címbio arredondado, sem projeção; condutor dificilmente observado (Fig. 4). Fêmeas separam-se pelo epígino com duas aberturas salientes, esclerotinizadas, separadas uma da outra por larga área mediana, delimitada anteriormente; ductos visíveis por transparência e espermatecas ovais (Figs. 5, 6).
Nota. Associação de machos e fêmeas, vide nota de A. digitus.
Descrição (holótipo ). Carapaça amarelo-acinzentada. Lábio, quelíceras e enditos amarelos. Esterno amarelo, levemente avermelhado, com bordas escurecidas. Pernas amarelo-escuras, exceto fêmures, mais claros; tíbias IV distalmente escurecidas, assim como ápice dos metatarsos e no meio dos tarsos. Abdômen mais alto do que longo; dorsalmente, região anterior preta, parcialmente despigmentada, com três manchas brancas em cada lado; região posterior pigmentada de branco com um par de manchas medianas escurecidas e outro par junto às fiandeiras. Ventre cinza, com duas manchas brancas medianas, uma de cada lado; avermelhado junto às fiandeiras.
Olhos médios maiores do que os demais. OMA separados um do outro por cerca da metade do seu diâmetro e muito próximos dos OLA. OMP afastados entre si por quase dois terços do seu diâmetro e dos OLP por cerca do raio dos OMP.
Medidas. Comprimento total 1,67. Carapaça: comprimento 0,82; largura 0,68. Abdômen: comprimento 0,90; largura 0,75; altura 1,15. Pernas, fórmula 1,2=4,3. Comprimento perna I: fêmur 1,38; patela + tíbia 1,28; metatarso 0,88; tarso 0,55; comprimento total 4,09. Patela + tíbia II 0,88; III 0,60; IV 0,88.
Fêmea (parátipo, MCN 34496). Colorido semelhante ao do macho.
Olhos de igual tamanho. OMA separados entre si por cerca de seu raio e muito próximos dos OLA. OMP e OLP eqüidistantes, cerca da metade do seu diâmetro.
Comprimento total 2,32. Carapaça: comprimento 0,92; largura 0,75. Abdômen: comprimento 1,48; largura 1,35; altura 1,88. Fórmula das pernas 1,4,2,3. Comprimento perna I: fêmur 1,20. Patela + tíbia 1,20; metatarso 0,88; tarso 0,55; comprimento total 3,83. Patela + tíbia II 0,82; III 0,62; IV 0, 98.
Variação. Em 12 machos examinados, o comprimento da carapaça variou de 0,72 a 0,82 e o das fêmeas (n=7) de 0,92 a 1,05; nos machos, fêmur I de 1,18 a 1,38 e nas fêmeas, fêmur I de 1,20 a 1,38. A quantidade de pigmento branco na região posterior pode variar; em algumas fêmeas, o abdômen é quase totalmente preto ou cinza e o pigmento branco pode estar reduzido a uma estreita faixa transversal e uma longitudinal posterior, ou apresentar áreas despigmentadas.
Distribuição. Brasil (Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul).
Material adicional. BRASIL, Minas Gerais: Belo Horizonte (Estação Ecológica da Universidade Federal de Minas Gerais), , 13.IV.2000, E. S. S. Álvares col. (MCN 34166); Rio Grande do Sul: Santa Cruz do Sul, , 30.IV.1995, R. Ott col., armadilha de solo (MCTP 8384); , 24.VII.1995, R. Ott col., armadilha de solo (MCTP 8385); Montenegro, , 12.V.1977, E. H. Buckup col. (MCN 5510); Triunfo (Parque Copesul de Proteção Ambiental), , 28.VIII.2001, M. A. L. Marques col., serapilheira (MCN 34065); 3 , 26.IX-23.X.2001 (MCN 34230); 2 , 23.X-04.XII.2001; 3 , 2 , 04.XII.2001-03.I.2002 (MCN 34407); 4 , 2 , 03.I-06.II.2002 (MCN 34423); , 12.III-16.IV.2002 (MCN 34451); 2 , 21.V-18.VI.2002 (MCN 34514); 4 , 18.VI-23.VII.2002 (MCN 34536); 4 , 23.VII-20.VIII.2002 (MCN 34539); , 20.VIII-17.IX.2002 (MCN 34705); , 17.IX.-22.X.2002 (MCN 34881); 3 , 2 , 16.IV-21.V.2002 (MCN 39000), todos coletados em armadilha de solo por R. Ott; Porto Alegre, , 18.I.1992, M. A. L. Marques col. (MCN 21950); , 04.IX.2003, L. R. Podgaiski col. (MCN 36164); Guaíba, , 26.VIII.1994, A. A. Lise col. (MCTP 6035).
