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Produção científica publicada pelas enfermeiras de hospitais públicos e privados do município de São Paulo

Scientific publication from public and private's

Resumos

Estudo realizado em sete hospitais públicos e seis privados do Município de São Paulo, relacionado à publicação da produção científica realizada pelas enfermeiras, assistenciais, no período de janeiro de 1989 a junho de 1995. Foram apontadas 486 publicações, sendo 242 sob a forma de resumos, 124 em anais, 92 em periódicos nacionais e internacionais, 21 capítulos de livros e 7 livros na área de enfermagem. Aparecem também, as facilidades e dificuldades encontradas para a publicação dos trabalhos científicos, manifestadas pelas enfermeiras.

Produção científica; Investigação publicada; Pesquisa em enfermagem


This study shows the nurse's scientific publication from seven public and six private hospitals in São Paulo city, from january/1989 to june/1995. From a total of 486 papers identified, 242 were published as abstracts, 124 in annals, 92 in nationals and internationals journals, 21 as book chapters and 7 as books in nursing. The facilities and difficulties in publishing nursing scientific production were also discussed.

Scientific production; Nursing research; Published investigation


ARTIGOS ORIGINAIS

Produção científica publicada pelas enfermeiras de hospitais públicos e privados do município de São Paulo* * Trabalho apresentado no 5º Encontro de Enfermagem e Tecnologia. São Paulo, SP, 1996

Scientific publication from public and private's

Sonia Della Torre SalzanoI; Maguida Costa StefanelliII; Nilce Piva AdamiIII; Ana Lúcia Silva JorgeIV; Rosa Aparecida Pimenta de CastroV; Isília Aparecida SilvaVI

IEnfermeira. Professor Titular pela Escola de Enfermagem da USP (EEUSP)

IIEnfermeira. Professor Titular pela EEUSP. Professor Titular Visitante da Universidade Federal de Santa Catarina

IIIEnfermeira. Professor Livre-Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

IVEnfermeira do Instituto Dante Pazzanese de São Paulo. Doutoranda da EE/EERP-USP

VEnfermeira. Professor Assistente do Departamento de Enfermagem da UNIFESP

VIEnfermeira. Professor Doutor da EEUSP

RESUMO

Estudo realizado em sete hospitais públicos e seis privados do Município de São Paulo, relacionado à publicação da produção científica realizada pelas enfermeiras, assistenciais, no período de janeiro de 1989 a junho de 1995. Foram apontadas 486 publicações, sendo 242 sob a forma de resumos, 124 em anais, 92 em periódicos nacionais e internacionais, 21 capítulos de livros e 7 livros na área de enfermagem. Aparecem também, as facilidades e dificuldades encontradas para a publicação dos trabalhos científicos, manifestadas pelas enfermeiras.

Unitermos: Produção científica. Investigação publicada. Pesquisa em enfermagem.

ABSTRACT

This study shows the nurse's scientific publication from seven public and six private hospitals in São Paulo city, from january/1989 to june/1995. From a total of 486 papers identified, 242 were published as abstracts, 124 in annals, 92 in nationals and internationals journals, 21 as book chapters and 7 as books in nursing. The facilities and difficulties in publishing nursing scientific production were also discussed.

Uniterms: Scientific production. Nursing research. Published investigation.

1 INTRODUÇÃO

A concretude da pesquisa no cotidiano da prática da enfermagem necessita ser implementada com maior ênfase, dando força e estrutura para o seu desenvolvimento como ciência, com um corpo próprio de conhecimento.

Podemos considerar, no entanto, que os acontecimentos ocorridos nas décadas de 60-80, no que diz respeito a enfermagem, demonstram que houve uma preocupação crescente para com o aprimoramento das enfermeiras, assim como um maior envolvimento destas nas atividades de investigação, na produção e avaliação do conhecimento ANGERAMI (1993).

