Resumos
Atrocolus mariahelenae gen. nov., sp. nov. do Brasil (Bahia) é descrito. Inclui-se chave para identificação dos gêneros Neotropicais de Anacolini.
Brasil; chave; Neotropical; Prioninae; taxonomia
A new genus, Atrocolus, and a new species, A. mariahelenae, are described from Brazil (Bahia). A key to the Neotropical genera of the tribe Anacolini is given.
Brazil; key; Neotropical; Prioninae; taxonomy
Atrocolus mariahelenae, novo gênero e espécie de Anacolini (Coleoptera, Cerambycidae)
Atrocolus mariahelenae, new genus and species of Anacolini (Coleoptera, Cerambycidae)
Miguel A. MonnéI, II; Marcela L. MonnéI
IMuseu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Quinta da Boa Vista, São Cristovão, 20940-040 Rio de Janeiro, RJ, Brasil
IIBolsista de produtividade, CNPq
RESUMO
Atrocolus mariahelenae gen. nov., sp. nov. do Brasil (Bahia) é descrito. Inclui-se chave para identificação dos gêneros Neotropicais de Anacolini.
Palavras-chave: Brasil, chave, Neotropical, Prioninae, taxonomia.
ABSTRACT
A new genus, Atrocolus, and a new species, A. mariahelenae, are described from Brazil (Bahia). A key to the Neotropical genera of the tribe Anacolini is given.
Keywords: Brazil, key, Neotropical, Prioninae, taxonomy.
A tribo Anacolini compreende 20 gêneros e 45 espécies na região Neotropical (MONNÉ, 2006). GALILEO (1987) revisou a tribo, elaborou chave para identificação de gêneros e espécies, descreveu diversos táxons e propôs a única hipótese filogenética para os gêneros da tribo. GALILEO & MARTINS (1990) descreveram vários táxons, entre eles Flabellomorphus, para F. longus do Amazonas, Brasil. GALILEO & MARTINS (1993), na revisão da tribo Solenopterini, transferiram Poekilosoma Audinet-Serville, 1832 para Anacolini. CHEMSAK (1998) descreveu Galileoana, para G. opaca de Tamaulipas, México. GALILEO & MONNÉ (2003) descreveram Hovorelus, para H. splendidus, de Junin, Peru e os machos de Myzomorphus flavipes Galileo, 1987 e Poekilosoma carinatipenne Lane, 1941.
Neste trabalho são descritos um novo gênero e espécie do Brasil (Bahia) e é fornecida uma chave para identificação dos 21 gêneros de Anacolini, modificada de GALILEO (1987), acrescentando cinco gêneros: Atrocolus gen. nov., Flabellomorphus, Galileoana, Hovorelus e Poekilosoma.
Atrocolus gen. nov.
Espécie-tipo. Atrocolus mariahelenae sp. nov.
Etimologia. Latim, Atro=preto, colus=projeção; alusivo ao pequeno espinho aos lados do protórax.
Cabeça tão larga quanto longa, deprimida entre os lobos oculares superiores. Fronte estreita e transversa. Tubérculos anteníferos pouco proeminentes e distantes entre si. Olhos finamente facetados; lobos oculares superiores distantes entre si pelo menos duas vezes a largura de um lobo; faixa de ligação entre os lobos cerca da metade da largura do lobo superior; lobos oculares inferiores desenvolvidos, ocupando quase toda região lateral da cabeça. Genas curtas, cerca de 1/3 do diâmetro do lobo ocular inferior e com ápice arredondado. Mandíbulas curtas, robustas e bidenteadas no ápice. Artículo apical dos palpos maxilares expandidos para o ápice; o dos palpos labiais com lados paralelos. Antenas filiformes, com 11 antenômeros; escapo cilíndrico, engrossado para o ápice, com cerca da metade do comprimento do III e este 1/3 mais longo que o IV; V-XI gradualmente encurtados para o ápice.
Protórax mais largo que longo; ângulos anteriores e posteriores arredondados; margens laterais não rebaixadas e com pequena projeção mediana. Disco pronotal plano. Processo prosternal intumescido com cerca de 1/3 da largura da procoxa. Mesosterno curto. Processo mesosternal intumescido com cerca da metade da largura da mesocoxa. Metasterno não se sobrepõe ao mesosterno. Metepisternos alongados, gradualmente estreitados para trás. Escutelo trapezoidal. Úmeros arredondados. Élitros pouco convexos recobrindo todo abdome; cerca de quatro vezes mais longos que o protórax; cada élitro com oito carenas longitudinais bem demarcadas, que se anastomosam próximo ao ápice; extremidades arredondadas. Asas membranosas desenvolvidas. Pernas subiguais em comprimento. Fêmures lineares e deprimidos. Tíbias delgadas e ligeiramente expandidas para o ápice. Tarsômeros I cerca de 1/3 mais longos que o II. Esternitos I-IV subiguais em comprimento; V ligeiramente mais curto que o IV.