Achaearanea taim Buckup & Marques sp. nov.
Tipos. Holótipo , Estação Ecológica do Taim, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil, 04.XII.1986, A. D. Brescovit col. (MCN 16161). Parátipos: 2 , mesmos dados de procedência (MCN 28318); , da mesma localidade, 12.XII.1985, A. A. Lise col. (MCN 14227); Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata, São Francisco de Paula, RS: , 02.II.2002 (MCN 39063); , 08.III.2002 (MCN 39064); , 13.XI.2001 (MCN 39065); , 08.III.2002 (MCN 39100); , 14.IX.2001 (MCTP 17007); , 08.III.2002 (MCTP 17008); todos coletados por R. Ott, em armadilha de solo; , Barragem dos Bugres, São Francisco de Paula, 04.II.1999, A. B. Bonaldo col., serapilheira (MCN 31006); , Guarapuava, Paraná, 16.II.1987, Equipe Profaupar col. (MCN 22709); , Curitiba, Paraná, 10.IV.1987, A. D. Brescovit col. (MCN 16754).
Nota. A associação de machos e fêmeas foi confirmada com base em 55 e 26 coletados em armadilha de solo no Pró-Mata, São Francisco de Paula.
Etimologia. O substantivo em aposição refere-se à localidade-tipo.
Diagnose. Machos de Achaearanea taim distinguem-se daqueles de espécies similares, A. rioensis Levi, 1963 (LEVI, 1963, fig. 36) e A. jequirituba Levi, 1963 (GONZÁLEZ, 1992, figs. 1, 2), pelo palpo com projeção tegular apical próxima ao condutor, este reduzido e inconspícuo, e pelo percurso do ducto (Fig. 7). Fêmeas separam-se pelo epígino com depressão oval, transversal, bem-demarcada e espermatecas esféricas (Figs. 8, 9).
Descrição (holótipo ). Carapaça e quelíceras amarelas pigmentadas de cinza. Lábio e enditos amarelo-claros. Esterno amarelo-claro, marginado de manchas marrons. Pernas amarelo-claras, com os segmentos distalmente escurecidos; fêmures anteriores ventralmente acinzentados; metade apical das tíbias IV enegrecidas. Abdômen amarelado, região anterior, laterais e ventre escurecidos; no dorso anterior, em cada lado, um conjunto de três manchas brancas; região posterior com abundante pigmento branco e uma distinta mancha mediana preta. Ventre com duas manchas circulares brancas, afastadas das fiandeiras.
Olhos médios anteriores maiores; OMA distantes um do outro por quase seu diâmetro e por cerca de um terço de seu diâmetro dos OLA; OMP afastados entre si por quase seu diâmetro e dos OLP por dois terços do seu diâmetro.
Medidas. Comprimento total 1,82; carapaça: comprimento 0,85; largura 0,75; abdômen: comprimento 0,88; largura 0,70; altura 1,12. Pernas, fórmula 1,2,4,3; comprimento perna I: fêmur 1,28; patela + tíbia 1,35; metatarso 1,02; tarso 0,38; comprimento total 4,03. Patela + tíbia II 0,90; III 0,60; IV 0,88.
Fêmea (parátipo MCN 14227). Padrão de pigmentação (Fig. 10) semelhante ao do macho.
Olhos anteriores e posteriores aproximadamente do mesmo tamanho; OMA separados um do outro por cerca de seu diâmetro e dos OLA por um terço dos OMA. OMP afastados entre si por quase seu diâmetro e cerca de seu raio dos OLP.