A pesquisa em enfermagem teve seu grande avanço com a implantação dos programas de pós-graduação. O estudo desenvolvido por NOGUEIRA(1982), evidencia que a produção científica foi impulsionada por estes cursos, tendo como perfil a clientela os enfermeiros da área acadêmica. CIANCIARULLO; SALZANO (1991),analisaram a produção científica de enfermagem, no período de 1982 a 1990, constatando que 98% desta produção coincide com o desenvolvimento da pós-graduação "sensu stricto" em enfermagem no Brasil.

ADAMI et. al. (1996) verificaram que enfermeiras de 12 hospitais do Município de São Paulo produzem pesquisas e as divulgam de alguma forma. SALZANO et al .(1995) investigando o enfoque das pesquisas realizadas por essas profissionais, identificaram diferentes categorias temáticas como administração, assistência, epidemiologia, educação e ensino, que revelaram preocupação quer com o cliente, quer com os prestadores da assistência de enfermagem. No estudo de JORGE et. al..(1995), foi verificado que essa população de enfermeiras preocupa-se também, com a qualidade dos cuidados prestados, desenvolvendo estudos sobre: metodologia de assistência, diagnóstico de enfermagem, tecnologias apropriadas, percepção de familiares sobre a assistência recebida , ações preventivas informatização na enfermagem, relacionamento multiprofissional e sobre as necessidades dos clientes e familiares a respeito de sexualidade, comunicação, entre outros.

As situações e dificuldades apontadas por alguns autores (LOPES, 1992; STEFANELLI, 1992; SOUZA, 1992; VELASCO, 1992) para a realização de pesquisas e utilização de seus resultados por parte das enfermeiras assistenciais, ainda perduram em nosso meio, porém , constata-se atualmente a procura de programas de pós-graduação por essas enfermeiras, nos níveis de especialização, mestrado e doutorado.

Com base nos dados apresentados pela representante da área de enfermagem na CAPES, Drª Maguida Costa Stefanelli, em sua exposição na aula inaugural de 1996 do Programa de Pós-graduação da EEUSP, podemos afirmar que contamos hoje, com cerca de 1150 mestres e 165 doutores, titulados pelos programas de pós-graduação em enfermagem no Brasil, sendo que uma parcela destes atuam na área assistencial.

Acreditamos que, com o contínuo crescimento do número de titulação destas enfermeiras, possa, no futuro, resultar em maior produção e divulgação de pesquisas emergidas da prática com enfoque interdisciplinar e multiprofissional, promovendo melhoria da saúde da população em micro e macro contexto.

No documento do CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMEIRAS - CIE, (1996), sobre o Dia Internacional da Enfermagem, é enfatizada a importância da pesquisa para melhorar o exercício da profissão em benefício dos pacientes, clientes, famílias, comunidades e das próprias enfermeiras. Percebe-se que a preocupação (leste Órgão é com o fim último da pesquisa beneficiar a sociedade - ou seja, o bem estar dos seres humanos. Desta forma todos têm uma função na pesquisa: produzindo-a e ou consumindo-a. Na situação de consumidoras de pesquisa, todas as enfermeiras poderão estar na condição de revisar e melhorar sua prática e, portanto exercer uma função na investigação de enfermagem .

Entre as estratégias apontadas para melhorar o impacto da pesquisa em enfermagem encontra-se a divulgação das investigações como um elemento a ser inserido na etapa de planejamento para difusão de seus resultados (Conselho Internacional de Enfermagem, 1996).

Mediante o exposto, verificamos em trabalhos anteriores (ADAMI et al, 1996; SALZANO et al, 1995; JORGE et al, 1995) que as enfermeiras de hospitais do Município de São Paulo estão envolvidas na utilização da investigação como um caminho para que seu fazer diário seja embasado em resultados de pesquisa, utilizando-os na sua prática ou pesquisando sobre os problemas encontrados no cotidiano e divulgando o conhecimento produzido, não só internamente em seus serviços, como também em outras instituições e eventos científicos.

Face a esta constatação, indagamos se as enfermeiras da área assistencial estariam assumindo o papel de produtoras e divulgadoras do conhecimento científico através da publicação de suas pesquisas, em periódicos com arbitragem e indexados? Quais as facilidades e dificuldades encontradas por essas enfermeiras na divulgação do conhecimento? Teriam elas incentivo por parte das instituições onde trabalham? Que outras características poderiam estar relacionadas com a publicação científica das enfermeiras assistenciais?