Discussão. GALILEO (1987) propôs uma hipótese filogenética para os gêneros de Anacolini e Atrocolus compartilha a sinapomorfia de Anacolini sobre as bordas laterais do pronoto expandidas em projeções espiniformes e não crenuladas; outro caráter assinalado para a tribo são os olhos finamente facetados também presente em Atrocolus. Na tricotomia basal (GALILEO, 1987:683, fig. 1103), Atrocolus não apresenta nenhuma das sinapomorfias dos ramos mas, apesar de se conhecer apenas a fêmea, é possível que seja relacionado a Calloctenus White, 1850 e Rhachicolus Galileo, 1987 por apresentar élitros com costas grossas e salientes.
Atrocolus mariahelenae sp. nov.
(Fig. 1)
Etimologia. Homenagem à Dra. Maria Helena M. Galileo (Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul) por sua contribuição ao conhecimento dos Prioninae (Cerambycidae).
Fêmea. Tegumento castanho-escuro. Cabeça com pontos grossos, densos e bem demarcados e pilosidade curta, ereta e esbranquiçada. Antenas glabras, quase alcançam o meio dos élitros; escapo com pontos finos, rasos e moderadamente densos; III-XI com pontos finos, rasos e pouco evidentes. Pronoto com superfície irregular e pontuação grossa, densa e irregular, exceto na região mediana, deprimida e lisa. Prosterno e mesosterno com pontos finos e densos, no metasterno finos e esparsos. Élitros (Fig. 1) glabros e com pontuação grossa e densa entre as oito carenas longitudinais. Fêmures e tíbias com pontos finos, rasos e esparsos. Esternitos I-V com pilosidade curta, amarelada e decumbente e densas estrias transversais; esternito V com margem apical truncada; tergito V com margem apical arredondada e com pequena reentrância mediana.
Dimensões, em mm, . Comprimento total, 16,5;comprimento do protórax, 2,1/2,0; maior largura do protórax, 4,1; comprimento do élitro, 12,3; largura umeral, 5,2.
Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Bahia: Encruzilhada, Estrada Rio-Bahia, Km 965, 960m, XI.1972, Seabra & Roppa col. (Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro).
Agradecimentos. Ao Dr. José Ricardo M. Mermudes (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) pela foto do espécime.
Recebido em fevereiro de 2007. Aceito em setembro de 2007.
- CHEMSAK, J. A. 1998. A new genus of Mexican Prioninae. Occasional Papers of the Consortium Coleopterorum 2(1):24-26.
- GALILEO, M. H. M. & MARTINS, U. R. 1990. Novos táxons de Anacolini (Coleoptera, Cerambycidae, Prioninae). Papéis Avulsos de Zoologia 37(3):39-52.
- ___. 1993. Revisão da tribo Solenopterini (Coleoptera, Cerambycidae, Prioninae). Parte I. Transferência de Poekilosoma A.-Serville, 1832 e Calocomus A.-Serville, 1832; os gêneros Prosternodes Thomson, 1860 e Derancistrodes, gen. n. Revista Brasileira de Entomologia 37(1):79–99.
- GALILEO, M. H. M. & MONNÉ, M. A. 2003. Novo gênero de Anacolini e descrição dos machos de Myzomorphus flavipes e Poekilosma carinatipenne (Coleoptera, Cerambycidae, Prioninae). Iheringia, Série Zoologia, 93(1):37-44.
- MONNÉ, M. A. 2006. Catalogue of the Cerambycidae (Coleoptera) of the Neotropical Region. Part III. Subfamilies Parandrinae, Prioninae, Anoplodermatinae, Aseminae, Spondylidinae, Lepturinae, Oxypeltinae, and addenda to the Cerambycinae and Lamiinae. Zootaxa 1212:1-244.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
05 Ago 2008 -
Data do Fascículo
Jun 2008
Histórico
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Aceito
Set 2007 -
Recebido
Fev 2007