Medidas. Comprimento total 2,02; carapaça: comprimento 0,88; largura 0,72; abdômen: comprimento 1,12; largura 1,00; altura 1,42. Pernas, fórmula 1,4,2,3; comprimento perna I: fêmur 1,20; tíbia + patela 1,25; metatarso 0,92; tarso 0,52; comprimento total 3,89. Patela + tíbia II 0,88; III 0,60; IV 1,05.
Variação. O comprimento da carapaça dos machos (n = 10) variou de 0,80 a 0,90, o do fêmur I de 1,20 a 1,38. Nas fêmeas (n = 10), o comprimento da carapaça oscilou de 0,88 a 1,0 e o do fêmur I de 1,15 a 1,38. A quantidade de pigmento branco ou preto ou áreas despigmentadas é variável como nas outras espécies.
Distribuição. Brasil (Paraná ao Rio Grande do Sul).
Material adicional. BRASIL, Santa Catarina: Ilhota (Morro do Baú), , 04.II.1996, A. B. Bonaldo col. (MCN 27237); Rio Grande do Sul: São Francisco de Paula (Barragem dos Bugres), , , 04.II.1999, A. B. Bonaldo col., serapilheira (MCN 31108); (Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata): 10 , 5 , 18.V.2002; 7 , , 14.IV.2002; 3 , , 08.III.2002; 7 , 02.II.2002; , 14.IX.2001 (MCN 39058-39062); , 2 , 14.IV.2002; , , 01.V.2001; , 07.VII.2001; , 03.III.2001; , 02.II.2002; , 13.XI.2001 (MCN 39070-39075); 10 , 3 , 02.II-07.VII.2001 (MCTP 17009-17018); 3 , 4 , 14.IX-15.XII.2001 (MCTP 17019-17024); 9 , 2 , 02.II-18.V.2002 (MCTP 17025-17031), todos coletados por R. Ott em armadilha de solo; Eldorado do Sul (Fazenda Kramm), , 08.X.1998, A. B. Bonaldo col., serapilheira (MCN 29525); 2 , 29.X.1988, A. B. Bonaldo col. (MCN 30529); Capão do Leão (Horto Botânico Irmão Teodoro Luis), 3 , 21.XI.2002 (MCN 38948); , 07.XII.2002 (MCN 38951); 3 , , 06.I.2003 (MCN 38950); 2 , 2 , 21.II.2003 (MCN 38944); 5 , 3 , 07.II.2003 (MCN 38949); , 14.III.2003 (MCN 38943); , 28.III.2003 (MCN 38946); 7 , 7 , 24.I.2003 (MCN 38958). Todos os espécimens de Capão do Leão foram coletados por E. N. L. Rodrigues com armadilha de solo.
Agradecimentos. Aos curadores do IBSP, MCTP e MZSP pelo empréstimo dos exemplares. A Copesul, na pessoa do Biól. Luciano V. Demaman, pelo apoio logístico.
Recebido em julho de 2005. Aceito em novembro de 2005.
- Buckup, E. H. & Marques, M. A. L. 1991. Aranhas Theridiidae da Ilha de Maracá, Roraima, Brasil. II. Gênero Achaearanea (Araneae). Iheringia, Série Zoologia, (71):81-89.
- GONZÁLEZ, A. 1992. Descripción del macho de Achaearanea jequirituba (Araneae, Theridiidae). The Journal of Arachnology 20:134-136.
- LEVI, H. W. 1955. The spider genera Coressa and Achaearanea in America North of Mexico (Araneae, Theridiidae). American Museum Novitates (1718):1-33.
- __. 1959. The spider genera Achaearanea, Theridion and Sphyrotinus from Mexico, Central America and the West Indies (Araneae, Theridiidae). Bulletin of the Museum of Comparative Zoology at Harvard College, 121(3):57-163.
- __. 1963. American spiders of the genus Achaearanea and the new genus Echinotheridion (Araneae, Theridiidae). Bulletin of the Museum of Comparative Zoology at Harvard College, 129(3):187-240.
- PLATNICK, N. I. 2005. The world spider catalog, version 6.0. American Museum of Natural History. Disponível em: http://research.amnh.org/entomology/spiders/catalog/index.html Acesso em: 07.2005.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
23 Jun 2006 -
Data do Fascículo
Mar 2006
Histórico
-
Aceito
Nov 2005 -
Recebido
Jul 2005