A partir destes questionamentos realizamos o presente estudo com os seguintes objetivos: retratar a produção cientifica publicada por enfermeiras de hospitais do Município de São Paulo e verificar possíveis relações entre a produção científica publicada e as características destas instituições de saúde.

2 METODOLOGIA

Neste estudo utilizamos o método exploratório e descritivo, com leitura qualitativa.

A pesquisa foi realizada em 13 instituições de saúde , abrangendo sete hospitais públicos e seis privados, do Município de São Paulo, que oferecem campo de estágio a alunos de enfermagem. Estes estabelecimentos também foram por nós utilizados para coleta de dados de outras investigações sobre a temática - produção científica das enfermeiras da área hospitalar.

Uma das enfermeiras responsável pelo serviço de enfermagem de um dos hospitais da rede privada, não devolveu o questionário, instrumento utilizado para a coleta de dados, por esta razão trabalhamos com seis hospitais privados e não sete como foi planejado. A justificativa foi a inexistência de trabalhos científicos, o que nos causou estranheza, pois esse além de ser um hospital de grande porte, em investigação anterior, a chefia desse serviço pontuou como finalidade institucional a assistência, o ensino, e a pesquisa (ADAMI et al, 1996).

Solicitamos a participação das instituições, campos deste estudo, através de carta, onde informamos os resultados obtidos em pesquisa anterior, sobre a quantidade de pesquisas realizadas pelas enfermeiras nestas instituições e a importância da continuidade deste trabalho. O questionário para a coleta de dados, foi anexado à carta que foi entregue diretamente às diretoras do serviço de enfermagem, para assegurar que os mesmos fossem respondidos somente por enfermeiras.

O instrumento contém perguntas abertas e fechadas com solicitações sobre: número de leitos e de pessoal de enfermagem no mês de junho de 1995; jornada de trabalho; percentagem de enfermeiras com outros vínculos empregatícios; produção científica publicada por estes profissionais; facilidades e dificuldades para publicação da produção científica e a existência ou não de política de recursos humanos no hospital.

Contemplamos neste estudo a produção científica publicada no período de janeiro de 1989 a junho de 1995, abrangendo portanto um período de seis anos e meio e os dados foram coletados nos meses de junho a outubro de 1995.

Foram incluídos no estudo algumas informações obtidas após esclarecimentos solicitados pelas autoras, bem como os questionários que chegaram na fase de tabulação.

Os princípios éticos e o rigor científico foram respeitados no desenvolvimento da pesquisa.

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Do total de hospitais, que forneceu os dados para esta pesquisa, sete são hospitais da rede pública e tem como finalidade a assistência, o ensino e a pesquisa, sendo que três são gerais e quatro especializados.

Dos seis hospitais privados e classificados como gerais, quatro tem como finalidade somente a assistência, um a assistência e o ensino e o outro a assistência, o ensino e a pesquisa.

Apresentamos na Tabela 1, os dados referentes ao numero de leitos e categorias do pessoal de enfermagem relativos ao mês de junho de 1995.

Segundo o número de leitos dos hospitais em estudo, todos foram classificados como de grande porte.

Analisando o número das categorias do pessoal de enfermagem, percebemos que a Lei do Exercício Profissional, quanto a extinção da categoria atendente de enfermagem, vem sendo gradualmente seguida, quando comparamos os resultados desta Tabela com os do trabalho de ADAMI et al, (1996).

Pelos dados atuais a amplitude percentual dos atendentes de enfermagem nos hospitais públicos variou de 5,2% a 30,8%, quando no estudo acima referido essa amplitude foi de 3,2% a 54,8%. Nos hospitais privados neste estudo a variação foi de 3,3% a 38,2% e no anterior foi de 3,5% a 40,3%

Através destes dados podemos, reconhecer o esforço das enfermeiras assistenciais no sentido da redução do número desta categoria, através da profissionalização deste pessoal. Com esta redução, pressupõe-se uma melhor qualificação do pessoal de enfermagem e certamente algum grau de impacto sobre a qualidade da assistência.

Pudemos ainda, pelos dados da Tabela 1, extrair que a maior proporção de enfermeira/leito foi a de 1: 1,7 e a menor de 1:8,6 nos hospitais públicos. Esta diferença é preocupante e nos leva a refletir sobre a possível qualidade da assistência prestada nestas instituições, pois a que apresenta a menor proporção , se trata de hospital especializado que requer não só a presença constante de número de pessoal de enfermagem, mas também da qualificação deste, pois presta assistência terciária. A instituição que apresenta maior proporção enfermeira/leito é geral e presta assistência primária e secundária.

Nos hospitais privados esta proporção variou de 1:1,0 a 1:3,8, cuja diferença nos parece menos preocupante numa primeira leitura.

Não podemos deixar de comentar que esta proporção contempla os profissionais que atuam nos diferentes turnos de trabalho, bem como, os que ocupam cargos de direção, supervisão e chefias, o que fatalmente reduz as proporções reais, aqui apontadas.

A jornada de trabalho semanal do pessoal de enfermagem, apresentada na Tabela 2 , oscila de 30 a 45 horas, nos hospitais públicos. Com esta variação preocupa-nos a informação de que 87,0% das enfermeiras de um destes estabelecimentos tem outro vínculo empregatício, percentagem esta seguida de 46,0%, 40,0%, 25,0%, 20,0% e 15,60%.

Apenas em um destes hospitais não foi apontado outro vinculo empregatício, por parte destes profissionais.

Possivelmente este quadro é reflexo dos baixos salários vigentes na rede pública de saúde, o que é sobejamente conhecido.

Nos hospitais privados a jornada de trabalho apresenta uma variação de 36 a 44 horas semanais, sendo que a existência de enfermeiras com outro vínculo empregatício foi de : 40,0% , 20,0% e 12,0% em dois estabelecimentos. Não foi pontuada a existência de outro vinculo de trabalho, por parte das enfermeiras de duas instituições privadas.

Pautadas nestes dados gerais, ou seja, o número de leitos ativados dos hospitais estudados, o quantitativo e qualitativo do pessoal da enfermagem e o percentual de enfermeiras com outro vínculo empregatício, é que passaremos a comentar os dados relativos à publicação da produção científica das enfermeiras assistenciais, inseridas neste contexto.

De acordo com os dados da Tabela 3, os trabalhos publicados por enfermeiras destes hospitais, compreendem um total geral de 486, sendo que destes, 195 são oriundos de enfermeiras de instituições públicas e 291 da rede privada.

Pelas informações obtidas quanto aos veículos de difusão científica, pudemos verificar que as enfermeiras têm se preocupado, de alguma forma, em publicar seus trabalhos em periódicos que, na sua maioria, têm corpo de arbitragem e são indexados. Este cuidado, mostra que as enfermeiras têm procurado divulgar seus trabalhos em veículos reconhecidos pela comunidade cientifica, o que leva também a uma divulgação mais abrangente.

Dentre as 486 publicações referendadas nas informações , 92 se encontram em periódicos, sendo 41 trabalhes realizados por enfermeiras de hospitais públicos e 51 da rede privada.

Os periódicos de enfermagem mais utilizados para estas publicações foram: Revista Paulista de Enfermagem; Revista da Escola de Enfermagem da USP e Revista Brasileira de Enfermagem.

Algumas instituições têm seu próprio periódico, onde as enfermeiras contam com espaço para publicação , o que nos leva a acreditar, seja este mais um estímulo para o desenvolvimento de seus trabalhos científicos.

Através das informações coletadas, pudemos verificar também, que enfermeiras de algumas instituições têm utilizado periódicos de diferentes especialidades, da área da saúde, para publicações, enquanto que outras praticamente não o fazem. Identificamos ainda, a veiculação de alguns trabalhos em revistas internacionais.

Os eventos científicos têm proporcionado oportunidades para que as enfermeiras assistenciais divulguem seus estudos através da publicação de resumos e, algumas vezes na integra em anais.

O maior número de publicações destas profissionais encontra-se sob a forma de resumos totalizando 242, sendo que destes, apenas 124 (51%) foram publicados na íntegra, em anais, sendo alguns internacionais. Vale ressaltar que 118 (49%) dos resumos não foram publicados na íntegra, o que é preocupante, visto que o volume de trabalhos, realizados pela categoria, não é grande e uma parte não é publicada integralmente, o que dificulta sobremaneira o acesso aos trabalhos e a difusão dos avanços da profissão.

É reconhecida a importância da divulgação de trabalhos em eventos como também, a necessidade da publicação, para melhor intercâmbio científico e desenvolvimento da profissão.

Dentre as 486 publicações ocorridas no período de 1989 à 1995, verificamos a produção de sete livros e de 21 capítulos de livros elaborados por enfermeiras, o que, sem dúvida enriquece o corpo de conhecimento da enfermagem. Parte destes capítulos estão inseridos em livros escritos por grupos multiprofissionais, refletindo um trabalho de equipe e o esforço das enfermeiras na contribuição e divulgação do saber na enfermagem.

Ao observarmos novamente o número da produção científica publicada, que perfaz um total geral de 486, num primeiro momento parece satisfatória, porém ao analisarmos esses dados nos deparamos com uma produção ainda incipiente visto, este total corresponder a um período de seis anos e meio, envolvendo a população em estudo dos 13 hospitais que contam com 4996 leitos ativados e no conjunto de seus quadros 1925 enfermeiras, num total de pessoal de enfermagem de 10.753, dentre as diversas categorias.

A produção na série histórica de 1989 a 1995, corresponde a uma média de 0,25 trabalho por enfermeira no período de seis anos e meio, ou seja, 0,04 trabalho por enfermeira/ ano. Estes valores, no entanto, não representam a realidade, uma vez que, apenas uma parte do contingente de enfermeiras dos hospitais estudados, publicaram estes trabalhos.

Frente a esta situação, verificamos que a publicação ainda é incipiente e portanto, precisamos somar esforços para reverter este quadro, tendo em vista o atual desenvolvimento da profissão.

As categorias temáticas emergentes, desta produção científica, apresentam-se da seguinte forma: assistência, administração, educação e ensino,. As duas primeiras temáticas, correspondem mais da metade dos trabalhos publicados pelas enfermeiras assistenciais.

Segundo o número de autores por trabalho publicado, encontramos o maior número com um autor e a seguir com quatro, dois, três e mais de quatro autores. Encontramos em menor número os trabalhos publicados por um autor, quando comparados com a soma dos trabalhos com dois ou mais autores, o que de certa forma era esperado, pois a tendência em desenvolver trabalhos científicos em parceria ou em grupo tem sido estimulado, visando maior abrangência e profundidade nos estudos de cada eixo temático.

Quanto as facilidades para a divulgação dos trabalhos científicos produzidos por enfermeiras nos hospitais públicos, as mais citadas foram: publicação em anais e periódicos mais acessíveis, seja da própria instituição ou não; possibilidades para participar de eventos científicos e freqüentar cursos de pós-graduação e discutir e desenvolver projetos de pesquisa com enfermeiras da educação continuada. No que tange às dificuldades, as predominantes foram: pequeno número de periódicos na área de enfermagem e demora prolongada para o aceite dos trabalhos; falta de tempo e de interesse das enfermeiras como também, de conhecimento sobre a importância das publicações; falta de banco de dados sobre periódicos nacionais que veicule artigos de enfermagem; carência de pessoal e de equipamento para digitação de trabalhos e agendamento de horário com orientadores.

Nos hospitais da rede particular as facilidades apontadas foram: possuir revista própria; participar da organização de evento científico que publica anais, como por exemplo, o de Enfermagem e Tecnologia (ENFTEC), que até o 4º Encontro publicou os trabalhos na íntegra; dispor de serviço de pesquisa e comunicação que promove contatos com revistas, e elaborar pesquisas com médicos pois, auxilia o acesso a maior número de periódicos. Quanto às dificuldades foram citadas: a carência de periódicos indexados e tempo prolongado para publicação, o que coincide com os problemas apontados pelas enfermeiras das instituições públicas.

No que tange à política de recursos humanos, verificamos que dentre os sete hospitais públicos, um deles informou contemplar um adicional ao salário e ascensão funcional, atrelados à obtenção de títulos de pós-graduação. Outro possui carreira de pesquisador científico para profissionais de nível universitário, com exigência de produção e publicação de trabalhos científicos. Esta política contempla, também profissionais que obtiveram titulação de mestre e doutor, independentemente de estarem vinculados a essa carreira.

Esta situação, ainda que incipiente, não se reproduz nos seis hospitais da rede privada.

Nas informações coletadas, não há indicativo da exigência, para enfermeiras, de titulação ou produção cientifica para a ocupação de cargos na hierarquia hospitalar, como o é nas instituições públicas de ensino superior. Este tema requer maiores debates com vistas ao desenvolvimento de uma política de recursos humanos mais justa e democrática, fundamentada na educação permanente articulada à política salarial e ascensão a cargos na instituição, o que certamente influenciará na melhoria da qualidade de assistência prestada.

Necessário se faz também, estimular as enfermeiras para que procurem publicar mais seus trabalhos em periódicos indexados. Pela análise dos resultados obtidos, podemos inferir que as enfermeiras dos hospitais privados publicaram cerca de 60% do total de trabalhos produzidos no período estudado, possivelmente pelas melhores condições de trabalho e ocorrência de menor percentual de profissionais com duplo vínculo empregatício.

No conjunto das instituições públicas e privadas estudadas, a presença de uma política de recursos humanos, certamente representaria um fator estimulador do incremento dessa produção, ao lado de outras medidas de incentivo ao desenvolvimento das enfermeiras e da profissão.

  • ADAMI, N.P. et al. Situação da pesquisa em enfermagem em hospitais do Município de São Paulo. Rev.Lat.Am.Enf., v.4, n.1, p.5-20, 1996.
  • ANGERAMI, E.L.S. O mister da investigação do enfermeiro. Rev.Lat.Am.Enf., v.1, n. 1, p.11-22,1993.
  • CIANCIARULLO. T.I.; SALZANO, S.D.T. A enfermagem e a pesquisa no Brasil. Rev.Esc.Enf.USP, v.25, n.2, p.195-215, 1991.
  • CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMEIRAS. Dia Internacional de Enfermeras de 1996 Investigación en enfermería para una salud mejor. Genebra, ICN, 1996.
  • JORGE, A.L.S. et al. Produzindo conhecimento sobre assistência de enfermagem. IN: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM ENFERMAGEM, 8, Ribeirão Preto, 1995. Programa e Resumos, Ribeirão Preto, Associação Brasileira de Enfermagem, 1995. p.143.
  • LOPES, C.M. Pesquisar para assistir. Rev.Esc.Enf. USP, v.26, número especial, 105-18, 1992.
  • NOGUEIRA, M.J. de C. A pesquisa em enfermagem no Brasil: retrospectiva histórica. Rev.Esc.Enf.USP, v.16, n.1, p.17-26, 1982.
  • SALZANO, S.D.T. et al. O que as enfermeiras da área hospitalar estão pesquisando. IN: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM ENFERMAGEM, 8, Ribeirão preto, 1995. Programa e Resumos Ribeirão Preto, Associação Brasileira de Enfermagem, 1995. p. 142.
  • SOUZA, M.F. de Tendências da pesquisa em enfermagem. Rev.Esc.Enf. USP, v.26, número especial, p.79-86, 1992.
  • STEFANELLI, M.C. Tendências da pesquisa em enfermagem. Rev.Esc.Enf. USP, v.26, número especial, p.61-6, 1992.
  • VELASCO, M. Las tendencias de la investigación en enfermería. Rev.Esc.Enf. USP, v.26, número especial, p.67-77, 1992.
  • *
    Trabalho apresentado no 5º Encontro de Enfermagem e Tecnologia. São Paulo, SP, 1996
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Mar 2010
    • Data do Fascículo
      Abr 1998
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